FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Flashcards
Quais são as fontes do Direito Internacional Público, de acordo com o art. 38 do ECIJ?
São elas:
- As convenções internacionais;
- O costume internacional;
- Os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
- Doutrina;
- Jurisprudência;
- Equidade.
Quais são as críticas apontadas ao rol de fontes do Direito Internacional Público, estabelecido pelo art. 38 do ECIJ?
O dispositivo é fortemente influenciado pela teoria da autolimitação do Estado e está defasado historicamente, trazendo uma enumeração exemplificativa das fontes formais do direito internacional.
Atualmente, os atos unilaterais dos Estados e as decisões das organizações internacionais são comumente citados como fontes formais.
Há hierarquia entre as fontes do Direito Internacional Público?
Não há hierarquia entre as fontes do direito internacional, ainda que possa haver hierarquia entre normas jurídicas internacionais.
De que forma podem ser classificadas as fontes do Direito Internacional Público, previstas no art. 38 do ECIJ?
a. Fontes principais;
- Convenções internacionais;
- Costume internacional; e,
- Princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas.
b. Fontes auxiliares;
- Jurisprudência; e,
- Doutrina.
c. Fonte subsidiária;
- Equidade.
Quais são as fontes extra-estatutárias do Direito Internacional Público?
- Atos unilaterais dos Estados;
- Decisões das organizações internacionais;
- Jus cogens;
- Obrigações erga omnes; e,
- Soft law.
O que é um tratado internacional, enquanto fonte estatutária do Direito Internacional Público?
São acordos de vontade, firmados por determinados sujeitos de direito internacional, em forma escrita e com conteúdo juridicamente vinculante.
O que é costume internacional, enquanto fonte estatuária do Direito Internacional Público?
Costume internacional é uma prática geral aceita como Direito.
Quais teorias procuram justificar o surgimento dos costumes internacionais?
- Teoria do consentimento: o costume surge mediante um pacto tácito entre os Estados. O seu uso inicial é oferecido por uma parte e aceito pela outra;
- Teoria da submissão: as normas costumeiras surgem com o passar do tempo e são consagradas pela convicção de sua efetividade obrigatória em uma perspectiva jurídica;
- Teoria da origem unilateral: o costume surge da prática de um Estado isolado que, posteriormente, é confirmada por outros Estados, que concordam, expressa ou tacitamente, com ela;
- Teoria objetiva: o costume é a expressão de uma norma objetiva, situada, portanto, acima da vontade de um Estado.
a. Quais elementos compõem o conceito de costume internacional?
b. Qual a consequência da ausência do elemento psicológico?
a. São eles:
- Elemento material: prática geral, reiterada;
- Elemento imaterial ou psicológico: crença em sua obrigatoriedade.
b. A ausência do elemento imaterial ou psicológico desnatura o costume internacional o qual passa, simplesmente, a ser um uso internacional.
De que forma é possível a prova da vigência de um costume internacional?
- Atos administrativos;
- Legislação;
- Decisões judiciais domésticas;
- Atividades internacionais, como as do mercado internacional;
- Troca de correspondência.
Obs.: No caso da Plataforma Continental do Mar do Norte, de 1969, a Corte Internacional de Justiça reconheceu como prova da existência do costume internacional uma convenção multilateral não ratificada.
Quais são os modos pelos quais um costume internacional pode ser derrogado?
São elas:
- Inobservância contínua: os Estados deixam de praticar os atos prescritos no costume em decorrência de razões de natureza jurídica. Em outros termos, o costume deixa de ser seguido pelo fim da opinio iuris;
- Surgimento de uma norma oposta: outra norma surge, supervenientemente, em sentido oposto ao costume. Tal norma pode ser um outro costume ou um tratado internacional.
No que consiste a teoria do objetor persistente?
Não estará obrigado ao cumprimento do costume internacional, o sujeito de Direito Internacional Público que prove que, persistente e inequivocamente, se opôs ao seu conteúdo desde a sua formação.
