Doenças do Estômago Flashcards

1
Q

Quais são as porções anatômicas do estômago (5)?

A
  1. Cárdia (EEI)
  2. Fundo
  3. Corpo
  4. Antro
  5. Piloro (permite o esvaziamento lento e gradativo do conteúdo gástrico para o duodeno e impede o refluxo do conteúdo duodenal para o estômago)
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2
Q

Em qual porção do estômago ocorre a produção de ácido?

A

No fundo gástrico

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3
Q

Qual o tipo de células presentes no fundo gástrico, responsáveis pela produção do ácido? Qual estrutura presente nessas células permite essa produção?

A

As células parietais, localizadas em maior concentração no fundo gástrico. A presença de bombas de H+ (bombas de prótons) nessas células permite a produção de ácido.

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4
Q

Quais são as vias de estímulo à produção de ácido pelas células parietais (3)?

A
  1. Via da gastrina
  2. Via do nervo vago
  3. Via da histamina
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5
Q

Quais são as células produtoras de gastrina? Em que porção do estômago elas se localizam?

A

As células G, localizadas no antro gástrico

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6
Q

Em que circunstâncias o nervo vago atua estimulando a produção ácida? Qual o neurotransmissor envolvido nessa via?

A

O nervo vago estimula a produção de ácido pelas células parietais quando se pensa, vê ou cheira um alimento.
Essa via de estímulo é mediada pela acetilcolina

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7
Q

Quais são as células produtoras de histamina?

A

Células enterocromafins-like, localizadas próximo às células parietais

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8
Q

Qual substância atua inibindo a secreção de gastrina e, em última análise, a produção de ácido pelas células parietais?

A

A somatostatina

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9
Q

Quais são as células produtoras de somatostatina? Em que porção do estômago elas se localizam?

A

As células D, localizadas no antro gástrico.
Dica: o hormônio produzido nas células D Desestimula a produção de ácido

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10
Q

Quais são os elementos de proteção da mucosa contra a ação do ácido estomacal (elementos da barreira de mucosa gástrica) (4)?

A
  1. Camada espessa de muco revestindo a mucosa
  2. Bicarbonato no muco, sobre a mucosa, tonando-a mais alcalina
  3. Renovação celular intensa (se houver lesão de células da mucosa por ação do ácido, essas células são rapidamente renovadas)
  4. Rica vascularização
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11
Q

Quais as substâncias responsáveis por estimular e manter a barreira de mucosa gástrica?

A

Prostaglandinas

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12
Q

Quais são as principais doenças do estômago, que serã estudadas dessa aula (2)?

A
  1. Doença ulcerosa péptica (DUP)
  2. Câncer gástrico
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13
Q

Qual é a definição de DUP?

A

Lesão na mucosa gástrica OU duodenal

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14
Q

Qual é a fisiopatologia?

A

É um desbalanço entre fatores de agressão e fatores de proteção da mucosa

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15
Q

Qual é o fator de AGRESSÃO da mucosa?

A

O ÁCIDO

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16
Q

Quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da DUP (2)? De forma geral, como eles atuam na fisiopatologia da DUP?

A
  1. Infecção por Helicobacter pylori
  2. AINEs
    Esses fatores NÃO atuam agredindo diretamente a mucosa, uma vez que o fator de agressão à mucosa é a própria acidez gástrica. Esses fatores atuam REDUZINDO os agentes protetores (barreira da mucosa), e/ou estimulando a produção ácida, levando ao desbalanço entre agressão e proteção.
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17
Q

Quanto à infecção pelo Helicobacter pylori: ela é uma infecção prevalente?

A

SIM, estima-se que cerca de 80% da população mundial esteja infectada por essa bactéria

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18
Q

A infecção por H pylori pode levar tanto a HIPERcloridria (aumento da produção ácida) quanto a HIPOcloridria (redução a produção ácida). De que forma isso acontece?

A
  1. Hipercloridria: a infecção por H pylori no antro leva a redução da síntese de somatostatina pelas células D, com consequente estímulo à gastrina e à produção de ácido nas células parietais
  2. Hipocloridria: a infecção de toda a mucosa, especialmente do fundo, pela H pylori leva ao acometimento das células parietais, com consequente inibição direta da produção de ácido
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19
Q

A infecção por H pylori só gera DUP se estiver associada a hipercloridria?

