Doenças Inflamatórias Intestinais Flashcards
Definição e etiopatogenia da DII
- Compreende duas entidades clínicas (RCU e DC) com inflamação crônica do canal alimentar
- Etiopatogenia indefinida, com interação entre fatores ambientais, microbiota intestinal e sistema imunológico intestinal, em indivíduo geneticamente predisposto
- Familiares de 1º grau de paciente com DC apresentam risco 30x de ter a doença
Região do TGI e camada mais afetada na RCU
- Comprometimento restrito à mucosa, não invade camadas profundas
- Comprometimento inflamatório uniforme, a partir do reto (sem mucosa normal intermeada)
Manifestações clínicas da RCU
• Diarreia crônica, dor abdominal, sangue nas fezes
- Diarreia tipo colônica: várias evacuações , pequenos volumes, tenesmo, muco e sangue
- Dor abdominal: QIE
- Muco e sangue vivo nas fezes são frequentes
• Outros: febre baixa, anemia, inapetência e perda de peso
• Manifestações extraintestinais: vias biliares (CEP), articulares, cutâneas, oculares
Região do TGI e camada mais afetada na DC
- Comprometimento de qualquer segmento do canal alimentar (especialmente íleocecal)
- Comprometimento de toda a parede do segmento acometido - pode acometer tecidos ou estruturas vizinhas, formando fístulas
- Comprometimento inflamatório descontínuo - mucosa normal intermeada com segmentos de mucosa inflamada
Manifestações clínicas da DC
- Varia conforme local, extensão, gravidade e complicações
- Dor abdominal (QID)
- Diarreia crônica (não há alívio da dor após a evacuação)
- Febre, inapetência e perda de peso
- Hematoquezia (menos comum que na RCU)
- Anemia e desnutrição
- Atraso do crescimento (crianças e adolescentes)
- Fístulas (cutâneas, vesicais, vaginas, perianal), abcessos e estenoses
- Disfagia, odinofagia e dor epigástrica (TGI superior)
- Manifestações extraintestinais: vias biliares (CE), articulares, cutâneas e oculares
Manifestações extraintestinais da DII
1) Articulares:
• Pequenas articulações (pés e mãos): simétrica e não acompanha a atividade da doenças
• Grandes articulações: assimétrica e acompanha a atividade da doença
• Axiais: sacro-ileíte, espondilite anquilosante
2) Oculares:
• Conjuntivite, episclerite, uveíte
3) Vias biliares:
• CEP
4) Metabólicas:
• Osteoporose
CEP: mais comum na RCU
Outras: mais comum na DC
Diagnóstico das DII
• Não há achado clínico ou exame complementar que, isoladamente, fecha o diagnóstico
• Necessita de combinação de:
- dados clínicos
- exames laboratoriais
- exames de imagem: TC abdominal. RNM abdominal, enteroTC/enteroRNM (para ID)
- achados endoscópicos
- resultado anatomopatológico
Avaliação laboratorial:
• Hemograma: anemia, leucocitose, trombocitose
• PCR e VSG/VHS: elevados
• Ferro sérico: reduzido (perda de sangue e doença crônica)
• Ferritina: reduzida (reservas de ferro baixas) ou elevada (atividade doença)
• Saturação de transferrina, B12, vitamina D, cálcio, fósforo, Mg
• Albumina: pode estar baixa (desnutrição e exsudação proteica)
• TGO, TGP, FA (avaliar comprometimento hepatobiliar)
• Calprotectina fecal (proteína do citoplasma dos granulócitos) ou lactoferrina fecal ou pesquisa de leucócitos fecais
• EPF (3 amostras), coprocultura, pesquisa de toxina A e B do C. difficile
• ASCA (> na DC) e p-ANCA (> na RCU): para casos de DII indeterminada (caros e sensibilidade limitada):
- p-ANCA negativo e ASCA positivo: VPP de 96% para DC
- p-ANCA positivo e ASCA negativo: VPP de 92% para RCU
- p-ANCA positivo em 65-70% pacientes com RCU; ASCA positivo em 55-70% dos pacientes com DC
Achados endoscópicos da RCU
- Comprometimento contínuo da mucosa
- Reto quase sempre acometido
- Erosões e úlceras superficiais (só mucosa)
Achados endoscópicos da DC
- Comprometimento descontínuo da mucosa
- Reto geralmente é poupado (<10% dos casos)
- Úlceras profundas (doença transmural)
Diagnósticos diferenciais da DII
• RCU x DC
• Colite ulcerativa por E. histolytica (RCU e DC)
• Linfomas e TB intestinal (DC)
• Infecções bacterianas
- C. difficile
- E. coli enteroinvasiva, Yersinia, Shigela, Salmonela (RCU e DC)
- Campylobacter jejuni (DC)
Objetivos do tratamento das DII
- Induzir a remissão clínica
- Reverter a atividade inflamatória
- Buscar a cicatrização da mucosa
- Manter a remissão a longo prazo, sem uso de corticoide
- Prevenir recidivas
- Evitar complicações (estenoses, fístulas, abcessos, CA)
Classificação de Montreal para a RCU
Extensão (E)
• E1: apenas reto comprometido
• E2: reto + sigmoide OU reto + sigmoide+ colón até flexura esplênica
• E3: qualquer comprometimento além da flexura esplênica
Classificação de Montreal para a DC
1) Idade de diagnóstico:
• A1: < 16 anos
• A2: entre 16 e 40 anos
• A3: > 40 anos
2) Localização: • L1: apenas íleo terminal • L2: apenas cólon (20-25% dos casos) • L3: íleo-colônico (40-50% dos casos) • L4: TGI superior
3) Comportamento: • B1: inflamatório (não estenosante e não penetrante) • B2: estenosante • B3: penetrante • P: doenças perianal
Índices para avaliar a gravidade da RCU
1) Classificação de Truelow e Witz para RCU
• Avalia a gravidade (leve, moderada e grave)
• Critérios: nº de evacuações, sangue vivo nas fezes, febre, taquicardia, HB, VSG/VHS, PCR
• RCU grave é definida quando há ≥ 6 evacuações + 1 dos demais critérios
2) Índice de Mayo Clinic
• Escores variam de 0-12
• Monitorar pacientes durante o tratamento
Índices para avaliar a gravidade da DC
CDAI: < 150 pontos: remissão 150 - 220 pontos: doença leve 220 - 450 pontos: doença moderada a grave > 450 pontos: doença grave a fulminante
Índice de Harvey-Bradshow:
• 5 variáveis
• Remissão: ≤ 4 pontos
• Resposta: ≤ 3 pontos