Tema XI: Desenvolvimento psicossocial na adolescência III Flashcards

1
Q

Quais são as relações mais significativas na adolescência?

A

Os adolescentes estão envolvidos em imensas relações, sendo as mais significativas as relações com pares e relações com os pais. No que diz respeito às primeiras, é sabido que os adolescentes passam mais tempo com os amigos e os colegas na escola do que com a família e que nestas idades a interação com os pares é menos supervisionada pelos adultos e inclui progressivamente mais indivíduos do sexo oposto. Os pares representam uma dimensão social central na vida dos adolescentes, representando uma importante ajuda para concretizar diferentes tarefas no desenvolvimento como a formação de uma identidade e a autonomia emocional em relação aos pais e um contexto primordial no que toca à oferta de oportunidades para desenvolver amizades intensas e aprender sobre o self.

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2
Q

Que mudanças estruturais ocorrem nos grupos de pares durante a adolescência?

A

Do final da infância e início da adolescência, verificam-se mudanças estruturais nos grupos de pares – estes
tornam-se mais definidos e estáveis e incluem indivíduos semelhantes entre si em termos de idade,
popularidade, interesses, autoestima e inteligência percebida, havendo sempre na base a idade que de se
encontram mais ou menos na mesma fase do desenvolvimento social, cognitivo e emocional, surgindo o termo cliques para os designar. Neste sentido os rapazes tendem a integrar-se em grupos onde há uma partilha de interesse por desportos e computadores, mas não em actividades desviantes como o consumo de drogas, e as raparigas tendem a enquadrar-se em grupos onde há um interesse comum em termos de roupa, música e qualidades interpessoais (preferência por pessoas simpáticas, amigáveis, de confiança e com mente aberta).
Apesar de por vezes os grupos de pares serem mutuamente exclusivos, os adolescentes conseguem ser membros de mais do que um grupo (23% dos adolescentes pertencem a dois grupos e 10% pertence a 3 ou mais grupos). Ao longo da adolescência dá-se um fenómeno de “desagrupamento” que designa a tendência para as ligações entre os seus membros e as fronteiras entre cliques se tornar menos intensa, havendo grupos menos restritos e portanto os adolescentes passam a movimentar-se dentro de mais do que um grupo de
amigos.
Os cliques estão enquadrados em agregados de maior ordem- subculturas juvenis (crowds) – que diferem
dos seus constituintes na medida em que não são necessariamente formados por adolescentes que são
amigos. Estas subculturas juvenis integram adolescentes que têm aparências, comportamentos e atitudes semelhantes em relação a vários domínios como desportos ou comportamentos antissociais. Contrariamente aos cliques, a sua cultura não se baseia em padrões de interação, mas sim na reputação das pessoas.

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3
Q

Que alterações sofrem as relações de amizade durante a adolescência?

A

As amizades, relações de pares únicas porque pressupõem afeto e compromisso mútuo entre duas pessoas que se vêem como tendo sentimentos e orientações similares, sofrem mudanças em termos de dinâmica e qualidade no período da adolescência: existe uma maior estabilidade temporal das relações (mais do que 70% das amizades dos adolescentes duram mais de 1 ano), provavelmente porque fornecem recursos emocionais e sociais como intimidade e suporte e os seus elementos são capazes de superar os conflitos que emergem e crescer com eles; e menor número de melhores amigos (que baixa de 4/5 no início da adolescência para 1 ou 2 no final).

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4
Q

O que propõe a teoria das necessidades sociais emergentes de Sullivan (1959)?

A

Sullivan propôs que diferentes necessidades sociais emergem em diferentes períodos de vida e estágios de desenvolvimento e que estas se acumulam progressivamente ao longo do tempo. Na pré-adolescência, surge a necessidade de vencer a
solidão que é resolvida com a formação de amizades íntimas, daí a maior procura de relações próximas,
recíprocas e de validação mútua com os amigos e a concentração em parceiros específicos (normalmente do mesmo sexo) pela possibilidade de intimidade. Sullivan argumentou que as amizades oferecem
oportunidades de satisfazer 4 necessidades sociais básicas – o afeto, o companheirismo, a aceitação e a
intimidade.

