Tema VII - Fatores gerais e domínios específicos Flashcards
Que mudanças físicas ocorrem na adolescência?
A puberdade inicia-se com um rápido aumento na produção de hormonas sexuais, destacando-se nos
homens a maior produção de testosterona e nas mulheres a maior produção de estrogénios, e caracteriza-se por uma série de mudanças físicas para os dois sexos como o rápido aumento de peso e altura e o desenvolvimento dos caracteres sexuais primários (órgãos reprodutores) e secundários. Os rapazes
experienciam: um alargamento dos ombros, das pernas em relação ao peito e dos antebraços em relação aos braços e à altura; voz mais grave; aparecimento, escurecimento e endurecimento de pelos faciais, axilares e corporais; crescimento dos testículos e do escroto; o começo da produção de esperma, etc. As mulheres
experienciam: alargamento das ancas (para facilitar o parto); aumenta da gordura debaixo da pele, dando
uma aparência mais redonda; aumento dos seios; início da menstruação; etc.
Que alterações comportamentais ocorrem na adolescência?
Contudo, não é só o corpo que se altera, os adolescentes tendem a apresentar alterações comportamentais como diminuição de actividade física, o número reduzido de horas de sono (causado por mudanças na libertação de melatonina), aumento de distúrbios alimentares como obesidade, anorexia e bulimia, aumento de interesses em relações sexuais e amorosas e aumento de comportamentos de risco como consumo de substâncias ilícitas ou condução irresponsável.
Que estruturas do sistema nervoso se desenvolvem durante a adolescência?
Muitos dos comportamentos perigosos e da vulnerabilidade
que os adolescentes têm deve-se ao desenvolvimento tardio do córtex pré-frontal, que “termina” por volta
dos 20 e poucos anos. Esta estrutura, que experiencia prunning (fortalecimento da comunicação entre grupos de neurónios + usados e desaparecimento das sinapses desnecessárias) durante adolescência, age como o “CEO” do cérebro ao estar implicado no planeamento de comportamentos cognitivos complexos, expressão da personalidade, tomada de decisões e moderação de comportamento social. A par disto, os fenómenos enunciados também estão associados ao desenvolvimento do sistema límbico, que se inicia entre os 10 e os 12 anos e é responsável pelo comportamento emotivo, motivação, memória a longo prazo e olfacção. À medida que o indivíduo vai passando pela adolescência, começam a ser estabelecidas ligações entre os dois sistemas.
Que alterações sofre o conhecimento durante a adolescência?
Existem 3 tipos de estruturas de informação que estão armazenadas na memória a longo prazo – o
conhecimento declarativo (saber que), que diz respeito à compilação de todos os factos que conhecemos; o
conhecimento processual (saber como), que corresponde ao conjunto de todas as skills direccionadas para
um objetivo que dominamos; o conhecimento conceptual (saber porque é que), que diz respeito a
representações abstratas que transmitem a nossa compreensão de conhecimento declarativo e processual. Na maior parte das disciplinas escolares existem aumentos modestos do conhecimento declarativo e processual entre o 4º e o 12º ano, havendo no entanto aumentos menos significativos no conhecimento conceptual.
Muitos adolescentes de 17/18 anos apresentam um nível inferior neste tipo de conhecimento devido à
natureza abstrata, multidimensional e contraintuitiva de muitos dos tópicos em questão, inclusiva as
dificuldades a conciliar novos conceitos com as suas teorias leigas leva-os frequentemente a concepções
erróneas da realidade.
Assim, o muda durante a adolescência? Depende 1) do domínio (e.g., matemática vs. relações
interpessoais) e 2) do tipo de conhecimento (e.g., declarativo vs. conceptual).
Que alterações ocorrem no raciocínio durante a adolescência?
Raciocínio dedutivo - Na adolescência verificam-se melhorias na habilidade de extrair conclusões apropriadas, explicar o próprio raciocínio e testar hipóteses até quando as premissas se referem a proposições desconhecidas, abstratas ou contrafactuais, no entanto o desempenho continua a ser maximizado quando se trata de conteúdo familiar sobre relações legais ou causais.
Raciocínio indutivo - A constatação duma melhor performance em tarefas de indução à medida que a
idade aumenta leva-nos a acreditar que este raciocínio é potenciado durante a adolescência, tanto por
aumento de conhecimento como maior familiarização com este tipo de tarefas.
Raciocínio analógico - Capacidade de aplicar o identificar semelhanças formais entre duas ou mais
situações que é ilustrada por adolescentes mais velhos.
Raciocínio matemático - Capacidade de resolução de problemas que contem elementos matemáticos (e.g.,
equações); Os poucos estudos sobre esta área realizados com adolescentes indicam que existem
mudanças desenvolvimentistas na habilidade de raciocinar sobre um mesmo conteúdo matemático.
Raciocínio espacial - Relativamente às alterações deste raciocínio no período da adolescência, o que se denota é não é uma melhoria na precisão, que é elevada tanto na infância como na adolescência, mas sim na rapidez com que são realizadas operações espaciais.
Raciocínio científico - Na adolescência os
sujeitos mostram-se capazes de usar evidência para realizar inferências e melhores a isolar variáveis se
receberem treino no sentido de potenciar esta técnica. Surge a habilidade de construir conscientemente
hipóteses sobre um espectro vasto de conteúdos, testar estas hipóteses em experiências controladas e
extrair inferências apropriadas a partir de dados.
Como se desenvolve a tomada de decisão na adolescência?
