Nefropediatria Flashcards
Segunda contaminação bacteriana mais comum na pediatria
Infecção das Vias Urinárias, responsável por 0.5 a 1 % da prática pediátrica
IVU: definição
Infecção das vias urinárias: bactéria patogênica em qualquer ponto do trato urinário (da uretra ao parênquima renal)
Distribuição de sexo da IVU
No RN: masculino
Mais de 1 mês de vida: feminino
Principal via de infecção na IVU
A principal via é a ascendente, porém no primeiro mês pode ser mais comum a hematogênica
Como proceder com uma IVU no RN?
No RN a IVU é tratada como pielonefrite: internação e atb sistêmico
Distribuição de idade na IVU
Acomete qualquer idade, mas principalmente menores de 1 ano
Agentes etiológicos mais comuns das IVU
Bacilos gram negativos (BGN)
E. coli (60%+) > Proteus > Klebsiella > Aerobacter > Enterobacter
Agentes etiológicos menos frequentes na IVU
Stafiloccocus, pseudômonas, enterococcus
Infecção fúngica em IVU
Raro, associado com: antibioticoterapia de amplo espectro prolongada, cateter vesical, imunossuressão
Infecção viral em IVU
Geralmente se restringe a T.U. inferior
Adenovírus pode causar cistite hemorrágica (pode apresentar coágulos na urina)
É um DG de exclusão
Proteus se relaciona com quais patologias das vias urinárias?
Patologia obstrutiva
Quais as possíveis apresentações das IVU?
Uretrite, cistite, pielonefrite, bacteriúria assintomática
Uretrite: QC
Sintomas miccionais (disúria, polaciúria, urgência miccional, etc.) Em geral, sem febre
- RN e lactantes tem sintomas mais inespecíficos e variados, com menor incidência de febre: sintomatologia pobre e comprometimento sistêmico inespecífico
- No RN toda IVU é tratada como pielonefrite
Cistite: QC
Sintomas miccionais (disúria, polaciúria, urgência miccional, etc.) Febre baixa ou ausente
- RN e lactantes tem sintomas mais inespecíficos e variados, com menor incidência de febre: sintomatologia pobre e comprometimento sistêmico inespecífico
- No RN toda IVU é tratada como pielonefrite
Pielonefrite aguda: QC
Febre alta (normalmente > 38) e prolongada, toxemia (gemência, cianose, instabilidade hemodinâmica), dor lombar (em crianças maiores)
- RN e lactantes tem sintomas mais inespecíficos e variados, com menor incidência de febre: sintomatologia pobre e comprometimento sistêmico inespecífico
- No RN toda IVU é tratada como pielonefrite
Bacteriúria assintomática e CD
Bacteriúria significativa (>100.000 colônias na cultura), monomicrobiana, sedimento urinário normal, assintomático, rins e vias urinárias com anatomia normal (pesquisado por img)
CD: faz nada
A IVU no RN e lactante é de difícil diagnóstico com sintomas muito inespecíficos, dessa forma deve ser investigada em toda criança com febre sem explicação. Qual a orientação para pesquisa de IVU em crianças com sintomas inespecíficos?
Qualquer criança com febre obscura de 48 a 72 hrs deve ser submetida a exame de urina e investigação de IVU
Clínica das IVU no RN
Quadro muito inespecífico, com sintomatologia urinária pobre. Febre ocorre em 30 a 40% dos casos
Pode haver def de ganho ponderal, irritabilidade, letargia, anorexia.
O RN que “não vai bem”, pede pra fazer um exame de urina
Também pode ocorrer diarreia, distenção abdominal, vômitos e icterícia (por bilirrubina indireta, a e. coli interfere na conjugação da bilirrubina), que sugerem quadro mais grave.
No RN, é sempre considerado pielonefrite
Clínica da IVU nos lactentes
Febre é mais frequente que nos RN, as vezes pode ser o único sinal clínico
Pode ser referido alteração no odor da urina e choro à micção
Deve-se atentar a febre alta (>38) e queda do estado geral, que sugerem pielonefrite
Clínica da IVU nos pré-escolares e escolares
Sintomatologia mais evidente
Cistite: predominam os sintomas miccionais (disúria, polaciúria, urgência, incontinência, desconforto suprapúbico e febre baixa (<38)
Pielonefrite aguda: comprometimento do estado geral, prostração, inapetência, dor lombar, febre alta (>38.5), calafrios e vômitos
Urocultura na IVU
Imprescindível, padrão ouro para DG
Demora de 24 a 72 hrs, não esperar para começar o tto (mas colher amostra antes)
Testes/exames rápidos para IVU
EAS e bacterioscopia de urina (gram de urina).
