I Consenso brasileiro de nutrição oncológica da SBNO Flashcards
Que instrumentos utilizar para realizar a avaliação nutricional no paciente oncológico pediátrico (CLÍNICO, CIRÚRGICO E TCTH, PACIENTES FORA DE POSSIBILIDADE DE CURA ATUAL)?
1) Anamnese nutricional: História clínica: data do diagnóstico, tipo de doença e estágio, protocolo e fase do tratamento. História nutricional: peso atual, perda de peso e tempo da perda de peso, sinais e sintomas gastrintestinais. História socioeconômica: escolaridade e situação de renda familiar.
2) Antropometria:
2.1) Crianças e adolescentes: peso, estatura, IMC. Classificar conforme padrões de referência da OMS (2006/2007), por meio dos softwares Anthro e Anthro Plus ou pelas curvas de crescimento disponíveis no site da OMS, utilizando o escore-Z ou o percentil, segundo os parâmetros:
a) P/E, E/I e P/I para crianças abaixo de 2 anos.
b) IMC/I, E/I para crianças acima de 2 anos e adolescentes e P/I, se necessário, para crianças até 10 anos.
2.2) Crianças acima de 3 meses e adolescentes: coletar medidas de circunferência do braço (CB) e dobra cutânea tricipital (DCT). Menores de 5 anos: classificar conforme padrões de referência da OMS, utilizando o software Anthro (2006). Maiores de 5 anos e adolescentes: utilizar os padrões de referência de FRISANCHO, 1990.
Obs.: Recomenda-se calcular a circunferência muscular do braço (CMB),1 além da área muscular do braço (AMB) 2 (fórmulas no rodapé do quadro): classificar pelos padrões de referência de FRISANCHO, 1990.
Estimativa de estatura: pode ser realizada a estatura recumbente ou estimada pela fórmula de STEVENSON, 1995 (2 a 12 anos).
Correção de peso para pacientes amputados: utilizar a fórmula de OSTERKAMP, 19953 (vide rodapé do quadro).
Obs.:
a) Pacientes com síndrome de Down, paralisia cerebral ou outras síndromes utilizar referências específicas para cada condição. b) Na avaliação antropométrica, levar em consideração a presença de edema, o estado de hidratação (hiperidratação) e a presença de grandes massas tumorais.
3) Ingestão alimentar: avaliar qualitativamente e quantitativamente.
4) Avaliação laboratorial:
Hemograma: hemoglobina, volume corpuscular médio (VCM), leucograma.
Bioquímica: pré-albumina (sempre que possível), albumina, glicemia, colesterol total e frações, triglicerídeos; função renal: creatinina, ureia, sódio e potássio; função hepática: transaminases e bilirrubinas; PCR.
Obs.: os exames laboratoriais serão utilizados em conjunto com outros parâmetros para fechamento do diagnóstico de risco
nutricional.
5) Exame físico: observar sinais físicos de desnutrição: cabelo, unhas, turgor da pele, reservas adiposas e tônus muscular
Que instrumentos utilizar para realizar a avaliação nutricional no paciente oncológico pediátrico (PACIENTES EM CUIDADO AO FIM DA VIDA)?
Dados dietéticos:
Utilizar questionário de frequência de consumo alimentar OU recordatório 24h OU questionário de consumo alimentar atual.
Dados clínicos:
foco na funcionalidade, conforto e bem-estar do paciente.
Obs.: respeitar sempre a vontade do paciente e do cuidador. Dispensar o uso de qualquer instrumento que traga desconforto ou mal-estar para paciente ou familiar.
Que indicadores de risco nutricional utilizar no paciente oncológico pediátrico?
– P/E ou IMC/I entre – 1,00 DP e – 2,00 DP na classificação por escore-Z e entre o P3 e o P15 na classificação por percentil.
– E/I considerar escore-Z < –2,00DP.
– DCT e CB entre P10-P25.
– Perda de peso recente involuntária.
– Consumo alimentar < 70% das necessidades por 3 a 5 dias consecutivos, independentemente do déficit antropométrico.
– Toxicidade do TGI.
– Obesidade e sobrepeso.
– Dados bioquímicos: albumina < 3,2 mg/dL.
**Obs.: os exames laboratoriais serão utilizados em conjunto com outros parâmetros para fechamento do diagnóstico de risco nutricional.
Com que frequência realizar a avaliação e a reavaliação do estado nutricional?
CLÍNICO:
Internação: Até 48h
– Crianças eutróficas sem risco nutricional: avaliar na internação e reavaliar em, no máximo, 15 dias.
