Agente de Polícia Civil - 21º Simulado pós-edital Flashcards
A novatio legis in mellius sempre retroage, ainda que a conduta tenha sido praticada durante a vigência de lei temporária ou excepcional.
Errado.
As leis temporária e excepcional são ultrativas, isto é, são aplicáveis aos fatos ocorridos durante sua vigência, ainda que prejudiciais ao réu. Vide art. 3º do Código Penal.
Considere os seguintes comandos na programação em Python.
frutas = [‘laranja’, ‘maçã’, ‘pera’, ‘banana’, ‘maçã’, ‘banana’]
print(frutas.index(‘banana’))
Este comando está correto e ao ser executado irá imprimir a saída seguinte:
3
Certo.
O método index devolve o índice base-zero do primeiro item cujo valor é igual ao argumento informado ou lança o erro ValueError se este valor não existe.
De acordo com o princípio da nacionalidade ativa, a lei penal brasileira aplica-se a crime de furto praticado por brasileiro, em solo francês, contra cidadão espanhol, se cumpridos determinados requisitos legais.
Certo.
De fato, crimes praticados por brasileiro no exterior sujeitam- -se à lei penal brasileira, se cumpridos os requisitos do art. 7º, § 2º, do CP.
§ 2º - Nos casos do inciso II
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Considere que as afirmações a seguir são verdadeiras:
- Qualquer indivíduo que foi aprovado por meio de certame é graduado.
- Todo Policial Civil foi aprovado por meio de certame.
É correto afirmar que “Algum Policial Civil não é graduado”.
Errado.
policial civil está contido em certame que está contido em graduado.
Logo, Algum policial civil É graduado.
Considerando que a sequência (a1, a2, a3, …, an) representa uma progressão aritmética, de modo que a1 = 120 e razão igual a -6, então a21 é igual a zero.
Certo. Como a1 = 120 e r = -6, utilizando a fórmula do termo geral teremos: an = a1 + (n-1).r a21 = a1 + (21 -1).r a21 = 120 + 20.(-6) a21 = 120 – 120 = 0
Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.
Certo.
Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. [Súmula 268.]
São brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.
Certo.
Art. 12. São brasileiros: (…)
II – naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.
O uso do protocolo HTTPS é suficiente para a implementação de uma rede VPN, por meio da qual será possível acessar uma intranet remotamente com toda a segurança da criptografia e certificação digital.
Errado.
A VPN implementa a segurança da conexão não apenas na camada de aplicação e transporte, como no HTTPS, mas também na camada de rede, com o uso do IPSec.
Para acessar os dados da célula A5 da planilha Plantão da pasta de trabalho 22DPC.xlsx, que se encontra no mesmo diretório de outro arquivo do MS Excel, no qual o agente Carlos está trabalhando no momento, é suficiente usar a referência [22DPC.xlsx]Plantão!A5.
Certo.
A referência a células de outras planilhas de outras pastas de trabalho usa o formato [ABC]PQR!XYZ, no qual ABC é o nome do arquivo do Excel, PQR é o nome da planilha e XYZ é o nome da célula.
Pelo índice de Gini, padrão internacional de análise da renda, quanto mais próximo de 1, menor é a desigualdade, por conseguinte, quanto mais próximo de 0, maior é a desigualdade. Logo, o DF concentra um alto índice de Gini.
Errado.
O Índice de Gini varia de 0 a 1. Sendo que quanto mais próximo do 1, mais desigual é a sociedade analisada.
Há predomínio da vegetação de cerrado no DF como também a presença de rios pertencentes a importantes bacias hidrográficas brasileiras, como o rio Descoberto (bacia do Paraná), clima tropical com chuvas concentradas no verão e forte atuação de anticiclones responsáveis por baixa umidade do ar nos meses de inverno.
Certo.
O item descreve corretamente as características físicas do DF, como vegetação, clima e hidrografia.
Sobre a apuração do resultado e a estrutura da DRE, julgue os itens seguintes:
Considerando a determinação da Lei n. 6.404/1976, a DRE deve começar pela conta Receita Bruta de Vendas, de onde serão excluídas as deduções das vendas, como é o caso do Imposto de Renda sobre as vendas brutas.
Errado.
