Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) Flashcards
Patogenia da DRGE
Perda dos mecanismos antirrefluxo (incompetência da junção esofagogástrica):
- relaxamentos transitórios do EEI (reflexo vasovagal no qual o relaxamento do EEI é estimulado pela distensão do estômago);
- hipotensão do EEI; ou
- distorção anatômica da junção esofagogástrica, inclusive por hérnia de hiato.
Fatores agravantes do refluxo: obesidade abdominal, gravidez, hipersecreção gástrica, retardo do esvaziamento gástrico, supressão da peristalse esofágica, glutonaria.
- Síndrome de Zollinger-Ellison:
- Helicobacter pylori: pode conferir um efeito protetor ao induzir gastrite atrófica com hipoacidez associada.
- A bile também foi implicada como cofator da patogênese da metaplasia de Barrett e do adenocarcinoma.
Clínica da DRGE
Os sintomas clássicos da DRGE são azia (pirose) e regurgitação.
Outros sintomas da DRGE incluem disfagia, dor no peito, sensação globosa, odinofagia, sintomas extraesofágicos (por exemplo, tosse crônica, rouquidão, broncoespasmos, chiado no peito, erosões dentárias) e, com pouca frequência, náusea.
- Pirose: azia/queimação retroesternal geralmente pós prandial
- Regurgitação: material ácido percebido na boca ou hipofaringe, pode conter pequena quantidade de alimento não digerido
- Disfagia: indica esofagite, estenose e adenocarcinoma
- Dor torácica: compressão ou queimação retroesternal, pode irradiar; dura de minutos a horas e resolve espontaneamente ou com antiácidos, geralmente pós-prandial ou noturna, pode ser exacerbado pelo estresse emocional; pode imitar angina
- Odinofagia: é incomum; indica úlcera; ou esofagite infecciosa/farmacológica
Recursos de alarme sugestivos de malignidade gastrointestinal na suspeita de DRGE incluem:
Novo início de dispepsia em pacientes com idade ≥ 60 anos; Sangramento gastrointestinal (hematêmese, melena, hematochezia, sangue oculto nas fezes); Anemia por deficiência de ferro; anorexia; perda de peso inexplicada; disfagia; odinofagia; vômito persistente; Câncer gastrointestinal em um parente de primeiro grau
Diagnóstico da DRGE
Diagnóstico:
Pirose + Regurgitação: prova terapêutica por 2 semanas; se negativo, pHmetria 24 horas;
- pHmetria: confirmar diagnóstico ou monitorar tratamento
- Impedanciometria: identifica refluxos não ácidos;
- Endoscopia: suspeita de complicações ou sinais de alarme (anemia, odinofagia, perda de peso, icterícia, disfagia, idade >= 45 anos)
- Manometria se há suspeita de distúrbio de motilidade esofágica
Diagnósticos Diferenciais da DRGE
Mais comuns:
- Esofagites (infecciosa, farmacogênica ou eosinofílica) (odinofagia associada)
- Doença ulcerosa péptica,
- Dispepsia,
- Cólica biliar,
- Distúrbios da motilidade esofágica
- Anéis / teias esofágicas
- Doença arterial coronariana
Excluir doença arterial coronariana é prioridade: dor no peito inexplicável -> eletrocardiograma e um teste ergométrico antes de uma avaliação gastrointestinal
Alimentos refluxogênicos
Alimentos gordurosos, álcool, hortelã, pimenta, condimentados, chocolate; existem dados limitados para apoiar a eliminação de café, chá e / ou refrigerante
Complicações da DRGE
- Esofagite crônica (sangramento, úlcera e estenose) e adenocarcinoma esofágico são as principais.
- Esofagite erosiva grave: repetir endoscopia após dois meses de terapia com IBP para avaliar a cura e descartar o esôfago de Barrett.
- Metaplasia de Barrett: complicação histológica mais grave da DRGE, fortemente associada ao risco de adenocarcinoma esofágico.
Tratamento da DRGE
- Medidas antirrefluxo: dieta, elevar cabeceira, perda de peso, não comer 2-3h antes de deitar
- IBP: 1x/dia por 8 semanas (não melhorou? dobrar a dose na 2ª semana; não melhorou dobrada? refratário)
- Cx - Refratário (não responde a IBP), recorrente, complicado (estenose / úlcera)
Exames pré-Cx: pHmetria 24h (confirmar dx) e esofagomanometria (escolher técnica)
Técnicas Cx: fundoplicatura total (manometria normal) (Nissen- válvula com 360º) ou parcial (manometria com dismotilidade) (Anterior- Dor e Thal; Posterior- Lind e Toupet)
Abordagem farmacológica da DRGE
- Fármacos
Não impedem o refluxo, mas melhoram sintomas e permitem cicatrização da esofagite. Tratamento é por tempo indefinido. Iniciar fármacos mesmo que haja indicação de endoscopia.
- Antiácidos: uso limitado geralmente se sintomas 1 ou menos vezes por semana, alívio em 5 minutos ação de 30-60 minutos
- AR2H: início de ação mais lento (pico em 2,5h e duração de 4-10h; desenvolvem taquifilaxia (tolerância) dentro de 2-6 semanas; eficácia limitada em esofagite erosiva e são ineficazes em esofagite grave.