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5
Q

Como explica a teoria de Selman as amizades na adolescência?

A

Nível 3 (9-15 anos) - perspectiva mútua ou de 3ª pessoa: O jovem torna-se capaz de assumir uma perspectiva exterior numa interação interpessoal e coordenar simultaneamente as perspectivas de cada lado da interação.

Estádio 3 - Relações íntimas e de partilha mútua: A amizade é vista como uma relação recíproca afetiva que serve fins comuns - intimidade e apoio (E.g., “Ela é a minha melhor amiga, podemos dizer coisas uma à outra que não contamos a ninguém, compreendemos os sentimentos uma da outra e ajudamo-nos quando é necessário”). A ocorrência de um conflito entre amigos não significa a suspensão da relação - eles são
analisadas mais objetivamente, há noção de que eles até podem fortalecer as relações com o passar do tempo e que existem estratégias de compromisso – porque há sempre a consciência de uma continuidade.

Nível 4 (+12 anos) - Perspectiva profunda ou societal: O jovem compreende a complexidade das relações;
percebe que diferentes perspetivas mútuas não existem apenas no plano de expetativas comuns ou da
consciência, mas simultaneamente a níveis multidimensionais e profundos de comunicação; as
perspetivas das pessoas tornam-se sistemas, generalizações.

Estádio 4 - Amizades interdependentes e autónomas: A amizade está num constante processo de formação e
transformação e baseia-se na capacidade dos dois indivíduos serem capazes de coordenar o seu sentimento de dependência (consciência de que os amigos devem poder contar uns com os outros para receber apoio psicológico, aproveitar as forças uns
dos outros e experienciar a autoidentificação que deriva da constatação de os outros são uma parte significativa de mim) e de autonomia (cada pessoa aceita que o outro precisa de estabelecer relações interpessoais e crescer com essas experiências) – “ A
amizade é um compromisso, um risco que assumes. Tens que ser capaz de apoiar, confiar e de dar, mas também tens de dar espaço…”

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6
Q

Quais os efeitos das amizades segundo Berndt e Murphy (2002)?

A

Grande parte da investigação que existe sobre as amizades durante a infância e a adolescência analisa o
impacto a curto e longo prazo que esta influência externa tem no desenvolvimento e ajustamento emocional, social e psicológico do sujeito. As perspetivas que se versam sobre esta temática tendem, no entanto, a oscilar entre visões muito negativas – que defendem o argumento de Coleman (1961) de que os pares têm regras e valores que se opõem aos adultos e que estão desconectados da sociedade, a par de se apoiarem estudos sobre o efeito dos pares na adoção de comportamentos de risco como fumar, beber álcool, usar drogas ou desvalorizar o trabalho escolar, na orientação para a conformidade (mudança de atitude ou
percepção na direcção duma norma socialmente imposta), etc. – ou demasiado românticas – que defendem que as amizades são importantes fontes de apoio, ao promoverem companheirismo, um aumento na autoestima, segurança emocional, intimidade e afeto, e apoio instrumental e informativo. Foi neste sentido que Bendt e Murphy que destacaram os mitos e verdades mais importantes sobre a influência dos amigos seguindo duas vias – analisando as atitudes, comportamentos e características dos amigos e a qualidade das amizades entre os adolescentes.

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7
Q

Quais os mitos apontados por Berndt e Murphy?

A

Mito 1 - A influência dos amigos é predominantemente negativa
Certamente que alguns adolescentes têm amigos que influenciam negativamente o seu comportamento, mas a real questão é - será que a maioria têm amigos que exercem um efeito assim tão pejorativo no seu
comportamento. Berdnt e Keefe (1995) avaliaram esta questão servindo-se dum método poderoso que
assenta no pressuposto de que existe influência se as características da criança se tonarem mais semelhantes ao longo do tempo com as características iniciais dos seus amigos. Para tal, serviram-se de um estudo longitudinal (avaliação separada por um período de 6 meses) em que avaliaram como é que o envolvimento na escola, os problemas de comportamento e os resultados escolares de 297 jovens do 7º e 8º ano é influenciado pelos seus amigos, sendo importante mencionar que cada um tinha de indicar os seus 3 melhores amigos para os dados serem cruzados. Os resultados ilustraram que a influência dos amigos pode ser tanto positiva como negativa nos adolescentes, dependendo da valência das características e funcionamento dos pares (adolescentes tornam-se similares em termos de valores e atitudes aos amigos) – e.g., alunos que inicialmente tiveram amigos com níveis elevados de problemas de comportamento experienciaram um aumento nos problemas de comportamento, enquanto os alunos que inicialmente tiveram
amigos com baixos problemas de comportamento diminuíram os próprios problemas de comportamento.