A Lei n. 6.404/1976 determina que a DRE comece pela Receita Bruta de Vendas. Contudo, o Imposto de Renda não é uma dedução das vendas brutas. O Imposto de Renda é retirado antes do cálculo das participações nos lucros.
Em relação ao juiz das garantias, nos termos da lei, julgue o item a seguir.
Ele é o responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, sendo de sua competência decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando iniciados na investigação e formalizados na ação penal.
Errado.
Art. 3º-B, CPP. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) (…)
XVII – decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação.
No DF há presença de rochas cristalinas resistentes aos processos erosivos; rios que fazem parte de importantes bacias hidrográficas brasileiras, como o rio São Bartolomeu (bacia do Tocantins); vegetação de cerrado com presença de matas galerias e ciliares e clima tropical úmido com 4 a 6 meses de seca provocada pelo predomínio da massa de ar Tropical Continental.
Errado.
O rio São Bartolomeu faz parte da bacia do Paraná, e o período úmido é sempre de duração semestral.
Acerca do Regime Jurídico Administrativo a que se submete a Administração Pública, julgue as afirmativas subsequentes.
A prescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário pelos danos causados por agentes públicos, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal nos últimos anos, encontra exceção nos atos dolosos de improbidade administrativa.
Certo.
BIZU:IMPRESCITÍVEIS os DOLOSOS
PRECRITÍVEIS os CULPOSOS
De fato, em 2016, o STF reconheceu a prescritibilidade dos danos causados ao erário (ilícito civil). Nos autos do RE 669.069/ MG (Rel. Ministro Teori Zavascki, DJe 30/06/2016), foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: “é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil”. Contudo, em 2018, o STF criou a ressalva a essa regra, ao fixar tese de repercussão geral nos autos do RE 852.475/SP (Rel. Ministro Alexandre de Moraes, Red. Ministro Edson Fachin, DJE 21/03/2019) nos seguintes termos: “são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa”. Assim, apresenta-se correta a assertiva, que pode ser sintetizada, à luz da jurisprudência do Excelso Pretório, da seguinte forma: como REGRA GERAL, será prescritível a ação de reparação de danos causados à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil, RESSALVADAS as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na lei de improbidade administrativa.
Segundo a Lei n. 8.112/1990, a remoção é deslocamento do cargo público efetivo de ofício, embasado em motivos de interesse público, como o gerenciamento das demandas de serviço entre os diversos órgãos de um mesmo Poder Estatal, ao passo que a redistribuição é deslocamento do servidor público, que poderá ocorrer a pedido, independente do interesse da Administração.
Errado.
BIZU: Redistribuição - Refere-se ao cargo
Remoção - Refere-se ao servidor.
O examinador “trocou” os conceitos dos institutos remoção e redistribuição. Nos termos do art. 36, “remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede”. Seguindo o mesmo artigo, em seu parágrafo único, inciso III, alíneas “a” a “c”, tem- -se a modalidade de remoção:
Art. 36, parágrafo único, III – a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.
Em suma, a remoção é o deslocamento do servidor público, que poderá ocorrer a pedido e independente do interesse da Administração.
Redistribuição, diferentemente, nos termos da lei em tela, art. 37 e seu § 1º:
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder (…).
§ 1° A redistribuição ocorrerá ex offício para ajustamento de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade.
Em suma, a redistribuição é deslocamento do cargo público efetivo de ofício, embasado em motivos de interesse público, como o gerenciamento das demandas de serviço entre os diversos órgãos de um mesmo Poder Estatal.
Em conformidade com a Lei Geral de Improbidade Administrativa – Lei n. 8.429/1992, julgue o item a seguir.
Quando se tratar de ato de improbidade administrativa que importe em enriquecimento ilícito, a aplicação das sanções previstas na Lei n. 8.429/1992 dependerá da rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo tribunal ou conselho de contas.
Errado.
O tipo de improbidade retratado na questão está previsto na Lei n. 8.429/1992, art. 9º, segundo o qual constitui ato de improbidade administrativa auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades previstas em lei como alvo desse tipo de ilícito. Agora o ERRO da questão: para a aplicação das sanções previstas no art. 12, I, desse diploma legal, NÃO SERÁ NECESSÁRIA a aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas, como afirmado pelo examinador.
