Taquiarritmias Flashcards
Fibrilação Atrial
INTRODUÇÃO
► DEFINIÇÃO
Ocorre quando os átrios não se contraem em um ritmo sincronizado, e tremulam ou fibrilam.
► EPIDEMIOLOGIA
- Taquiarritmia + comum
- 1-2% da pop. geral
- Se > 65 anos → 3-9% da pop. geral
- 1-2% da pop. geral
- Homem > Mulher (apenas discretamente)
- ♦ Pcte Típico ♦
- Cardiopatas, Idosos ou Hipertereoideos…
- OBS: Pouco comum em pctes jovens hígidos (salvo excessões em exposição a fatores precipitantes).
- Fatores Precipitantes
- Abuso de álcool
- Drogas adrenégicas: anfetaminas, cocaína…
- Distúrbios hidroelétrolíticos
► ETIOLOGIAS
O principal grupo etiológico da FA é aquele em que os pctes apresentam cardiopatias que cursam com sobrecarga do átrio. São 2 os principais grupos:
- Cardiopatias hipertensivas
- Idoso c/ HAS é o pcte típico!
- Cardiopatias reumáticas
- Valvopatia mitral reumática…
Outras causas de Fibrilação Atrial:
- Cardiomiopatia dilatada/hipertrófica (qualquer causa)
- CiA (Comunicação Inter-Atrial)
- Anomalia de Ebstein
- IAM → Isquemia atrial → FA
- Doença do Nódulo Sinusal → uma doença degenerativa da 3a idade que pode se apresentar c/ episódios de FA seguidos de pausa sinusal (Síndrome Bradi-Taqui)
- [Olhar flashcard individual]
- Pós-cirurgia cardíaca → A FA é comum no pós-op cardíaco.
- Menos freq. ⇒ Miocardite, pericardite, embolia pulmonar, DPOC descompensada e Apneia obstrutiva do sono.
► FATORES PRECIPITANTES
- Libação alcóolica → pode levar a surtos autolimitados de FA paroxística em pctes c/ corações normais.
- Drogas como: anfetaminas, cocaína, L-tiroxina, teofilina e digitais (intoxicação digitálica).
- Distúrbios hidroeletrolíticos → (HipoK+, Hipo Mg2+, acidose, hipoxemia) podem precipitar FA, principalmente em pctes c/ cardiopatia estrutural prévia.
► FA ISOLADA
♦ ATENÇÃO ♦
Cerca de 10-20% dos pctes com FA não apresentam cardiopatias (ECO normal) ou qualquer fator precipitante. A maioria é jovem e provavelmente apresenta uma miocardite subclínica + distúrbio autonômico. do tonos vagal.
CLÍNICA
► QUADRO CLÍNICO
A presença de FA no pcte, geralmente é um marcador de gravidade na cardiopatia.
- Palpitações
- Dispneia
- Desconforto torácico (dor)
- Tontura
- Sudorese fria
- Urgência urinária
OBS: Existe, no entanto, uma parcela de pctes c/ apresentação assintomática e que, portanto, apresenta alterações apenas no estudo do ECG.
Os sintomas do pcte c/ FA se devem a:
-
Própria taquicardia:
- Redução do tempo de enchimento ventricular e aumento do consumo de O2 pelo miocárdio.
-
Ausência de contração adequada do átrio:
- Reduz o enchimento diastólico e, consequentemente, diminui o débito cardíaco.
- O precário esvaziamento atrial provoca sobrecarga de pressão no AE determinando piora da congestão pulmonar.
► TIPOS CLÍNICOS DE FA
- FA paroxística
- Autolimitada! Episódios < 7 dias que se resolvem espontaneamente.
- FA persistente
- Arritmia que persiste por > 7 dias, mantendo-se indefinidamente, caso o pcte não seja cardiovertido (não se resolve espontaneamente).
- FA permanente
- Se mantem por > 1 ano e é refratária à cardioversão.
