26- DOENÇA CELÍACA Flashcards

1
Q

DEFINIÇÕES

A

NÃO É uma ALERGIA ALIMENTAR e NEM uma INTOLERÂNCIA ALIMENTAR, é uma INFLAMAÇÃO, com reação antígeno-anticorpo.

 É uma enteropatia que afeta o intestino delgado, com predisposição genética, em crianças e adultos, precipitada pela ingestão de alimentos que contêm glúten. Também conhecida como espru celíaco, enteropatia sensível ao glúten ou espru não-tropical.
 É uma doença do intestino delgado (duodeno e jejuno, principalmente); precisa ter predisposição genética de fazer reação inflamatória pela ingestão de glúten.

 Predisposição Genética + Contato com o Glúten = DC * é diferente de quem tem sensibilidade ao glúten, não inflama, não vai ter reação.
 Afeta tanto criança quanto adulto.

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Q

EPIDEMIOLOGIA
 Não muito longe: apenas em caucasianos, mais frequentemente em crianças, com apresentação típica de diarreia e perda de peso – hoje se sabe que não é verdade.
 Hoje se suspeita de doença celíaca em diversas manifestações – é uma doença frequente, mas se faz pouco diagnóstico.
 Relação M:H é 2:1; Prevalência 1:100 a 1:300.
 Sintomas mínimos ou atípicos = diarreias esporádicas, sintomas parecidos com a SII, paciente dispéptico que não melhora com nada,… #Apenas 30% de adultos vão ter sintomas típicos do TGI (dificulta o diagnóstico).
 Ocorre frequentemente sem sintomas gastrintestinais – no adulto, a DC acontece geralmente sem sint. GI.
 Pode ter outros achados: hipertransaminasemias, rash cutâneo, infertilidade.

A

 Os pacientes com doença ativa (clinicamente manifesta) têm um risco aumentado de morte comparado à população geral; porém este risco volta ao normal após 3-5 anos de dieta livre de glúten.
 Em adultos diagnosticados, quando vai conversar, é comum referirem que já têm sintomas há mais de10 anos. #Apresentam sintomas atípicos ou irrelevantes e só procura o médico quando os sintomas passam a incomodar ou aparece algum sinal de alarme; geralmente investiga por outros sintomas.
 Grãos podem ser comidos, mas 5% não conseguem (geralmente por contaminação – ex.: pão de queijo não é para ter glúten, mas quem manipula pode contaminar com glúten). #Toda contaminação vai levar ao retardo da melhora do paciente.
 Milho e dietas baseadas em arroz são aceitas. Aveia não tem glúten, mas é armazenada em locais que tem glúten, então possui risco de contaminação

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3
Q

 Os riscos são muito maiores em parentes de primeiro grau (>10% → rastrear a família), bem como em pessoas com DM (tipo 1, principalmente – devem titular os Ac para a doença celíaca até os 18 anos) e outras doenças autoimunes, síndrome de Down e outras doenças correlatas.
 A fertilidade é afetada em alguns pacientes; não se sabe certamente o porquê.
 A gestação pode apresentar um curso desfavorável em DC não diagnosticada, especialmente naquelas com sintomas anteriores e abortos de repetição.
 Um quadro severo pode se desenvolver durante a gravidez ou puerpério em >17% das pacientes mulheres; mesmo as que estão com a doença controlada.
 Está associada a HAPLOTIPOS classe HLA I e II; é uma condição necessária, mas não suficiente para desenvolver a DC.

A
#NÃO HÁ DOENÇA CELÍACA SEM GLÚTEN!!!! (Tem que ter PREDISPOSIÇÃO + EXPOSIÇÃO); predisposição e pouca exposição (come muito pouco glúten), pode não ter os sintomas da doença.
#Como está associado ao sistema HLA, muitos tentam fazer o diagnóstico pelo haplotipos – mas, a alteração não é só nos haplotipos, tem que ter anticorpo também. Fazer por haplotipos tem sensibilidade grande, logo NÃO é exame para rastrear.

