Pares Cranianos Flashcards
Classifique o III
O nervo oculomotor é exclusivamente motor mas tem fibras tanto eferentes somáticas como eferentes viscerais (relacionados com a sua função parassimpática).
Este nervo possui então 3 núcleos, localizados ao nível dos colículos superiores no mesencéfalo. São eles o núcleo motor principal, o núcleo parassimpático acessório (mais conhecido por núcleo de Edinger-Westphal) e o núcleo de Perlia
Quais os núcleos do III
Podemo-nos referir aos nucleos do III par como o Complexo nuclear do oculomotor
•Núcleo do oculomotor (nucleo motor principal)
•Núcleo de Edinger-Westphal
•Núcleo de Perlia
Descreva o Núcleo do Oculomotor
O núcleo do oculomotor corresponde à maior porção e mais lateral do complexo nuclear do oculomotor. Este núcleo é responsável pela inervação motora somática dos músculos extraoculares à exceção do oblíquo superior e do reto lateral (inerva portanto o levator palpebrae superioris e reto superior através do ramo superior do nervo oculomotor e o reto inferior, reto medial e oblíquo inferior através do ramo inferior do nervo oculomotor).
Em relação à organização dos subnúcleos dentro do núcleo do oculomotor é de referir que existe um subnúcleo para cada um dos 5 músculos inervados. De superior/rostral para inferior/caudal, começa-se por observar ao nível do 1/3 superior: o subnúcleo do reto inferior (acompanhado do núcleo de Edinger-Westphal que é mais medial). Já no 1/3 médio observa-se além destes o subnúcleo do reto superior (este é o único destes subnúcleos que supre músculos contralaterais, todos os outros núcleos suprem músculos ipsilaterais). No 1/3 inferior juntam-se a estes o núcleo do levator palpebrae superioris (este é um núcleo ímpar e, portanto irá suprir ambos os levator palpebrae superioris), oblíquo inferior e reto medial.
Uma lesão deste núcleo na sua porção mais superior pode causar, como tal, uma parésia isolada do músculos reto inferior ipsilateral, com ou sem anormalidades pupilares (consoante exista afeção do núcleo de Edinger Westphal). Já uma lesão um pouco mais inferior, ao nível do 1/3 médio do núcleo pode causar uma parésia do músculo reto inferior ipsilateral e do reto superior contralateral.
Descreva o núcleo de Edinger-Westphal
O núcleo de Edinger-Westphal corresponde à menor porção e mais medial do complexo nuclear do oculomotor. Este núcleo é responsável pela inervação motora visceral dos músculos ciliares e dos músculos constritores/esfíncteres da pupila. Os axónios deste núcleo (fibras parassimpáticas pré-ganglionares) acompanham os provenientes do núcleo do oculomotor até à órbita, separando-se depois para atingir o gânglio ciliar, onde sinapsam. Daqui partem nervos ciliares curtos para os músculos já referidos.
Este núcleo apresenta um papel ao nível do reflexo de acomodação, convergência e constrição pupilar, recebendo as aferências provenientes da Área Pré-Tectal e enviando eferências para os músculos ciliares (mediando a acomodação), músculos constritores da pupila (mediando a constrição pupilar) e para os núcleos dos oculomotores, mais propriamente para os subnúcleos dos retos mediais ou para os Núcleos de Perlia (mediando a convergência pupilar).
No nervo oculomotor, as fibras parassimpáticas situam-se mais superficialmente que as motoras somáticas (que se apresentam numa posição mais profunda). Como tal, isto terá implicações ao nível da clínica:
•As fibras parassimpáticas, sendo mais superficiais estão mais suscetíveis a compressão extrínseca por massas extraneurais (ex: aneurisma da artéria comunicante posterior), podendo permanecer as fibras motoras somáticas preservadas.
•As fibras motoras somáticas, ocupando uma posição mais central e, considerando que os vasos sanguíneos ocupam uma posição periférica em relação ao nervo oculomotor, são as principais afetadas no caso de doença vascular isquémica (o sangue tem muito mais dificuldade a atingir a porção central do nervo do que a sua superfície), como a provocada pela diabetes tipo II.
