GESTAÇÃO MÚLTIPLA E DHRN Flashcards
1) O que saber inicialmente das gestações múltiplas?
A gestação múltipla pode ser gemelar, trigemelar, quadrigemelar, mas nesse caso estudaremos mais as gemelares, pois são as que mais caem em provas.
2) O que significa uma gestação múltipla / gemelar? Quem tem mais chance de ter ?
Irá representar o desenvolvimento intrauterino de mais de um zigoto ou na divisão do mesmo zigoto, independentemente do número final de neonatos. Há maior incidência em história familiar materna, aumento da idade materna, paridade e das técnicas de fertilização.
3) Quais diferentes tipos de gemelaridade?
Dizigóticas – Dicoriônicas – Diamnióticas: podemos ter a fecundação de um óvulo com um espermatozoide e um segundo ovulo por um segundo espermatozoide, formando dois zigotos que dão origem a duas gestações ao mesmo tempo. Ou seja, são dizigóticos, todos diferentes, cada um terá seu sinciciotrofoblatos, membrana coriônica, embriões diferentes, bolsas diferentes e placentas diferentes, sendo assim, material genético pode até ser semelhante, mas não serão gêmeos idênticos. (REPRESENTAM 2/3 DAS GESTAÇÕES).
Monozigóticas – Dicoriônicas – Diamnióticas: representam 1/3. Fecundação de um óvulo por um único espermatozoide que forma uma célula, um zigoto que começa a se dividir. Se esse zigoto se dividir até o terceiro ou quarto dias após a fecundação, não formou bolsa amniótica nem placenta ainda, e assim, teremos dois embriões com duas placentas e duas bolsas amnióticas diferentes. Nesse caso serão gêmeos idênticos e do mesmo sexo, pois são produtos de uma mesma fecundação, apesar de estarem em bolsas e placentas diferentes.
Quando o zigoto começa se dividir depois do oitavo dia após a fecundação, já teve tempo de formar o corion, dessa forma, teremos uma mesma placenta para os dois, mas como a bolsa ainda não foi formada, desenvolverá uma para cada um.
Quando a divisão do zigoto acontece depois do décimo terceiro dia após a fecundação, já ouve tempo de formar cório e âmnio. Dessa maneira, teremos um zigoto que se dividiu em dois, com uma única placenta e uma única bolsa. Essa gestação no caso, teremos a gestação mais rara e grave, entrelaçamento de cordões tem maior chance de acontecer.
4) Como fazer o diagnóstico de uma gestação gemelar? O que saber sobre altura uterina no exame físico ?
Pelo Ultrassom, não tendo outra forma de verificarmos. É muito importante a US para realizarmos acompanhamento dessa gestação. Ao comparamos com a gestação única, lembramos que nessa o acompanhamento clinico se dá pela medicação da altura uterina, sendo que o aumento dessa altura indica progressão da gestação à medida que avança a idade gestacional com auxílio da US. NA gemelar, essa altura é falseada, pois o útero cresce a mais por conta dos dois embriões (dois fetos), e assim, o diagnóstico clínico não é tão fiel, por isso é fundamental US para manejo adequado.
5) Qual melhor período para avaliação da gestação gemelar?
Entre a sexta e oitava semana, e como o útero ainda é intra pélvico realizamos pela USTV, o período mais indicado é no primeiro trimestre e em alguns livros falam até 14 semanas.
6) Pela USTV qual uma das maiores importâncias para se dar ênfase?
Definição do número de placentas, pois temos riscos de sobrecarga física, ginecológica e alterações maternas. A gestação gemelar é sim muito bonita, porém, de grandes riscos. Entre os riscos, se for uma placenta somente há riscos extra associados, ou seja, corionicidade é de extrema importância, apenas mostrada pela US.
7) Qual sinal ultrassonográfico nesse US de primeiro trimestre que nos permite falar em gestação dicoriônica? O que precisamos saber sobre os riscos relacionados à corionicidade?
