Aula 3 - Degenerações Celulares Flashcards
O que é uma degenaração celular?
Trata-se de uma lesão celular potencialmente reversível e de etiologias diversas que causam dano bioquímico à célula pelo acúmulo de susbstâncias no espaço intracelular.
O tipo de substância acumulada determinará o tipo de degeneração celular que ocorre.
Há 4 tipos de degeneração celular de acordo com o tipo de substância em excesso no espaço intracelular. Defina-os.
Degeneração hidrópica: acúmulo de água e eletrólitos.
Esteatose e lipidose: acúmulo de lipídeos.
Degenerações hialina e mucóide: acúmulo de proteínas.
Glicogenoses: acúmulo de carboidratos.
Defina degenaração hidrópica e suas etiologias.
Degeneração hidrópica
• Lesão reversível
• Acúmulo intracelular de água e eletrólitos
• É causada por um desequilíbrio hidroeletrolítico pela membrana.
Etiologias:
• Hipóxia
• Hipertermia
• Radicais livres
• Infecções virais e bacterianas
Todas essas causas provocam redução da atividade da bomba de sódio e potássio (proteína que depende de ATP para seu funcionamento), o que provoca ↑ Na+ e H2O e ↓K+, levando à tumefação celular.
Quais os mecanismos bioquímicos intracelulares envolvidos na degeneração hidrópica?
➢ ↓Atividade da Bomba de Na/K, com ↑ Na+ e H2O, ↓K+ (tumefação celular). Isso também provoca ↑ Ca+2.
➢ Com o ↑ Ca+2, ocorre perda de fosfolípides e ativação de enzimas líticas (fosfolipases, proteases, ATPases e endonucleases), que provocam danos ao núcleo, danos à membrana da célula e redução de ATP.
➢ Aumento da respiração anaeróbica, com ↑de ácido lático e ↓ pH (acidofilia citoplasmática).
Explique as manifestações microscópicas e macroscópicas que ocorrem na degeneração hidrópica.
Aspectos macroscópicos
•Aumento do volume e do peso da víscera (tumefação, cápsula densa, consistência pastosa, superfície de corte proeminente).
• Palidez (devido à compressão vascular provocada pelas células tumefeitas) e/ou coloração acinzentada (lembrando o aspecto de “cozido”).
Aspectos microscópicos
• Células tumefeitas
Como a hipóxia pode provocar esteatose?
A hipóxia leva à redução da forforilação oxidativa na mitocôndria, levando à redução na síntese de ATP. Consequentemente, há destacamento de ribossomos e redução da síntese de proteínas. Dessa forma, a produção de Acetil-CoA aumenta, pois ele não consegue ser convertido em ATP sem O2. Ele então vai para a via de formação de triglicerídeos, que se acumulam no meio intracelular dos hepatócitos.
Como a desnutrição provoca esteatose hepática?
A redução de proteínas na dieta leva o organismo a degradar seu tecido adiposo no interior das células e à produzir Acetil-CoA, levando à formação de triglicerídeos que se acumulam no meio intracelular dos hepatócitos.
Esse processo é similar ao que ocorre em esteatoses decorrentes de dietas hiperglicêmicas: a alta ingestão de gorduras e carboidratos leva ao acúmulo de triglicerídeos no meio intracelular decorrente da alta quantidade de energia disponível para ser convertida em tecido adiposo.
Como o alcoolismo crônico povoca esteatose hepática?
• O álcool é metabolizado no fígado pela enzima álcool desidrogenase e é convertido em acetaldeído.
• Este sofre a ação da enzima acetaldeído desidrogenase (ALDH), produzindo acetil-CoA. Nas duas reações, há liberação de elétrons e íons H+ que são captados (aceitos) por NAD+, formando NADH + H+.
• Como há muito álcool para ser metabolizado, há produção de NADH em excesso, com consumo de NAD+. Fica faltando NAD+ para aceitar elétrons no ciclo de Krebs.
• Com isto, o ciclo de Krebs como um todo é inibido, levando a acúmulo de acetil-CoA que é desviado para síntese de ácidos graxos, causando esteatose no fígado.
Em síntese: O excesso de acetil-CoA induz a síntese de ácidos graxos, que se acumula na célula.
Veja o esquema disso no slide dessa aula.
Em síntese, as etiologias da esteatose incluem hipóxia, radicais livres e dieta hiperglicêmica. Do ponto de vista bioquímico, qual a etiopatogenia da esteatose?
Etiopatogenia: estudo das causas ou do mecanismo de desenvolvimento de uma patologia.
Aumento de acetaldeído, aumento de Acetil-CoA e aumento de radicais livres provocam redução de NAD e de lipoproteínas, gerando acúmulo de lipídeos nas células.
Pensando no fígado de um alcóolatra, descreva a evolução da esteatose hepática caso o paciente agrave seus hábitos ou entre em abstinência.