Mito 2 - A pressão social é o processo primário de influência entre amigos
Os adolescentes que são próximos aos seus amigos raramente impõem pressão uns nos outros, e são
frequentemente incapazes de mudar as suas decisões e os comportamentos quando o fazem. Nestas idades,
os sujeitos associam aos amigos uma forte ideia de mutualidade em termos de aceitação e respeito e
compreendem que não podem chegar a um consenso quanto a uma decisão se não forem ouvidas todas as
perspetivas. A meta-análise de Bongardt et al. (2015) sobre a influência dos pares no comportamento sexual
do adolescente é um exemplo deste mito. Nesta foram incluídos 58 estudos, com 69638 adolescentes, em
que foi analisada a actividade sexual do adolescente - recolhendo registos sobre normas descritivas
(percepção do jovem sobre a actividade sexual dos pares, e.g., No último ano quantos amigos tiveram
actividade sexual?), normas injuntivas (o que é o que o adolescente pensa que são as atitudes sexuais dos
pares, e.g., os meus amigos pensam que deveria esperar para ser sexualmente ativa), e pressão dos pares percebida (e.g., Sentes alguma pressão dos teus amigos para iniciar a tua vida sexual?) – e o comportamento sexual de risco – recolhendo registo das normas de risco descritivas (comportamento sexual de risco dos pares, e.g., Os meus amigos utilizam sempre contraceptivo quando têm relações sexuais). Os resultados do estudo permitiram concluir que a atividade sexual do adolescente está mais associada a normas de pares mais indiretas (descritivas e injuntivas) do que a pressões de pares diretas, e que as normas de risco descritivas têm um papel pequeno nesta. Fatores mais importantes na explicação da influência entre amigos são o reforço social, a aprendizagem observacional (modelagem) e a discussão racional com base na troca de informação.
Mito 3 - Os amigos influenciam fortemente as atitudes e comportamentos dos jovens Investigações têm mostrado que o poder que os amigos têm para influenciar as atitudes e comportamentos tem sido exagerado, em parte porque são usados estudos correlacionais entre as características dos adolescentes e as características dos seus amigos que, apesar de traduzirem uma associação, não refletem necessariamente um processo de influência ou causalidade. Muitas vezes o problema está em achar que as semelhanças entre amigos se devem à influência que estes exercem uns sobre os outros, à sociabilização mútua, quando na realidade muitos indivíduos se tornam amigos porque percebem que são parecidos, afiliação seletiva. Outra grande falha que conduz a este mito é uso dos adolescentes como fontes de informação no que toca às suas próprias características e à dos seus amigos, porque isto leva inevitavelmente a estimativas inflacionadas da influência dos amigos. Por último, sabe-se que a magnitude das associações entre as características do próprio adolescente e dos seus amigos é baixa.
Mito 4 - As amizades de elevada qualidade promovem a autoestima do jovem
Muitos investigadores defendem que a qualidade da amizade potencia a autoestima do adolescente, a par do ajustamento social, psicológico e académico, no entanto um estudo longitudinal que avaliou jovens no 7º e 8º ano no que toca à qualidade das suas três melhores amizades indicou que as características positivas dos amigos não permitiram prever significativamente as mudanças que ocorreram durante o ano
analisado nas dimensões da autoestima global, envolvimento escolar ou problemas de comportamento,
tendo sido portanto encontradas correlações fracas a moderadas.