Descreva o Núcleo de Perlia
Núcleo de PERLIA: A existência deste núcleo é variável e a sua importância debatível. Verificou-se em estudos com ratos a sua presença e papel no reflexo de convergência, recebendo fibras provenientes da Área Pré-Tectal ou do Núcleo de Edinger-Westphal e influenciando os subnúcleos do reto medial. No caso do humano, já se verificou em diversos casos a sua presença, no entanto não foi possível associar ao papel descrito, permanecendo uma incógnita a sua função. Num estudo de 2014 delimitaram-se os grupos nucleares e subnúcleos do complexo nuclear oculomotor (a figura mostra esses mesmos núcleos de superior para inferior - de D para A - e detetou-se um núcleo de Perlia numa posição intermédia, verificou-se também que o núcleo do reto medial poderá ocupar uma posição mais superior do que a prevista anteriormente – em que apenas surgia ao nível do 1/3 inferior do núcleo). Houve um estudo em que se observou observou-se a existência de motoneurónios para o músculo reto superior ao nível do Núcleo de Perlia, o que sugere um papel no movimento dos olhos para cima, contrariamente ao que se tinha observado para os ratos (em que se tinha postulado existir um papel no reflexo da convergência).
Quais os Núcleos Oculomotores Acessórios?
Núcleo intersticial de Cajal – este núcleo encontra-se súpero-lateralmente ao núcleo de Edinger-Westphal e apresenta 2 subpopulações de neurónios: uma relacionada com a integração de movimentos sacádicos oculares no plano vertical; e a outra relacionada com a coordenação oculocefalogira. Este núcleo recebe fibras provenientes do RiMLF e dos núcleos vestibulares e projeta eferências, através da comissura branca posterior, para os núcleos do oculomotor e troclear. Projeta ainda eferências para a medula espinhal através do Feixe Longitudinal Medial. Este núcleo é responsável pela geração de movimentos no plano vertical à exceção de movimentos sacádicos.
- Núcleo rostral intersticial do Feixe Longitudinal Medial (RiMLF) – este núcleo está localizado superiormente ao núcleo do oculomotor e póstero-medialmente ao núcleo rubro. Contém neurónios responsáveis pela geração de movimentos sacádicos oculares no plano vertical. Este núcleo recebe fibras provenientes do Campo Ocular Frontal, Colículos superiores, Núcleo da Comissura Posterior e Núcleo Fastigioso do cerebelo. Este núcleo envia eferências para os núcleos do oculomotor e troclear, projetando-se simultaneamente para neurónios motores que movem os olhos na mesma direção (ex: oblíquo superior do olho direito e reto inferior do olho esquerdo). Emite ainda fibras para o Núcleo intersticial de Cajal, de modo a ocorrer a integração dos movimentos sacádicos verticais. As fibras que envia para os núcleos elevadores do olhar (reto superior e oblíquo inferior) são bilaterais, enquanto que as enviadas para os músculos depressores do olhar (reto inferior e oblíquo superior) são unilaterais. Como tal, uma lesão deste núcleo tem um maior efeito nos movimentos sacádicos verticais para baixo. Já uma lesão do núcleo intersticial de Cajal tem um maior efeito nos movimentos não sacádicos verticais para cima.
- Núcleo de Darkschewitsch – Localiza-se póstero-lateralmente ao núcleo do oculomotor e emite fibras para o núcleo da comissura posterior
- Núcleo da Comissura Posterior – Localiza-se no interior da comissura posterior, apresentando conexões com os núcleos posteriores do tálamo e com a Área Pré-Tectal.
Descreva o Trajeto do III
O nervo oculomotor emerge ao nível da face anterior do mesencéfalo, no sulco interpeduncular, que separa os pedúnculos cerebrais da substância perfurada anterior. Dirige-se depois anteriormente e atravessa a face lateral do seio cavernoso num desdobramento da dura-máter. Como podemos ver na imagem, vai ser o elemento mais superior na parede lateral do seio. É ao nível da sua emergência que se encontra a pinça do oculomotor, onde o nervo passa entre a artéria cerebral posterior, superiormente, e a artéria cerebelosa superior, inferiormente.
Depois, vai atingir a fissura orbitária superior, onde se divide num ramo superior e num ramo inferior, que depois atravessam o anel de Zinn e se ramificam nos ramos para a inervação do músculo reto superior, músculo reto inferior, o músculo reto medial, o músculo pequeno oblíquo e o músculo elevador da pálpebra superior. Do ramo que inerva o músculo pequeno oblíquo, sai um ramo que irá inervar o gânglio ciliar, que transporta informação do neurónio pré-ganglionar parassimpático com origem ao nível do núcleo de Edinger-Westphal. Este neurónio sinapsa ao nível do gânglio ciliar e daqui sai então o neurónio pós-ganglionar que irá inervar os músculos ciliares e esfíncter da íris.
