Modificações fisiológicas na gestação Flashcards

1
Q

“As adaptações na anatomia, na fisiologia e no metabolismo maternos são fundamentais p/ q ocorra uma gravidez normal. A maioria é resolvida quase em sua totalidade após o término da gravidez, s/ nenhum prejuízo p/ a mulher.”

ÚTERO

A

► AUMENTO DE TAMANHO

  • Ao final da gestação, ele pode ter sua capacidade volumétrica aumentada em 500 a 1000 vezes.
  • O aumento do útero ñ é simétrico; é mais pronunciado na região fúndica do órgão e no local onde ocorre o desenvolvimento placentário.
  • Por volta da 12a semana, deixa de ser intrapélvico e ganha a cavidade abdominal.
    • Na 20a semana, em formato ovóide e globoso, já pode ser palpado próximo à cicatriz umbilical.
    • Na gravidez a termo, o útero é encontrado tangenciando o apêndice xifóide. Esse aumento promove uma discreta rotação.

► PAREDE

  • Durante o início da gestação a parede uterina torna-se mais espessa; c/ o desenvolvimento da gestação, ela sofre afinamento progressivo, chegando a 1,5 cm de espessura na gravidez a termo (após 37 semanas).
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2
Q

COLO UTERINO

A
  • Ectopia Fisiológica da Gravidez:
    • Eversão do epitélio colunar, que se torna friável e sangrante ao menor traumatismo.
  • Aumento da vascularização provoca edema no colo e o torna mais amolecido.
  • Muco cervical mais espesso e viscoso (e não se cristaliza qnd desidratado).
    • O aumento nos níveis de progesterona determina a diminuição da concentração de Na+ nas secreções cervicais, e é fundamental p/ que o muco apresente o padrão arboriforme quando desidratado.
  • O canal cervical é obstruído por tampão mucoso, que é expelido nos dias que antecedem o parto em decorrência do afinamento e do encurtamento observados no colo.
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3
Q

Tubas Uterinas

A
  • Assim como no útero, ocorre aumento da vascularização e hipertrofia das camadas musculares da tuba.
  • Sua localização é alterada pelo crescimento do útero, deslocando-se em direção à cavidade abdominal.
  • Observa-se uma diminuição de sua mobilidade por ação da progesterona.
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4
Q

Ovários

A
  • Cessação do processo de maturação dos folículos.
  • Manutenção do corpo lúteo por estímulo do hCG (produzido pelo sinciciotrofoblasto), e responde pela grande produção de progesterona observada nas primeiras 6 ou 7 semanas da gravidez, acontecimento essencial p/ a manutenção da gestação até o completo funcionamento placentário.
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5
Q

Vagina

A
  • Aumento do comprimento e largura, ao longo da gestação.
  • As fibras de colágeno encontram-se mais separadas, possibilitando um afrouxamento do tecido conjuntivo.
    • OBS MASTER: Modificações similares são observadas na musculatura do períneo e do assoalho pélvico.
  • Secreção vaginal pode estar aumentada devido aumento da vascularização e à maior atividade glandular.
    • Aspecto leitoso por conter grande quantidade de celulas epiteliais descamadas.
  • O pH vaginal se torna mais ácido em decorrência da ação dos lactobacilos sobre o glicogênio acumulado na parede da vagina.
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6
Q

Vulva

A
  • Pode apresentar coloração violácea.
    • O tegumento perineal adquire intensa pigmentação ao longo da gestação.
  • Hipertrofia dos grandes e pequenos lábios, e tbm do meato uretral.
  • As ninfas tornam-se túrgidas e proeminentes.
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7
Q

Mamas

A

► TAMANHO

1o trimestre

  • 5-6 semanas: aumentam de volume (canais galactóforos + ramificações dos ductos mamários) e tornam-se dolorosas e túrgidas, causando mastalgia.
  • ♦ EPÔNIMO ♦
    • Surgem veias logo abaixo da pele (rede de Haller) e hiperpigmentação dos mamilos.

2o trimestre

  • ♦ EPÔNIMO ♦
    • Os hormônios provocam expansão dos alvéolos a partir da árvore ductal; acontecem a hiperpigmentação da aréola primária, o aparecimento da aréola secundária (sinal de Hunter) e a hipertrofia das glândulas sebáceas periareolates (tubérculos de montgomery).