Embora a Corte Internacional de Justiça já a tenha aplicado, tanto a doutrina quanto a jurisprudência internacionais rechaçam, atualmente, sua aplicação por ambas adotarem a vertente objetivista do Direito Internacional Público.
Quais são as características da teoria do objetor persistente?
- Tempestividade: a manifestação do Estado objetor deve ser feita logo que a prática comece a se estruturar, potencialmente, como um costumeꓼ
- Persistência: a objeção deve ser reiterada no tempo, isto é, habitualꓼ
- Consistente: a objeção deve ser fundamentada em argumentos jurídicos (opinio non iuris).
Em qual caso houve a aplicação da teoria do objetor persistente pela Corte Internacional de Justiça?
A Corte Internacional de Justiça, no caso da pesca (entre Grã-Bretanha e Noruega), de 1951, não reconheceu a oponibilidade à Noruega da “regra de 10 milhas” para a delimitação das “linhas-base” como critério de fixação da zona de pesca. Para o tribunal, essa regra não poderia ser aplicada à Noruega, pois o Estado sempre se opôs a ela (CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA, 1951, p. 131).
Um Estado recém-formado está vinculado a um costume internacional anterior à sua criação?
- A adoção da teoria da autolimitação do Estado, de forma radical, e, consequentemente, da teoria do consentimento responde a essa pergunta de forma negativa. Sendo o novo Estado soberano, ele não estaria vinculado a uma norma com a qual não anuiu.
- A adoção das teorias da vontade coletiva e do consentimento das nações tem ligação com a teoria da submissão aos costumes. Logo, um novo Estado estaria submetido ao costume anteriormente formado, tendo em vista a opinio iuris “geral”.
- A adoção das teorias não voluntaristas, por defenderem fundamentos superiores à vontade do Estado, acabariam por retirar dos novos Estados a possibilidade de descumprir um costume internacional anterior ao seu próprio nascimento.
- Valerio de Oliveira Mazzuoli defende que o Estado tem o direito de escolha do cumprimento de um costume já formado, desde que seu descumprimento não afronte uma norma de jus cogens.
Os costumes internacionais possuem aplicabilidade direta no âmbito interno?
- O Supremo Tribunal Federal tem diversos precedentes admitindo a aplicabilidade direta dos costumes internacionais em âmbito interno, sendo o primeiro a AC 9.705, de 1987, de relatoria do Min. Moreira Alves.
- Dos julgados, ganha destaque o RE 578.543, de relatoria da min. Ellen Gracie, de 2009, que reconheceu a norma costumeira de imunidade de jurisdição e execução em face das organizações internacionais.
De acordo com o STF, os crimes de lesa humanidade são imprescritíveis?
No julgamento da Ext. 1362, em 2016, a maioria do tribunal, capitaneada pelo min. Teori Zavascki, considerou prescritos os delitos de homicídio qualificado, sequestro e associação criminosa, praticado por pretenso integrante do grupo terrorista “Triple A” nos anos de 1973 e 1975, ainda que aos delitos tenha sido imputada a qualificação de crimes de lesa humanidade.
Quais argumentos foram considerados pela corrente majoritária no STF que considerou prescritos os crimes de lesa humanidade?
- O Brasil não ratificou a Convenção sobre a Imprescritibilidade de Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, razão pela qual caberia ser analisada a prescrição da pretensão punitiva.
- As normas de Direito Internacional Público, entre elas o Estatuto de Roma, são de status supralegal e, por isso, aplica-se ao caso o art. 5º, XV, da Constituição, que veda a irretroatividade da lei penal, exceto para o benefício do réu.
Um costume internacional pode derrogar um tratado internacional?
Não há hierarquia entre costumes e tratados internacionais. Dessa premissa decorre a possibilidade de um tratado ser derrogado por um costume superveniente (como quando o tratado deixa de ser aplicado, sendo substituído por uma norma costumeira), sendo a recíproca verdadeira, isto é, um costume ser derrogado por um tratado.