O constructo da tomada de decisão diz respeito ao conjunto de processos que estão envolvidos quando
um indivíduo está a tentar perceber como obter um determinado objetivo. Existem 5 grandes passos – 1)
identificação da decisão a ser tomada, ponderando que objectivos e resultados queremos obter através
dela; 2) realizar uma lista de opções com base nos conhecimentos armazenados na memória ou
recorrendo a fontes externas (e.g., mentores, amigos, etc.); 3) avaliar as vantagens e desvantagens de cada
opção; 4) selecionar a melhor opção e tomar essa decisão; 5) avaliar a qualidade decisão em
retrospectiva.
O que muda durante a adolescência? Os sujeitos compreendem a diferença entre opções que
satisfazem um só objetivo ou múltiplos objectivos; conseguem antecipar um maior leque de
consequências; aprender a partir dos êxitos e falhas das suas decisões; e aceder metacognitivamente a
fatores que influenciam a tomada de decisão. Estas descobertas advém maioritariamente de ambientes laboratoriais e portanto pouco validos ecologicamente, no mundo real os adolescentes são confrontados
com desafios – situações de elevada activação emocional ou de pressão de pares – em que a tomada de decisões eficazes depende do domínio de estratégias de autorregulação.
Como se desenvolve a capacidade cognitiva na adolescência?
A capacidade cognitiva refere-se em termos gerais à nossa memória de trabalho, ou seja, à nossa
capacidade de reter temporariamente informação a ser manipulada na consciência (+ aumento da idade
pré-escolar e escolar), às estratégias que usamos para superar a quantidade limitada de informação que
conseguirmos reter e armazenar na memória a longo prazo (+ aumento durante a adolescência), e à
velocidade processamento, ou seja, ao quão rapidamente adaptamos os nossos recursos perceptivos, atencionais e mnésicos a novas informações (aumenta progressivamente desde os anos pré-escolares à adolescência).
O que muda durante a adolescência? Depende de se tem de se aprender algo novo (neste casos
os adolescentes revelam-se melhores que as crianças) ou recuperar algo que já se sabem (diferença no
desempenho não é tão grande); e depende do intervalo e interferência (se forem maiores, os adolescentes serão menos prejudicados).
Como se desenvolve a metacognição na adolescência?
As orientações metacognitivas consistem na habilidade de reflectir e avaliar os nossos conhecimentos da
realidade ou os dos outros; estas vão assumindo diferentes naturezas à medida que a idade aumenta:
- Realismo - As crianças começam todas por ser objetivistas, acreditando que o conhecimento é certo, que o que é dito é uma cópia da realidade externa e que o pensamento crítico é desnecessário - basta observar os outros para adquirir saber.
- Absolutismo - Depois, apesar de acreditarem ainda que o conhecimento é certo, consideram que existem factos corretos e incorretos e que o pensamento crítico serve para realizar essa distinção.
- Relativismo - No início da adolescência, há uma transição para uma metacognição relativista que leva o sujeito a considerar que há sempre uma incerteza no aquisição de conhecimento, que podemos estar a ver a realidade de forma única, que os factos são apenas opiniões que variam de pessoa para pessoa e que o pensamento crítico é irrelevante porque todas as diferentes expectativas são válidas.
- Avaliativismo - No final da adolescência cresce a ideia de que apesar do conhecimento ser incerto, vamos construindo aos poucos a ideia de que os juízos das pessoas não refletem opiniões, que estes podem ser avaliados com base em evidências e argumentos racionais e de que o pensamento crítico é uma mais-valia.
O que nos permite afirmar que existe desenvolvimento cognitivo na adolescência?
1) Equilibração e experiência – Piaget defendeu que as alterações qualitativas no pensamento durante a
adolescência, correspondentes à entrada num novo estádio de inteligência, se devem a uma
acumulação de novas informações que advém da exploração autónoma do indivíduo do seu
ambiente, o que implica um equilíbrio entre os processos de assimilação e acomodação de
conhecimento.
2) Processo neuronal – Tem sido sugerido que a maturação dos lobos frontais pode ser responsável
pelo desenvolvimento cognitivo durante a adolescência, já que estas áreas cerebrais estão envolvidas
no raciocínio multidimensional, autoconsciência, metamemória e memória de trabalho e que as suas
ligações recíprocas com múltiplas estruturas corticais e subcorticais aumentam a velocidade de
processamento.
3) Educação – Os ambientes de instrução formal que acompanham os indivíduos durante a
adolescência, o ensino básico e secundário e curso universitário, têm se mostrado varáveis
fundamentais na potenciação do raciocínio.
No geral, que fatores influenciam a expressão das competências cognitivas?
1) Conteúdo da tarefa – Através duma selecção cuidada de conteúdos altamente familiares e
estruturados apropriadamente, os investigadores conseguem elevar os níveis de desempenho
cognitivo e eliminar ou rever diferenças de idade entre crianças/adultos e adolescentes.
2) Motivação – Os adolescentes e os adultos têm um desempenho muito melhor em tarefas de
raciocínio e pensamento científico quando estão altamente motivados a usar as suas capacidades
(como quando as suas crenças pessoais são atacadas).
3) Exigências de processamento – Quanto mais dimensões têm de ser coordenadas e mantidas na
memória de trabalho, maior é a probabilidade dos adolescentes e adultos se focarem em algumas
pistas salientes. Como tal, os investigadores podem elevar o seu desempenho em tarefas complexas
ao lhes dar muitos apoios ou andaimes contextuais (e.g., ajudas externas, treino, etc.).
4) Emoções – Estas impactam o desempenho nas tarefas que taxam as capacidades cognitivas dos
adolescentes porque elas não só os influenciam a tomar decisões que maximizem emoções positivas
e minimizem emoções negativas, como interferem profundamente quando são demasiado intensas e
estes não possuem estratégias de autorregulação que permitam controlá-las.
