Trauma Flashcards
Qual a causa comum de hipotensão no trauma?
Choque hemorrágico é a causa mais comum, outras causas incluem choque cardiogênico, neurogênico e obstrução de retorno venoso
Na hemorragia precoce, quais os mecanismos fisiológicos compensatórios envolvidos?
Reflexos via sistema simpático através de receptores no seio carotídeo e barorreceptores no arco aórtico, podem mascarar a hemorragia precoce e manter normotensão. Esses reflexos levam a um aumento da resistencia periférica por constrição das arteríolas, maior retorno venoso devido venoconstrição e aumento da frequência cardíaca.
Qual diferença entre choque progressivo e o compensado?
O choque compensado sustenta perfusão nos órgãos vitais, estima-se que consiga compesar uma perda de até 15% da volemia. No choque progressivo esses mecanismos começam a falhar. Se não for compensado leva a necrose da célula, acidose e morte.
O que é a coagulopatia aguda do trauma?
É caracterizada por deficiência de fatores de coagulação, hiperfibrinólise e disfunção plaquetária. A hipoperfusão dos tecidos leva a uma interação complexa entre os fatores inflamatórios, disfunção celular e fatores anti-coagulantes. Pode ser exacerbada por iatrogenia devido ressucitação, que leva a hemodiluição, hipocalcemia, hipotermia e acidose. Esses processos tem retroalimentação positiva.
Quais as informações com relação a lesão do paciente são fornecidas ao PS antes da chegada do paciente?
Quais as lesões, mecanismo de lesão, sinais vitais, Escala de Coma de Glasgow, quais tratamentos foram feitos e qual a respoata a eles.
Quais são algumas lesões ou indicações em pacientes traumatizados que podem sugerir necessidade de IOT?
Trauma maxilofacial, instabilidade hemodinâmica grave, saturação baixa, queimadures, TCE e estado mental alterado
Que fatores podem fazer reduzir a eficácia da pré-oxigenação em pacientes traumatizados?
Presença de lesões em tórax e doenças pulmonares pré-existentes( decúbito reduz capacidade residual funcional)
Por que as doses de indução anestésica devem ser reduzidas em pacientes traumatizados instáveis?
Os efeitos hemodinâmicos dessas medicações nos pacientes traumatizados instáveis são aumentados devido redução de volume intravascular e excesso de estimulação simpática por causa da dor. Além disso, no choque a maior parte do sangue é desviado para órgãos vitais causando uma redução relativa no volume de distribuição.
Quais são as 3 fases de ressucitação no trauma grave?
Fase 1 é a hemorragia não controlada e potencialmente fatal, o objetivo é manter a perfusão dos órgãos vitais e oxigenação, além de parar o sangramento.
A fase 2 é uma hemorragia contínua sob controle cirurgico parcial que é potencialmente fatal de imediato.
A fase 3 é a hemorragia sob controle e o objetivo é restaurar a fisiologia do paciente.
Como a fase 1 da hemorragia pode ser manejada?
O objetivo é parar o sangramento o mais rápido possível. Deve-se controlar vias aéreas com FiO2 100%, acesso venoso de grosso calibre, instituição da ressuscitação com controle de danos e transfusão maciça. Considerar a administração de emergência de sangue não-compatível e o uso mínimo de cristalóides e coloides. Administração de cloreto de cálcio a uma dose de 1g a cada 3 produtos sanguíneos.
Qual o objetivo do protocolo de transfusão maciça? Que tipos e quantidades de produtos devem ser administrados?
Facilitar a comunicação, otimizar o tempo de resposta do banco de sangue e minimizar erros. Inicialmente devem se concentrar em uma razão de 1:1:1 de hemácias, plasma fresco congelado e plaquetas. Isso restaura a capacidade de carregar oxigênio e formar coágulos.
O que é a ressuscitação com controle de danos e quais são seus princípios?
Estratégia usada durante hemorragia descontrolada potencialmente fatal. Os principios são hipotensão permissiva, alcance da hemostasia, uso precode de produtos sanguíneos e uso mínimo de cristalóide e coloide. Esses fatores se combinam para minimizar a perda total de sangue enquanto maximiza o uso compensatório de mecanismos endógenos para o sangramento.
O que é a hipotensão permissiva e qual o seu benefínio no trauma grave?
A hipotensão permissiva tem como alvo temporário uma pressão mais baixa que o normal, sistólica entre 90 e 80mmHg, em um paciente que está com hemorragia até que a hemostasia seja alcançada ou o paciente deteriore mais. Faz uso dos mecanismo compensátorios do corpo que prioriza perfusão em orgãos vitais. Ajustar para pacientes idosos, hipertensos e com doença cardiaca.
Por que a administração de cristalóides e coloides deve ser limitada no sangramento ativo?
