Visão Flashcards
Como define Olho?
O olho é o conjunto do globo ocular e do nervo óptico, ao qual estão anexos outros conjuntos de estruturas (ex: aparelhos palpebral e lacrimal) localizadas no interior das cavidades orbitárias.
Globo Ocular
O globo ocular é irregularmente esférico, já que na sua porção anterior apresenta uma pequena saliência em segmento de esfera. Apresenta um eixo ântero-posterior que une os pólos anterior e posterior, e um equador, perpendicular ao eixo AP, a igual distância dos 2 pólos, que divide o olho em hemisférios anterior e posterior. Os meridianos são círculos paralelos ao eixo AP, que passam nos 2 pólos. O globo ocular encontra-se na região anterior da cavidade orbitária, transpondo-a ligeiramente para a frente, relacionando-se com as pálpebras. Está mais próximo da parede lateral da cavidade do que das restantes, no entanto está separado de todas elas por tecido adiposo e pelos músculos extrínsecos do olho. Os eixos AP dos 2 olhos são paralelos e os eixos das cavidades orbitárias formam um ângulo de 45º e o ângulo entre o eixo do olho e o da respetiva cavidade é 23º.
O globo ocular é constituído por 3 túnicas concêntricas:
Membrana Externa ou Fibrosa (esclerótica + córnea);
Membrana Média, Músculo-Vascular ou Úvea (coróideia + zona ciliar + íris);
Membrana Interna ou Nervosa (retina).
Estas 3 túnicas dispõem-se em torno da cavidade do globo ocular, sendo esta cavidade preenchida pelos meios transparentes do olho:
Cristalino, posteriormente à íris;
Humor Aquoso, entre a córnea, anteriormente, e o cristalino, posteriormente;
Corpo Vítreo, posteriormente ao cristalino, até à retina.
Membrana Fibrosa
A membrana fibrosa é o conjunto de estruturas que formam o esqueleto do globo ocular que, quando túrgido devido à pressão intraocular, dá forma globo ocular. É muito resistente e pouco extensível, sendo constituída por 2 porções, a esclerótica e a córnea.
Esclerótica
A esclerótica é resistente e inextensível, constituindo os 5/6 posteriores da membrana fibrosa. A sua superfície externa é lisa, branca e opaca, impedindo a entrada de luz no globo ocular senão pela córnea e pupila. Apresenta, também, as inserções tendinosas dos músculos extraoculares e adere à fáscia que reveste o globo ocular. Anteriormente e na periferia da córnea, é revestida por conjuntiva, que se reflete para a face posterior das pálpebras. A esclerótica funciona como uma túnica de passagem a estruturas que suprem as porções mais profundas do globo ocular. Assim, apresenta vários foramens:
• Foramens posteriores são os do nervo óptico (ínfero-medialmente ao pólo posterior do globo ocular) e dos vasos e nervos ciliares (curtos e longos). No ponto de emergência do II par, a esclerótica divide-se em 2 camadas: a camada externa, que se projeta para trás e se continua com a dura-máter que reveste o II par; e a camada interna que se especializa e forma a lamina crivosa da esclerótica. Esta lamina é atravessada por vários foramens que dão passagem a vários fascículos do II par e, numa região mais central, aos vasos centrais da retina. Depois existem outros foramens mais periféricos correspondentes aos vasos e nervos ciliares (curtos e longos). A lamina crivosa é a região menos resistente da esclerótica, sendo que sobressaí em situações de pressão intraocular aumentada (ex: glaucoma) ;
• Foramens da zona equatorial 4 veias vorticosas;
• Foramens anteriores situam-se em torno da córnea, onde dão passagem aos vasos ciliares anteriores.
A superfície interna da esclerótica encontra-se unida à túnica músculo-vascular através de uma membrana fibrosa e laxa, rica em pigmentos, a lamina fusca (acastanhada). Esta divide-se em lamina supracoróideia na região em que faz a união da esclerótica à coroideia e lamina supraciliar quando faz a união ao corpo ciliar.