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Lugar das almas
1 Li este texto outro dia, quando especulava um interessante
site da Internet:
“Meu pai, que gosta de se considerar um sujeito objetivo
e pragmático, usa o termo poeta como uma espécie de xinga-
5 mento,“Fulano é um poeta”, ele diz, querendo dizer “fulano
é um irresponsável, um incompetente, vive fora da realidade”.
A verdade é que, como já disse o grande escritor argentino
Jorge Luis Borges, em tom de blague, a gente é obrigado
a se relacionar com poetas – ou até mesmo com gente pior.
10 E no entanto meu pai tem, sim, e muito mal disfarçada,
uma veia poética que sangra regularmente. Ele lê furiosamente,
curte palavras charmosas e inteiramente fora de moda,
faz questão de escolher expressões evocativas e nostálgicas
para se referir aos objetos mais comuns. “Bacia das almas” é
15 o nome que ele deu a uma bacia de alumínio do seu galpão de
ferramentas, à qual remete todas as porcas, arruelas e parafusos
para os quais não vê aplicação imediata. É na “Bacia das
almas” que vão repousar, talvez para sempre, os objetos rejeitados,
tortos, gastos, empenados, os que não se encaixam;
20 é lá que viverão eles na improvável esperança de se tornarem
úteis novamente, ou, quem sabe, pela primeira vez.”
Lembrei-me, enquanto lia esse texto tão sugestivo, de
que o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu há muito
tempo um livro chamado Brejo das Almas – nome que ele
25 tomou emprestado de uma cidadezinha mineira. É um livro
melancólico, e o título espelha bem o estado de ânimo em que
se encontrava ele quando escreveu aqueles poemas.
Como se vê, assim como acontece com parafusos tortos
e outras tranqueiras inúteis, também conosco parece às vezes.
30 não haver outro remédio senão irmos parar numa bacia de
alumínio, onde jogamos nossas almas, ou num brejo, onde
elas podem atolar.
Extraído de uma coletânea de Belisário de Lima Tenório.
2006 (com adaptações).
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os itens subsequentes.
A expressão “E no entanto” (l. 10) é utilizada para anunciar uma contradição que o filho detecta no pai, a qual se manifesta nos trechos “usa o termo poeta como uma espécie de xingamento” (l. 4-5) e “faz questão de escolher expressões evocativas e nostálgicas para se referir aos objetos mais comuns.” (l. 13-14).
Certo.
A expressão “E no entanto”, composta pela aditiva retórica “E” e pela locução adversativa “no entanto”, é usada para evidenciar essa contradição do pai, constatada pelo filho, conforme corroboram os trechos “usa o termo poeta como uma espécie de xingamento” e “faz questão de escolher expressões evocativas e nostálgicas para se referir aos objetos mais comuns.”
Lugar das almas
1 Li este texto outro dia, quando especulava um interessante
site da Internet:
“Meu pai, que gosta de se considerar um sujeito objetivo
e pragmático, usa o termo poeta como uma espécie de xinga-
5 mento,“Fulano é um poeta”, ele diz, querendo dizer “fulano
é um irresponsável, um incompetente, vive fora da realidade”.
A verdade é que, como já disse o grande escritor argentino
Jorge Luis Borges, em tom de blague, a gente é obrigado
a se relacionar com poetas – ou até mesmo com gente pior.
10 E no entanto meu pai tem, sim, e muito mal disfarçada,
uma veia poética que sangra regularmente. Ele lê furiosamente,
curte palavras charmosas e inteiramente fora de moda,
faz questão de escolher expressões evocativas e nostálgicas
para se referir aos objetos mais comuns. “Bacia das almas” é
15 o nome que ele deu a uma bacia de alumínio do seu galpão de
ferramentas, à qual remete todas as porcas, arruelas e parafusos
para os quais não vê aplicação imediata. É na “Bacia das
almas” que vão repousar, talvez para sempre, os objetos rejeitados,
tortos, gastos, empenados, os que não se encaixam;
20 é lá que viverão eles na improvável esperança de se tornarem
úteis novamente, ou, quem sabe, pela primeira vez.”