 Pacientes orientais que possuem uma dieta pobre em glúten podem nunca desenvolver ou serem leves e assintomáticos a vida toda. Já em países que possuam maior alimentação com glúten há mais repercussões, pois além da pré-disposição genética, há também exposição ao glúten.

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4
Q

Patogênese e Predisposição Genética:

A

 DC parece ser resultado de uma ativação de células T e B em resposta à exposição ao glúten do trigo, centeio, cevada e raramente grãos, em uma pessoa geneticamente predisposta.
 Não é alergia nem intolerância, é uma reação inflamatória (reconhece o glúten como um antígeno gerando anticorpos contra ele) em paciente geneticamente suscetível – quando o glúten entra em contato com a mucosa intestinal ativa células inflamatórias.
 É um gatilho e essa inflamação é persistente. Se para de consumir glúten, essa inflamação para também.

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5
Q

História Natural:
 Se for celíaco e não faz tto: é aquele paciente que não faz o manejo correto OU que não foi diagnosticado. Nesses dois casos existe perigo, pois ele fica pré-disposto a mais doenças graves, aumenta o risco de:

A
→ Linfomas;
→ Tumores orofaríngeos;
→ Adenocarcinoma cólons;
→ Infertilidade (12%);
→ Osteoporose;
→ Deficiência crescimento;
→ Doenças auto-imunes;
→ Dermatite herpetiforme.

 Depois de 5 anos de dieta o risco dessas doenças passa a ser o mesmo da população em geral, pois a reação inflamatória cessou.
 Por isso é importante retirar o glúten, mesmo que o paciente não apresente sintomas.
 10% das crianças quando possuem deficiência de crescimento são celíacos.

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6
Q

DIAGNÓSTICO

Introdução:

A

Se tem alguma deficiência vitamínica, pode ter neuropatia periférica ou anemia.

 As manifestações clínicas podem ser:
→ Clássicas: maioria de sintomas gastrintestinais;
→ Atípicas: maioria dos sintomas não são do TGI, geralmente monossintomáticos ou oligossintomáticos;
→ Silenciosa: sem sintomas apesar da presença de lesão intestinal (lesão inflamatória) – paciente não tem sintomas, mas tem doença ativa; a reação depende de cada paciente, por isso é importante fazer o rastreio.

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7
Q

Diagnóstico diferencial:DC

A

Não é toda diarreia e perda de peso que vai ser doença celíaca, mas tem que pensar, mesmo que não tenha HF.

(Basicamente diarreia de má-absorção)
 Espru tropical (diarreia infecciosa);
 Enteropatia do HIV (sempre pesquisar quando tem diarreia crônica);
 Radioterapia (enterite actínica - queima a mucosa intestinal);
 Quimioterapia recente;
 Doença de Crohn;
 Giardíase (parasitose que causa diarreia de má absorção).

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8
Q

Uso de Anticorpos Séricos para o Diagnóstico de DC:

A
Anticorpo antiendomísio IgA (mais sensível e mais específico, mas é muito caro)
Anticorpos anti-transglutaminase tecidual IgA (mais usado)
Anticorpo anti-gliadina -> IgA e IgB (para crianças até 2 anos de idade, porque até os 2 anos não tem a reação dos demais anticorpos)
#Não esquecer de dosar IgA total!!!

 Quando pensar em DC e for rastrear, tem que pesquisar anticorpos. Todos os Ac são dependentes de IgA – sempre dosar também IgA total, paciente pode ter deficiência de IgA.

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9
Q

 O antiendomísio e anti-transglutaminase são usados para maiores de 2 anos
 O anticorpo anti-gliadina não pode ser usado no adulto, chance de falso positivo; só até os dois anos; solicitar IgG apenas para adultos com deficiência de IgA.