Córnea
A córnea é o segmento da membrana fibrosa que se situa anteriormente à esclerótica. É arredondada, transparente e representa um segmento de esfera cujo diâmetro médio é de 11,5 mm (10 – 13 mm), sendo que uma microcórnea tem um diâmetro inferior a 10 mm, e uma megalocórnea tem um diâmetro entre os 13 – 15 mm. Tem 2 superfícies lisas, uma anterior e convexa, e outra posterior e côncava. A córnea é AVASCULAR, sendo nutrida através do humor aquoso da câmara anterior do olho, da camada lacrimal (o meio com maior poder refratário do olho) que a recobre, e pelos vasos ao nível do limbo-esclero-corneano. Este limbo é a região de transição entre a esclerótica e a córnea. Esta é uma zona talhada em bisel, onde existem vários loops capilares (irrigação da córnea). É atrás desta zona que se encontra o Canal de Schlemm. Na região mais profunda do limbo esclero-corneano encontra-se uma rede de fibrilhas conjuntivas que formam o Sistema Trabecular e o Ligamento Pectíneo. Este ligamento faz a separação entre o canal de Schlemm e a câmara anterior.
Humor Aquoso
O humor aquoso escorre da câmara anterior, através dos espaços entre os feixes do sistema trabecular, para as lacunas perivasculares que envolvem o canal de Schlemm, acabando por drenar para este canal e para as veias ciliares anteriores. A córnea não tem vasos sanguíneos nem linfáticos.A esclerótica é irrigada pelas artérias ciliares curtas posteriores e artérias ciliares anteriores. A drenagem faz-se para as veias coroideias (posteriormente) e para as veias ciliares anteriores (anteriormente). A esclerótica não tem linfáticos.A inervação de ambos é feita pelos nervos ciliares (provenientes do nervo nasociliar, da divisão V1 do trigémeo).
Membrana Músculo-Vascular
A membrana músculo-vascular situa-se profundamente à membrana fibrosa, aplicando-se sobre a face profunda da esclerótica em quase toda a sua extensão. À frente do nível do limbo esclero-corneano dirige-se para o eixo AP do olho, paralelamente ao equador. Esta membrana é constituída por 3 segmentos (post ant): a coroideia, o corpo ciliar e a íris (perpendicular ao eixo do olho).
Coroideia
A coroideia situa-se entre a esclerótica e a retina, nos 2/3 posteriores do globo ocular. É essencialmente constituída por vasos e tem 2 superfícies:
Superfície externa é castanha e está aplicada na face interna da esclerótica através da lâmina fusca, de vasos e nervos;
Superfície interna é lisa e negra, estando relacionada com a retina.
A coroideia é perfurada pelo orifício do nervo óptico (orifício posterior), na continuação do orifício posterior da esclerótica. Alguns feixes de tecido conjuntivo das camadas mais superficiais da coroideia entram no nervo óptico e constituem o plano mais anterior da lâmina crivada. O limite anterior da coroideia é uma linha circular e sinuosa, a Ora Serrata, onde a coroideia se continua com o Corpo Ciliar.
Corpo Ciliar
O corpo ciliar é um espessamento da membrana média que se situa entre a coroideia e a íris, posteriormente ao limbo esclero-corneano. Tem a forma de anel que vai ficando mais espesso de trás para a frente e, em corte transversal, é um triângulo com um vértice na ora serrata e base virada para o eixo do olho. Assim, apresenta 3 faces: a face lateral (aplicada na esclerótica) e as faces póstero-medial e ântero-medial. Ao nível da face póstero-medial destacam-se 2 zonas :
Anterior ou Corona Ciliaris Forma um disco radiado, em que cada raio é um processo ciliar (produzem o humor aquoso), separados por sulcos que são os vales ciliares;
Posterior ou Orbiculus Ciliaris Faz a continuação, para trás, da Corona Ciliaris.