É pelo sinal de Lambda, as placentas não se fundem, apenas se encontram nesse local da formação do sinal de lambda, duas placentas totalmente independentes, cada uma responsável por sua função individual de nutrir e oxigenar os embriões que se tornarão fetos. Se vemos uma placenta única, teremos o chamado sinal do T, ou seja, uma gestação monocoriônica, isto é, uma única placenta que bifurca seu cordão levando oxigênio para os dois embriões. ***lembrar que nesse caso além dos riscos da gemelaridade, também temos os riscos da monocorionicidade, como por exemplo formação de shunts vasculares de distribuição desigual.
8) Por qual motivo corionicidade é melhor definida pelo US e preferencialmente pelo US de primeiro trimestre?
A medida que a gestação progride há crescimento dessa placenta, sendo assim, fica difícil de ver se eram duas que se juntaram após o crescimento, ou se era uma única placenta grande, ou seja, fica difícil analisar os sinais T e LAMBDA.
9) Como fazer a determinação da idade gestacional?
Sempre calculamos pelo comprimento cabeça-nádega para determinar IG, primeiro com US Obstétrico transvaginal. No caso de dois embriões também calculamos por esse método, porem usamos o maior ccn, se houver um bebe maior que o outro, o ccn desse bebe será considerado para idade gestacional.
10) Por que nos preocupamos tanto com gestação gemelar?
Pois essa oferece muito mais riscos de complicações do que uma gestação habitual, sendo que, esses riscos variam ainda mais de acordo com a corionicidade.
11) Quais são os riscos da gestação gemelar?
TPP
RPM
DMG associada
HAS associada
Pré eclampsia
Maiores chances de desenvolver anomalias cromossômicas fetais
SÍNDROME DO TRANSFUSOR FETO FETAL ***
RCIU (se dicoriônica as vezes um dos fetos recebe mais circulação da placenta por conta dos shunts formados e ambos os fetos sofrem).
Discordância de crescimento
12) Quais os riscos de um parto prematuro na gestação gemelar de acordo com a %?
<34 semanas 15-18%
<32 semanas 8 a 10%
< 28 semanas 3 a 4%
13) Resuma os riscos:
Maternos: anemia, hipertensão, dm gestacional, hemorragias, hiperêmese gravídica, etc.
Fetais: anomalias cromossômicas, óbito fetal, dm gestacional, pré eclampsia, RCIU, amniorrexe prematura, stff, hipotireoidismo
14) O que usamos para evitar trabalho de parto prematuro na gestante gemelar? E quais condutas seguir diante das situações citadas anteriormente como riscos ( TPP, AMNIORREXE PREMATURA, HÁS E DM, ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS , RCIU)
Não usamos nada. Mesmo sabendo que a gemelaridade causa sobre distensão uterina que agrava esse risco por natureza, não há técnicas preventivas/profiláticas. O adequado é conduzir com um pré-natal de maior vigilância. E se TPP diante dos índices de tocólise, internamos e conduzimos como tal. Se não entrar, seguiremos a gestação até o termo e determinamos melhor o momento para interrupção.
Sobre amniorrexe prematura, que também é um risco na gestação gemelar, a conduta é a mesma, sem ter profilaxia para impedi-la. DM e HAS são as mesmas condutas, acompanhamos mãe e bebês, em relação à gemelaridade e em relação aos riscos dessas doenças. Situações de anormalidades cromossômicas são mais facilmente descobertas em períodos mais tardios, porém, cabe ao casal decidir maiores investigações a respeito da doença.
E por fim, se ocorrer um RCIU as condutas são sempre as mesmas: acompanhar mais de perto a vitalidade fetal, pois uma placenta que funciona bem e a outra não, visando avaliar peso, liquido, oxigenação desses bebês, para firmar melhores condutas (podemos seguir, ganhar maturidade fetal ou decidir interromper na prematuridade).
15) E se ocorrer óbito fetal na gemelaridade?
Se for em uma fase muito inicial, 7 semanas, por exemplo, apenas um feto vivo, isso é uma complicação que como conduta o obstetra deixa aquele feto em óbito no útero, não faz nenhuma intervenção, mesmo sabendo que há riscos para que o outro venha à óbito. Diante disso, segue o pré-natal, na expectativa de que chegue a termo.