4. Pré-Operatório Flashcards
Quais exames pré-operatórios solicitar de acordo com a idade do paciente?
- < 40 anos: não solicitar.
- 40 a 49 anos: ECG (homens).
- 50 a 65 anos: ECG + Hb/Ht.
- > 65 anos: ECG + Hb/Ht + Ur/Cr + glicemia + sódio e potássio + Rx de tórax.
Obs.: toda mulher em idade fértil deve solicitar beta-HCG.
Quais cirurgias devemos solicitar todos os exames pré-operatórios (hemograma, ECG, coagulograma, glicemia, função renal e eletrólitos)?
- Cirurgias cardíacas.
- Cirurgias torácicas.
- Cirurgias intraperitoneais de grande porte.
- Perda estimada de sangue > 1000ml.
Quais exames pré-operatórios solicitar de acordo com as comorbidades do paciente?
- Hipertensão arterial: hemograma + ECG + função renal + eletrólitos.
- Diabetes: hemograma + ECG + função renal + glicemia de jejum.
- Tabagismo: hemograma + radiografia de tórax.
- DPOC: radiografia de tórax + ECG + espirometria.
Qual a classificação do ASA?
- ASA I (< 0,1%): paciente hígido e sem comorbidades, independente da idade.
- ASA II (0,4%): doença sistêmica leve (ex.: HAS e DM controladas, tabagismo, gestante, obesidade grau I e II, etc).
- ASA III (4%): doença sistêmica grave (HAS e DM não controladas, etilismo, DRC dialítica, obesidade grau III e IV, IAM e AVC > 3 meses, etc).
- ASA IV (20%): doença que impõe risco constante à vida (ex.: cardiopatias desconpensadas, IAM e AVC < 3 meses, etc).
- ASA V (50%): paciente moribundo, com baixas chances de sobreviver (ex.: politraumatizado grave, herniação cerebral, aneurisma roto de aorta, etc).
- ASA VI: doador de órgãos (morte encefálica).
Qual o risco cardiovascular intrínseco de acordo com o procedimento cirúrgico?
- Alto (> 5%): cirurgias vasculares e de urgência.
- Intermediário (1 a 5%): o resto.
- Baixo (< 1%): catarata, mama, herniorrafia inguinal, cirurgias ambulatoriais e procedimentos endoscópicos.
Obs.: o maior risco de eventos cardiovasculares ocorre durante a cirurgia e nas primeiras 48h após o procedimento.
Como avaliar a capacidade do paciente?
ÍNDICE DE DUKE
- Ruim: < 4 METS (cuidado próprio, caminha menos de 2 quadras).
- Moderada: 4 a 7 METS (sobe um lance de escada).
- Excelente: > 7 METS (pratica de atividade física).
Qual os componentes do índice cardíaco revisado (escore de Lee)?
- Doença renal crônica com Cr > 2.
- Diabetes mellitus INSULINODEPENDENTE.
- AVC ou AIT prévio.
- Coronariopatia.
- Insuficiência cardíaca.
- Cirurgia intraperitoneal, intratorácica ou vascular suprainguinal.
Obs.: pacientes que realizaram angioplastia coronariana com stent devem adiar cirurgias eletivas em 3 meses (se convencional) ou 6 a 12 meses (se farmacológico).
Qual a conduta de acordo com o índice cardíaco revisado (escore de Lee)?
- 1 a 2 ítens: liberar cirurgia.
- 3 a 6 ítens: liberar cirurgia (> 4 METS) ou avaliação cardíaca não invasiva (< 4 METS).
Quais as medidas protetoras em pacientes com índice cardíaco revisado (escore de Lee) intermediário ou alto?
- Betabloqueador.
- Estatina.
- AAS (se uso prévio).
Obs.: em pacientes de alto risco, solicitar ECG e troponinas no pós-operatório durante 3 dias e acompanhamento em UTI.
Quais os ítens que mais pontuam no risco cardíaco de Goldman?
- B3 ou estase jugular (11 pontos).
- IAM < 6 meses (10 pontos).
Quais os fatores de risco para complicações pulmonares perioperatórias?
- Idade > 60 anos.
- Tabagismo ativo.
- Doença pulmonar prévia (DPOC, asma mal controlada, hipertensão pulmonar e fibrose pulmonar idiopática).
- Insuficiência cardíaca.
- Apneia obstrutiva do sono.
- Desnutrição.
- ASA II ou maior.
- Cirurgia torácica e abdominal alta.
- Duração cirúrgica > 3 horas.
Obs.: obesidade e diabetes NÃO são fatores de risco.
Quais as indicações de avaliação da função pulmonar?
- Cirurgia de ressecção pulmonar.