A

NÃO, uma vez que, mesmo em um cenário de hipocloridria, a H pylori atua diminuindo a barreira de mucosa gástrica (seus flagelos destroem a camada de muco e suas enzimas inibem o efeito neutralizante dessa camada). Dessa forma, há um desbalanço entre agressão e proteção, o que faz com que independentemente da quantida de de ácido (hipo OU hipercloridria), a infecção por H pylori é causa de DUP!

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20
Q

Quanto aos AINEs: por qual mecanismo esses medicamentos atuam favorecendo o surgimento de DUP?

A

Os AINEs atuam inibindo a COX (ciclo-oxigenase), uma enzima responsável pela conversão de ácido aracdônico em prostaglandinas. Dessa forma, os AINEs reduzem a produção das prostaglandinas, responsáveis por estimular e manter a barreira de mucosa gástrica. Como consequência, há desbalanço (agressão > proteção) e surgimento da DUP.

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21
Q

Quais são os 2 tipos de COX e suas respectivas funções?

A
  1. COX 1: síntese de prostaglandinas
  2. COX 2: atividade inflamatória
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22
Q

Na tentativa de evitar a DUP causada por AINEs, portanto, foram criados os AINEs seletivos (atuam somente em COX 2). Quais são eles? Por que são menos utilizados atualmente?

A

São os coxibes. Embora tenham ação seletiva e menor risco de DUP, estão relacionados a alterações cardiovasculares e, por isso, são menos utilizados atualmente.

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23
Q

Qual a principal manifestação clínica da DUP? Em que consiste essa manifestação (3)?

A

Dispepsia, que consiste, basicamente, em:
1. Azia
2. Plenitude pós-prandial
3. Saciedade precoce

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24
Q

Existem diversas causas de dispepsia. Qual **achado associado ** fala a favor de DUP como causa da dispepsia?

A

A presença de dor epigástrica

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25
Q

Tipicamente, em que momento a dor é mais intensa no paciente com úlcera gástrica? Por que?

A

Durante a alimentação, uma vez que é nesse momento que há maior produção de ácido, que age agredindo diretamente a mucosa gástrica ulcerada.

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26
Q

Tipicamente, em que momento a dor é mais intensa no paciente com úlcera duodenal? Por que?

A

2 a 3 horas APÓS a alimentação, uma vez que esse é o tempo, em média, do esvaziamento gástrico, quando o bolo alimentar misturado ao suco gástrico ácido atinge a mucosa duodenal ulcerada, agredindo-a

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27
Q

Em qual tipo de úlcera (gástria ou duodenal) o clocking (despertar noturno pela dor) é mais frequente? Por que?

A

Na úlcera duodenal, uma vez que o paciente se alimenta e dorme. Após 2-3 horas, surge a dor da úlcera duodenal, acordando o paciente durante a noite.

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28
Q

Em qual grupo de pacientes é permitido que seja feito o diagnóstixo presuntivo de DUP (a partir dos sintomas de dispepsia + dor típica) e iniciado o tratamento empírico?

A

Pacientes jovens SEM sinais de alarme

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29
Q

Em quais grupos de pacientes está indicada a realização de EDA para o diagnóstico de DUP (2)?

A
  1. Pacientes > 45 anos OU
  2. Pacientes com sinais de alarme
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30
Q

Quais são os principais sinais de alarme que indicam EDA no paciente com clínica de DUP, indepentemente da idade do paciente (6)? Qual o objetivo da EDA nesses casos?

A
  1. Perda de peso
  2. Anemia
  3. Sangramento (hematêmese ou melena)
  4. Disfagia
  5. Massa palpável no abdome
  6. História familiar de câncer gástrico
    O objetivo da EDA é afastar câmcer gástrico
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31
Q

Se, na EDA, for identificada uma úlcera gástrica, o que deve, necessariamente, ser feito? Por que?

A

Deve-se fazer biópsia, uma vez que neoplasias gástricas podem se manifestar na forma de lesões ulceradas.
Obs: DUP NÃO vira câncer gástrico, mas essas duas condições podem ter a mesma clínica e o mesmo aspecto macroscópico na EDA.

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32
Q

É necessário biopsiar a úlcera duodenal?

A

Não.

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33
Q

Como é feito o tratamento da DUP?

A

Terapia de antissecreção ácida por 4 a 8 semanas

34
Q

Quais as classes de drogas que podem ser empregadas na terapia de antissecreção ácida (2)? Destas, qual é o padrão ouro e por que?