– Crianças com risco nutricional ou qualquer grau de desnutrição: avaliar na internação e reavaliar, no máximo, em 7 dias.
Ambulatório:
– Crianças eutróficas sem risco nutricional: reavaliar, no máximo, em 30 dias.
– Crianças com risco nutricional ou qualquer grau de desnutrição: reavaliar, no máximo, em 15 dias.
Ambulatório (tratamento 100% ambulatorial):
– Crianças eutróficas sem risco nutricional: reavaliar no máximo em 15 dias.
– Crianças com risco nutricional ou qualquer grau de desnutrição: reavaliar, no máximo, em 7 dias
Cirúrgico:
Pré-TCPH
Avaliação antropométrica: realizar em até 24h da admissão hospitalar e 24 h antes do início do período de condicionamento.
Avaliação dietética: realizar diariamente. Atentar para alterações da ingestão alimentar, apetite e sintomas do TGI na internação.
Avaliação laboratorial: avaliar, no mínimo, 3 vezes por semana durante a internação.
Pós-TCPH
1) Durante a internação:
Avaliação antropométrica: – Reavaliar no mínimo 1 vez por semana (considerar estado de hidratação) e 24 h antes da alta hospitalar.
Avaliação dietética:
– Realizar diariamente durante a internação.
– Atentar para alterações da ingestão alimentar, apetite e sintomas do TGI. Avaliação laboratorial: Avaliar, no mínimo, 3 vezes por semana.
2) Após a alta, no ambulatório:
Avaliação antropométrica:
– Reavaliar 1 vez por semana, depois quinzenal e mensalmente, conforme evolução clínica do paciente.
Avaliação dietética e laboratorial:
– A cada consulta nutricional.
PACIENTES FORA DE POSSIBILIDADE DE CURA ATUAL
Na admissão ou em até 48 h após, podendo variar conforme a situação clínica e nutricional da criança e a cada 7-15 dias ou conforme a demanda do paciente ou do familiar.
PACIENTES EM CUIDADO AO FIM DA VIDA
Diariamente ou sempre que for necessário, de acordo com a evolução da doença e o aparecimento ou o agravamento dos sintomas, desde que seja desejo do paciente e da família e que não traga angústia ou constrangimento com o diagnóstico realizado.
Quando realizar a triagem e a avaliação nutricional do paciente oncológico adulto ou idoso?
24-48h
Quais instrumentos devem ser utilizados para triagem e avaliação nutricional do paciente oncológico adulto ou idoso?
Clínico e cirúrgico:
– NRS-2002.
– ASG-PPP e a versão reduzida ou ASG.
– MNA versão reduzida e MAN (para o idoso).
– Anamnese alimentar.
TCTH:
Além dos já citados:
– Dinamometria.
Expectativa de vida > ou < que 90 dias
– NRS 2002.
– ASG-PPP e a versão resumida ou ASG
Cuidado ao fim de vida
– Anamnese alimentar com foco nos sinais e nos sintomas
Quais indica- dores de RN ou de desnutrição devem ser considerados na
avaliação do paciente oncológico adulto ou idoso?
– NRS-2002 ≥ 3.
– ASG-PPP B e C e a versão reduzida ≥ 9.
– Localização do tumor: cabeça e pescoço, sistema digestório e pulmão.
– Ingestão alimentar reduzida nas 2 últimas semanas.
– Perda de peso não intencional nas duas últimas semanas.
– Presença de sintomas do sistema digestório como disfagia, odinofagia, xerostomia, trismo, diarreia e mucosite que impeçam a adequada ingestão oral.
– Redução da atividade física/funcional que impeça/limite realizar atividades rotineiras.
– Ser idoso.
– Paciente idoso:
Além dos indicadores já citados:
Albumina ≤ 3,5 mg/dL;
colesterol sérico total < 160mg/dL;
proteína C-reativa ≥ 10 mg/dL.
Diagnóstico de fragilidade.
Quais instrumentos devem ser utilizados para a triagem da sarcopenia no paciente oncológico adulto ou idoso?
– Questionário SARC-F
Em caso de sugestiva presença de sarcopenia, quais instrumentos devem ser utilizados para a avaliação da sarcopenia do paciente oncológico adulto ou idoso?
Se SARC-F ≥ 4 = sugestivo (prossegue a avaliação).
– Por meio da avaliação dos três parâmetros conforme abaixo:
1 – Força muscular determinada pela força de preensão palmar (dinamometria) < 27 Kgf (masculino) <16Kgf para feminino.