- DPOC ou asma descompensada.
- Dispneia de causa incerta.
Obs.: avaliar com espirometria, SatO2 e radiografia de tórax e polissonografia (se apneia obstrutiva do sono).
Quais as medidas protetoras pulmonares no perioperatório?
- Suspender tabagismo 6 a 8 semanas antes da cirurgia.
- Compensação da doença pulmonar de base.
- Fisioterapia respiratória pré e pós-operatória.
- Analgesia adequada (evitar hipoventilação).
- Considerar VNI.
Obs.: se cirurgia de urgência, realizar glicocorticoides 12h antes a 7 dias após o procedimento.
Quais as medidas para previnir pneumonia pós-operatória?
- Manter decúbito elevado (30 a 45°).
- Fisioterapia respiratória (uso de espirômetro, estimular tosse, etc).
- Manter higiene bucal.
- Evitar extubação e intubação não programadas.
Quais medicamentos devem ser suspensos no pré-operatório?
- Estrogênios: 4 semanas.
- AAS e Clopidogrel: 7 a 10 dias.
- Warfarina: 5 a 7 dias (iniciar heparina em dose plena e operar se INR < 1,5).
- AINES e NOACs: 24 (maioria) a 48h.
- Hipoglicemiantes orais: 24h.
- HBPM: 24h.
- HNF: 6h.
Obs.: se paciente com alto risco cardiovascular, NÃO suspender o AAS!
Qual a recomendação da suspensão dos análogos do GLP-1?
- Liraglutida: 2 dias.
- Tizerpatina (mounjaro): 15 dias.
- Semaglutida (ozempic): 21 dias.
Obs.: como os análogos de GLP-1 lentificam o esvaziamento gástrico, esses pacientes são considerados de estômago CHEIO.
Quais medicamentos devem ser mantidos no pré-operatório?
- Anti-hipertensivos (exceto diuréticos).
- Estatinas.
- Anti-convulsivantes.
- Broncodilatadores.
- Psiquiátricos.
- Corticóides.
- Insulina.
Qual o manejo do uso de corticóides no pré-operatório?
- Pacientes com uso de predinisona > 5mg por > 21 dias no último ano OU 7,5mg por > 14 dias no último ano apresentam risco de inibição do eixo hipotálamo-hipofisário.
- 50 a 150mg de hidrocortisona na véspera, no intra e no pós-operatório.
Obs.: visa evitar uma insuficiência adrenal aguda (hipotensão refratária, vômitos, hiponatremia e hipercalemia) pela necessidade aumenta de corticoides devido ao trauma cirúrgico.
Qual o manejo da insulina no pré-operatório?
- Regular: dose conforme glicemia.
- NPH: reduzir 25% da dose na véspera e 50% no dia da cirurgia.
Obs.: o alvo glicêmico é 140-180.
Qual o período de jejum mínimo pré-operatório?
- Líquidos claros ou com carbohidratos: 2 horas.
- Leite humano e líquidos com resíduos: 4 horas.
- Leite não-humano, fórmula, dieta pastosa ou leve: 6 horas.
- Dieta sólida: 8 horas.
Quais as indicações de suporte nutricional no pré-operatório?
- Perda de peso não intensional > 5% em 1 mês OU > 10% em 6 meses.
- IMC < 18,5.
- Albumina < 3.
- Leucócitos < 1500.
- Transferrina < 200.
Quais os parâmetros avaliados pela forma de Harris-Benedict?
- Peso.
- Idade.
- Sexo.
- Altura.
Obs.: se fator de estresse, aumentar cota calórica (ex.: 15% a mais se sepse ou trauma).
Por quanto tempo deve ser feito o suporte nutricional no pré-operatório?
7 a 14 dias (mínimo de 5 dias).
Qual a melhor via de nutrição para fazer o suporte nutricional no pré-operatório?
VIA ORAL!
Qual a via de escolha se via oral indisponível para realizar suporte nutricional no pré-operatório?
VIA ENTERAL
- < 4 semanas: sonda nasoenteral.
- > 4 semanas (risco de broncoaspiração): gastrostomia (melhor) ou jejunostomia.
Obs.: se via enteral indisponível, optar pela via parenteral.
Qual o principal objetivo da antibioticoprofilaxia pré-operatória?
Evitar infecção de ferida operatória.
Qual o principal antibibiótico utilizado na antibioticoprofilaxia pré-operatória?
Cefazolina 2g.
Quais os outros antibióticos que devem ser utilizados na antibioticoprofilaxia pré-operatória?
- Cólon: metronidazol (enterobactérias e anaeróbios).
- Trato urinário: ciprofloxacino.
- MRSA: vancomicina.