Em um primeiro momento, a bacterioscopia determina o tto (se um ou mais BGN forem encontrados, pode iniciar o tto; se nenhum for encontrado ou for encontrado mais de um tipo de bactéria, repete o teste)
EAS com piúria é indicativo de IVU ?
Na pediatria, apenas 50% dos EAS com piuria são devido a causas urinárias. O restante pode indicar quase qualquer infecção (meningite, vulvovaginites, etc)
Porém, correlacionado a outros achados e a clínica, é indicativo de IVU
Quais os VR para comprovar piúria?
> 5 a 10 leucócitos/campo
>10.000 piócitos/ml
Quais são achados comuns em IVU no EAS ?
Piúria, hematúria, nitrito positivo (maioria)
Que achados em um hemograma podem ser indicativos de pielonefrite em uma IVU ?
Leucocitose > 10.000 Neutrofilia: > 70% (segmentados) PCR > 20 ml/l VHS > 53 mm/h Cilindros leucocitários >= 1 Densidade urinária < 1010
Como usar o saco coletor de urina para coleta de exame? qual o valor do resultado?
Após higienização completa da genitália, cola o saco coletor, e vai trocando a cada 20 ou 30 mim.
Tem muita chance de contaminação, então, se der positivo pode duvidar. Se der negativo, o exame é mais confiável.
É usado apenas para crianças sem controle miccional
Fatores de proteção contra IVU
Integridade das V.U. Fluxo e esvaziamento urinário adequado Propriedades antimicrobianas da urina Antiaderência bacteriana Reação inflamatória Tipo sanguíneo
FR para IVU
< 1 ano, principalmente < 3 meses Sexo feminino Raça branca Presença de prepúcio Malformação do T.U. (obstrução, EVU) Anormalidades funcionais (b. neurogênica, disfunção miccional)
Quais são as complicações mais temidas na IVU ?
Sepse e cicatriz renal (~ HAS, GESF, proteinúra, queda da função renal)
Qual a relação do risco de cicatriz renal mediante uma IVU quanto a idade?
Quanto menor a idade, maior a chance de cicatriz renal
0 a 2 anos: risco muito grande
2 a 5 anos: risco grande
6 a 12 anos: existe risco
> 12 anos: semelhante ao adulto
Fisiopatologia da IVU
Bactéria adere a mucosa -> exotoxina -> lesão das células tubulares -> mediadores inflamatórios (IL-6 e IL-8) -> quimiotaxia -> adesão de leucócitos ao endotélio do capilar peritubular -> obstrução e isquemia -> diapedese e depuração das bac na luz tubular (piúria) -> reperfusão capilar -> radicais livres -> dano renal
Evolução da IVU para cicatriz renal, e prevenção
A melhor forma de prevenir a evolução da IVU para cicatriz renal é através do tratamento correto em tempo hábil (dentro de 48/72 hrs após o começo da pielonefrite)
Dentro de 6 meses há reversão completa ou cicatrização da lesão
Possíveis medidas gerais no TTO de IVU
Adequar hábitos urinário e intestinal Ingestão de líquidos adequada Preservar flora urogenital Avaliar FRs Quimioprofilaxia
No caso de uma criança com IVU, após tratamento, deverá haver uma investigação adicional em que aspecto?
Obrigatoriamente, deve-se investigar anormalidades anatomofuncionais do aparelho urinário
< 2 anos: USG, Uretrocistografia miccional (após 4 semans), DMSA (após 6 meses a 1 ano)
> 2 anos: USG, DMSA
Quais pacientes devem ser tratados por via oral e quais por via parenteral na IVU? E o que é terapia de troca ?
Via parenteral: RN (< 1 mês), impossibilidade de VO (vômito, obstrução intestinal, toxêmia, etc)
Via oral: > 1 mês
Qual o atb de escolha para tto de IVU por VO ?
