Baixa Idade Média Flashcards
Ordem Universal em sentido geral
Sistema, estrutura ou conjunto de princípios que se aplicam a todas as pessoas, lugares ou situações de forma abrangente e global.
Ordem Universal em sentido filosófico e teológico
Existência de leis naturais ou divinas que regem o universo como um todo, independentemente, das diferenças individuais ou contextos específicos.
A ordem universal é sinónimo de…
…um sistema bem organizado e harmonioso em oposição ao caos e à desordem.
Universo=Cosmos
O universo é sinónimo de cosmos por se reportar ao universo ordenado e harmonioso na sua totalidade, incluindo o espaço, o tempo, a matéria e a energia. Por isso este cosmos está associado à ideia de ordem, beleza e organização inerentes ao universo, refletindo a procura humana por compreender a natureza e a origem do mundo em que vivemos.
A centralidade é, assim, colocada no que é comum (universal).
Por influência da teologia cristã o criador desta ordem universal é…
…Deus.Foi Deus o criador desta ordem conforme o refere o livro dos Génesis (Antigo Testamento);
Deus criou o universo (mundo) em seis dias e descansa ao sétimo dia.
A querela dos universais foi muito influenciada pela filosofia aristotélica.
Aristóteles procurava decifrar o enigma do universo.
Assim, o Ser Humano, por ser imperfeito, não consegue ver Deus.
Humildade do Ser Humano perante Deus.
Deus, que é a causa primeira de todas as coisas opera, assim, pelas causas segundas.
Causas segundas são todas aquelas causas secundárias ou instrumentais de que Deus se socorre para operar no Mundo e de acordo com a causa primeira.
Vejamos um exemplo posto pelo pensamento de São Tomás de Aquino com relação ao Direito (lei eterna)
A lei eterna é a causa primeira posta por Deus e, por isso, é perfeita e eterna.
O ser humano não consegue, diretamente, aceder a estas leis eternas (causa primeira).
A lei eterna irá, por isso, revelar-se através de outras leis.
É através delas que Deus irá intervir (operar) na ordem jurídica.
Deus opera, assim, através das leis divinas, leis naturais e as leis humanas que têm de estar em conformidade com a lei eterna.
Leis divinas
Encontram-se consagradas na Sagrada Escritura e por isso são irrefutáveis. Quando se interpreta a Sagrada Escritura faz-se, por isso, uma interpretação declarativa.
Leis naturais
(Direito Natural) são constituídas por princípios gerais imutáveis e que o Ser Humano reconhece por terem sido inscritas, por Deus, no coração dos Homens. Ela está, por isso, presente na consciência humana e orienta o Ser Humano para o que é moralmente correto e justo (para a virtude). O Ser Humano reconhece-as com a ajuda da razão e a fé.
Neste particular verifica-se a influência do pensamento aristotélico que entendia que as coisas continham em si uma inscrição ou seja, um gene que as fazia corresponder (as coisas) com o conceito.
Leis Humanas
Eram todas aquelas que eram postas pelo soberano e que devem ser dirigidas para o bem comum (da coletividade).
É devido às leis divinas, naturais e humanas que se vai colocar a querela dos universais.
Universais: São conceitos filosóficos que representam propriedades ou características que podem ser aplicadas a múltiplos objetos individuais.
Em termos gerais, os universais são ideias abstratas que existem independentemente dos objetos específicos e podem ser compartilhados por várias entidades.
Na filosofia, a questão dos universais envolve a discussão sobre a natureza das propriedades e relações que são comuns a diferentes objetos e como essas ideias abstratas se relacionam com o mundo concreto.
Exemplo de um universal pode ser a cor vermelha. A cor vermelha é um conceito abstrato que pode ser aplicado a uma variedade de objetos, como uma maçã, um carro ou uma flor. Mesmo que esses objetos individuais sejam diferentes em muitos aspetos, eles compartilham a propriedade de serem vermelhos. Nesse caso, a cor vermelha é um universal que transcende os objetos específicos e pode ser aplicada em diferentes contextos e situações, representando uma ideia abstrata comum a várias entidades distintas.
A querela dos universais pretendia responder à seguinte questão
Os universais existem? Qual a sua natureza?
Para os Tomistas, que eram realistas, os universais eram…
…entidades reais com existência independente dos objetos particulares que os exemplificam. Uma árvore para além de existir podia, ainda, trazer harmonia e beleza (neste último caso transcende a própria coisa).
O tomismo aristotélico realista vai, assim, aproximar-se, neste particular, do realismo platónico na questão dos universais.
Para Platão (realista extremo)…
…o mundo das ideias era separado e superior ao mundo sensível
Para Aristóteles (realista moderado)…
…as ideias não existem separadamente das coisas, mas estão presentes nas próprias coisas, com a sua própria essência. As ideias estão, assim, intrinsecamente ligadas às coisas.
DIÁLOGO ENTRE PLATÃO E ARISTÓTELES EM QUE A MÃO DE PLATÃO APONTA PARA O CÉU E A MÃO DE ARISTÓTELES PARA A TERRA.
Platão: Meu caro Aristóteles, veja como o mundo das ideias é sublime e eterno, como as formas perfeitas transcendem este mundo material transitório. A verdadeira essência das coisas reside nas alturas celestes, onde a perfeição reside.
Aristóteles: Compreendo sua perspectiva, Platão, mas não posso deixar de enfatizar a importância do mundo empírico e tangível. Aqui, na Terra, é onde encontramos a substância das coisas, onde a realidade se manifesta. Nossos sentidos nos conectam diretamente com o mundo físico, e é aqui que buscamos compreender a natureza das coisas.
Platão: Sim, Aristóteles, reconheço a importância da observação e da experiência sensorial. No entanto, é através da contemplação das formas ideais que alcançamos a verdadeira compreensão do mundo, além das limitações do espaço e do tempo.
Aristóteles: Concordo que a contemplação das formas ideais pode nos guiar rumo ao entendimento mais profundo. No entanto, não devemos negligenciar a importância do mundo físico, onde nossas teorias e ideias são testadas e refinadas pela experiência prática.
Platão: Talvez haja uma síntese entre nossas visões, meu amigo. Enquanto eu aponto para o céu em busca das formas eternas, você aponta para a Terra em busca da substância e da realidade. Juntos, podemos explorar as profundezas do conhecimento, unindo teoria e prática em uma busca pela verdade absoluta.