A
  1. Inibidores de bomba de prótons - IBP: Omeprazol 20 mg, Pantoprazol 40 mg, Esomeprazol 40 mg. São o padrão ouro, uma vez que agem diretamente sobre as células gástricas, inibindo todas as vias de estímulo à produção ácida.
  2. Bloqueadores histamínicos: Ranitidina, Cimetidina. Agem inibindo apenas a via da histamina.
35
Q

O tratamento da infecção pela H pylori é utilizado para a cicatrização da úlcera?

A

Não

36
Q

Qual o objetivo do tratamento para erradicação da infecção por H pylori?

A

Prevenir a recorrência da DUP

37
Q

Quais são as indicações para o tratamento de erradicação da H pylori (4)?

A
  1. DUP (seja úlcera ativa ou cicatrizada, uma vez que o objetivo da erradicação da H pylori na DUP é a prevenção de recidiva)
  2. Linfoma MALT (tem relação estreita com a infecção por H pylori, de forma que a sua erradicação é essencial para o tratamento dessa neoplasia)
  3. Dispesia (mesmo na ausência de DUP, a dispepsia já é suficiente para se erradicar a H pylori)
  4. Risco de câncer (paciente que tem lesão pré neoplásica, já fez gastrectomia por câncer, tem história de câncer em parente de 1° grau)
38
Q

Quais pacientes devem ser investigados para H pylori?

A

TODOS os pacientes com dispepsia

39
Q

Existem testes invasivos e não invasivos de investigação de H pylori. Quais são os testes invasivos (por EDA) (3)? Destes, qual é o principal?

A
  1. Teste rápido da urease no fragmento de biópsia (H pylori produz urease). É o principal, por ser rápido e fácil.
  2. Histologia
  3. Cultura
40
Q

Existem testes invasivos e não invasivos de investigação de H pylori. Quais são os testes NÃO invasivos (3)? Destes, qual é o principal?

A
  1. Teste da ureia respiratória marcada com carbono 13. É o principal.
  2. Sorologia
  3. Antígeno fecal
    Obs: dessa forma, é possível investigar H pylori mesmo nos pacientes com dispepsia SEM indicação de EDA
41
Q

Qual dos testes diagnósticos não invasivos não pode ser utilizado no controle de cura da infecção por H pylori?

A

A sorologia, uma vez que pode se manter positiva mesmo após a cura.

42
Q

Quais as medicações utilizadas na erradicação da H pylori (3)? Por quanto tempo esse tratamento é realizado?

A
  1. Claritromicina 500 mg 2x/dia
  2. Amoxicilina 1g 2x/dia
  3. Omeprazol 20mg 2x/dia
    Esse tratamento é realizado por 14 DIAS
    Obs: dica para guardar: o tratamento da H pylori é um “CAO” (Claritromicina, Amoxicilina e Omeprazol)
43
Q

Após quanto tempo do término do tratamento da H pylori deve ser feito o controle de cura?

A

Após 4 semanas do término do tratamento.
Obs: tem que ser feito sempre o controle de cura.

44
Q

Quais métodos são mais utilizados para o controle de cura da infecção por H pylori (2)?

A
  1. Teste da urease (invasivo)
  2. Teste da ureia respiratória (não invasivo)
    Obs: sorologia não pode!!
45
Q

Em que circunstância está indicado controle de cura da DUP (não só da H pylori)? De que forma deve ser feito esse controle, necessariamente?

A

Quando a úlcera é gástrica. O controle tem que ser feito, necessariamente, com EDA,uma vez que é preciso VER se a úlcera regrediu. Se não tiver regredido, é necessário nova biópsia (pode ser uma neoplasia gástrica que não foi identificada na primeira biópsia).

46
Q

É necessário que seja feita EDA para controle de cura de DUP nos pacientes que tiveram diagnóstico presuntivo de DUP ou que tiveram úlcera duodenal identificada em EDA diagnóstica?

A

NÃO (apenas controle de cura de infecção por H pylori, se indicado - podendo este ser não invasivo)

47
Q

Quais são as indicações de tratamento cirúrgico da DUP (2)?

A
  1. Intratabilidade clínica
  2. Complicações (perfuração, sangramento que não é controlável por endoscopia)
    Obs: atualmente, o tratamento clínico é muito eficaz e o tratamento cirúrgico raramente é necessário
48
Q

Para compreender as técnicas de tratamento cirúrgico, da DUP, é necessário entender quais são os tipos de úlceras. Qual o nome da classificação que determina os tipos de úlceras?