O grande apelo de Berndt e Murphy é que é importante, ao contrário do que tem sido feito, considerar a influência dos amigos tendo em conta a interação entre a qualidade da amizade e as características dos amigos. Estas interações podem assumir muitas formas, mas o maior foco até à data tem sido na hipótese da magnificação, que dita que a influência das características dos amigos é potenciada quando a qualidades das relações é mais elevada. Um exemplo disso está no estudo de Seidman et al. (1999) onde se analisou a interação entre a qualidade da relação e os valores dos pares (antissociais ou pró-sociais) e se concluiu que o grupo caracterizado simultaneamente por uma elevada qualidade relações com pares e valores antissociais no grupo de pares apresentou mais comportamentos antissociais, mas um menor risco para a sintomatologia depressiva. Finalmente, prevalece a ideia de que o efeito da amizade no desenvolvimento e ajustamento do indivíduo deve ser analisado tendo em consideração estes 3 aspetos: a presença ou ausência de amigos; qualidade das amizades; e características dos amigos (Pereira, 2009).

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8
Q

Qual o interesse em estudar relações sociais online?

A

O interesse em estudar as relações sociais que se estabelecem através da internet advém de dados
surpreendentes como, por exemplo, o facto dos indivíduos entre os 9 e os 16 anos passaram em média 88 minutos por dia online (segundo o estudo estatístico de EU Kids Online, de Kivingston et al, 2011); ou de em 1999, Turow ter identificado que numa amostra de 100 pais americanos 2/3 se mostraram preocupados com a frequência da utilização da net poder levar ao isolamento e 40% acreditava que as crianças que passam muito tempo na net podem desenvolver comportamentos antissociais.
Foi neste sentido que surgiu o 1º grande estudo do impacto psicológico e social da internet no
desenvolvimento de adolescentes e adultos – o HomeNet study (Kraut et al., 1998) – que estudou
longitudinalmente o impacto que o uso inicial da internet durante 1 ou 2 anos teve em 169 indivíduos de 73 famílias a nível do envolvimento social e bem-estar psicológico. Os resultados indicaram que a maior
utilização da internet está associada a declínios na comunicação com os familiares, menor rede social e
aumento da solidão e depressão (efeitos de magnitude baixa), sendo que os adolescentes se revelaram mais
vulneráveis a estes impactos negativos.

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9
Q

O que é o The Internet Paradox?

A

Apesar de a internet ser uma tecnologia social usada para comunicar com indivíduos e grupos, esta é associada a um declínio no envolvimento social e no bem-estar psicológico associado.

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10
Q

Que resultados encontraram Gross at al. (2002)?

A

Gross et al. (2002) realizaram um estudo no sentido de examinar se distinções entre as actividades online e parceiros comunicativos nos permitem compreender melhor a relação entre o uso da Internet e o bem-estar. Primeiramente, os autores aperceberam-se que as comunicações online parecem ser semelhantes a meios tradicionais de comunicação na medida em que: ocorrem em contextos privados (e.g., e-mail e mensagens), com participantes que fazem parte da vida off-line (escola; apenas 12% das relações começaram online), incidem sobre tópicos relativamente comuns mas íntimos (amigos, novidades, namoradas) e são motivadas pelo desejo de companheirismo (92%). Os resultados apontam para dados diferentes daqueles encontrados anteriormente – houve uma associação nula entre o tempo passado na internet e o bem-estar psicológico dos adolescentes, o que neste contexto específico não foi surpreendente porque estes reportaram passar a maior parte do seu tempo a interagir com pessoas próximas a si, mas verificou-se que os participantes que reportaram sentir-se mais sozinhos e ansiosos socialmente diariamente na escola mais provavelmente comunicavam por mensagens instantâneas com pessoas que não conheciam bem.

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11
Q

Como é que as redes sociais podem prejudicar o desenvolvimento dos jovens?

A
  • Sono
  • Sedentarismo
  • Menor investimento noutro tipo de actividades (incluindo interações face a face)
  • Dependências da net
  • Cyberbullying (reprodução, não controlabilidade, permanência da acessibilidade)
  • Partilha de informação - publicidade
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12
Q

De que modo podem as redes sociais promover o desenvolvimento dos jovens?

A
  • Fortalecimento e manutenção da rede social
  • Desenvolvimento da independência e autonomia
  • Construção da identidade
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