Lembrei-me, enquanto lia esse texto tão sugestivo, de
que o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu há muito
tempo um livro chamado Brejo das Almas – nome que ele
25 tomou emprestado de uma cidadezinha mineira. É um livro
melancólico, e o título espelha bem o estado de ânimo em que
se encontrava ele quando escreveu aqueles poemas.
Como se vê, assim como acontece com parafusos tortos
e outras tranqueiras inúteis, também conosco parece às vezes.
30 não haver outro remédio senão irmos parar numa bacia de
alumínio, onde jogamos nossas almas, ou num brejo, onde
elas podem atolar.
Extraído de uma coletânea de Belisário de Lima Tenório.
2006 (com adaptações).
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os itens subsequentes.
No trecho “Lembrei-me, enquanto lia esse texto tão sugestivo, de que o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu há muito tempo um livro chamado Brejo das Almas…” (l. 22- 24), a substituição de “de que” por aonde não prejudicaria a correção gramatical do texto.
Errado.
A substituição da expressão “de que” por “aonde” provocaria erro de regência verbal, já que a preposição “de” é requerida pelo verbo pronominal “lembrei-me”. Ademais, o termo “aonde” atribui ideia de movimento, que não existe no trecho demarcado.
Lugar das almas
1 Li este texto outro dia, quando especulava um interessante
site da Internet:
“Meu pai, que gosta de se considerar um sujeito objetivo
e pragmático, usa o termo poeta como uma espécie de xinga-
5 mento,“Fulano é um poeta”, ele diz, querendo dizer “fulano
é um irresponsável, um incompetente, vive fora da realidade”.
A verdade é que, como já disse o grande escritor argentino
Jorge Luis Borges, em tom de blague, a gente é obrigado
a se relacionar com poetas – ou até mesmo com gente pior.
10 E no entanto meu pai tem, sim, e muito mal disfarçada,
uma veia poética que sangra regularmente. Ele lê furiosamente,
curte palavras charmosas e inteiramente fora de moda,
faz questão de escolher expressões evocativas e nostálgicas
para se referir aos objetos mais comuns. “Bacia das almas” é
15 o nome que ele deu a uma bacia de alumínio do seu galpão de
ferramentas, à qual remete todas as porcas, arruelas e parafusos
para os quais não vê aplicação imediata. É na “Bacia das
almas” que vão repousar, talvez para sempre, os objetos rejeitados,
tortos, gastos, empenados, os que não se encaixam;
20 é lá que viverão eles na improvável esperança de se tornarem
úteis novamente, ou, quem sabe, pela primeira vez.”
Lembrei-me, enquanto lia esse texto tão sugestivo, de
que o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu há muito
tempo um livro chamado Brejo das Almas – nome que ele
25 tomou emprestado de uma cidadezinha mineira. É um livro
melancólico, e o título espelha bem o estado de ânimo em que
se encontrava ele quando escreveu aqueles poemas.
Como se vê, assim como acontece com parafusos tortos
e outras tranqueiras inúteis, também conosco parece às vezes.
30 não haver outro remédio senão irmos parar numa bacia de
alumínio, onde jogamos nossas almas, ou num brejo, onde
elas podem atolar.
Extraído de uma coletânea de Belisário de Lima Tenório.
2006 (com adaptações).
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os itens subsequentes.
A substituição do verbo sublinhado no trecho “à qual remete todas as porcas, arruelas e parafusos para os quais não vê aplicação imediata.” (l. 16-17) pelo verbo JOGA mantém a correção gramatical e a relação de sentido do texto.
Errado.
Embora os dois verbos tenham sentidos semelhantes, a substituição do verbo remete pelo verbo joga acarreta prejuízo gramatical, tendo em vista que a regência do primeiro verbo requer a preposição “a” e a do segundo requer a preposição “em”, o que necessariamente implicaria a substituição da expressão “à qual” por “na qual”.