A

Classificação de Johnson.

49
Q

A classificação de Johnson divide as úlceras em 5 tipos conforme a sua localização. Esses tipos, por sua vez, são alocados em 2 grupos. Quais são esses 2 grupos?

A
  1. Úlceras que se desenvolvem em contexto de HIPERcloridria
  2. Úlceras que se desenvolvem em contexto de HIPOcloridria
50
Q

Quais sãos os tipos de úlceras que se desenvolvem em contexto de HIPERcloridria e suas respectivas localizações (3)?

A
  1. Úlcera duodenal
  2. Úlcera gástrica do tipo II - localizada no corpo gástrico
  3. Úlcera gástrica do tipo III - localizada na região pré-pilórica
51
Q

Quais sãos os tipos de úlceras que se desenvolvem em contexto de HIPOcloridria e suas respectivas localizações (2)?

A
  1. Ulcera gástrica do tipo I - localizada na pequena curvatura BAIXA
  2. Úlcera gástrica do tipo IV - localizada na pequena curvatura ALTA
    Dica: as úlceras localizadas na pequena curvatura se desenvolvem quando há pequena produção ácida.
52
Q

Qual o tipo de úlcera gástrica mais comum?

A

Tipo I (pequena curvatura baixa, que se desenvolve em contexto de hipocloridria)

53
Q

Como é possível diminuir CIRURGICAMENTE a acidez gástrica (3 formas)?

A
  1. Vagotomia (seccionar o nervo vago, de modo a impedir seu estímulo à produção ácida pela célula parietal)
  2. Antrectomia (retirada do antro, onde estão as células G produtoras de gastrina, que estimulam a célula parietal)
  3. Vagotomia + Antrectomia
54
Q

De forma geral, o que deve ser necessariamente feito no tratamento cirúrgico de uma úlcera que se desenvolve em contexto de hipercloridria (duodenal, gástricas tipo II ou III)?

A

PELO MENOS uma vagotomia, podendo-se associar ou não a antrectomia ou outro procedimento.

55
Q

De forma geral, que deve ser necessariamente feito no tratamento cirúrgico de qualquer úlcera gástrica?

A

RETIRAR A ÚLCERA (é necessário algum grau de gastrectomia, uma vez que há risco de câncer!)

56
Q

Quais são as técnicas cirúrgicas que podem ser empregadas no tratamento da úlcera que se desenvolve em hipergloridria (3)?

A
  1. VAGOTOMIA troncular + piloroplastia
  2. VAGOTOMIA trocular + antrectomia
  3. VOGOTOMIA superseletiva (gástrica proximal)
    Obs: como foi dito anteriormente, o tto cirúrgico de toda úlcera que se desenvolve em hipercloridria inclui, necessariamente, a vagotomia.
57
Q

Em que consiste o procedimento de vagotomia troncular + piloroplastia? Por que a piloroplastia é necessária?

A

Consiste na secção do tronco do n. vago associada a uma secção do piloro com sutura de forma diametralmente oposta (vide foto).
A piloroplastia é necessária para evitar que haja dificuldade de esvaziamento gástrico decorrente da vagomotomia.

Vagotomia troncular + piloroplastia
58
Q

Na técnica que envolve vagotomia + antrectomia, são utilizados os 2 métodos cirúrgicos de supressão da secreção ácida. No entanto, esse procedimento exige que seja feita uma anastomose para reconstrução do trânsito após a remoção do antro gástrico. Quais são os nomes das 2 técnicas de vagotomia + antrectomia, que diferem em relação à anastomose realizada?

A
  1. Billroth I
  2. Billroth II
59
Q

Qual a anastomose realizada na técnica de Billroth I?

A

Anastomose gastro-duodenal (gastroduodenostomia). É feita a ligação direta entre o corpo gástrico e o duodeno.

Vagotomia + antrectomia a Billroth I
60
Q

Qual a anastomose realizada na técnica de Billroth II?

A

Anastomose gastro-jejunal (gastrojejunostomia + alça aferente). Nessa anastomose, o coto duodenal é fechado (formando a alça aferente, que recebe o conteúdo biliopancreático), enquanto uma alça de jejuno é anastomosada ao corpo gástrico. Essa técnica é mais utilizada quando a antrectomia é mais alta e não é possível fazer a anastomose direta entre o duodeno e o corpo gástrico.

