Tema IX - Desenvolvimento psicossocial na adolescência Flashcards

1
Q

Quais são as mudanças primárias no modelo de desenvolvimento do adolescente de J. Hill (1980)?

A
  • Físicas - alterações no tamanho e forma do corpo que levam ao foco na autoimagem
  • Cognitivas - habilidades ligadas a processos racionais mais complexos e inclusivos
  • Definição social - expectativas que os outros formam dos adolescentes como resultado das transformações fisiológicas da puberdade

Estas mudanças ocorrem nos contextos e exercem um impacto sobre eles.

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2
Q

Que mudanças secundárias existem no modelo de desenvolvimento do adolescente de J. Hill (1980)?

A

A influência da interação entre as mudanças primárias e os contextos produz um conjunto de mudanças secundárias que levantam muitas questões psicológicas nos adolescentes, daí o facto de serem as tarefas de desenvolvimento psicossocial deste período:
- Relações familiares – transformar laços afetivos infantis com os pais em laços aceitáveis entre os
pais e a sua criança adulta;
- Desenvolvimento da autonomia – estender atividades iniciadas pelo próprio e nas quais este tem
confiança para reinos comportamentais mais vastos;
- Desenvolvimento da identidade – Transformar imagens do self para acomodar mudanças primárias e
secundárias; coordenar imagens para atingir uma teoria do self que seja única e contínua ao longo do
tempo;
- Realização – canalizar capacidades e ambição para oportunidades orientadas para o futuro e realistas;
- Intimidade – transformar conhecidos em amigos; investir em relações amorosas; aprofundar e alargar
capacidades de auto-divulgação; desenvolver a tomada de perspectiva afetiva e o altruísmo.

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3
Q

Em que consiste a teoria maturacionista de Stanley Hall?

A

O psicólogo e educador norte-americano defendeu que a adolescência era como um 2º nascimento, um tempo tumultuoso de oscilações e oposições entre inércia e entusiasmo, prazer e dor, auto-confiança e humilhação, egoísmo e altruísmo, a sociedade e a solidão, o período de storm and stress. Esta visão ainda está muito enraizada na sociedade e em certa medida existem fatores que a suportam, como o facto na adolescência se verificarem a) elevados conflitos com os pais; b) elevados níveis de comportamentos de risco; e ser uma altura de c) alterações intensas a nível de humor.

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4
Q

Que evidências existem a nível de alterações intensas a nível de humor nos adolescentes (teoria de Hall)?

A

As emoções dos adolescentes têm sido analisadas através de estudos que
recorrem a métodos de amostragem da experiência (experience sampling methods) (e.g., Larson & Richards, 1994; Larson, 2002). Os resultados têm indicado que, quanto à frequência de emoções negativas, o afeto médio dos adolescentes apenas é um pouco mais baixo do que o das crianças devido à redução de emoções positivas (que poderá estar associado ao maior desenvolvimento cognitivo, que permite um pensamento mais perspectivista, uma melhor capacidade de comparar as expetativas com a realidade e uma maior tendência para a ruminação) e um ligeiro aumento de emoções negativas moderadas (por experienciaram mais acontecimentos de vida negativos). Quanto à variabilidade de emoções, concluiu-se que a variabilidade emocional, sobretudo no início e meio da adolescência, não é muito diferente da variabilidade na infância, mas que é menor do que a variabilidade dos adultos.

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5
Q

Que evidências existem em relação a elevados comportamentos de risco em adolescentes (teoria de Hall)?

A

É na adolescência que existem, por exemplos, maiores registos de acidentes de carro, afogamentos não intencionais, criminalidade e actividade sexual não protegida. Perceber os mecanismos psicológicos que estão por detrás destes dados torna-se crucial para perceber como é que a sociedade deve tratar os adolescentes no que toca à compreensão, proteção ou restrições impostas pelas leis.

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6
Q

Que sistema dual Steinberg (2012) apresentou para a explicação dos comportamentos de risco na adolescência?