Quanto à face ântero-medial, na periferia, confunde-se com o sistema trabecular e com a grande circunferência da íris. Atrás da íris estão as extremidades anteriores dos processos ciliares. Para além disto, temos que o corpo ciliar é constituído por 2 partes:
Músculo Ciliar: constituído por fibras musculares lisas (na maior parte ântero-posteriores) e fibras anelares - Músculo de Rouget (na parte interna do músculo), estando localizado na porção ântero-lateral, sendo que num corte sagital tem forma triangular, logo 3 faces:
• Face ântero-lateral – sobre a esclerótica; • Face posterior – corresponde ao orbiculus ciliaris; • Face medial – olha para o eixo do olho e está na continuação dos processos ciliares.
Processos ciliares: estes produzem o humor aquoso e são constituídos por nódulos vasculares envolvidos por tecido conjuntivo laxo. Abaixo do orbiculus ciliaris existe uma camada de vasos que ligam os vasos coroideus a estes nódulos vasculares.
Íris
É a porção mais anterior da membrana músculo-vascular. É como um diafragma circular, anterior ao cristalino, cujo centro tem um orifício, a pupila. Tem 2 faces (anterior e posterior), um bordo periférico (grande circunferência) e a pupila (pequena circunferência). A face anterior é ligeiramente convexa e de cor variável. Apresenta algumas saliências semicilíndricas (de direção radial - que vão da pupila à grande circunferência) devido aos vasos que suporta. A face posterior é ligeiramente côncava, relacionando-se com o cristalino e com os processos ciliares através da câmara posterior. A grande circunferência é fixa e tem continuação com a porção anterior do corpo ciliar. Juntamente com o limbo esclero-corneano faz um sulco circular ângulo íridio-corneano. A íris tem fibras musculares lisas dispostas num plano circular anterior, o músculo constritor da pupila, e num plano posterior, o músculo dilatador da pupila. Assim, a íris faz a miose ou midríase da pupila regulação do fluxo luminoso.
VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DA MEMBRANA MÚSCULO-VASCULAR
Artérias: Artérias ciliares curtas − ramos da artéria oftálmica que atravessam a esclerótica e se ramificam na coroideia até à ora serrata;
Artérias ciliares longas − 2 ramos da artéria oftálmica que se dirigem para a frente, entre a esclerótica e a coroideia, até ao bordo periférico da íris. Aí, cada uma delas vai originar 2 ramos (um ascendente e um descendente) que se anastomosam com o respetivo ramo do lado oposto e formam o grande círculo arterial da íris. Deste círculo nascem:
Ramos irídios – Vão para a pupila, onde formam o pequeno círculo arterial; Ramos ciliares – Vão par o corpo ciliar (músculo e processos);
Ramos coroideus recorrentes – Dirigem-se para trás e anastomosam-se com vasos coroideus ao nível da ora serrata;
Artérias ciliares anteriores – ramos das artérias musculares que atravessam a esclerótica e, próximo da córnea, lançam-se no grande círculo arterial da íris.
Veias − à exceção de algumas vénulas dos músculos ciliares que drenam para a veia ciliar anterior, todas drenam para as veias coroideias que vão originar 4 troncos venosos, 2 superiores e 2 inferiores, que constituem as veias vorticosas e que, por fim, se lançam nas veias oftálmicas;
Linfáticos e Nervos – Quanto aos linfáticos, estes não existem, uma vez que a linfa circula nas lacunas pericelulares e perivasculares.
Os nervos provém do gânglio oftálmico e do nervo nasal através dos nervos ciliares.