► EXAME FÍSICO
Dissociação pulso-precórdio
Eventualmente na FA, a FC contada no precórdio é > que a contada pelo pulso. Como o tempo de diástole é variável, e as vezes muito curto, o ventrículo pode bater ainda vazio, sem produzir débito sistólico perceptível
► O TROMBOEMBOLISMO NA FA
É a principal preocupação em pctes c/ FA.
- Como os átrios perdem sua contração rítmica, o sangue sofre estase no interior dessas câmaras, predispondo à formação de trombos murais (aderidos à parede atrial). O local de maior freq. de formação de trombos é a auriculeta (apêndice atrial esquerdo). Um trombo pode se deslocar e ocasionar um evento tromboembólico (AVE, infatos, etc).
- “O AVEi pode ser a 1a manifestação da FA. Às vezes, o pcte sequer havia procurado o médico antes do AVE, pois sua FA era assintomática”.
ELETRO
► FISIOPATOLOGIA
- A reentrada é o mecanimos eletrofisiológico mais importante na FA.
► COMO APARECE NO ECG?
- FC geralmente entre 90-170 bpm
- Ritmo irregular
- Ausência de onda P
- (ou qualquer atividade elétrica atrial regular)
- QRS estreito
- (Idêntico ao QRS sinusal)
Olhar imagem no final de um exemplo…
TRATAMENTO
► CONDUTA
Primeiro devemos analisar o estado hemodinâmico do pcte c/ FA. Há instabilidade hemodinâmica ou não?
PCTE INSTÁVEL
Cardioversão elétrica (CVE) sem anticoagulação prévia.
Falhou?
Repete CVE c/ ↑ carga + Ibutilida EV (antiarrítimico)
Conduta a longo prazo –> Anticoagular conforme escore CHA2DS2-VASC.
PCTE ESTÁVEL
1o Passo → Controle da FC + Pesquisar por fatores desencadeantes (cocaína, álcool, hipertireoidismo, etc…) e revertê-los se possível.
2o Passo → Realizar o risco cardioembólico do pcte por meio do escore CHA2DS2-VASC.
3o Passo → Decidir a conduta a longo prazo: controle de FC ou de Ritmo?
>>> Controle da FC:
Droga + Anticoag. conforme Risco
Falhou? –> Associação de drogas. Falhou msm assim? –> Fazer amiodarona.
>>> Controle de Ritmo:
Se FA < 48h → CVE + Anticoag. conforme risco
Se FA > 48h → Eco Trans-esofágico:
Se trombo → Anticoag. 4 semanas antes da CVE + 4 semanas após suspendendo apenas se o pcte for de baixo risco.
SEM trombo → CVE + Anticoag. conforme risco.
OBS → Ambas estratégias, controle de FC ou Ritmo, possuem a mesma efetividade, no entanto existem algumas situações em que devemos tentar inicialmente o controle de Ritmo:
- Primeiro episódio de FA, principalmente quando associado à algum fator desencadeante reversível.
- Persistência de sintomas após o controle de FC (palpitações, fadiga…).
- Impossibilidade de controlar a FC (contraindicação aos medicamentos, pex.).
► QUAIS AS DROGAS UTILIZADAS NO CONTROLE DA FREQ. CARDÍACA?
- Digitálicos (Digoxina ou Delanosídeo)
- Drogas de escolha em pctes c/ FA já portadores de IC sistólica. Por serem inotrópicos positivos auxiliam na molhora da função ventricular. Os digitais diminuem a FC por aumentarem a tônus vagal sobre o nódulo AV.
- Beta-bloq. (Metoprolol ou Esmolol)
- Bloq. o efeito adrenérgico sobre o nó AV, reduzindo a condução e aumentando a refratariedade.
- Contraindicados em pctes c/ história de broncoespasmo, IC descompensada, hipotensão ou bradiarritimia.