Considere que Ana e Paulo são policiais civis e que nesta semana deverão entregar dez mandados (M1, M2, M3, …, M10) emitidos pelo Delegado-Chefe, e que a policial Ana já escolheu o dia e o turno dos mandados sob a sua responsabilidade, conforme é mostrado no quadro a seguir:
Segunda:
Matutino= Ana (M2)
Vespertino = Paulo
Terça:
Matutino = Paulo
Vespertino = Ana (M6)
Quarta:
Matutino=Ana (M4)
Vespertino=Ana (M10)
Quinta:
Matutino=Paulo
Vespertino=Ana (M1)
Sexta:
Matutino= Ana (M5)
Vespertino=Paulo
Perceba que os mandados sob a responsabilidade da policial Ana já foram estabelecidos, enquanto resta ao policial Paulo a entrega dos mandados (M3, M7, M8, M9), de modo que ele irá entregar apenas um mandado por dia, porém ele ainda não escolheu a ordem que eles serão distribuídos. A quantidade de maneiras distintas que o policial Paulo poderá organizar a distribuição dos mandados sob a sua responsabilidade será superior a 25.
Errado.
Perceba que a sequência dos mandados possui sempre os mesmos elementos, diferenciando apenas pela ordem, então se trata de uma permutação.
Seg./vesp. ———–Ter./mat. ————Qui./mat. —-Sex./vesp.
M3 ————————–M7——————— M8 —————M9
≠
M7—————————M9 ——————–M3—————–M8
Pn= n! P4 = 4! = 4.3.2.1 = 24 sequências.
Lugar das almas
1 Li este texto outro dia, quando especulava um interessante
site da Internet:
“Meu pai, que gosta de se considerar um sujeito objetivo
e pragmático, usa o termo poeta como uma espécie de xinga-
5 mento,“Fulano é um poeta”, ele diz, querendo dizer “fulano
é um irresponsável, um incompetente, vive fora da realidade”.
A verdade é que, como já disse o grande escritor argentino
Jorge Luis Borges, em tom de blague, a gente é obrigado
a se relacionar com poetas – ou até mesmo com gente pior.
10 E no entanto meu pai tem, sim, e muito mal disfarçada,
uma veia poética que sangra regularmente. Ele lê furiosamente,
curte palavras charmosas e inteiramente fora de moda,
faz questão de escolher expressões evocativas e nostálgicas
para se referir aos objetos mais comuns. “Bacia das almas” é
15 o nome que ele deu a uma bacia de alumínio do seu galpão de
ferramentas, à qual remete todas as porcas, arruelas e parafusos
para os quais não vê aplicação imediata. É na “Bacia das
almas” que vão repousar, talvez para sempre, os objetos rejeitados,
tortos, gastos, empenados, os que não se encaixam;
20 é lá que viverão eles na improvável esperança de se tornarem
úteis novamente, ou, quem sabe, pela primeira vez.”
Lembrei-me, enquanto lia esse texto tão sugestivo, de
que o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu há muito
tempo um livro chamado Brejo das Almas – nome que ele
25 tomou emprestado de uma cidadezinha mineira. É um livro
melancólico, e o título espelha bem o estado de ânimo em que
se encontrava ele quando escreveu aqueles poemas.
Como se vê, assim como acontece com parafusos tortos
e outras tranqueiras inúteis, também conosco parece às vezes.
30 não haver outro remédio senão irmos parar numa bacia de
alumínio, onde jogamos nossas almas, ou num brejo, onde
elas podem atolar.
Extraído de uma coletânea de Belisário de Lima Tenório.
2006 (com adaptações).
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os itens subsequentes.
Infere-se das ideias do texto que ao filho não pareceu coerente que um nome tão sugestivo fosse criado exatamente por quem não demonstrava ter muito respeito pelos poetas.
Certo.
Essa inferência é corroborada pelos trechos “Meu pai, que gosta de se considerar um sujeito objetivo e pragmático, usa o termo poeta como uma espécie de xingamento” (l. 3-5) e “E no entanto meu pai tem, sim, e muito mal disfarçada, uma veia poética que sangra regularmente. Ele lê furiosamente, curte palavras charmosas e inteiramente fora de moda, faz questão de escolher expressões evocativas e nostálgicas para se referir aos objetos mais comuns.” (l. 10-14).