Quando deve ser iniciada a antibioticoprofilaxia pré-operatória?
- 30 a 60 minutos antes da incisão da pele (indução anestésica).
- Repetir dose a cada 2 meia-vidas ou perda sanguínea importante.
- Finalizar a profilaxia ao término da cirurgia.
Obs.: no caso de sangramento importante, reaplicar o antibiótico imediatamente.
Quais as indicações de antibioticoprofilaxia pré-operatória?
- Grau de contaminação da cirurgia.
- ASA III, IV e V.
- Cirurgias com longa duração.
- Consequências catastróficas no caso de infecção do sítio cirúrgico (ex.: meningite).
Quais as características das cirurgias limpas?
- Cirurgias não-traumáticas, sem inflamação e sem adentrar no trato urinário ou aereodigestivo.
- Exemplos: hérnioplastias, neurocirurgias, cirurgias plásticas, etc.
Qual a conduta nas cirurgias limpas?
NÃO FAZER ANTIBIOTICOPROFILAXIA!
Quais as excessões de antibioticoprofilaxia nas cirurgias limpas?
- Cirurgias com incisão em osso.
- Uso de próteses.
Quais as características das cirurgias limpas-contaminadas (potencialmente contaminadas)?
- Cirurgias com penetração controlada nos tratos urinários e aereodigestivos.
- Exemplos: colecistectomias, histerectomias, prostatectomias, etc.
Qual a conduta nas cirurgias limpas-contamiandas?
Fazer antibioticoprofilaxia.
Quais as características das cirurgias contaminadas?
- Cirurgias em áreas inflamadas ou sem contaminação grosseira.
- Exemplo: colecistite aguda, apendicite aguda não-perfurada, cirurgias de cólon e reto com extravazamento, etc.
Obs.: traumas < 6 horas são contaminados, e não infectados!
Qual a conduta nas cirurgias limpas-contamiandas?
Fazer antibioticoprofilaxia.
Quais as características das cirurgias infectadas?
- Cirurgias em áreas supuradas, com fezes, tecidos desvitalizados ou corpos estranhos.
- Exemplo: empiema, apendicite aguda supurada, trauma > 6 horas.
Qual a conduta nas cirurgias infectadas?
Fazer antibioticoTERAPIA!
Quais procedimentos não necessitam de antibioticoprofilaxia?
- Traqueostomia.
- Acesso venoso central.
- Endoscopia e colonoscopia.
- CPRE.
Obs.: realização de gastro ou jejunostonia endoscópicas TÊM indicação de antibiótico.
Quais as indicações de hemotransfusão no pré-operatório?
- Hb < 7-8.
- Hb < 10 (se cirurgia de grande porte).
Obs.: não há aumento das complicações entre operar pacientes com anemia discreta e pacientes sem anemia.
Obs.2: pode-se utilizar eritropoetina para correção da anemia em paciente que não aceitam bolsas de sangue.
Quais as indicações de transfusão de plaquetas no pré-operatório?
- Plaquetas < 50.000.
- Plaquetas < 100.000 (cirurgias oftalmológicas, cardíacas ou neurológicas).
Quais os fatores de risco para náuseas e vômitos no pós-operatório?
- Sexo feminino.
- Não tabagistas.
- Historia prévia de vômitos pós-operatórios.
- Uso de opióides no pós-operatório.
Obs.: em pacientes com fatores de risco, deve-se usar dois ou mais anti-heméticos de classes diferentes.
Quais as características do protocoloco de cirurgia segura da OMS?
- Protocolo que busca diminuir a ocorrência de erros evitáveis no perioperatório.
- Reduz a morbimortalidade no ato cirúrgico.
Quais as 3 fases do protocoloco de cirurgia segura da OMS?
- Sign In: antes da indução anestésica.
- Time Out: antes da incisão da pele.
- Check Out/Sign Out: antes do fechamento da pele e do paciente sair da sala.
Quais os pontos avaliados no Sign In do protocoloco de cirurgia segura da OMS?
- Confirmar o paciente, o procedimento e o TCLE.
- Checar lateralidade do procedimento.
- Checar alergias.
- Checar reserva de hemocomponentes.
- Solicitar materiais e equipamentos.
Quais os pontos avaliados no Time Out do protocoloco de cirurgia segura da OMS?
- Confirmação dos nomes e funções dos membros da equipe.
- Confirmar paciente e cirurgia proposta.
- Checar antibioticoprofilaxia.
- Checar exames de imagem.
Quais os pontos avaliados no Sign Out do protocoloco de cirurgia segura da OMS?
- Contagem de compressas e de instrumentos.
- Separar material para envio ao anatomopatológico,