Tema XII: Psicopatologia do desenvolvimento Flashcards

1
Q

De que modo podem surgir perturbações durante a infância e adolescência?

A

As dificuldades passadas ou presentes em resolver os desafios do período de desenvolvimento, num ou em vários domínios da sua existência, podem contribuir para o surgimento de várias perturbações.

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2
Q

Que perturbações podem surgir na idade escolar?

A
  • Perturbações de Oposição e Desafio
  • Perturbação de hiperactividade com défice de
    atenção
  • Perturbações de ansiedade (ansiedade de
    separação; fobias específicas, como o medo do
    escuro, de animais, de palhaços)
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3
Q

Que perturbações podem surgir na adolescência?

A
  • Perturbações de ansiedade (fobia social, que é
    desencadeada por + descentração e preocupação
    com a opinião dos outros; ansiedade generalizada,
    que é caracterizada pela preocupação c/ a
    eventualidade de tudo acontecer; perturbação de
    pânico, que é caracterizada pelo medo excessivo
    das consequências quando se está ansioso)
  • Depressão (impulsionada por + tendência para
    ruminação)
  • Perturbações de comportamento (agressividade,
    hostilidade, ações anti-sociais)
  • Perturbações de comportamento alimentar
    (derivam da insatisfação c/aparência)
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4
Q

Como se caracteriza, resumidamente, a psicopatologia na infância?

A

A psicopatologia na infância caracteriza-se frequentemente por representar o desvio de normas
adequadas para a idade; o exagero ou diminuição de comportamentos adequados ao desenvolvimento; ou o insucesso em atingir uma função específica ou um mecanismo de regulação. É o domínio científico que se ocupa do “estudo das origens e evolução dos padrões individuais de inadaptação, qualquer que seja a idade de início, quaisquer que sejam as causas, quaisquer que sejam as transformações na manifestação comportamental e a evolução do padrão de desenvolvimento” (Sroufe e Rutter, 1984).

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5
Q

Quais são os pressupostos e princípios básicos da psicopatologia do desenvolvimento, segundo Masten (2010)?

A
  • Princípio desenvolvimentista – A psicopatologia desenvolve-se ao longo do tempo num
    organismo em desenvolvimento, o que leva à necessidade de uma abordagem desenvolvimentista
    para compreender, prevenir e intervir nos processos subjacentes às trajetórias individuais que
    levam a determinados resultados de (in)adaptação;
  • Princípio normativo – A psicopatologia é definido em relação ao desenvolvimento normativo num determinado contexto cultural e histórico;
  • Princípio sistémico e de múltiplos níveis – A disfunção/psicopatologia não é uma condição do
    indivíduo, mas um padrão epigenético de transações entre os diferentes sistemas intra e interindividuais. Diferentes disciplinas são necessárias para compreender a psicopatologia;
  • Princípio da mutualidade de informação – Variações na adaptação (comportamento normal e desviante, psicopatologia e resiliência) são importantes para compreender o desenvolvimento patológico e normativo;
  • Princípio da agência humana – As abordagens clínicas estão dependentes das escolhas que o indivíduo faz sobre o seu desenvolvimento.
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6
Q

Como se dá a continuidade e descontinuidade no estudo da psicopatologia do desenvolvimento?

A

A Psicopatologia do desenvolvimento encara o conceito de continuidade como “a continuidade de
experiências organizadas ou desorganizadas ao longo do tempo, interagindo com as características
biológicas e comportamentais do indivíduo”, opondo-se claramente à perspectiva tradicional do modelo
biomédico, que considera a continuidade das doenças do indivíduo como sinónimo de condições
permanente, independentemente das influências ambientais. Segundo a primeira abordagem, a existência de uma condição psicopatológica ou de padrões de inadaptação não é independente da organização desenvolvimentista.
A continuidade na competência ou incompetência da infância à idade adulta não está apenas relacionada
com a continuidade na patologia ou saúde subjacente, porque o nível de competência é função de um
sistema em adaptação que interage com um conjunto de fatores de risco e proteção que surgem nos
diferentes contextos do indivíduo. Assim, ainda que a adaptação ou inadaptação prévia do indivíduo a
determinados desafios imponha alguns constrangimentos à adaptação subsequente e muitos fatores expliquem a continuidade dessa realidade, os indivíduos nem “não são afetados pelas experiências
precoces” nem “ficam para todo o sempre marcados por ela”. Logo, a Psicopatologia do desenvolvimento admite que é possível mudança ou descontinuidade, para uma direcção mais positiva ou negativa, em diferentes pontos do desenvolvimento por diversas razões: ainda existem muitas
influências, genéticas e ambientais, a atuar; existem também mudanças biológicas cruciais desde a infância
(e.g., puberdade); e o desenvolvimento de novas capacidades e experiências permite reavaliar e processar diferentemente as experiências passadas.

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7
Q

Que fatores Fergusson (1998) aponta para explicar a continuidade?

A
  • Atributos fixos do indivíduo, isto é, fatores genéticos ou características temperamentais e de personalidade, ou do seu ambiente familiar e social (e.g., permanência num contexto social de pobreza, onde a criança está constantemente exposta a fatores de stress).
    (implica um modelo mais estático do desenvolvimento, porque determinadas características imutáveis do indivíduo ou ambiente e o seu historial determinam a variabilidade comportamental)
  • Exposição a acontecimentos ou circunstâncias traumáticas (e.g., abuso sexual, estabelecimento de uma vinculação insegura com mãe deprimida nos primeiros anos de vida).
  • Cascatas desenvolvimentistas (perspectiva dinâmica) – progressões desenvolvimentistas que perpetuam/ampliam os problemas de adaptação ao longo do tempo, de um domínio para outro domínio de funcionamento, e estão associadas a modelos transacionais e modelos de efeitos cumulativos. E.g., Trajetória de comportamento antissocial persistente ao longo da vida
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8
Q

De que modo a metáfora da árvore de Sroufe (1997) ilustra as alterações nas trajetórias de desenvolvimento?