Descreva a Função do III
Inervação dos músculos reto medial, reto superior, reto inferior, oblíquo inferior e elevador da pálpebra superior (N. MP)
Fibras eferentes para constrição da pupila e para reflexo fotomotor (N. EW)
Fibras eferentes para reflexo de acomodação (N. Perlia)
Descreva o IV, a sua particularidade e o seu trajeto
O nervo troclear é um nervo exclusivamente motor com fibras eferentes somáticas, que é responsável pela inervação exclusivamente do músculo oblíquo superior. Ele possui um núcleo que se localiza no mesencéfalo, ao nível dos colículos inferiores, anteriormente à substância cinzenta periaqueductal, posteriormente ao feixe longitudinal medial e inferiormente ao núcleo motor principal do nervo oculomotor, sendo que existe um núcleo do nervo troclear de cada lado da linha média.
Tal como o III par, recebe fibras cortico-nucleares de ambos os hemisférios, fibras teto-bulbares provenientes dos colículos superiores (que o ligam ao córtex visual) e fibras do feixe longitudinal medial, que o liga aos núcleos dos nervos oculomotor, abducente e vestibular.
As suas fibras eferentes têm um pormenor interessante. Depois de saírem do núcleo, as fibras contornam a substância cinzenta periaquedutal e o Aqueduto de Sylvius, dirigindo-se primeiro lateral e posteriormente e depois medialmente. Ao alcançarem a face posterior do mesencéfalo, estas fibras decussam totalmente ao nível do véu medular superior (válvula de Vieussens), juntamente com o nervo troclear contralateral (ou seja, trocam tornam-se contralaterais à sua origem) e, desta forma, abandonam o mesencéfalo ao nível da sua face posterior, inferiormente aos colículos inferiores.
Vai depois contornar o mesencéfalo pelas suas faces laterais e anteriormente, atinge o seio cavernoso. Aqui, desloca-se inferiormente ao nervo oculomotor (III par), na parede lateral do seio cavernoso.
Este nervo tem então 2 particularidades: a primeira é que é o único par craniano que emerge na face dorsal do encéfalo; a segunda é que o nervo troclear direito, que provém do núcleo troclear direito, vai inervar o músculo oblíquo superior esquerdo, e vice-versa. Isto acontece devido à decussação que já falei anteriormente.
Ao nível da fissura orbitária superior, vai passar por fora do anel tendinoso comum. Mnemónica para nervos que passam na fissura orbitária superior por fora do anel tendinoso comum: Lágrima na Fronte Patética
Ao atingir a cavidade orbitária, dirige-se então para o músculo oblíquo superior.
Descreva o VI, desde a sua origem, trajeto e função
O nervo abducente é, também, um nervo exclusivamente motor com fibras eferentes somáticas, sendo responsável pela inervação de um único músculo: o músculo reto lateral.
Este nervo possui um único núcleo que se localiza na protuberância, na metade superior do pavimento do IV ventrículo, ao nível do colículo facial. As fibras do nervo facial (VII par) circundam o núcleo do nervo abducente (VI par) de medial para lateral, sendo este trajeto responsável pela formação da eminência mediana de Teres ou mais conhecido por colículo facial.
O núcleo do nervo abducente recebe fibras cortico-nucleares aferentes dos dois hemisférios, fibras do trato tetobulbar provenientes dos colículos superiores (a partir do qual se conecta ao córtex visual) e fibras do feixe longitudinal medial, através do qual se conecta aos núcleos dos nervos oculomotor, troclear e vestibular.
As fibras provenientes do núcleo do nervo abducente (VI par) vão se dirigir anterior e medialmente, passando medialmente ao trato central tegmental e emergindo ao nível do sulco bulbo-proteburancial… sendo o nervo mais medial de todos os que deste sulco emergem.
Dirige-se depois anteriormente e passa no canal de dorello, que é um canal ósseo que vai do ápex petroso até ao ligamento de Gruber. Devido a esta passagem na base do crânio, o nervo abducente é muitas vezes lesado em traumatismos cranianos que afetem a base. Continuando o seu percurso, passa no seio cavernoso mas com uma diferença importante relativamente aos outros pares: é que ele caminha no interior do seio cavernoso propriamente dito, em íntima relação com a artéria carótida interna. Isto significa que se houver, por exemplo, um aneurisma nesta artéria, o primeiro nervo a ser afetado será o nervo abducente, evoluindo depois para um estrabismo convergente.