- São drogas de escolha em pctes c/ FA que possuem infarto prévio, hipertireoidismo, estenose mitral ou hiperatividade adrenérgica (pós-operatório).
- BCC não-diidropiridínicos (Verapamil ou Diltiazem)
- Bloq. os canais de Ca++ das vias nodais, reduzindo a velocidade de condução e aumentando o período refratário.
- Por via EV possuem alção mais rápida que os digitálicos.
- ATENÇÂO!!! Estas drogas são inotrópicos negativos e estão contraindicadas em casos de hipotensão, bradicardia, e devem ser utilizadas c/ mta cautela na IC.
► RISCO CARDIOEMBÓLICO
A decisão de anticoagular o pcte ou não depende de uma avaliação formal do risco cardioembólico. Os guidelines atuais preconizam a utilização do escore CHA2DS2-VASC.
C → Congestão [1 pnt]
H → Hipertensão [1 pnt]
A → Age: Se ≥ 75 anos [2 pnts]; Se 65-74 anos [1 pnt]
D → Diabetes mellitus [1 pnt]
S → Stroke (AVE ou AIT) [2 pnts]
VA → VAsculopatia (IAM, doença arterial periférica, placas de ateroma) [1 pnt]
SC → Sex Category: Sexo feminino [1 pnt]
Escore ≥ 2 pnts = Alto risco cardioembólico = Anticoagular ad eternum.
Escore = 1 pnt = Baixo risco = Anticoag. 4 semanas após CVE
Escore = 0 pnt = S/ necessidade de anticoag. profilática
► COMO PODE SER FEITO O CONTROLE DO RITMO NO PCTE C/ FA?
A cardioversão eletiva pode ser farmacológica, elétrica ou uma combinação de ambas (se ministrarmos previamente drogas antiarrítmicas, elas aumentam a probabilidade de sucesso).
A CVElétrica é mais efetiva que a farmacológica.
Como a CVElétrica deve ser feita?
Anestesia do pcte.
Drogas utilizadas na cardioversão farmacológica
- Ibutilida
- Amiodarona –> Escolha como profilaxia (apesar de menos eficaz na cardioversão, seu efeito preventivo é superior ao das outras drogas).
- Dofetilida
- Propafenona
- Flecainida
- Sotalol
OBS: Com excessão da Ibutilida, que apresenta-se apenas em EV, as demais podem ser usadas tbm na profilaxia das recidivas (uso oral crônico).
OBS2: A dronedarona é um antiaarítmico que não é usado na cardioversão mas sim na profilaxia. É uma droga derivada da amiodarona sem o iodo em sua constituição (menos efeitos colaterais).
Flutter Atrial
► DEFINIÇÃO
O Flutter Atrial é uma taquiarritmia atrial por macroreentrada. Forma-se um grande circuito elétrico c/ rotação tipicamente anti-horária.
► COMO APARECE NO ECG?
- Freq. atrial acima de 250bpm (geralmente 300 bpm), observada freq. das ondas “F”.
- Ausência de uma linha isoelétrica entre estas ondas atriais (onda F), o que pode dar um aspecto de “dente de serra”.
- FC costuma ser de 150 bpm (metade da Freq. Atrial)
- QRS estreito (idêntico ao QRS do ritmo sinusal)
► TRATAMENTO
As condutas aqui no Flutter Atrial são muito parecidas c/ as condutas adotadas na FA. Primeiro devemos investigar a existência de instabilidade hemodinâmica. Em caso de instabilidade deve-se estabelecer a CVE imediata. Felizmente o flutter é uma arritmia facilmente revertida c/ CVE. Um choque sincronizado de 50J é bem sucedido em 90% dos casos, e um segundo choque de 100J deve ser aplicado nos 10% restantes que não reverteram c/ o primeiro.
OBS: comumente o flutter é convertido em FA merecendo ser convertido novamente.
E se o pcte estiver estável? Aplicar a mesma conduta da FA…