A

Segundo este modelo, ilustrado por Sroufe (1997) na metáfora da árvore, a patologia pode ser pensada como uma sucessão de ramos que afastam a criança de trilhos associados ao funcionamento normativo. Como a perturbação é um desvio progressivo de caminhos adaptativos positivos, quanto mais significativo este for, maior será a probabilidade da existência de problemas em ultrapassar com sucesso fases posteriores de desenvolvimento. Assim, uma sequência de transações negativas entre o individuo e o ambiente caracterizada por ciclos negativos e recíprocos de influência que se mantêm ao logo do tempo, envolvendo múltiplos fatores de stress que tem efeitos cumulativos e impõem barreiras ao desenvolvimento saudável, afasta o indivíduo de trajetórias de desenvolvimento normativas.

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9
Q

Qual a principal implicação da perspectiva desenvolvimentista nas trajetórias do desenvolvimento?

A

Uma implicação deste modelo é que indivíduos que se encontrem em diferentes trajetórias podem convergir para padrões semelhantes de adaptação ou o contrário. O estudo longitudinal de Verhulst e van der Ende (1991) é um exemplo duma investigação que seguiu o modelo de trajetórias de desenvolvimento, acompanhando durante 6 anos um grupo de 936 crianças que foram avaliadas em 4 ocasiões diferentes no Child-Behavior Checklist (CBCL), que permite avaliar a expressão de problemas comportamentais. Os resultados do estudo indicaram que quem experienciou desvios nas suas trajetórias de desenvolvimento, teve um percentil superior a 90 no
CBCL, e que quem apresentou uma adaptação positiva na sua trajetória, teve um percentil inferior a 50.

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10
Q

Qual a perspectiva da Teoria dos Sistemas Gerais sobre as trajetórias do desenvolvimento?

A

A Teoria dos Sistemas Gerais de von Bertalanffy (1968) dita que a mesma condição pode ser alcançada a
partir de condições iniciais variadas através de diferentes processos (princípio da equifinalidade) ou que, por outro lado, indivíduos que se iniciam em caminhos de desenvolvimento semelhantes podem exibir, em função das suas “escolhas posteriores”, diferentes padrões de adaptação e inadaptação (princípio da multifinalidade). A ênfase está por isto na diversidade de fatores, processos, resultados e trajetórias do desenvolvimento normal e desviante. Moffitt (2006) confirma empiricamente esta diversidade de trajetos quando apresenta dois tipos de trajetórias do comportamento antissocial:

  • Persistente ao longo da vida - Os comportamentos antissociais podem ter inícios precoces, assumindo um padrão estável com o passar dos anos, mas com diferentes manifestações ao longo desenvolvimento. Esta trajetória habitualmente está associada a
    indivíduos com hiperatividade, impulsividade,
    irritabilidade, problemas emocionais e baixo QI.
  • Início da adolescência - Os comportamentos antissociais iniciam-se na adolescência, estando relacionados com o processo de autonomização e aceitação pelos pares, e persistem apenas durante este período do desenvolvimento.
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11
Q

Que dois conceitos são importantes no estudo da resiliência?

A

Os dois conceitos críticos na resiliência são a existência de uma ameaça/adversidade e a evidência de competência (sucesso nas tarefas de desenvolvimento, bem-estar/saúde).

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12
Q

Como se caracteriza o estudo de Werner na área da resiliência?

A

Um estudo de referência na área da resiliência foi o estudo longitudinal (40 anos) realizado por Werner e colaboradores na ilha de Kauai, no Havai. Nesta investigação, foi avaliado o impacto de um extenso conjunto de fatores de risco biológicos, psicológicos e sociais nas vidas de 689 indivíduos dado que 30% das crianças da amostra, consideradas de “alto risco” estavam expostas a situações como pobreza crónica, complicações ao nascimento, psicopatologia parental e discórdia familiar e mesmo assim 1/3 delas apresentava um funcionamento e desenvolvimento competente. Os resultados deste estudo, juntamente com outras investigações, contribuíram para chegar à grande descoberta da primeira fase de estudos da resiliência (first wave) – identificação dos fatores protetores que impedem as crianças de serem impactadas tão negativamente por adversidade (nota: não são exclusivos de crianças de alto risco, estas não possuem qualidades únicas e misteriosas, simplesmente retêm e sustêm recursos importantes que representam sistemas protetores básicos no desenvolvimento humano).

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13
Q

Quais os fatores protetores contra a adversidade?

A

Individuais:
- Temperamento: crianças ativas, afetivas, fáceis e de “boa natureza”
- Sexo feminino antes da adolescência e masculino durante a adolescência
- Idade – efeito depende da adversidade
- Bom funcionamento intelectual; ou elevada aptidão para certa actividade
- Elevadas competências sociais na relação com os
pares e adultos
- Consciência pessoal de forças e limitações
- Empatia para c/ os outros
- Locus de controlo interno (sentido de eficácia) e autoestima positiva
- Sentido de humor

Familiares:
- Relação próxima com pelo menos uma pessoa emocionalmente estável e capaz de estar sintonizada
com as necessidades da criança
- Boa relação pais-filhos: estilos parentais caracterizados pelo afeto, estrutura e expetativas
elevadas
- Harmonia parental
- Um papel social valorizado em casa (ajuda os irmãos,
responsabilidades domésticas)
- Quando existe conflito entre os pais, uma relação próxima com a mãe ou pai
- Vantagens económicas

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