Ao nível da fissura orbitária superior, ele vai passar por dentro do anel tendinoso comum. Ao atingir a cavidade orbitária, dirige-se para o músculo respetivo que inerva: o reto lateral.
Descreva os eixos dos movimentos oculares
Relativamente aos movimentos oculares, vamos ter movimentos em 3 eixos diferentes:
Um eixo horizontal, que permite movimentos de elevação e depressão (olhar para cima e para baixo. Usam os músculos reto superior e reto inferior isoladamente, respetivamente);
Um eixo vertical, que permite movimentos de abdução e adução (olhar para um lado e para o outro. Usam os músculos reto lateral e reto medial, respetivamente, de forma isolada)
Um eixo posterior, que atravessa a pupila até ao fundo da órbita, que permite movimentos de eversão e inversão. Estes movimentos são um pouco difíceis de compreender de forma isolada mas se pensarem, quando fazemos a flexão lateral do pescoço e mantemos o olhar fixo, é precisamente neste eixo que os nossos olhos se movimentam para que mantenhamos o olhar no horizonte.
Descreva a ação dos vários músculos extraoculares
Posição primária do olhar:
- Reto superior – olhar para cima
- Reto inferior – olhar para baixo
- Reto Externo – abdução
- Reto Interno – adução
- Oblíquo superior – olhar para baixo e para fora (rotação interna) → o “para fora” é uma acção acção não chega “efectivamente a acontecer” no seu extremo outros músculos contraem e diminuem a amplitude do movimento de rotação (pensar por ex no recto medial a contrair!), mas na teoria o movimento de rotação no seu extremo daria para isso
- Oblíquo inferior – olhar para cima e para fora (rotação externa) → o “para fora” é uma acção acção não chega “efectivamente a acontecer” no seu extremo outros músculos contraem e diminuem a amplitude do movimento de rotação (pensar por ex no recto medial a contrair !), mas na teoria o movimento de rotação no seu extremo daria para isso
- Posição Extrema Lateral do Olhar:
- Reto Superior – levantador puro
- Reto Inferior – abaixador puro
Posição Extrema Medial do Olhar:
- Oblíquo Superior – abaixador puro»_space; DAÍ SER AVALIADO PELA TÉCNICA DO H
- Oblíquo Inferior – Levantador puro
Descreva as Lesões dos Nervos Oculomotores
Estrabismo convergente ou esotropia - lesão do abducente (IV)
Troclear (IV) - estrabismo convergente e superior. Posição compensatória da cabeça → a cabeça inclina para o lado CL à lesão e a diplopia surge quando inclinamos a cabeça para o lado da lesão!
Movimentos que agravam a diplopia da parésia do IV par (aumentam o desvio ocular):
- inclinação da cabeça para o lado homolateral à lesão
- virar a cara para o lado CL da lesão
- infraversão do olhar
Oculomotor - ptose palpebral, midríase e estrabismo divergente ou exotropia (down and out syndrome) → só temos diplopia quando a parésia é INCOMPLETA (ou seja quando não vai afectar o ramo que inerva o elevador da pálpebra superior, porque nesse caso a pálpebra cai e não há diplopia porque apenas um dos olhos é que está a ver!)
Descreva a composição e função do V
O nervo trigémio é o maior nervo craniano. Como sabem, é um nervo misto, portanto tem uma componente motora e sensitiva, sendo constituído por 2 raízes: uma raiz motora e outra sensitiva.
A raiz motora transporta fibras eferentes para os músculos da mastigação, m. tensor do tímpano, tensor do véu do palato, milohioideu e ventre ant do digástrico.