2 – Massa muscular determinada pela bioimpedância elétrica ou por métodos de imagem como ressonância magnética (RM), absorciometria por dupla emissão de raios X (DXA) ou tomografia computadorizada de lombar 3 (L3) ou pela circunferência da panturrilha (< 34 cm para masculino e < 33 cm para feminino).
3 – Performance física determinada pela velocidade de marcha < 0,8 m/s.
Atenção: os pacientes que apresentarem força reduzida associada a baixa massa muscular serão classificados com sarcopenia. Os que apresentarem redução dos três parâmetros receberão a classificação de sarcopenia grave.
Pacientes e m cuidados paliativos não possuem indicação para triagem para sarcopenia
Com que frequência o pa- ciente oncológico adulto ou idoso deve ser retriado e reavaliado nutricionalmente?
Durante a internação:
– Semanalmente.
No ambulatório:
– Sem RN: em até 30 dias.
– Com RN ou desnutrido: em até 15 dias.
TCTH:
Durante a internação:
– Semanalmente.
No ambulatório:
– Pré-TCTH:
– Sem RN: em até 30 dias.
–Com RN ou desnutrido: em até 15 dias.
– Pós-TCTH:
30 dias, quando em controle de 3 meses, 6 meses e 1 ano após o TCTH. Quando houver complicações como DECH gastrintestinal (aguda ou crônica), a frequência de reavaliações devem ser individualizada (semanalmente)
PALIATIVOS:
24-48H - INTERNAÇÃO
A CADA 15 DIAS - AMBULATÓRIO
Quais as recomendações proteicas para paceintes pediátricos oncológicos?
Conforme a idade: Aspen, 2002
Neonatos até 2 anos: de 2,5 a 3,0g/Kg
Crianças de 2 a 11 anos: 2,0g/Kg
Adolescentes acima de 12 anos: de 1,5 a 2,0g/Kg
Em casos de perda de peso e desnutrição, sugere-se um incremento de 15% a 50% das recomendações de proteína.
Quais as recomendações hídricas para paceintes pediátricos oncológicos??
Conforme o peso: Holliday & Segar, 1957
Crianças de 1,5 a 3 Kg – 110 a 130 mL/Kg
Crianças de 3 a 10 Kg – 100 mL/Kg
Crianças de 10 a 20 Kg – 1.000 mL
+ 50 mL/Kg para cada Kg acima de 10 Kg
Crianças com mais de 20 Kg – 1.500 mL + 20 mL/Kg para cada Kg acima de 20 Kg.
Acrescentar perdas dinâmicas e descontar retenções hídricas.
Para o ajuste do peso, sugere-se o que?
crianças com baixo peso utilizar o P/E ou IMC no percentil 50. Para crianças eutróficas, utilizar peso atual; para crianças com sobrepeso ou obesas, utilizar o P/E ou o IMC no percentil 90. Este ajuste com relação ao peso atual não deve ultrapassar 20%.
Quais as recomendações de calorias para os pacientes em tratamento?
– Média estimada: 25 a 30 Kcal/Kg Kcal/Kg.
– Paciente desnutrido: 30 a 35 Kcal/Kg de peso atual/dia.
– Paciente crítico: 15 a 25 Kcal/Kg de peso atual/dia.
– Paciente obeso: 20 a 25 Kcal/Kg peso ideal/dia ou 11 a 14/ Kcal/Kg de peso atual.
Atenção: convém especial atenção aos pacientes desnutridos graves e os com caquexia, para evitar a síndrome de alimentação causada pela oferta elevada e rápida de calorias. Para esses pacientes, a oferta inicial varia entre 5-10 a 15-20 Kcal/Kg, administrados lentamente na primeira semana com controle diário de fósforo, magnésio, potássio e tiamina e da glicemia
Pacientes paliativos
– De 25 a 35Kcal/Kg/dia.
– Utilizar o peso atual, habitual ou mais recente
Fim de vida
De acordo com aceitação e tolerância.
Quais as recomendações proteicas para os pacientes em tratamento?
– Com estresse moderado e desnutrido: de 1,2 a 1,5 g/Kg/dia.
– Com estresse elevado: de 1,5 a 2,0 g/Kg/dia.
– Em fase crítica da doença, pode ser prescrito até 2,5g/Kg/dia.
Obs.: Considerar patologias associadas que condicionem restrição ou aumento das recomendações diárias de proteína.
Paliativos:
– Acima de 1,0g/Kg/dia e, preferencialmente,1,5g/Kg/dia.
– Ajustar a recomendação proteica de acordo com as comorbidades.
– Utilizar o peso atual, usual ou mais recente.
Fim de vida
De acordo com aceitação e tolerância.