Vagotomia + antrectomia a Billroth II
61
Q

Em que consiste a vagotomia superseletiva (gástrica proximal)?

A

Consiste na secção apenas dos ramos proximais, que inervam diretamente a mucosa gástrica (NÃO é feita a vagotomia troncular, como nas técnicas anteriores). Como consequência, não há impacto no esvaziamento gástrico, o que dispensa a realização de piloroplastia).

62
Q

Qual o principal problema da vagotomia superseletiva?

A

Maior índice de recidiva, uma vez que pequenos ramos do nervo vago que estimulam a secreção ácida podem não ser identificados.

63
Q

Quando há úlcera gástrica, será necessário, necessariamente realizar algum grau de gastrectomia para retirar a úlcera. Qual a técnica cirúrgica utilizada no tratamento da úlcera gástrica do tipo I?

A

Antrectomia a Billroth I (gastroduodenostomia).
Obs: a úlcera gástrica do tipo I se desenvolve em contexto de HIPOcloridria, logo, NÃO há necessidade de vagotomia. Por ser mais distal (localizada na pequena curvatura BAIXA), pode ser realizada a antrectomia para retirá-la.

64
Q

Quando há úlcera gástrica, será necessário, necessariamente realizar algum grau de gastrectomia para retirar a úlcera. Qual a técnica cirúrgica utilizada no tratamento das úlceras gástricas dos tipos II e III?

A

VAGOTOMIA troncular + antrectomia a Billroth II (gastrojejunostomia) (geralmente a Billroth II)
Obs: as úlceras gástricas dos tipos II e III se desenvolvem em contexto de HIPERcloridria, logo, HÁ necessidade de vagotomia

65
Q

Quando há úlcera gástrica, será necessário, necessariamente realizar algum grau de gastrectomia para retirar a úlcera. Qual a técnica cirúrgica utilizada no tratamento da úlcera gástrica do tipo IV?

A

Gastrectomia subtotal + anastomose em Y DE ROUX
Obs: a úlcera gástrica do tipo IV se desenvolve em contexto de HIPOcloridria, logo, NÃO há necessidade de vagotomia. Por ser mais proximal (localizada na pequena curvatura ALTA), não é possível fazer nem a antrectomia Billroth II, sendo necessária a gastrectomia subtotal + Y de Roux

66
Q

Em que consiste a gastrectomia subtotal com anastomose em Y de Roux?

A

Consiste na remoção de parte significativa do antro e do corpo gástrico, com fechamento do coto duodenal, enterectomia em alça de jejuno. Essa alça de jejuno seccionada é então anastomosada ao estômago em uma gastrojejunostomia termino-terminal (B-C). A alça de duodeno e jejuno que estava “isolada” é anostomosada em uma porção mais distal do jejuno (enteroenterotomia). São criadas, portanto, 2 vias: uma biliopancreática e uma alimentar. Ver foto a seguir.

Gastrectomia subtotal com anastomose em Y de Roux
67
Q

Quais são as principais síndromes PÓS-GASTRECTOMIA (antrectomia ou gastrectomia subtotal + Y de Roux) (3)?

A
  1. Síndrome de Dumping
  2. Gastrite alcalina
  3. Síndrome da alça aferente
68
Q

Qual é a causa da Síndrome de Dumping? Em quais técnicas cirúrgicas essa complicação é mais comum?

A

A síndrome de Dumping é causada pela ausência do piloro. Como o piloro é responsável pela passagem lenta e gradativa do conteúdo gástrico para o duodeno, na sua ausência, o conteúdo vai “de uma vez”, rapidamente, para o intestino.
Essa síndrome mais comum nas antrectomias (tanto Billroth I quanto II), embora possa ocorrer também na gastrectomia com anastomose em Y de Roux.

69
Q

Quais são os 2 tipos de Síndrome de Dumping e em que momento eles acontecem?

A
  1. Síndrome de Dumping precoce: ocorre 15-30 minutos após a alimentação
  2. Síndrome de Dumping tardia: ocorre 1-3 horas após a alimentação
70
Q

Quais são os principais sintomas da síndrome de Dumping precoce (5)?