A raiz sensitiva, por sua vez, transporta as fibras aferentes somáticas gerais da sensibilidade da pele da face, das órbitas, cavidades nasais e cav bucal. As duas raízes emergem da protuberância no limite entre a face anterior e lateral desta, ao nível dos pedúnculos cerebelosos médios. A raiz sensitiva, de maior tamanho, abandona a protuberância mais lateralmente enquanto a raiz motora, mais pequena se posiciona medialmente. Do interior para o exterior da protuberância as fibras dirigem-se para a frente e para fora
Descreva o Trajeto do V desde que abandona o TC
O nervo segue para a frente, deixando a fossa craniana posterior, e repousa sobre a face superior do ápice da parte petrosa do osso temporal na fossa média do crânio. A grande raiz sensitiva expande-se formando o gânglio trigeminal em forma de crescente, que se localiza dentro de uma bolsa da dura-máter denominada cavidade trigeminal ou de Meckel
Ao nível da margem anterior do gânglio de Gasser, o V divide-se em três ramos principais, o N. oftálmico (V1), que se dirige para a órbita a partir da fissura orbitária superior, o N. maxilar (V2), que se dirige para a fossa pterigopalatina pelo foramen redondo, e o N. mandibular (V3), o único com a componente motora, que se dirige para a base do crânio pelo foramen oval.
Quais os núcleos do V?
O trigémio emerge de 4 núcleos, dos quais 3 são sensitivos e 1 é motor. Núcleo sensitivo Principal N. espinhal do trigémio N. mesencefálico núcleo motor
Descreva o Núcleo Sensitivo Principal do V
O Núcleo sensitivo Principal encontra-se na porção posterior da protuberância, lateralemente ao n. motor. Continua-se inferiormente com o núcleo espinhal e superiormente com o núcleo mesencefálico.
o grande local de recepção do tacto epicritico e vibração, mas também pode receber protopático e pressão e propioceção consciente
Descreva o Núcleo Espinhal do Trigémio
O N. espinhal do trigémio estende-se desde a protuberância continuando pelo bulbo, ocupa grande parte do seu espaço no bulbo, terminando no 2º segmento cervical da medula espinhal onde se funde com a subs gelatinosa de Rolando desse segmento.
Este recebe todas as modalidades sensitivas destes pares cranianos no que toca a cabeça e pescoço. Ou seja, recebe sensibilidade termo-álgica e grande parte do tacto protopático + pressão. Recebe aferências dos nervos facial, glossofaríngeo e vago, responsáveis pela sensibilidade térmico-álgica do pavilhão auricular e canal auditivo externo. Pelo que considera-se que este núcleo também pertence aos núcleos do vago e glossofaríngeo
Descreva o Núcleo Mesencefálico do V
O N. mesencefálico encontra-se no mesencéfalo, na porção lat da substância cinzenta que envolve o aqueduto de Sylvius. Estende se inf até à protuberância onde encontra o n- sensitivo principal. Este núcleo recebe fibras proprioceptivas dos m. mastigadores, extra oculares, mímica, palato, ATM e dos dentes. Dá-nos a informação da posição da mandíbula e da força de mordedura. Este núcleo tem uma particularidade, que é o facto de ser o único núcleo sensitivo que contém no seu interior o corpo celular do I neurónio (todos os outros tem a origem real fora pq falamos de sensibilidade)
Descreva o Núcleo Motor do V
O núcleo motor encontra-se na protuberância, medialmente ao n. sensitivo principal. As fibras eferentes motoras deste núcleo deixam a protuberância medialmente à raiz sensitiva, passam o G. Gasser infero-medialmente para se juntar à divisão mandibular do trigémio.
Descreva a Via Trigeminal
A via trigeminal do tacto protopático + pressão, tato epicrítico e vibração e termo-álgica:
A sensibilidade somática geral da cabeça é conduzida ao TC pelos nervos V, VII, IX, X. Sendo que daqui o mais importante é o trigémio visto que os outros apenas inervam um pequeno território no pavilhão auricular e meato acústico externo.
Ora, o corpo celular do 1º neurónio está ao nível dos gg sensitivos anexos a estes nervos– gg de Gasser do V, gg geniculado do VII, gg superior do IX e superior do X.
O primeiro neurónio é pseudounipolar, tendo então um prolongamento periférico e um prolongamento central.
O prolongamento periférico recebe as sensações de dor, temperatura, tatos epicrítico e protopático da pele e mucosas da face.
O prolongamento central do I neurónio vai entrar no TC para sinapsar com o segundo neurónio.
Onde está o 2º neurónio? Está no núcleo espinhal e no núcleo sensitivo principal do trigemio.
É importante saberem que quando os prolongamentos centrais do I neurónio entram no tronco para sinapsar com o 2º neurónio, metade das fibras dividem-se em ramos ascendentes e descendentes; e as demais ascendem ou descendem sem divisão. Os ramos ascendentes terminam no núcleo sensitivo principal, e os ramos descendentes terminam no núcleo espinal.
