Doença do Refluxo Gastroesofágico Flashcards
Como é o quadro clínico da DRGE?
Sintomas típicos
PIROSE
REGURGITAÇÃO
Sintomas atípicos
Dor torácica
Sintomas otorrinolaríngeos: disfonia, erosão dentária, faringite, otite média, halitose, hiperssalivação
Sintomas respiratórios: tosse, asma, pneumonia de repetição, fibrose pulmonar idiopática
Qual o conceito de DRGE?
Afecção crônica decorrente do refluxo retrógrado do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjascentes a ele, acarretando um espectro variável de sintomas e/ou sinais esofágicos/extraesofágicos.
Como proceder inicialmente frente a um paciente com suspeita de DRGE?
*Se o paciente for jovem (<40 anos), com pirose 2x por semana, de início recente e sem manifestações de alarme: fazer tratamento com IBP (Omeprazol 40 mg) em dose plena por 4 semanas. Se a resposta for satisfatória, o paciente tem DRGE.
*Se o paciente tiver mais de 45 anos, com 2 ou mais eventos de pirose por semana por 8/8 semanas.
Ou
Pacientes que não respoderam bem ao tratamento com IBP
Ou
Apresenta um dos sinais de alarme (anemia, emagrecimento, hemorragia, desfagia/odinofagia, história familiar de CA)
Nesses casos, há indicação de fazer endoscopia digestiva alta.
Qual a epidemiologia da DRGE?
A DRGE é o distúrbio mais comum do trato
gastrointestinal alto no mundo ocidental, respondendo
por cerca de 75% das esofagopatias.
É referido por cerca de 20%
da população! A DRGE pode aparecer em qualquer
faixa etária (inclusive crianças), porém,
sabemos que sua prevalência aumenta com a
idade. Não há preferência por sexo, mas os sintomas
tendem a ser mais frequentes e intensos
na vigência de obesidade (o IMC é fator de risco
independente para DRGE, apresentando correlação
direta com sua gravidade), bem como
durante a gestação (relaxamento do EEI promovido
pela progesterona + aumento da pressão
intra-abdominal exercido pelo útero gravídico).
Como a DRGE se relaciona com o CA de esôfago?
A esofagite erosiva relacionada à DRGE é um
importante fator de risco para o adenocarcinoma
de esôfago: em alguns pacientes, a cicatrização
das erosões acontece por meio do fenômeno
de metaplasia intestinal, isto é, o epitélio
estratificado normal do esôfago é substituído por
um epitélio colunar dotado de maior resistência
ao pH ácido, epitélio esse normalmente encontrado
na mucosa do intestino delgado (o termo
metaplasia quer dizer “transformação de um
tecido em outro”)… Quando o 1/3 distal do esôfago
apresentar essa alteração, teremos a condição
conhecida como ESÔFAGO DE BARRETT
(EB)! O grande problema é que o epitélio metaplásico
do EB é mais propenso a evoluir com displasia progressiva de suas células, o que pode
culminar em transformação neoplásica maligna
– isto é, surgimento de um adenocarcinoma.
Como é a patogênese da DRGE?
Existem três anormalidades básicas (não mutuamente
excludentes) que podem originar
refluxo:
1- Relaxamentos transitórios do EEI não relacionados
à deglutição;
2- Hipotonia verdadeira do EEI;
3- Desestruturação anatômica da junção esofagogástrica
(hérnia de hiato)
Quais os principais DD da DRGE?
(1) Esofagite infecciosa (CMV, HSV, Candida);
(2) Esofagite eosinofílica;
(3) Dispepsia não ulcerosa;
(4) Úlcera péptica gastroduodenal;
(5) Doença do trato biliar;
(6) Distúrbios motores do esôfago;
(7) Doença coronariana.
Como classificar a esofagite erosiva?
Classificação de Los Angeles
A: uma ou mais erosões < 5mm de extensão, restritas ao fundo das dobras da mucosa
B: pelo menos uma erosão >5mm de extensão, sendo todas restritas ao fundo das dobras de mucosa, sem contiguidade entre as pregas
C: erosões de mucosa contínuas que cruzam o topo das dobras da mucosa, acometendo < 75 % da circunferência luminal.
D: erosões contínuas que acometem 75% ou mais da circunferência do esôfago
Quais as medidas comportamentais no tratamento da DRGE?
1- Elevação da cabeceira do leito (15 a 20 cm).
2- Reduzir a ingestão de alimentos que relaxam
o EEI ou que têm efeito diretamente “irritante”
para o esôfago: gorduras, cítricos, café,
bebidas alcoólicas e gasosas, menta, hortelã,
molho de tomate, chocolate, condimentos em
excesso (alho, cebola, pimenta etc.).
3- Evitar deitar após as refeições, devendo-se
esperar de 2-3h; quanto mais comer e mais
gordura ingerir, mais esperar.
4- Evitar refeições copiosas; fracionar a dieta.
5- Suspensão do fumo.
6- Evitar líquidos às refeições.
7- Evitar atitudes que aumentem a pressão
intra-abdominal (agachar, fazer abdominais,
usar roupas e cintos apertados etc.).
8- Redução de peso em obesos.
9- Evitar, se possível, as drogas que relaxam o
EEI (antagonistas do cálcio, nitratos, derivados
da morfina, anticolinérgicos, progesterona,
diazepam, barbitúricos, teofilina).
Qual a definição do esôfago de Barret?
Presença de epitélio colunar metaplásico maior ou igual a 1 cm visualizado por endoscopia acima da JEG + Biopsia confirmando metaplasia intestinal
Quando usar pró-cinéticos?
Quando o paciente apresentar síndrome dispéptica. (dor epigástrica,
plenitude pós-prandial, saciedade precoce, pirose retroesternal).
Bromoprida, domperidona (15-20 dias).
Quais as indicações para cirurgia antirrefluxo?
Fundoplicatura (cirurgia), tem por indicações:
*Refratariedade ao tratamento clínico (principalmente
quando existe persistência da regurgitação
e/ou hérnia de hiato associada).
*Pacientes impossibilitados de utilizar IBP em
longo prazo (por problemas financeiros, alergia
medicamentosa ou opção pessoal)
*complicações da DRGE (esofagite,
úlceras esofágicas, estenose péptica e
esôfago de Barrett)
Qual é o tratamento farmacológico preconizado na DRGE?
Inibidores da Bomba de Prótons. Inibem
a H+/K+ATPase (“bomba de prótons”) bloqueando
a via final para a secreção de ácido
pelas células parietais do estômago.
Omeprazol (Losec®) 40 mg 1-2x ao dia (USAR 30 MIN ANTES DA PRIMEIRA REFEIÇÃO, pois todas as bombas encontram-se desligadas) Por 6-8 semanas. Depois usar 20 mg como manutenção.
TRATAMENTO SEMPRE EM DOSE DOBRADA QUANDO HOUVER MANIFESTAÇÃO ATÍPICA.
O que é importante avaliar em um paciente que vai para a cirurgia antirrefluxo?
A função motora, através de esofagomanometria e pHmetria.
O que é Síndrome de Zollinger-Ellison?
Na síndrome
de Zollinger-Ellison, o excesso de ácido
produzido por um gastrinoma justifica o surgimento
de úlceras pépticas em locais atípicos,
como o jejuno e até mesmo o íleo (em geral,
tais indivíduos também têm múltiplas úlceras
pépticas em locais mais habituais