Diarreia aguda Flashcards
Definição da diarreia na pediatria?
> = 3 evacuações por dia com consistência líquida OU mudança no padrão habitual nas evacuações
Classificação da diarreia quanto ao tempo:
< 14 dias: aguda (quase sempre infecciosa e de curso autolimitado);
14-30d (persistente): é a diarreia aguda com a perpetuação do quadro infeccioso ou alterações no TGI;
Crônica: > 30 dias (não causada por infecções intestinais, necessitando de um diagnóstico etiológico e terapêutica específica).
Crianças em aleitamento materno exclusivo podem evacuar fisiologicamente até 8-10 vezes por dia. V ou F?
Verdadeiro
Causa mais comum de diarreia aguda?
Infecciosa.
Diarreia infecciosa: Caracterize os dois tipos.
Disenteria: mecanismo invasivo; com fezes mucossanguinolentas;
Aquosa: Mecanismo osmótico ou secretor; fezes volumosas e liquefeitas
Características da diarreia por mecanismo secretor:
Fezes líquidas ou semilíquidas - sem sangue e muco (o muco é produzido nas células caliciformes - intestino grosso, não no delgado);
Pouco fétidas;
Acometimento do intestino delgado (jejuno - grande sítio de absorver água);
Agentes da região superior;
Frequência não muito elevada, mas quando faz é volumosa.
Características da diarreia enteroinvasiva:
É a colite; Sangue e muco nas fezes; Mal cheirosas; Alta frequência e pouca quantidade; Pode ter prolapso retal; Tenesmo.
Principal agente de diarreia aguda grave em < 2 anos?
Rotavírus
Etiologias da diarreia aguda forma aquosa?
Rotavírus;
E. coli enterotoxigênica (ETEC);
E. coli enteropatogênica;
Vibrião colérico.
Diarreia aguda: principal etiologia aquosa persistente?
E. coli enteroPatogênica (Persistente)
Características da diarreia por rotavírus:
Prioritariamente em < 2 anos;
Primeiro episódio geralmente grave;
Presença de vômitos no início do quadro;
Mecanismo osmótico e secretor.
Mecanismo osmótico do rotavírus:
Osmótico: O rotavírus causa achatamento de vilosidades, ocorrendo diminuição das dissacaridases e acúmulo de dissacarídeos. Quando a criança recebe lactose, ocorre aumento do soluto (aumento da osmolaridade) intraluminal e acúmulo de água.
O paciente deve continuar a se alimentar, fazendo um estímulo trófico nos enterócitos, regenerando os epitélios.
Mecanismo secretor do rotavírus:
Ocorre secreção da proteína NST-4 que age sobre receptores dos enterócitos, fazendo com que aja secreção de eletrólitos e água
Diarreia aguda: agente viral exclusivo em <= 5 anos?
Sapovírus
Causa mais comum de diarreia bacteriana no Brasil?
E. coli enterotoxigênica (ETEC) - causa a diarreia do viajante
Mecanismo secretor, dura poucos dias.
Características da cólera:
Causada pelo Vibrio colerae;
Diarreia volumosa grave, em “água de arroz” e cheiro de peixe podre.
Principal fonte de transmissão da cólera?
Água contaminada.
Antibioticoterapia para cólera?
Macrolídeo;
Doxiciclina;
Ciprofloxacino.
Disenteria: clínica? (5)
Fezes mucossanguinolentas; Cólicas intestinais; Com ou sem febre; Tenesmo; Urgência fecal; Inflamação do cólon.
Disenteria: principal agente etiológico no Brasil?
Shigella spp;
lembrar que o principal da diarreia aquosa é a ETEC.
Manifestações extraintestinais da Shigelose:
Crises convulsivas (manifestações neurológicas)
Síndrome hemolítica urêmica (SHU): tríade clássica?
IRA oligúrica;
Anemia hemolítica microangiopática;
Trombocitopenia.
Qual o agente que mais causa SHU?
E. coli (O157:H7)
Disenteria por Shigela: especificidades clínicas?
Os sintomas sistêmicos podem preceder a diarreia.
Shigela = SNC e SHU
1. SNC: cefaleia, confusão mental, convulsão, alucinação;
2. SHU: síndrome hemolítico-urêmica.
Indicações de ATB na diarreia aguda?
Disenteria e comprometimento do estado geral.
ATB de escolha para diarreia aguda segundo o MS?
Ceftriaxona (antigamente era ciprofloxacino)
Alteração dietética indicada para diarreia persistente?