Pode levar a hemodiluição e aumento do sangramento. A diluição diminui a capacidade do sangue de transportar oxigênio e apoiar a homeostase. A ressuscitação com volume com ausencia de controle de sangramento pode levar a aumento do mesmo, a uma piora da acidose, da coagulopatia e piorar lesões causadas por reperfusão e resposta inflamatória. O coloide pode prejudicar a polimerização do fibrinogênio e prejudicar função plaquetária.
Qual o papel do criopecipitado e do ác. tranexâmico na fase 1 da ressuscitação no trauma grave?
Na fase 1 do trauma, o concentrado de hemácias, as plaquetas e o plasma fresco congelado podem ser administrados numa proporção de 1:1:1. Com a hemorragia não controlada potencialmente fatal e a administração de grandes volumes de transfusão, o criopecipitado pode ser adicionado para repor fibrinogênio e o ac. tranexâmico para inibir a fibrinólise.
Como a hemorragia de fase 2(continuada que não é potencialmente fatal e sob controle cirurgico parcial) pode ser manejada?
Durante essa fase, a taxa de transfusão pode diminuir, e há tempo de ajustar a ressuscitação do paciente guiado por parâmetros a beira leito(POCUS), gasometria arterial, hemoglobina e eletrólitos. Cristalóides e coloides podem ser usados, recuperação da fisiologia celular pode ser iniciada e pode-se realizar uma monitorização extra( linha arterial). Ajuste da ventilação, controle de hipotermia e ajuste de anestésicos também podem ser feitos.
Qual a preocupação com o uso de vasopressores no tratamento da fase 1 do trauma grave?
É controverso, pacientes com grave depleção volêmica podem ter restrição de fluxo a ^órgãos vitais sob o uso de vasopressores.
Quais são alguns métodos que podem avaliar o estado de coagulação de um paciente com trauma no intraoperatório?
História clínica, testes padrão de coagulação em laboratório e teste a beira leito como a tromboelastografia e tromboelestometria. Correlacionando esses achados com a apresentação clínica.
Qual a diferença entre sangramento cirúrgico e não-cirúrgico? Qual a diferença no tratamento?
O sangramento cirúrgico ocorre em uma lesão que está além da capacidade de cessar do sistema hemostático do corpo. O tratamento desse sangramento é para que o cirurgião tenha acesso e controle desse sangramento por meio da hemostasia mecânica. O sangramento não cirúrgico é mais difuso e exige uma correção das anormalidade da coagulação para que se resolva.
Quais as limitações dos testes de avaliação laboratoriais padrão em comparação com os testes a beira leito?
Estes teste são o Tempo de Protrombina, Razão Normalizada Internacional, tempo de tromboplastina parcial ativada e concentração de fibrinogênio, quando se trata de sangramento intraoperatório possuem baixa sensibilidade, especificidade, validação e demoram para sair. O teste viscoelástico de coagulação a beira leito fornece informações rápidas perto do paciente, permitindo ajustes dos tratamentos.
Qual a utilidade clínica do teste de coagulação viscoelástico a beira leito no trauma grave?
O TEG/ROTEM tem uma função na fase 2 do trauma grave, quando temos um controle hemostático, porém com necessiade contínua de transfusão. Eles podem ser usados para avaliar a magnitide e a natureza da coagulopatia, ajudando a ajustar individualmente a coagulopatia do paciente.
Quais são as 3 partes da leitura dos gráficos nos testes de coagulação como a tromboelastografia(TEG) e a tromboelastometria rotacional(ROTEM)? Qual intervenção é indicada em cado um deles?
A formação da fase de pré-coágulo, a fase de formação do coágulo e a fase de estabilização do coágulo.
Na fase de pré-coágulo, que dura 5 min, são usados a cascata de coagulação e as plaquetas são ativadas. Deficiencias nessa fase indica a necessidade de reposição de concentrado de complexo protrombínico e plasma fresco congelado.
Na fase de formação, ele é formado e chega ao máximo de firmeza, testando portanto as plaquetas e o fibrinogênio. Na fase de estabilidade a fibrinólise é testada e quantificada, podendo ser corrigida com antifibrinolíticos.
Que técnicas ou ferramentas estão disponíveis para prevenir a hipotermia durante a ressuscitação no trauma grave na sala de cirurgia?
Fluidos IV aquecidos, manta de aquecimento por ar forçado. Filtros de troca de calor e umidade para as vias aéreas e elevação da temperatura da sala.
Coma a fase 3 da hemorragia no trauma grave pode ser tratada?
A fisiologia do paciente é restaurada. A hemodinâmica e a volemia são normalizados, anestesia pode ser aprofundada. O protocolo de transfusão maciça é desativado e o estado metabólico pode ser melhorado(lactato, défit de base) e é feito o preparo para transferência para UTI.