Após o parto:

  • Surgimento do colostro.
  • Crescimento exagerado da mama.
    • Surgem as estrias gravídicas.
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8
Q

Mudanças hematológicas

A

Hemodiluição causa: ↑Volume Plasmático, ↓ Hematócrito, ↓Hemoglobina (anemia fisiológica da grávida), ↑ Reticulócitos (eritrócitos jovens).

► PRINCIPAL ALTERAÇÃO: HEMODILUIÇÃO

A grávida está em processo de retenção hídrica, o que aumenta o volume plasmático total (atinge o máx em torno da 30-34 semana). Esse aumento resulta em uma diluição dos elementos figurados do sangue. A hemodiluição leva a um ↑Volume Plasmático, que por sua vez faz ↓Hematócrito, ↓Hemoglobina (anemia fisiológica da grávida). A “diluição” dos eritrócitos é compensada pelo aumento de hemácias, o que gera um ↑ Reticulócitos (eritrócitos jovens).

► ANEMIA FISIOLÓGICA DA GESTAÇÃO

É uma anemia dilucional; veja que há ↑50% do Volume Plasmático e apenas ↑30% de eritrócitos, então como o crescimento não é proporcional, o resultado é uma anemia ao hemograma.

► OS LEUCÓCITOS E O SIST. IMUNE DA MÃE SE ALTERAM

O feto pode ser interpretado como um “corpo estranho” pelo sist. imune materno, por esse motivo ocorre uma supressão imunológica (↓Humoral e ↓Celular). Há diminuição da função quimiotáxica e de aderência dos leucócitos após o 2o trimestre, aumentando a suscetibilidade a processos infecciosos da mãe (principalmente Pneumonia e ITU). Apesar disso, a grávida apresenta LEUCOCITOSE s/ desvio à esqueda e às custas de neutrófilos segmentados (↑neutrófilos segmentados).

  • OBS: Em algumas gestações, ocorre melhora o quadro clínico de algumas doenças auto-imunes.

► A COAGULAÇÃO…

O organismo materno sofre modificações p/ impedir o sangramento materno durante o parto, aumentando o poder de coagulação (estado pró-coagulação). Apesar de a hemodiluição acarretar ↓plaquetas (plaquetopenia), a mãe sofre ↑50% de fibrinogênio e ↑ de alguns fatores de coagulação.

  • OBS: Os fatores XI e XIII diminuem, pois estes regulam a ativida da fibrina (sistema fibrinolítico). A diminuição desses fatores, portanto, favorecem o estado de hipercoagulabilidade materna.
  • OBS²: Esse estado de hipercoagulabilidade da grávida pode ser um problema, em alguns casos. Essas grávidas estão sucetíveis à coagulação intravascular disseminada. Mas esse risco volta à normalidade em até 24h após o parto.
    • A rápida volta à normalidade da atividade fibrinolítica sugere que a inibição da fibrinólise seja intermediada pela placenta.

► QUAL O MOTIVO DESSAS ALTERAÇÕES

  1. Preparar a mulher p/ a perda volêmica no momento do parto (prevenir hipovolemia).
    • Se o volume sang. tiver subido de forma adequada durante a gestação, podem ser toleradas perdas durante o parto de até 1L s/ provocar queda significante na concentração de hemoglobina. A maior parte do sangue é perdida na primeira hora após o parto, e aproximadamente 80mL são perdidos pela via vaginal durante as 72h seguintes.
    • As pctes c/ atonia uterina, episotomia ampliada ou lacerações terão evidentemente, perdas mtu maiores.
    • O volume plasmático, o hematócrito e a hemoglobina retornam aos valores iniciais em aproximadamente 6 semanas após o parto.
  2. Garantir demanda de O2 adequada materno-fetal.
  3. Regular o sist. imune materno p/ a não-rejeição fetal.
  4. Impedir o sangramento materno durante o parto por meio de alterações relativas aos processo de coagulação.
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9
Q

Mudanças hemodinâmicas

A

A maior parte dessas alterações já se instala ainda no 1o trimestre de gestação.

Estado de Hipercinesia!