A

Esses anticorpos são dependentes de IgA, tem que dosar!!!!
→ Se IgA baixo e AC - posso ter a doença, então tem que pesquisar pelos haplotipos, faz biópsia.
→ Se IgA normal e AC - é negativo mesmo, não há necessidade de biopsiar.
→ Se tem AC +  tem que confirmar com EDA, não deixa de biopsiar, mesmo que o intestino esteja pouco inflamado.
 Após ac positivos: biópsia de duodeno.
 Precisa de biópsia do duodeno, mas na EDA podem ter alterações macroscópicas. Mesmo que a olho nu a mucosa esteja normal, precisa biopsiar, pois podem ter alterações microscópicas.

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10
Q

 Endoscopia: padrão mosaico, fissuras, pregas adelgaçadas. Normalmente a mucosa deveria estar lisa.
 Biópsia intestinal:
-Aumento LIE – linfócitos intraepiteliais (>20%);
-Infiltração da mucosa;
-Atrofia de vilosidades (subtotal ou total);
-Hipertrofia de criptas.

A

Testes Diagnósticos:
Alta suspeita – solicita Ac:
Se Ac- = outras causas de dor e diarreia.
Se Ac+= biópsia – biópsia positiva = diagnóstico.
Se Ac+ e biópsia negativa = ele pode ter pouca exposição (consequentemente pouca inflamação e manifestações), então faz teste de tolerância ao glúten - provocativo: libera o glúten por 3 meses.
Se IgA baixa = avaliar IgA total, pode ser deficiência de IgA

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11
Q

 Para fazer o diagnóstico de DC:

A

mudanças histopatológicas características na biópsia intestinal + melhora clínica em resposta à dieta livre de glúten.

 DIAGNÓSTICO = Ac + Biópsia + Melhora com Dieta!!!!!

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12
Q

 Os testes sorológicos têm papel em: confirmar a DC, screening dos indivíduos com ou sem risco, identificar os pacientes em quem a biópsia é necessária e investigar os pacientes em risco aumentado para a doença.
 Depois de 6 meses de dieta isenta de glúten repete o Ac e a biopsia. Ac normal e a biópsia quase normal = indica que a doença está controlada, mas não curada, pois se voltar a comer glúten vai voltar a ter sintomas.

A

 Dermatite Herpetiforme: paciente sem a doença controlada, ou ainda pode ser a única manifestação da doença.

 Usa o Anticorpo para rastrear paciente, a família e também para controle da doença – Ac é resposta ao agente inflamatório; depois de 6 meses de dieta sem glúten repete exames (pequenas porções de glúten pode não gerar sintomas, mas geram inflamações e é perigoso).

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13
Q

SINTOMATOLOGIA E EXAMES DE IMAGEM

A

A)Histologia mucosa intestinal normal = vilosidade alta e criptas profundas.
B)Atrofia da vilosidade e cripta fica mais gordinha = deixa de absorver.

Mucosa irregular, sem as voltinhas.

A)Fissura nas pregas (risquinhos).
B)Padrão de mosaico é da doença celíaca.

Quadro clássico de Dermatite Herpetiforme = crostas, pústulas, sem prurido e piora com exposição solar.
#pode vir como rash cutâneo.
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14
Q

SINTOMAS CHAVE

A
Adultos: sintomas gastrintestinais
→ Diarreia crônica;
→ Perda de peso;
→ Anemia;
→ Distensão abdominal;
→ Fadiga e mal-estar.
→ Intestinais – suspeitar em pacientes dispépticos que não melhoram nunca.
Crianças:
→ Deficiência de crescimento, perda de peso;
→ Vômitos;
→ Diarreia;
→ Dor abdominal recorrente;
→ Perda muscular;
→ Intestino irritável;
→ Hipoproteinemia;
→ Irritabilidade ou infelicidade.
#ATENÇÃO: criança que está sempre com dor de barriga, que sempre chora na hora de comer, “criança sem bundinha e com barriguinha”.
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15
Q

