ARTRITE REATIVA Flashcards
O que caracteriza a artrite reativa e qual seu mecanismo patogênico central?
É uma artrite asséptica secundária a uma infecção, geralmente urogenital ou gastrointestinal, na qual o agente infeccioso não é isolado do líquido sinovial. Ocorre por resposta inflamatória autoimune desencadeada por antígenos bacterianos.
Quais são os principais agentes etiológicos associados à artrite reativa?
Pós-enterite: Shigella flexneri, Shigella sonnei, Salmonella typhimurium, Salmonella enteritidis, Campylobacter jejuni, Yersinia enterocolitica, Yersinia pseudotuberculosis.
Pós-uretrite: Chlamydia trachomatis (mais comum em todas as formas).
Qual a incidência estimada da artrite reativa e em qual grupo é mais comum?
ncidência de 0,6 a 27 casos por 100.000 adultos por ano, mais comum em indivíduos caucasianos, especialmente entre 20 e 40 anos, com associação importante ao HLA-B27.
Qual é a tríade clássica da síndrome de Reiter e como ela se relaciona com a artrite reativa?
: Uretrite + conjuntivite + artrite, definindo uma apresentação clássica da artrite reativa, especialmente em infecções geniturinárias por Chlamydia.
Qual a importância da predisposição genética na artrite reativa?
A presença do alelo HLA-B27 é fortemente associada à forma mais grave e recorrente da artrite reativa, aumentando o risco e influenciando a resposta inflamatória imune desregulada.
Qual o papel da resposta imune inata e do HLA-B27 na fisiopatologia da artrite reativa?
Há uma desregulação da resposta Th1 e do receptor TLR-4, com falha no reconhecimento antigênico, resultando em inflamação estéril articular mediada por misfolding do HLA-B27, levando à apresentação inadequada de antígenos e perpetuação da inflamação.
Em que situações clínicas a artrite reativa costuma surgir e como é sua distribuição entre os sexos?
Surge frequentemente após infecções intestinais ou sexualmente transmissíveis, acometendo ambos os sexos, embora infecções de transmissão sexual sejam mais comuns em homens.
Quais são as principais manifestações clínicas articulares da artrite reativa?
Oligoartrite assimétrica com predileção por articulações dos membros inferiores, iniciando-se de 1 a 6 semanas após infecção urinária e/ou gastrointestinal.
Quais manifestações musculoesqueléticas podem acompanhar a artrite reativa além da artrite?
Entesite (inflamação em inserções tendíneas), dactilite (dedo em salsicha), dor alternante em nádegas e lombalgia inflamatória podem ocorrer já na apresentação inicial ou ao longo da evolução.
Quais são os principais diagnósticos diferenciais da artrite reativa?
Artrites gonocócicas, microcristalinas (gota, pirofosfato de cálcio, hidroxiapatita), pós-traumáticas e enteropáticas (associadas à DII).
. O que é a balonite circinada e qual sua associação com a artrite reativa?
Lesão inflamatória não dolorosa na glande com aspecto circinado (anular), típica da artrite reativa, sobretudo em pacientes do sexo masculino.
. O que é a ceratodermia blenorrágica e como se manifesta?
Erupções papuloescamosas, hiperqueratóticas e assintomáticas, predominantemente nas palmas das mãos e plantas dos pés, marcadores cutâneos característicos da artrite reativa.
Qual é a localização preferencial da artrite reativa e sua implicação clínica?
Acomete principalmente articulações periféricas dos membros inferiores (joelhos, tornozelos), o que ajuda a distingui-la de outras espondiloartrites com maior acometimento axial inicial.
Como diferenciar clinicamente uma monoartrite de joelho por gonococo de uma artrite reativa?
A artrite gonocócica costuma cursar com pústula periarticular, febre, dor intensa e tenossinovite, com cultura do líquido sinovial e hemocultura frequentemente positivas. Já a artrite reativa é asséptica (líquido estéril), pode apresentar lesão pustular estéril e hemoculturas negativas.
Quais são os achados típicos ao exame clínico de um paciente com artrite reativa?
Hiperemia do meato uretral, secreção mucóide, disúria, úlcera oral, balonite circinada, ceratodermia blenorrágica, uveíte anterior aguda e conjuntivite.
O que caracteriza a uveíte anterior aguda na artrite reativa?
Hiperemia ciliar difusa, dor ocular, fotofobia, visão turva e presença de células inflamatórias na câmara anterior (hipópio).
Quais achados radiológicos são comuns na artrite reativa?
Sinovite, derrame articular, e sacroileíte assimétrica, com esclerose óssea subcondral, redução do espaço articular e formação de pontes ósseas.
Qual é o padrão da sacroileíte observado em pacientes com artrite reativa e sua importância diagnóstica?
Assimétrica, diferentemente da espondilite anquilosante (mais simétrica). O achado é importante para diferenciar as espondiloartrites.
Quais exames laboratoriais podem apoiar o diagnóstico de artrite reativa?
: PCR, VHS, sorologia para agentes infecciosos, HLA-B27 (frequentemente positivo), fator reumatoide negativo (soronegativa).
Qual é o aspecto do líquido sinovial na artrite reativa?
Inflamatório e asséptico (sem crescimento bacteriano), com leucocitose moderada.
Por que é importante considerar uretrite na abordagem clínica de um paciente com artrite reativa?
Porque uretrite (geralmente por Chlamydia trachomatis) frequentemente precede a artrite e orienta o diagnóstico, especialmente na tríade da síndrome de Reiter.
Como é a evolução típica da artrite reativa na maioria dos pacientes?
Em cerca de 35% dos casos, a artrite é autolimitada, com duração de 6 a 12 meses e sem recorrência.
Qual é a taxa de recorrência da artrite reativa após a fase inicial, e como ela pode se manifestar?
Outros 35% dos pacientes apresentam recorrência intermitente, com retorno da artrite, entesite ou manifestações extraarticulares.
Qual é a evolução da artrite reativa nos casos mais graves e crônicos?
Em cerca de 25% dos casos, a doença segue curso flutuante, sem remissão completa. Cerca de 5% evoluem com forma crônica grave, com destruição articular periférica e/ou acometimento axial.
Qual é a conduta inicial no tratamento da artrite reativa?
Tratar a infecção gatilho, preferencialmente com doxiciclina ou azitromicina (2 cp de 500 mg em dose única), ou fluoroquinolonas, mesmo após resolução dos sintomas infecciosos.
Quais são as opções para controle dos sintomas articulares na artrite reativa?
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), corticoides sistêmicos ou infiltração intra-articular com corticoide, conforme gravidade e localização.
Quando iniciar DMARDs em pacientes com artrite reativa e quais são os escolhidos?
Em casos refratários, após 3–6 meses sem resposta a AINEs e corticoides, pode-se usar metotrexato ou sulfassalazina. Se não houver resposta, considerar biológicos.
Qual o papel dos biológicos no tratamento da artrite reativa?
São indicados na forma crônica e refratária à terapia convencional com DMARDs, especialmente em pacientes com manifestações extraarticulares importantes.