Quando o fígado é exposto a níveis elevados e frequentes de álcool, ele pode evoluir para uma esteatose (alteração gordurosa, fibrose perivenular).
Caso a exposição ao álcool seja muito severa, ele pode evoluir para uma hepatite (inflamação, alteração gordurosa, necrose dos hepatócitos, Corpúsculos de Mallory), uma lesão muito mais severa do que a esteatose.
A abstinência pode fazer o indíviduo desevoluir a doença e voltar a ter um fígado normal. Porém, caso um fígado com esteatose mantenha exposições contínuas ao álcool ou um fígado com hepatite tenha ataques repetidos, o paciente pode evoluir para cirrose, uma lesão irreversível dos hepatócitos (fibrose, nódulos hiperplásicos e morte celular).
A cirrose, portanto, é incurável, sendo diagnosticada quando as funções hepáticas encontram-se afetadas ou comprometidas.
Descreva os aspectos macroscópicos e microscópicos de um órgão com esteatose.
Aspectos macroscópicos
• Aumento de volume
• Consistência amolecida
• Aumento da friabilidade (esfarela)
• Amarelamento.
• Untuoso (gorduras emulsionadas na faca ao corte)
Obs: As modificações de volume e coloração dependem da causa e da quantidade de gordura acumulada.
Aspectos microscópicos
• Vacuolização citoplasmática (o citoplasma fica repleto de vacúolos lipídicos).
• Esteatose microvesicular: várias gotículas lipídicas no citoplasma; o núcleo mantem-se centralizado
• Esteatose macrovesicular: o citoplasma é preenchido por uma grande gota lipídica que desloca o núcleo para a periferia.
Defina o que são lipidoses e dê alguns exemplos.
Lipidose é o acúmulo intracelular de lipídeos que não sejam triglicerídeos, como colesterol e seus ésteres, em células que normalmente não os armazenam. Elas podem ser localizadas ou sistêmicas.
Exemplos:
• Xantomas (pele)
• Ateroscleroses (artérias)
• Sítios de Inflamação Crônica
• Colesterose
O que são xantomas e xantelasmas?
Colesterol e ácidos graxos formando nódulos ou placas no tecido subcutâneo e tendões.
O xantoma é uma espécie de tumor benigno de pele composto de lipídios, que pode aparecer em qualquer parte do corpo, especialmente em cotovelos, joelhos, mãos, pés, coxas e glúteos. Já os xantelasmas são também pequenos depósitos de matéria gordurosa, só que concentrados na região das pálpebras.
Defina aterosclerose, sua etiologia e fatores de risco.
Aterosclerose: depósitos de colesterol e ésteres de colesterol na túnica íntima das artérias de médio e grande calibre.
Ao serem retidos na íntima, os lipídeos se acumulam inicialmente no espaço extracelular, mas são também internalizados por macrófagos, que assumem ao microscópio o aspecto chamado de “células espumosas” (ver imagem da microcopia).
Aterosclerose nas aa. coronárias: anginas e IAM.
Ateroclerose nas aa. encefálicas: diminuição da memória e AVE.
Etiologia: multifatorial (ambiente e genética)
Fatores de risco:
• Dislipidemia (aumento de colesterol hipercolesterolemia - e TGL no plasma)
• Hipertensão Arterial
• Tabagismo
• Sedentarismo
• Estresse
Explique como ocorre a formação da placa de ateroma nas artérias.
Os fatores de risco para a aterosclerose contribuem para o aumento da circulação de LDL na corrente sanguínea, os quais acabam oxidando nos vasos e provocando lesões endoteliais.
Essas lesões geram uma resposta crônica inflamatória, cursando com espessamento da camada íntima, aumentando a permeabilidade do vaso e promovendo adesão de leucócitos
O recrutamento de monócitos (um tipo de leucócito) e sua consequente maturação em macrófagos são imprescindíveis para a formação da placa de ateroma, componente principal da aterosclerose. Os macrófagos irão fagocitar os lipídeos na camada íntima e, agora, são denominadas células espumosas. O acúmulo dessas células formará as estrias gordurosas, lesões precursoras da aterosclerose.
Com isso, haverá proliferação de células musculares lisas, que também englobam esses lipídios, mas terão outra função importante para formar as placas de ateroma: a produção de colágeno. O colágeno estabiliza a placa e transforma as estrias gordurosas em ateromas maduros.
No entanto, a inflamação crônica (provocada pelo acúmulo de colesterol e pelas microlesões na íntima) resulta em recrutamento de células imunológicas. Essas degradam o colágeno produzido, tornando as placas de ateroma instáveis. As placas instáveis representam riscos à vida do paciente, devido a maior chance de rompimento e, consequentemente, formação de trombos e aneurismas.