A

Steinberg apresentou uma visão alternativa sobre os comportamentos de risco na adolescência, defendendo, com base em dados das neurociências, que estes são normativos e que não resultam de falta de maturidade cognitiva, mas sim de imaturidade psicossocial. Durante a adolescência, existem alterações em dois sistemas diferentes:

  • Sistema de Processamento de Incentivos ou
    Socioemocional (processamento de informação
    emocional e social) - Ocorrem mudanças importantes na densidade e distribuição de receptores dopaminérgicos nas vias que conectam o sistema límbico (emoções, recompensas e punições) e córtex pré-frontal (centro executivo do cérebro), o que aumenta durante a puberdade a sensibilidade a recompensas e consequentemente maior procura de experiências novas e reforçadoras.
  • Sistema de Controlo Cognitivo (memória de trabalho,
    raciocínio lógico, planeamento, inibição de respostas,
    regulação emocional) - Há (1) uma diminuição da matéria cinzenta nas regiões pré-frontais (prunning) no início da adolescência; (2) uma maior conectividade entre o córtex pré-frontal e sistema límbico que continua até à idade adulta; (3) maior mielinização do córtex pré-frontal que continua até ao final da adolescência. Estas alterações levam a um maior controlo dos impulsos e inibição de respostas; a uma maior capacidade de planeamento; e uma maior regulação emocional (+ coordenação entre cognição e emoção).
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7
Q

Que diferenças de timing ocorrem entre as duas estruturas apresentadas por Steinberg?

A

Estas alterações funcionais e estruturais não ocorrem todas num curso de tempo uniforme, existem
diferenças no timing que justificam em parte a sua maior apetência para comportamentos de risco. O que se verifica é que, a meio da adolescência, o sistema Socioemocional está no seu pico de activação enquanto o sistema de controlo cognitivo, responsável pelos processos de autorregulação, ainda é bastante imatura, só atingindo a sua solidez no final adolescência/início da idade adulta. Isto faz com que tomar decisões “a frio”, dependendo puramente das capacidades intelectuais que atingem a sua maturidade a meio da adolescência,
seja muito mais fácil neste período do desenvolvimento do que “a quente”, ou seja, quando estão envolvidas emoções e a antecipação de reforços no processo. Noutras palavras “os adolescentes desenvolvem o sistema de aceleração antes de desenvolverem o sistema de travões”.

Início da adolescência - Puberdade aumenta a procura de sensações e orientação para a recompensa.
Meio da adolescência - Período de maior vulnerabilidade em termos de comportamentos de
risco e problemas de regulação do comportamento e do afeto.
Fim da adolescência - Maturação dos lobos frontais facilita competência regulatória.

Um estudo de Steinberg (2009) com 930 indivíduos dos 10 anos 30 anos vem precisamente reforçar estas
descobertas – até aos 14/15 anos os scores da maturidade psicossocial (caracterizada por autorrelatos dimensões da percepção de risco, procura de sensações, impulsividade, resistência a influência de pares, orientação para o futuro) rondam os 0.8 em 1.5, aumentando depois gradualmente, enquanto os scores das competências cognitivas (em tarefas para avaliar interferência na memória de trabalho, “digit spam”, fluência verbal) aumentaram proporcionalmente para valores elevados até aos 16/17 anos, sendo que a partir daí estagnaram. Comparando os dois scores, é possível concluir que o meio e final da adolescência são os períodos de maior propensão a risco. Posto isto, o psicólogo constata que o que se sabe até à data sobre as estruturas cerebrais cognitivas e emocionais dos adolescentes permite afirmar com alguma certeza que estes são de facto menos maduros que adultos e que portanto a maneira mais justa de atribuir responsabilidades consoantes a idade do sujeito seria através, não de um sistema binário, mas sim usando três categorias em
termos legislativos: a das crianças, a dos adolescentes e a dos adultos

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8
Q

Como são compostas as autorrepresentações?

A

Autoconceito (características, crenças, atitudes e sentimentos distintas do e sobre o indivíduo), autoestima (como um indivíduo avalia ou valoriza as suas características) e identidade (como o indivíduo usa conhecimento sobre si para encontrar os papéis
vocacionais, ideológicos e sexuais dentro da sociedade que melhor expressam quem ele é).

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9
Q

Quais são os motores da mudança das autorrepresentações na adolescência?

