Deficiência Vitamina B12 Flashcards
Qual a epidemiologia da deficiência de vitamina B12?
A deficiência de vitamina B12 (cobalamina) pode afetar 3% dos pacientes entre 20 e 39 anos e até 6% daqueles acima de 70 anos, sendo que deficiência limítrofe pode estar presente em mais de 20% de pessoas acima de 60 anos21. Vegetarianos, em especial os veganos, têm maior risco de desenvolverem essa deficiência, já que a maior fonte de vitamina B12 alimentar provém de alimentos derivados de produtos animais.
Quais as principais causas da deficiência de vitamina B12?
As principais causas de deficiência de B12 estão relacionadas na tabela 6.
Entre as causas mais comuns de deficiência de vitamina B12 encontra-se a má absorção da vitamina.
A anemia perniciosa, onde a absorção de todas as formas de cobalamina encontra-se prejudicada, é uma doença autoimune caracterizada pela presença de anticorpos anti-fator intrínseco e/ou anti-célula parietal.
Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, apresentam prevalência de 19 a 35% de deficiência de vitamina B12 após 5 anos da cirurgia6.
Uma droga de uso muito comum, que está associada à deficiência de B12, é a metformina. Estudo em população de diabéticos tipo 2 mostrou 21,4% de deficiência de B12 nos indivíduos em uso dessa medicação22. Os autores sugerem, nesses casos, a complementação do tratamento com suplementação de cálcio ou de vitamina B12
Quais as manifestações clínicas da deficiência de vitamina B12?
Como manifestações clínicas podem aparecer sintomas de anemia carencial, como queilite angular (ferida no canto da boca), pele descorada e fadiga.
A deficiência de vitamina B12 é causa de desmielinização progressiva, incluindo neuropatia periférica, arreflexia(sem reflexo) e perda da propriocepção(localização do corpo) e da sensação vibratória, além de episódios de psicose
Quais as alterações laboratoriais da deficiência de vitamina B12?
No hemograma, a série vermelha apresenta macrocitose, anisocitose e poiquilocitose, podendo apresentar alterações em outras séries sanguíneas, como leucopenia, plaquetopenia ou mesmo pancitopenia 25.
MACROCITOSE ANISOCITOSE POIQUILOCITOSE
LEUCOPENIA PLAQUETOPENIA PANCITOPENIA
Nos leucócitos é comum a presença de neutrófilos polissegmentados (5% ou mais de neutrófilos com 5 lobos ou pelo menos um neutrófilo com mais de 6 lobos).
NEUTRÓFILOS POLISSEGMENTADOS
Outras alterações laboratoriais comuns são: aumento de bilirrubina indireta, DHL alto, devido à eritropoese ineficaz e reticulócitos baixos.
BI ALTA
DHL ALTO
VIT B12 DIMINUIDA
No mielograma, a apresentação é típica com hiperplasia da linhagem vermelha e presença de eritroblastos com maturação megaloblástica, mielócitos e metamielócitos de volume aumentado, com núcleos gigantes 25.
HIPERPLASIA
MATURAÇÃO MEGALOBLÁSTICA
ANEMIA PERNICIOSA
dosagem de vitamina B12 está diminuída, sendo considerada deficiência quando os valores encontram-se abaixo de 200pg/ml. No entanto, uma deficiência marginal, com valores entre de 200 a 300pg/ml, pode ser observada em alguns pacientes. A dosagem de ácido metil-malônico sérico ou urinário é exame confirmatório, porém seu uso não é rotineiro.
Nos casos de Anemia Perniciosa, a dosagem de anticorpos (anti-fator intrínseco e anti-mucosa gástrica) ajudam na confirmação diagnóstica.
Qual o tratamento para deficiência de vitamina B12 ?
O tratamento é feito com reposição de vitamina B12 parenteral ou oral, sendo que existem formulações intranasais e sublinguais disponíveis em outros países.
No Brasil, existem ampolas de cianocobalamina de 1000mcg e de 5000mcg e formulações de hidroxicobalamina de 5000mcg e 15000 mcg. Atenção, algumas formulações são em combinação com corticoide e devem ser evitadas. A forma oral disponível é de cianocobalamina 5000 mcg.
O tratamento recomendado é de vitamina B12 intramuscular 3 vezes por semana por 2 semanas nos pacientes sem manifestação neurológica ao diagnóstico. Se o quadro neurológico estiver presente, as injeções deverão ser em dias alternados de 1 a 3 semanas ou até melhora do quadro neurológico.
Há diferença entre a reposição oral e intramuscular de vitamina b12?
Apesar de revisão da Cochrane de 2005 ter mostrado não haver diferença entre a reposição oral e intramuscular, com resposta hematológica ou neurológica adequadas, na prática em pacientes com ausência de fator intrínseco geralmente se usa a formulação intramuscular, ficando o uso oral para casos de baixa ingesta (vegetarianos). O mais importante é acompanhar o paciente, pois a necessidade, o modo de administração e o intervalo das doses devem ser individualizados.
Como deve ser a orientação da reposição de vitamina B12 ao paciente? Quais os riscos?
O paciente deve ser orientado a fazer reposição perene em casos de deficiência de B12 de causa irreversível, como a anemia perniciosa, ou quando a etiologia não foi determinada. Pacientes com anemia perniciosa apresentam risco elevado de adenocarcinoma gástrico e de tumores carcinoides. Endoscopias periódicas são recomendadas nestes indivíduos