Diminuir lactose (intolerância secundária a lactose > distensão, flatulência, hiperemia anal)
Disenteria por Shigela: ATB possíveis?
Ciplofloxacino/Ceftriaxone;
Azitromicina/ ácido nalidíxico;
Bactrin (SMT-TMP)
“CAB”
Disenteria: principal agente se uso de ATB recente?
Clostridium difficile (colite pseudomembranosa)
Colite pseudomembranosa pode surgir até quanto tempo após o uso de ATB?
2 meses
Clínica da colite pseudomembranosa?
Disenteria;
Dor abdominal;
Pseudomembrana fibrinosa em mucosa colônica;
Pode evoluir com megacólon.
Diarreia por Campylobacter jejuni: principal complicação?
Guillain-Barré (“CampyloBarré”)
E. coli enterohemorrágica causa disenteria sem…
Febre
Diarreia por E. coli: subtipos x principais características?
- EnteroToxigênica (diarreia do Turista);
- EnteroPatogênica (Persistene; surtos em berçários);
- EnteroInvasiva (disenteria com “febrI”)
- Enterohemorrágica (disenteria sem febre - SHU)
Diarreia por E. coli enterohemorrágica: complicação?
SHU
A colite hemorrágia e a SHU manifestam-se na presença de qual agente etiológico? subtipos?
- E. coli enterohemorrágica;
2. O157:H7.
Qualquer agente que cause disenteria pode causar diarreia aquosa. V ou F?
Verdadeiro
Fisiopatologia da SHU?
Na SHU há lesão endotelial renal, com ativação intravascular e formação de microtromobos. A TFG cai e instala-se injúria renal aguda. A oclusão parcial faz com que as hemácias sofram destruição intravascular e desenvolvimento de anemia hemolítica microangiopática, com esquizócitos ao esfregaço.
Na diarreia osmótica o GAP osmolar estará…?
alto (solutos osmoticamente ativos na luz intestinal)
Pessoas suscetíveis a diarreia por salmonela?
Anemia falciforme, imunodeprimidos e menores que 3 meses (realizar coprocultura)
Amebíase (entamoeba histolítica): clínica?
Quadro de colite (cólon); quadro crônico assintomático; quadro fulminante (crianças, imunodeprimidos e idosos); Manifestações extraintestinias: abscesso hepático, dor QSD, febre, sinal de torres-homem (dor no HD à palpação), lesão única em lobo direito.
Tto de amebíase?
Leve: Secnidazol (dose única);
Grave: metronidazol 750mg 3x/dia (10d);
erradicar formas intraluminais: teclosan 5 a 10d
Giardíase: quadro clínico?
Não invasivo (acometimento do duodeno);
Quadro crônico: disabsorção/atrofia de vilosidades;
Hipogaglobulinemia por IgA - quadros graves
tto com Secnidazol; alternativa: albendazol
Avaliação da hidratação: clínica de uma criança hidratada ou minimamente desidratada?
Condição: alerta; Sede: normal; S. prega: desaparece rapidamente; Olhos: normais; FC/pulsos: N; cheio; E. capilar: < 3s; Lágrimas: presentes; Mucosas: úmidas; D. urinário: normal.
Avaliação da hidratação: clínica de uma criança com desidratação moderada?
Condição: irritada; Sede: sedenta; S. prega: desaparece lentamente; Olhos: fundos; FC/pulos: aumentada; débil; E. capilar: 3-5s; Lágrimas: ausentes; Mucosas: secas; D. urinário: diminuído.
Avaliação da desidratação: Clínica de desidratação grave?
Condição: letárgica; Sede: incapaz; S. prega: mt lentamente; olhos: mt fundos; FC/pulos: mt aumentada; mt débil; E. capilar: > 5s; Lágrimas: ausentes; Mucosas: mt secas; D. urinário: mínimo.
Indicações dos planos A, B e C de hidratação?
Plano A: sem desidratação - feita para previnir;
Plano B: desidratação moderada;
Plano C: desidratação grave.
Plano A de hidratação:
Aumentar a ingesta hídrica (soluções caseiras) - o objetivo é evitar a desidratação;
Soro caseiro: 200ml de água + 1 colher de sal e 2 de açúcar;
Manter dieta habitual da criança;
Após cada evacuação: < 2anos: 50-100ml; > 2anos: 100-200ml;
Orientar os pais sobre a sinais de desidratação;
Suplementação de zinco por 10-14dias.
Efeitos do zinco usado no tto de diarreia?