A

a) Puberdade e mudanças físicas
b) Pensamento formal (capacidade de pensar de forma abstrata)
c) Mudanças nas expetativas dos outros
d) Mudanças nos contextos sociais
e) A necessidade de fazer escolhas vocacionais

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10
Q

Como se apresentam as autorrepresentações no início da adolescência?

A

Conteúdo saliente - Skills sociais e atributos que influenciam interações com outros ou o seu apelo social (e.g., ser falador, bem disposto); diferenciação de atributos consoante o papel social.
Estrutura/organização - Integração de traços em
abstrações isoladas de ordem superior; abstrações
compartimentalizadas (demasiado diferenciadas);
pensamento tudo-ou-nada; opostos; não detectam ou
integram abstrações contraditórias (e.g., ser faladora mas tímida em relações amorosas), logo não
há conflito na sua teoria do eu.
Valência/precisão - Atributos positivos num momento e negativos noutro; demasiadas generalizações imprecisas.
Natureza das comparações e sensibilidade aos outros -Comparação social continua embora menos evidente; atenção compartimentalizada para internalização de diferentes expetativas e opiniões de pessoas em diferentes contextos relacionais.

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11
Q

Como se apresentam as autorrepresentações a meio da adolescência?

A

Conteúdo saliente - Maior diferenciação de atributos associados com diferentes papéis e contextos relacionais.
Estrutura/organização - Ligações/comparações iniciais entre abstrações isoladas, frequentemente atributos opostos – “abstract mapping”; conflito cognitivo
e distress causado por apar entes características
contraditórias; preocupações acerca de quais delas
refletem o verdadeiro eu – “conflict of the different
Me’s”
Valência/precisão - Reconhecimento simultâneo de atributos positivos e negativos; instabilidade, que leva a confusão e imprecisões.
Natureza das comparações e sensibilidade aos outros - Comparações com outros significativos em diferentes
contextos relacionais; fábulas pessoais (diferenciação irrealista do eu face aos outros, pensamentos e emoções apenas sentidos e compreendidos pelo
eu); consciência de que diferentes expetativas e opiniões representam guias de vida contraditórios, o que leva a confusão, excessiva autoavaliação e vacilações quanto ao comportamento .

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12
Q

Como se apresentam as autorrepresentações no fim da adolescência?

A

Conteúdo saliente - Normalização de diferentes atributos relacionados com papéis sociais distintos; atributos refletem crenças pessoais, valores e ideais morais; interesse no eu futuro.
Estrutura/organização - Abstrações de ordem superior que integram com significado as abstrações isoladas e resolvem inconsistências/conflitos.
Valência/precisão - Visão mais equilibrada e estável de
atributos positivos e negativos; melhor precisão; aceitação de limitações.
Natureza das comparações e sensibilidade aos outros -Diminuição da comparação social à medida que as
comparações com os próprios ideais aumentam; seleção entre alternativas de guias de vida; construção das expetativas que governam escolhas pessoais e dos ideais a que aspiramos.

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13
Q

Qual é a proposta de Harter para o desenvolvimento de autorrepresentações’

A
  • O adolescente avalia o seu valor em múltiplos domínios – multidimensionalidade do autoconceito
    (competência escolar, atlética e social, aparência
    física, comportamento, amizade, relações românticas,
    comportamento no trabalho): Metodologia desenvolvida por Harter para avaliar emergência e avaliação de atributos opostos em diferentes contextos relacionais. Adolescentes tinham de
    gerar 6 atributos para cada papel social, identificar se
    haviam alguns pares opostos e indicar se estes eram
    experienciados subjetivamente como estando em
    choque ou conflito através de setas.
  • Existe uma maior diferenciação das autorrepresentações durante a idade escolar e adolescência.
  • O self é uma construção cognitiva, uma epistemologia
    própria, ou seja, uma teoria sobre o próprio que
    possuem características formais e que corresponde aos critérios de qualquer outra teoria – é empiricamente válida, internamente consistente, organizada coerentemente e útil.
  • Para Harter, a adolescência é um ponto de viragem e
    um período de oportunidade para intervenção neste
    domínio, através da intervenção direta na modificação
    das autorrepresentações.
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