Ora, existe “somatotopia” relativa ao tipo de informação que chega a cada um dos núcleos, isto porque:
> o núcleo sensitivo principal é considerado o grande local de recepção do tacto epicritico e vibração, mas também pode receber informação do tato protopático e pressão!
> o núcleo espinhal do trigemio recebe a sensibilidade termo-algica e grande parte do tacto protopático e pressão.
As fibras que chegam ao n. Espinhal apresentam uma organização específica que curiosamente é invertida em relação à disposição das fibras à chegada ao G. De Gasser As fibras sensitivas da divisão oftálmica do nervo trigémio terminam na parte inferior do núcleo espinal; as fibras da divisão maxilar terminam na parte intermédia do núcleo espinal; e as fibras da divisão mandibular terminam na parte superior do núcleo espinal. Esta inversão deve-se a uma rotação interna da raiz sensitiva quando esta penetra no tronco cerebral.
Dos núcleos espinhal do trigemio e sensitivo principal formam-se os tractos trigeminotalamicos dorsal e ventral.
- Mais concretamente, do núcleo espinhal do trigemio parte o axónio do 2ºneuronio que decussa ao longo do seu trajecto para formar o tracto trigemino-talamico ventral. Este ascende enquanto tracto até à porção cranial da ponte, onde recebe os 2os neurónios do núcleo sensitivo principal do trigemio e ai se forma o lemnisco trigeminal.
Durante o seu percurso, o trato trigeminotalamico ventral envia ramos colaterais para vários núcleos localizados do tronco cerebral (XII, X, IX, VII V para estabelecer reflexos). O tracto trigeminotalamico ventral é o que se considera o grosso do lemnisco, o “verdadeiro” lemnisco, se podemos assim dizer!
- Do núcleo sensitivo principal do trigemio parte o axónio 2º neurónio que pode seguir por duas vias, a que decussa, indo acumular-se nas restantes fibras do tracto trigemino-talamico ventral contralateral, formando o lemnisco!; e a que nao decussa e que constitui o trato trigemio-talamico dorsal que cursa ipsilateralmente até ao talamo ipsilateral.
Relativamente ao tracto trigemino-talamico dorsal não há grandes descrições sobre ele, Há autores que dizem que se junta ao tracto trigemino-talamico ventral, há autores que dizem que não. No fundo, este trato pode ser “negligenciavel” em termos de importância, visto que é o trato ventral que se considera como sendo o verdadeiro lemnisco. No entanto, este trato permite perceber o porquê de se dizer que a area somatoestesica primaria poder receber sensibilidade de ambas as hemifaces.
Por fim, o 3º neurónio. este vai estar localizado no núcleo ventral postero-medial. Daqui vão partir axónios que percorrem o braço posterior da cápsula interna até à a área somatoestesica primária.
RECEPTORES:
- VIA termo-álgica : terminações axonais livres
- Via do tacto protopático e pressão: corpúsculos de Mecker, de Krauss, de Rufiini e Meissner
- Via do tacto epicrítico, sensibilidade vibratória e propiocepção consciente: (propiocepção é órgão tendinosos de golgi, fusos NM), vibração e toque discriminativo – vatter pachini (++ vibração), corpúsculos rufini e meissner - tato
Relativamente, à porção da via trigeminal referente à propocioceção dos músculos da mastigação e dos músculos faciais e extraoculares
- O corpo celular do 1º neurónio está localizado no núcleo mesencefálico do trigémio. O primeiro neurónio é pseudounipolar, tendo então um prolongamento periférico e um prolongamento central. O prolongamento periférico liga-se a fusos neuromusculares presentes nos músculos da mastigação, faciais e extraoculares e a recetores na ATM e nos dentes O prolongamento central vai sinapsar com o 2º neurónio. Algumas fibras levam impulsos propriocetivos inconscientes ao cerebelo
- 2º neurónio está localizado no núcleo motor do V.
Forma-se assim um arco reflexo, neste caso, o arco reflexo monossinaptico da mandíbula. A partir do n. Motor saem as fibras que vão inervar a componente motora do trigémio.
O n. Motor para além de receber fibras do núcleo mesencefálico com informação propioceptiva, recebe também fibras cortico-nucleares de ambos os hemisférios, da formação reticular, dos núcleos rubros, do tectum do mesencéfalo e do feixe longitudinal medial.