Adultos e Crianças: sintomas não gastrintestinais

A

→ Aftas orais, hipoproteinemia - geralmente quando começa a ir para a escola;
→ Deficiência de ferro/anemia;
→ Dermatite herpetiforme;
→ Neuropatia periférica – por deficiente absorção de vitamina (principalmente do complexo B);
→ Deficiência de ácido fólico;
→ Redução da densidade óssea - paciente jovem com osteopenia e osteoporose;
→ Infertilidade inexplicada – tanto do homem quanto da mulher;
→ Hipertransaminasemia inexplicada.

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16
Q

MANEJO DOENÇA CELÍACA

A

 Dieta livre de glúten para o resto da vida: Proibido comer trigo, centeio, cevada e malte. (sempre encaminhar para nutricionista!!!)
 Pensar nas contaminações.
 Mesmo com a mucosa normal e com o anticorpo negativo NÃO PODE VOLTAR A COMER, irá iniciar toda a sintomática novamente.
 Screening para deficiência de Ácido Fólico e Vit B12 (não se sabe há quanto tempo está sem absorver nutrientes).
 Testes para densidade óssea.
 Suplementação de Vit D e Cálcio para aqueles com osteoporose.
 Screening para familiares de primeiro e segundo grau.

17
Q

Considerar DC em casos de:

A

∙ Deficiência inexplicada de ácido fólico, vit B12 ou ferro;
∙ Hipoalbuminemia – pela má absorção;
∙ Hipertransaminasemia inexplicada – pq elas não são exclusivas do fígado, podem estar no intestino;
∙ Osteoporose ou osteomalácia;
∙ Dor ou distensão abdominal recorrente;
∙ Rash cutâneo.

18
Q

Glúten É PROIBIDO – paciente pode até não sentir nada, mas vai desencadear inflamação se consumir.

Qualquer alimento que não tem especificado no rótulo que não contém glúten, na dúvida não come.

A

TRIGO = farinha, semolina, germe e farelo.
CENTEIO
CEVADA = farinha.
MALTE

Todos os produtos elaborados com os cereais citados acima são proibidos.

 Importante falar para o paciente que o Ac negativo não significa cura, só diz que a doença está controlada.

19
Q

Persistência dos sintomas:

A

∙ Ingestão inadvertida de glúten (contaminação - a mais comum);
∙ Diagnóstico errado – pode acontecer, daí pensa em outras intolerâncias;
∙ Intolerância à lactose ou frutose (secundária) – DC pode fazer intolerância secundária a lactose, pq a primeira que perde é a lactase, que está no topo;
∙ Outras intolerâncias alimentares;
∙ Insuficiência pancreática;
∙ Colite microscópica;
∙ Translocação bacteriana;

20
Q

Persistência dos sintomas:

A

∙ Colite colagenosa ou espru colagenosos;
∙ Síndrome do intestino irritável;
∙ Jejunite ulcerativa (inflamação do jejuno com úlceras, que leva muito tempo para cicatrizar);
∙ Enteropatia associada ao linfoma de céls T (demora do diagnóstico);
∙ DC refratária (fica muito tempo com a atrofia que só a dieta não está resolvendo).

21
Q

DOENÇA CELÍACA REFRATÁRIA

A

Azatioprina → diminuir a reação antígeno-anticorpo.

 Pacientes com persistência dos sintomas, atrofia vilosa e falta de resposta à dieta sem glúten.
 Já está tão avançada que só a dieta não é mais capaz de fazer regredir.
 É considerada uma forma leve do linfoma intra-epitelial. Deve ser considerada em pacientes com diagnóstico acima dos 50 anos.
 Além da dieta sem glúten usa corticoide e imunossupressor nesse caso de DC refratária.

 Manejo: corticoide e/ou imunossupressor + dieta s/ glúten.