A
  1. Diarreia*
  2. Dor abdominal*
  3. Náuseas*
  4. Taquicardia**
  5. Rubor facial**
    * Sintomas gastrointestinais
    ** Sintomas vasomotores
    Obs: esses sintomas ocorrem pq, logo após a alimentação, há uma grande distensão do TGI
71
Q

O que causa a síndrome de Dumping tardia? Qual a sua manifestação clínica?

A

A síndrome de Dumping tardia ocorre porque, como o esvaziamento gástrico é rápido devido à ausência do piloro, o pâncreas produz muita insulina. Logo após a alimentação, como muita glicose está sendo absorvida, isso não causa problema. Após 1-3 horas da alimentação, no entando, o excesso de insulina causa hipoglicemia que é a responsável pela síndrome de Dumping tardia. A manifestação clínica envolve as características da hipoglicemia (tontura, sudorese, etc).

72
Q

Qual é o tratamento da síndrome de Dumping (tanto precoce quanto tardia)?

A

Medidas dietéticas

73
Q

Quais são essas medidas dietéticas (3)?

A
  1. Redução de carboidratos na dieta
  2. Fracionar a dieta
  3. Deitar após as refeições (evitar o esvaziamento muito rápido do conteúdo gástrico)
74
Q

Qual é a causa da gastrite alcalina? Em quais técnicas cirúrgicas essa complicação é mais comum?

A

A ausência do piloro, que faz com que ocorra refluxo biliar do intestino para o estômago (além de controlar o esvaziamento gástrico, o piloro tem a função de impedir esse refluxo).
Essa complicação pode ocorrer nas antrectomias a Bilroth I e II, porém e mais comum na Bilroth II

75
Q

Por que a gastrite alcalina é mais comum na antrectomia do tipo Billroth II em relação à Billroth I?

A

Porque na Billroth II existe a alça aferente, onde todo o conteúdo biliopancreático (alcalino) é despejado ANTES da anastomose gastrojejunal, sendo levado até o local da anastomose pela peristalse. Em Billroth I, o conteúdo biliopancreático é despejado no duodeno APÓS (distal) a anastomose, tornando mais difícil que esse conteúdo retorne ao estômago, uma vez que ele "segue adiante" pela peristalse.

76
Q

Quais os principais sintomas da gastrite alcalina (2)?

A
  1. Dor abdominal contínua
  2. Vômitos que NÃO aliviam a dor!
77
Q

Qual é a causa da síndrome da alça aferente? Em qual técnica cirúrgica essa complicação ocorre?

A

A causa da síndrome de alça aferente é uma obstrução da alça aferente (por motivo não totalmente esclarecido - uma torção, por exemplo), com consequente retenção de conteúdo biliopancreático. Só ocorre na antrectomia Billroth II, uma vez que só nela se forma a alça aferente.

78
Q

Quais os principais sintomas da síndrome da alça aferente, que auxiliam na sua diferenciação com a gastrite alcalina (2)?

A
  1. Dor abdominal que piora com a alimientação (diferentemente da gastrite alcalina, em que a dor é CONTÍNUA)
  2. Vômitos EM JATO (não precedidos por náusea) que ALIVIAM A DOR abdominal, geralmente biliosos (diferentemente da gastrite alcalina, em que os vômitos NÃO aliviam a dor)
79
Q

Na síndrome da alça aferente, o que exiplica a piora da dor com a alimentação e os vômitos em jato que aliviam a dor abdominal?

A
  1. Piora da dor com a alimentação: a alimentação estimula a secreção biliopancreátoca. Como a alça aferente está obstruída, esse conteúdo em maior quantidade fica retido em seu interior, aumentando a pressão e causando piora da dor.
  2. Vômitos em jato que melhoram a dor: ocorre quando há a desobstrução da alça aferente com consequente saída do conteúdo que estava retido com alta pressão (vômito em jato) e alívio do sintoma de dor
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Q

Qual é o tratamento tanto da gastrite alcalina quanto da síndrome da alça aferente?

A

O tratamento é sempre **cirúrgico**, com a conversão da cirurgia de Billroth (I ou II) em **Y de Roux** (basicamente, consiste em seccionar a porção da alça aferente e anastomosá-la no jejuno mais distal, formando uma enteroenterostomia). Na anastomose em Y de Roux, a angulação da entero-entero anastomose reduz o risco de refluxo biliopancreático e de torção da alça, tratando tantona gastrite alcalina quanto a síndrome da alça aferente.