- IBP: são os inibidores mais potentes; são mais eficazes quando tomados 30 minutos antes da primeira refeição do dia (maior quantidade de HK-ATPase na célula parietal após um jejum prolongado); devem ser administrados diariamente, em vez de sob demanda, para melhor controle. Efeitos colaterais: absorção de B12 e ferro pode ser diminuída e há e a suscetibilidade às infecções entéricas (colite por Clostridium dificile).
- Agentes de superfície e alginatos: adere à superfície da mucosa, promove a cicatrização e protege contra lesões pépticas; dada a curta duração da ação e eficácia limitada é limitado ao manejo da DRGE na gravidez
Abordagem farmacológica da DRGE
- Abordagem PROGRESSIVA e REGRESSIVA
ABORDAGEM PROGRESSIVA
- Pacientes com sintomas leves e intermitentes (<2x/semana)
- Minimiza o uso de IBP, seu custos e efeitos colaterais,
- ESQUEMA: Antiácidos e/ou alginatos -> AR2H dose padrão 2x/dia por 2 semanas -> IBP dose baixa 1x/dia > aumentar dose
- Quando controlado, manter esquema por ≥ 8 semanas e descontinuar
ABORDAGEM REGRESSIVA
- Pacientes com esofagite erosiva, esôfago de Barrett ou com sintomas graves frequentes (≥2x/semana que prejudicam qualidade de vida)
- Alívio mais rápido dos sintomas
- ESQUEMA: IBP em dose padrão uma vez ao dia por 8 semanas -> IBPs de baixa dose -> AR2H se sintomas leves ou intermitentes.
- Esofagite erosiva grave: repetir endoscopia após dois meses de terapia com IBP para avaliar a cura e descartar o esôfago de Barrett.
- Descontinuar se sintomas desaparecem totalmente, exceto naqueles com esofagite grave na EDA ou esôfago de Barret
Abordagem farmacológica da DRGE
- Pacientes recorrentes
Sintomas recorrentes < 3 meses após a
interrupção da supressão ácida: continuar terapia de manutenção a longo prazo com um IBP.
Sintomas ocorrem > 3 meses: repetidos cursos de 8 semanas de terapia supressora de antiácido anteriormente eficaz.
Abordagem farmacológica da DRGE
- Pacientes refratários
Aumentar dose ou Mudar de IBP
EDA + biópsia se não realizada no último ano
Teste de pH
- Ácido: adicionar AR2H na hora de dormir; se desenvolver tolerância, AR2H intermitentemente (sob demanda).
- Pacientes com refluxo não ácido (ou teste indisponível e os pacientes relatam principalmente regurgitação): baclofeno (inibe o refluxo), apesar de pouca evidência
- Impedância esofágica normal e estudo de pH normal (hipersensibilidade esofágica ou azia funcional): analgésicos viscerais (moduladores da dor), como um antidepressivo tricíclico, inibidor da recaptação de
serotonina-noradrenalina, captação seletiva de serotonina inibidor ou trazodona.
Esôfago de Barret Definição Grupo de risco Clínica Diagnóstico Rastreamento ou acompanhamento (Seattle) Tratamento
- Definição: metaplasia intestinal (escamoso, esôfago –> cilíndrico, estômago)
- Grupo de risco: homens brancos obesos em sua sexta década de vida
- Clínica: assintomárico (protege contra ácido)
- Diagnóstico: EDA (vermelho salmão) + biópsia
- Seattle: Biópsia inicial a cada 2cm em quatro quadrantes se desconhecido ou a cada 1cm se displasia conhecida ou indefinida
- Tratameno ou acompanhamento depende da biópsia
Fatores de risco para o esôfago de Barrett incluem:
- Duração da DRGE de pelo menos 5 a 10 anos;
- Idade ≥ 50 anos;
- Sexo masculino;
- Raça branca;
- Hérnia hiatal;
- Obesidade;
- Refluxo noturno;
- Uso de tabaco (passado ou atual);
- Parente de primeiro grau com esôfago de Barrett e/ou adenocarcinoma
Esôfago de Barret Tratamento e acompanhamento - Sem displasia - Displasia Baixo Grau - Displasia Alto Grau (adenocarcinoma in situ) - AdenoCarcinoma Invasilo
Biópsia a cada 1 cm
-Sem displasia –> EDA 3-5 anos
As seguintes devem ser confirmadas por patologista experiente:
- Displasia Baixo Grau –> EDA em 6 e 12 meses e então anualmente (ou Ressecção endoscópica)
- Displasia Alto Grau ou adenocarcinoma in situ (intramucoso) –> Ressecção/ablação/mucosectomia endoscópica + exame histológico do material
- AdenoCarcinoma Invasivo –> quimioterapia com ou sem esofagectomia
Terapia anti-refluxo agressiva: pode resultar em regressão parcial. Após ablação, IBP para que a mucosa lesada se cure com o crescimento de um novo epitélio escamoso.