1 É comum, em famílias com estrutura geradora de patologias,
que o fenômeno de filhos que se drogam não seja
percebido com facilidade. É necessário, muitas vezes, que o
quadro se agrave para que os outros participantes do grupo
5 familiar se deem conta de sua inclusão na problemática. Em
muitos grupos, e na grande maioria no de adolescentes, experimentam-
se drogas, sem, entretanto, evoluírem para uma
toxicomania. Até porque, nessa etapa da vida, as pressões
do grupo e a necessidade de contestação sistemática como
10uma prática de liberdade levam rapazes e moças a experimentarem
drogas. Isto não quer dizer que todos se tornarão
dependentes, ou que venham de famílias que tenham alguma
predisposição.
Na origem de qualquer dependência, estão a falta de
15 amor e o abandono – a verdadeira origem dessa grave patologia.
A utilização da droga, seja de qual espécie for, é sempre
um sintoma que denuncia um grave comprometimento com
a possibilidade de se lidar com a frustração. O acúmulo de
frustrações, as quais desde a mais tenra infância atormentam
20 uma pessoa, a leva a uma total intolerância com o seu viver,
com o seu dia a dia. Essa vida insuportável é aliviada através
da utilização de uma droga, possivelmente como vê ou via
seus pais fazerem, muitas vezes de forma socialmente bem
aceita, através de um Lexotan, um Rohipnol, um Whisky para
25 relaxar. Ou seja, o efeito psicológico desejado é sempre o de
um anestésico para a angústia, mesmo que o efeito físico-
-químico seja diverso.
É comum que anúncios de bebidas e cigarros venham
sempre associados a sucesso, dinheiro, felicidade no amor,
30 através de belos homens ou mulheres. É a vida de sucesso,
de felicidade plena, ou seja: sem frustrações – o ideal maníaco
da felicidade eterna e ininterrupta! Contudo essa não é a
forma como o ser humano vive: a angústia irrompe e com ela
temos que nos haver. Mas nem todos suportam isso, daí os
35 anestésicos sob a forma do uso continuado de drogas, as mais
diferentes. O adolescente é presa fácil desse tipo de apelo: ele
também quer ter sucesso, aparecer como importante e crescido.
São, contudo, as drogas ditas oficiais as que, na verdade,
mais trazem problemas de internações no âmbito da saúde
40 pública: o cigarro, na área de pneumologia, e a bebida, na
saúde mental. Normalmente o adolescente começa bebendo,
e os pais achando graça do porre do filho – já é homem, pode
beber! Contudo, se fumar maconha, escandaliza a todos.
Em muitas casas, em vez de biblioteca na sala,
45 encontramos o bar, ou o bar como altar, onde se fomenta uma
cultura do álcool – uma idolatria muitas vezes de funestas
consequências. É extremamente corriqueiro e até de bom tom
oferecer-se uma bebida, quase sempre alcoólica, para a visita
que chega. A pergunta é feita, de preferência no diminutivo
50 – quer uma cervejinha, um whiskyzinho, uma batidinha? –,
forma que se usa para negar o conteúdo perigoso do álcool.
Apesar de sabermos que comer e beber em conjunto sempre
foi uma forma que os seres humanos utilizaram para reforçar
os laços sociais e religiosos, é necessário também lembrar
55 que, em certas condições, isso pode se tornar uma prática de
finalidade oposta, ou seja, não de reforçar, mas de cortar os laços.
Luiz Alberto Pinheiro de Freitas. Adolescência, Família e
Drogas. Pág. 42-44 (com adaptações).
Julgue os itens a seguir no que tange às ideias e às estruturas linguísticas do texto precedente.
Segundo o autor, os diminutivos utilizados nos termos da pergunta “quer uma cervejinha, um whiskyzinho, uma batidinha?” (l. 50) constituem um eufemismo que tem a intenção de camuflar os males que o álcool acarreta ao organismo de quem consome as bebidas mencionadas.
Certo.
Esta é uma questão de cobrança da compreensão das ideias do texto (daquilo que está escrito) e, efetivamente, o texto traz essa informação de que os diminutivos constituem um eufemismo cuja intenção é de camuflar os males que o álcool acarreta ao organismo de quem consome as bebidas mencionadas – conforme se constata no trecho das linhas 49 a 51: “A pergunta é feita, de preferência no diminutivo – quer uma cervejinha, um whiskyzinho, uma batidinha? –, forma que se usa para negar o conteúdo perigoso do álcool.”.