► O CORAÇÃO

  • ↑ da FC materno em 10-15 bpm p/ manutenção do DC.
  • A elevação do diafragma desloca o coração p/ a esquerda e p/ cima, e seu papice é movido lateralmente, aumentando a silhueta cardíaca no Rx de Tórax.
  • Um discreto derrame pericárdico pode aparecer em gestação NORMAL.
  • Sopros sistólicos são freq, provavelmente decorrentes da sínd. hipercinética e da ↓ da viscosidade sanguínea. Além disso, podem ocorrer:
    • Extrassístoles e desdobramentos de Bulhas.
  • ECG normal, embora ocorra discreto desvio do eixo elétrico cardíaco p/ a esquerda decorrente da posição alterada do coração.

► DÉBITO CARDÍACO

Na gravidez, espera-se ↓ da PA e da resistência vascular periférica, assim como crescimento do volume sanguíneo, do peso e do metabolismo basal. Como consequência, após 10-12 semanas, o DC ↑, alcançando o seu máx entre 20-24 semanas (↑ de 30-40%), mantendo-se a partir daí, relativamente constante até o termo.

Ao final da gravidez, o DC é ↑ c/ o pcte em decúbito lateral esquerdo, uma vez que, na posição supina, o útero aumentado de tamanho comprime a VCI e dificulta o retorno venoso [olhar tópico: “hipotensão supina”].

O DC tbm é ↑ durante o trab de parto, pois as metrossístoles e a ↓ volumétrica uterina no secundamento e no puerpério inicial provocam auto-hemotransfusão e ↑ do retorno venoso.

► RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA (RVP)

Diminui de modo acentuado (↓ 20% ao pré-gravídico), provavelmente devido a circulação uteroplacentária e da ação hormonal. A progesterona provoca um relaxamento da musculatura vascular e o placenta funciona como um grande shunt.

► PA

PA = DC * RVP

Como há DC↑ e a RVP↓, haverá tbm alteração importante da PA materna.

  • A PA ↓ no 1-2 trimestres da gestação, em especial o seu componente diastólico (10-15 mmHg). A PAsistólica apresenta uma ↓ discreta, pois é compensada pelo ↑ do DC.

► HIPOTENSÃO SUPINA

A partir da 2a metada da gravidez, o útero aumentado de tamanho comprime a VCI quando a grávida assume decúbito dorsal; isso dificulta o retorno venoso, e ↓ o DC e provoca queda da PAsist em + de 30%. Após 4-5min, nessa posição, ocorre bradicardia podendo ocorrer lipotímia. Ao conjunto desses acontecimentos dá-se o nome de síndrome da hipotensão supina, que rapidamente é corrigida qnd a grávida se posiciona em decúbito lateral esquerdo, liberando o fluxo sanguíneo na VCI.

► COMPRESSÃO DA VEIA CAVA INFERIOR

Por compressão da VCI há um ↑ Pressão Venosa e ↓ Retorno Venoso.

  • Varizes de MMII e Vulva;
  • Hemorróidas;
  • Edema.
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10
Q

Mudanças Gastrointestinais

A

► BOCA

  • Gengivite Gravídica
    • (edema e sangramento da gengiva) consequência do “enxarcamento” hormonal.
  • Ptialismo
    • Produção excessiva de saliva, tem como causas hipertonia vagal, fatores psíquicos e estímulos do 2o/3o ramos do nervo trigêmeo.

► ESÔFAGO & ESTÔMAGO

A progesterona ocasiona uma hipotonia de musculatura lisa, gerando:

  • ↓ Esvaziamento Gástrico;
  • Relaxamento do Esfíncter Esofágico Inferior (cárdia);
  • ↑ Pressão Intra-Abdominal;
  • ↑ Deslocamento e compressão gástrica.

Esses achados são responsáveis pelo desenvolvimento de Pirose e Hérnia hiatais nas grávidas.

OBS MASTER!

A grávida apresenta ↓ incidência de úlcera devido a uma ↓ secreção gástrica.

► INTESTINOS

  • A progesterona provoca hipotonia na musculatura lisa do TGI e, juntamente c/ a compressão das estruturas abdominais pelo útero, retarda o trânsito intestinal.
  • A maior absorção de líquidos (devido à retenção de líq. da grávida) leva ao ressecamento das fezes e pode provocar constipação (queixa freq. na gestação, especialmente no 3o tri).
  • Hemorróidas são comuns, aparecendo como resultado da constipação, da vasodilatação periférica e do aumento da pressão nas veias retais por compressão da circulação de retorno.