Crianças maiores de 1 mês, sem complicações (sem pielonefrite)
Cefalexina: 50 - 100 mg/kg/d de 6/6hrs
Amox + Clav: 50 mg/kg/d de 8/8 ou 12/12 hrs
10 a 14 dias
Qual o atb de escolha para tto de IVU por via parenteral ?
Em RN: ampicilina + aminoglicosídeo; cefepime
Criança > 1 mês: ceftriaxone 50-100 mg/kg/d de 12/12;
ampicilina 100-200 mg/kg/d de 6/6
Quais as taxas de recorrência de IVU
50 % em 1 ano e 70% em 2 anos. Por isso é importante o tto com 10 a 14 dias e a quimioprofilaxia em casos selecionados
Como avaliar a evolução do tto na IVU ?
- Febre cede em 2 ou 3 dias
- Bacteriúria em 3 a 5 dias
- Piúria em 5 dias
- PCR em 5 dias
- VHS em 2 a 3 semans
- No quinto dia é pedido bacterioscopia. E repete a cultura 5 dias após tto
O que é a quimioprofilaxia na IVU?
Profilaxia com aprox. 25 a 30% da dose em pcts que possuem predisposição a IVU recorrente.
Quais as indicações de quimioprofilaxia na IVU?
- após erradicação da IVU, até completar investigação por imagem
- RVU primário, até 5 anos
- RVU em pct com mais de 5 anos mas com IVU recorrente
- Distb do padrão micciona, enquanto houver
- IVU recorrente, sintomática
- RN com malformação do T.U.
Quais exames de imagem são usados para investigar as V.U. após IVU ?
USG das vias urinárias: anatomia Uretrocistografia miccional (CUM): morfologia, RVU Cintilogradia renal estática (DMSA): cicatriz renal, 6 meses Cintilografia renal dinâmica (DTPA): morfologia, funcional, perfusão, drenagem
Qual a tríade clássica da Sd Nefrótica?
Proteinúria, edema e hipoproteinemia (hipoalbuminemia)
A síndrome nefrótica é um conjunto de sinais e sintomas, caracterizada por:
Proteinúria (significativa ou nefrótica); edema; hipoproteinemia; hipoalbuminemia; oligúria; hiperlipidemia
Proteinúria significativa ou nefrótica
>= 50mg/kg/dia >= 40mg/h/m2SC
Hipoproteinemia
<= 5.5g/dL
Hipoalbuminemia
<= 2.5g/mL
A Sd nefrótica pode ser primária ou secundária. No que se baseia essa classificação e qual é mais comum em crianças?
Primária: doença renal primária
Secundária: doença sistêmica (metabólica, iatrogênica, …)
Nas crianças é mais comum as lesões primárias (no adulto as secundárias)
Qual a faixa etária mais acometida por Sd Nefrótica?
1 a 6 anos
* Quando é menos de 1 ano, a conduta é diferente, geralmente é mais grave
Quais as principais causas de edema renal na pediatria?
Sd nefrótica:proteinúria, albumina sérica e proteina total
Sd Nefrítica
IR: ureia e creatina
Qual a lesão hispatológica mais comum para Sd nefrótica na pediatria?
Lesão Glomerular Mínima (70-90% dos casos de sd nefrótica em crianças)
Achados e peculiaridade da lesão mínima glomerular na sd nefrótica
MO: glomérulos aparentemente normais
Imunofluorescência: negativa
ME: fusão dos processos podais
Em geral, responde a corticoides !
As exacerbações ocorrem em 60 a 75% dos casos, ou seja, quem tem LGM apresenta sd nefrótica mais de uma vez !
Segunda lesão histopatológica mais comum da Sd nefrótica na pediatria
Glomeruloesclerose segmentar focal (GESF)
10-15% das SN na infância
Achados e peculiridades da GESF na Sd Nefrótica
- Lesão inespecífica, pode ser primária ou secundária
- GESF Primária: em fase precoce, a biópsia pode vir normal ou muito semelhante a LGM. Tem alta taxa de recidiva após transplante renal. Tem maior resistência a corticoides
- GESF Secundária: estágio final de acometimento renal de doença sistêmica (hiperfiltração glomerular, hipertensão intra-glomerular, perda prog de néfrons, nefrotox, d metabolica, etc.
- MO: esclerose segmentar no glomérulo, focal no rim