Retina
A retina é a membrana mais interna do globo ocular. É um neuroepitélio que reveste o globo ocular, internamente à membrana músculo-vascular, posteriormente à íris. Devido a uma alteração brusca de espessura e estrutura ao nível da ora serrata, esta membrana está dividida em 2 partes:
Anterior ou Retina ciliar −constituída por 2 camadas epiteliais sobrepostas que recobrem as faces ântero e póstero-mediais do corpo ciliar e a face posterior da íris;
Posterior ou Retina propriamente dita −membrana sensorial, fina, transparente e rosada. Tem 2 faces:
• Face externa – Aplicada, sem aderir, na coroideia;
• Face interna – Está em contacto com o corpo vítreo, mas não adere. Distinguem-se 2 zonas
Papila ótica – É uma mancha circular (ligeiramente à frente do orifício do nervo óptico) que constitui o ponto de convergência das fibras ópticas da retina que se unem para formar o nervo óptico. É também o ponto de entrada da artéria central da retina. Corresponde ao ponto cego da retina por não apresentar fotorrecetores;
Fóvea central e a macula lútea – A mácula lútea é uma região da retina que se encontra perto do pólo posterior do globo ocular caraterizada por apresentar uma cor amarela muito caraterística. Nesta, encontra-se uma região onde as camadas da retina de afastam apara expor os fotorrecetores (maior acuidade visual). Esta região de maior exposição é a fóvea central.
Funcional:
A retina é o neuroepitélio que reveste o interior do globo ocular, posteriormente à íris. Na retina localizam-se os fotorrecetores, onde a luz é focada pela córnea e cristalino FOTOTRANSDUÇÃO. Mas, antes de os atingir, a luz atravessa as outras camadas da retina, uma vez que os fotorreceptores se encontram na porção posterior do globo ocular, à frente do epitélio pigmentado (contém melanina que absorve a luz não captada pela retina, impedindo a sua reflexão e difusão exagerada no interior do olho impede um overload luminoso em locais muito iluminados // isto não acontece nos albinos não produzem melanina). Isto leva a que a luz, nas regiões mais periféricas da retina, atravesse estas camadas menor acuidade visual. No entanto, na fóvea central, todas as camadas da retina são afastadas para expor os fotorrecetores maior acuidade visual. Considerando a disposição dos neurónios da retina, dividimo-la em 3 camadas (fora dentro): fotorreceptores (1º neurónio), células bipolares (2º neurónio) e as células ganglionares (3º neurónio), cujos axónios dão origem ao nervo óptico (amielínicos). No entanto, existem outras células na retina (interneurónios): células amácrinas e horizontais.
Vascularização da Retina
Artéria central da retina Ramo da artéria oftálmica que entra no globo ocular seguindo o eixo do nervo óptico, passa na papila e dá 2 ramos, um ascendente e um descendente, que se ramificam até à ora serrata;
Veias São satélites das artérias e reúnem-se para formar a veia centrar da retina.
Embriologia da Retina
Os recetores visuais, assim como os neurónios I, II e III da via óptica, localizam-se na retina. Embriologicamente, a retina forma-se a partir de uma evaginação do diencéfalo primitivo, a vesícula óptica, que, por um processo de invaginação, transforma-se no cálice óptico, com parede dupla. A camada externa do cálice origina a camada pigmentar da retina. A camada interna do cálice dá origem à camada nervosa da retina, onde se diferenciam os 3 primeiros neurónios (I, II e III) da via óptica.
Circuito Nervoso da Retina
A mácula corresponde à área da retina onde a visão é mais distinta. Os movimentos reflexos do globo ocular fixam sobre as máculas a imagem dos objetos no campo visual. A visão nas partes periféricas não maculares da retina é pouco nítida e a perceção das cores é precária. A estrutura da retina é extremamente complexa, distinguindo-se 10 camadas, uma das quais é a camada pigmentar, situada externamente. O estudo das 9 camadas restantes pode ser simplificado consoante a disposição dos neurónios retinianos 3 camadas que correspondem aos neurónios I, II e III da via óptica, de fora para dentro: os fotorrecetores, as células bipolares e as células ganglionares. As células fotossensíveis são de 2 tipos: células de cone e células de bastonete. Os raios luminosos que incidem sobre a refina devem atravessar as 9 camadas internas para atingir os cones ou bastonetes. Existem 3 tipos de cones, sendo cada um deles sensível a uma faixa diferente do espetro luminoso, e o cérebro obtém informação sobre a cor ao analisar a resposta à ativação desses 3 tipos de cones.
A camada nuclear externa contém os corpos celulares das células dos cones e bastonetes.
O epitélio pigmentar faz a troca bidirecional de vitamina A com os cones e bastonetes.