► FÍGADO & VESÍCULA BILIAR

  • Não foram identificadas alterações importantes na morfologia e na função hepática durante a gravidez.
    • OBS: A fosfatase alcalina está aumentada, mas sua origem é placentária.
  • A vesicula biliar mostra esvaziamento lento por hipotonia muscular (lisa), provocando estase biliar e favorecendo a formação de cálculos de colesterol, já que o estrogênio e progesterona saturam a bile c/ colesterol e diminuem a síntese de ácidos biliáres.
    • OBS: Multiparidade e fatores gnéticos tbm contribuem p/ a formação de cálculos.

► PÂNCREAS

O pâncreas da gestante saudável sofre hiperplasia das células Beta das ilhotas de Langerhans, provável resposta ao bloqueio periférico da insulina pelos hormônios gravídicos, em especial os estrogênios e o hormônio lactogênico placentário (hPL, do inglês: human placental lactogen). Esse processo aumenta a insulina plasmática livre e facilita as maiores necessidades fetais de carboidratos.

OBS: A gravidez é um estado potencialmente diabetogênico e é considerada um teste p/ o adequado funcionamento do pâncreas materno. É normal, na gestação, que se tenha:

  • Resistência à insulina
  • Leve hiperinsulinemia
  • Hipoglicemia de jejum
  • Hiperglicemia pós-prandial
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11
Q

Mudanças Sist. Urinário

A
  • O relaxamento da musculatura lisa do trato urinário promovido pela progesterona causa hipotonia ureteral, que, adicionada à pressão ou à obstrução pelo crescimento uterino e pela congestão do plexo venoso ovariano, pode acarretar hidronefrose e dilatação dos ureteres.
    • Predisposição à hidronefrose e infecções (ITU e pielonefrite)
  • Diminuição da capacidade vesical provoca polaciúria na gestante.

NOS RINS

  • ↑ Tamanho do Rim
  • Dilatação da pelve renal
  • ↑ fluxo plasmático (25%)
  • ↑ da TFG (50%)

NA URINA

  • Glicosúria
  • Hipercauciúria
  • Aminoacidúria
  • ↑ Clearance de creatinina
  • ↓ Creatinina + Uréia + Ác. Úrico

NA BEXIGA

  • ↓ Capacidade
  • Rechaço vesical p/ frente e p/ cima
  • ↑ pressão intravesical
    • Que pode gerar o refluxo vesicoureteral
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12
Q

Mudanças no metabolismo

A

#

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13
Q

Mudanças no sistema respiratório

A

A função pulmonar sofre importantes modificações durante a gestão p/ suprir o organismo materno das necessidades aumentadas de O2.

  • A progesterona age diretamente na via aérea superior, levando a um aumento de suas secreções e dema dos seus tecidos, e pode provocar congestão nasal. Tbm promove ação estimulante sobre os centros respiratórios cerebrais e consequente aumento da FR e do volume corrente.
  • Há alcalose respiratória (↓pCO2 e ↑pO2), compensada pela excreção renal de HCO3-(bicarbonato).
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14
Q

Mudança de Marcha

A

O peso adicional da gravidez desestabiliza o equilíbrio materno ao colocar seu centro de gravidade para frente.

  • Marcha anserina:
    • Atitude involuntária de lordose lombar
    • Ampliação da base de sustentação: aumento do ângulo formado pelos pés bem como seu afastamento (semelhante aos patos).
    • Andar oscilante c/ passos curtos e lentos.
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15
Q

Mudanças osteomusculares

A

As alterações posturais da grávida modificam a anatomia da coluna vertebral, o que permite a ocorrência de espasmos dos músculos intervertebrais e diminui o espaço intervertebral:

  • Lordose lombar e marcha anserina
  • Compressões radiculares e Lombalgia (queixa freq. da grávida)
  • Cervicalgia c/ desconforto e dormência nos MMSS
  • Maior mobilidade das articulações pélvicas

OBS MASTER: Ao final do período gestacional, o desconforto postural se acentua. Pode surgir dor na região cervical, causada pela flexão mantida do pescoço. Eventualmente, os nervos ulnar e mediano podem sofrer pequenas trações ocasionadas por um deslocamento posterior da cintura escapular, que produz desconforto e dormência dos MMSS.

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