1 É comum, em famílias com estrutura geradora de patologias,
que o fenômeno de filhos que se drogam não seja
percebido com facilidade. É necessário, muitas vezes, que o
quadro se agrave para que os outros participantes do grupo
5 familiar se deem conta de sua inclusão na problemática. Em
muitos grupos, e na grande maioria no de adolescentes, experimentam-
se drogas, sem, entretanto, evoluírem para uma
toxicomania. Até porque, nessa etapa da vida, as pressões
do grupo e a necessidade de contestação sistemática como
10uma prática de liberdade levam rapazes e moças a experimentarem
drogas. Isto não quer dizer que todos se tornarão
dependentes, ou que venham de famílias que tenham alguma
predisposição.
Na origem de qualquer dependência, estão a falta de
15 amor e o abandono – a verdadeira origem dessa grave patologia.
A utilização da droga, seja de qual espécie for, é sempre
um sintoma que denuncia um grave comprometimento com
a possibilidade de se lidar com a frustração. O acúmulo de
frustrações, as quais desde a mais tenra infância atormentam
20 uma pessoa, a leva a uma total intolerância com o seu viver,
com o seu dia a dia. Essa vida insuportável é aliviada através
da utilização de uma droga, possivelmente como vê ou via
seus pais fazerem, muitas vezes de forma socialmente bem
aceita, através de um Lexotan, um Rohipnol, um Whisky para
25 relaxar. Ou seja, o efeito psicológico desejado é sempre o de
um anestésico para a angústia, mesmo que o efeito físico-
-químico seja diverso.
É comum que anúncios de bebidas e cigarros venham
sempre associados a sucesso, dinheiro, felicidade no amor,
30 através de belos homens ou mulheres. É a vida de sucesso,
de felicidade plena, ou seja: sem frustrações – o ideal maníaco
da felicidade eterna e ininterrupta! Contudo essa não é a
forma como o ser humano vive: a angústia irrompe e com ela
temos que nos haver. Mas nem todos suportam isso, daí os
35 anestésicos sob a forma do uso continuado de drogas, as mais
diferentes. O adolescente é presa fácil desse tipo de apelo: ele
também quer ter sucesso, aparecer como importante e crescido.
São, contudo, as drogas ditas oficiais as que, na verdade,
mais trazem problemas de internações no âmbito da saúde
40 pública: o cigarro, na área de pneumologia, e a bebida, na
saúde mental. Normalmente o adolescente começa bebendo,
e os pais achando graça do porre do filho – já é homem, pode
beber! Contudo, se fumar maconha, escandaliza a todos.
Em muitas casas, em vez de biblioteca na sala,
45 encontramos o bar, ou o bar como altar, onde se fomenta uma
cultura do álcool – uma idolatria muitas vezes de funestas
consequências. É extremamente corriqueiro e até de bom tom
oferecer-se uma bebida, quase sempre alcoólica, para a visita
que chega. A pergunta é feita, de preferência no diminutivo
50 – quer uma cervejinha, um whiskyzinho, uma batidinha? –,
forma que se usa para negar o conteúdo perigoso do álcool.
Apesar de sabermos que comer e beber em conjunto sempre
foi uma forma que os seres humanos utilizaram para reforçar
os laços sociais e religiosos, é necessário também lembrar
55 que, em certas condições, isso pode se tornar uma prática de
finalidade oposta, ou seja, não de reforçar, mas de cortar os laços.
Luiz Alberto Pinheiro de Freitas. Adolescência, Família e
Drogas. Pág. 42-44 (com adaptações).
Julgue os itens a seguir no que tange às ideias e às estruturas linguísticas do texto precedente.
Segundo as informações do último parágrafo do texto, “comer e beber em conjunto” (l. 52) são atitudes que sempre carregam uma finalidade oposta, já que tanto podem reforçar laços sociais e religiosos como podem rompê-los.
Errado.
A informação que se depreende do texto é a de que “comer e beber em conjunto” são atitudes que carregam, em determinadas circunstâncias, uma finalidade oposta, já que tanto podem reforçar laços sociais e religiosos como podem rompê-los. Então, não se pode afirmar que tais atitudes sempre acontecem.