Diminuir gravidade do quadro, diminuir duração e recorrência.
Plano B de hidratação:
TRO - na unidade de saúde;
SRO: Na+ 75mEq/l; Glicose: 75mmol/l; Osm: 245mOsm/l;
Volume: 75ml/kg (50 a 100) em 4h;
Administração em pequenas alíquotas;
Alimentação: manter aleitamento materno.
Reavaliação frequente: Hidratada - plano A com SRO;
Gastróclise (20-30ml/kg/h) se houver dificuldade com aceitação.
Indicações de gastróclise no Plano B?
Dificuldade de ingestão do SRO;
Vômitos persistentes em TRO >=4;
Distensão abdominal acentuada com RHA;
Perda de peso após duas horas de TRO.
Plano C de hidratação:
Hidratação venosa;
Ringer lactato ou SF 0,9% - 100ml/kg;
< 1 ano: 6h - 30ml/kg em 1h e 70ml/kg em 5h;
> 1 ano: 3h - 30ml/kg em 30 min e 70ml/kg em 2,5h;
Tão logo seja possível TRO: 5ml/kg/h;
Reavaliar após 3-6h.
Graus de desidratação:
Grau I: déficit de até 5%;
Grau II: 5 a 10% do peso;
Grau III: déficit superior a 10%
A reposição é de acordo com perda estimada: grau I: até 50ml/kg; grau II: 50 a 100ml/kg; grau III: > 100ml/kg
Contraindicações de hidratação oral?
Desidratação grave; Vômitos incontroláveis ou sequenciais; Estado clínico comprometido; Septicemia suspeita ou confirmada; Crises convulsivas; Estado comatoso ou letárgico; Acidose metabólica descompensada; Doenças que cursam com má absorção de monossacarídeos; Hidratação oral prévia sem sucesso.
Fase de expansão da hidratação venosa:
Expandir de acordo com o grau de desidratação. Ex.: infusão de 70ml/kg, caso tenha desidratado 7%;
Tempo: 2 a 4h (média de 3h);
Solução empregada: soro isotônico - SF 0,9% puro 50-100ml/kg;
Se estiver em choque hipovolêmico: infundir soro fisiológico puro (20m/kg, correndo aberto) até sair do choque - depois que sair, fazer reparação com 100ml/kg
Quando considerar a pessoa adequadamente hidratada após a fase de expansão (reparação)?
De acordo com critérios clínicos: exame físico e diurese com densidade < 1010;
SIM (hidratada): passa para a fase de manutenção;
Não: repetir expansão;
Parcialmente: 10 a 20ml/kg/h
Fase de manutenção da hidratação venosa:
Necessidades (sem perdas anormais);
Considerar o volume, sódio, potássio e, em menor importância, o cálcio.
SF + SG 5% - sempre na relação de 4 para 1 (1 SF0,9% + 4 SG 5%);
Volume:
até 10kg: 100ml/kg/dia;
de 10 a 20kg: 1000ml + 50ml/kg a mais que 10;
> 20kg: 1500 + 20ml/kg a mais que 20
Eletrólitos na fase de manutenção:
Na: 3 a 5 mEq/kg/dia
K: 2,5 mEq/kg/dia;
Ca: 1mmol/kg/dia.
mEq de sódio em NaCl a 20% e NaCl a 0,9%?
NaCl 20%: 3,4mEq/ml
NaCl a 0,9%: 0,154mEq/ml - decorar que 20 ml de SF 0,9% terá 3mEq de sódio
mEq de potássio em KCl a 10% e a 19,1%?
KCl a 10% = 1,34mEq/ml;
KCl a 19,1% = 2,5mEq/ml.
Fase de reposição da hidratação venosa?
Perdas anormais;
20 a 70ml/kg (média de 40) em proporção 1:1 de SF0,9% + SG 5%;
Acrescenta-se o volume estimado ao volume de manutenção.
OBS: Perda de Na por rotavírus: 30-50mEq/l; ETEC 60mEq/l e Cólera 80mEq/l
ATB para crianças com fatores de risco para salmonella (hemoglobinopatia, imunodeprimidos, < 3meses)?
Ceftriaxone ou ciprofloxacino.
ATB em suspeita de cólera?
Tetraciclina (não usar em < 8anos);
SMT-TMP
O que não fazer/usar no tto de diarreia?
Refrigerantes: muito açúcar - pode piorar;
Inibidores de peristalse;
Absorventes fecais;
Antiheméticos.