Reumatologia Flashcards
Porque é que se realiza uma biópsia de gordura subcutânea abdominal?
pesquisa de amiloide
Porque é que se realiza uma biópsia das glândulas salivares?
avaliação do infiltrado inflamatório na Síndrome de Sjogren
Doenças em que a capilaroscopia é útil no diagnóstico
Capilaroscopia → técnica de visualização do leito ungueal
Muito importante para o diagnóstico precoce de algumas doenças, como a esclerose sistémica
(valorização de um fenómeno de Raynaud, ou seja, um fenómeno de Raynaud com alterações microangiopáticas na capilaroscopia é muito sugestivo de uma fase inicial de esclerose sistémica(
Riscos das infiltrações com corticoide
As infiltrações com corticoide são altamente eficazes, no entanto, podem levar a uma rotura tendinosa, pelo que deve ser sempre realizada um ecografia previamente para assegurar a integridade das estruturas.
Teste de patergia
Teste de patergia → teste utilizado no contexto da doença de Beçhet; positivo se reação pustular; não é um teste muito específico e tem baixa sensibilidade, ou seja, há muito doentes em Portugal com doença de Beçhet nos quais o teste não é positivo.
Corticoide utilizado nas infiltrações intra-articular no contexto de patologia inflamatória
Hexacetonido de triancinolona é o corticoide utilizado nas infiltrações intra-articular no contexto de patologia inflamatória. Corticoide de muito longa ação e componente de ligeira destruição dos tecidos pelo que não pode ser libertado fora da articulação! Temos de lavar o trajeto com cuidado, porque se o corticoide o contamina pode causar necrose dos tecidos e uma fístula articular.
A viscosuplementação é utilizada em que contexto
Viscosuplementação → utiliza-se análogo do o ácido hialurónico, com um peso molecular semelhante (alto); situações de osteoartrose; diminui os sintomas mas não altera a progressão dos sintomas; o efeito pode durar 6 meses a 1 ano, mas é variável.
Quais as articulações poupadas pela AR ao nível das mãos?
Interfalângicas distais.
Envolvimento articular da AR?
- Aditivo
- SIMÉTRICO
- Periférico!
- Pequenas articulações das mãos, punhos, joelhos, tibiotársicas e pés
- Poupa habitualmente as INTERFALÂNGIAS DISTAIS (suspeitar de outras patologias concomitantes - osteoartrose** - ou diagnóstico diferencial como a **artrite psoriática) → Dedos em fuso por afunilarem
- Poupa normalmente o esqueleto axial (mas não o envolvimento da coluna cervical alta C1-C2 é muito típico +- 50% dos doentes)
- dedos em botoeira: flexão IFP e extensão IFD
- dedos em pescoço de cisne: hiperextensão IFP + flexão IFD
Queixas axiais em doentes com AR, sobretudo fora da coluna cervical alta, são quase sempre não relacionados com a doença mas sim com patologia concomitante do aparelho locomotor.

Que marcadores inflamatórios estão habitualmente elevados na AR?
VS e PCR
Fisiopatologia da osteopenia periarticular
Osteopenia periarticular → proliferação da membrana sinovial que é infiltrada por várias células (linfócitos ativam macrófagos a terem alterações fenotípicas levando ao recrutamento de mais células inflamatórias, incluindo neutrófilos nas fases de agudização, mas também ao recrutamento de células da linhagem monocítica-macrofágica que se diferenciam em osteoclastos promovem a produção do RANK-ligand que por sua vez promove a osteoclastogenese)
Dedos em colo/pescoço de cisne
Hiperextensão da interfalângica proximal e flexão da interfalângica distal
Como diferenciar dedos em botoeira e dedos em colo/pescoço de cisne que podem estar presentes na AR e LES?
Em algumas doenças do tecido conectivo, como o LES, também se podem ver estas alterações, mas são redutíveis (mais por envolvimento das partes moles e sem erosões ósseas).
Na AR, por ser um processo mais erosivo e destrutivo, tendem a ser irredutíveis.
Alterações das articulações do joelho na artrite reumatóide?
No joelho, menos erosões e sobretudo diminuição homogénea da interlinha e osteofitose.
Na osteoartrose a diminuição da interlinha é sobretudo no compartimento medial ou lateral (e não homogéneo como na doença sistémica que não depende tanto de fatores biomecânicos).
Como avaliar o envolvimento entre C1 e C2 através da radiografia na artrite reumatóide?
Alteração mais comum: subluxação atlanto-axial (pode por a vida em risco).
Distância entre o arco anterior do atlas e a odontoide normalmente é vestigial (1-2mm). Num doente com AR, esta distância pode ir até 10 mm.
Clínica:
- dor e rigidez do pescoço, mais pela manhã, em repouso
- head tilt
- défices neurológicos:
- radiculopatia cervical com parestesias periféricas do MS
- sintomas de compressão do canal cervical alto: quadriparésia lentamente progressiva espástica, hiperreflexia, Babinski +, insuf respiratória
Dx: raio x coluna cervical em flexão + extensão + RM.
- >7 muitas vezes já se coloca a indicação cirúrgica (artrodese craniocervical)!
Diminuição das interlinha na osteoartrose vs artrite reumatoide
Na osteoartrose a diminuição da interlinha é sobretudo no compartimento medial ou lateral e não homogéneo como na doença sistémica que não depende tanto de fatores biomecânicos
Papel da RMN na artrite reumatóide
Deteta erosões antes de surgirem sintomas
Envolvimento sistémico mais comum da artrite reumatóide?
Nódulos reumatóides
Envolvimento sistémico da AR?
40% tem!
- Nódulos reumatóides - o + comum: muito comum nos cotovelos e nas zonas de pressão.
- Envolvimento ocular (raramente há uveíte, mais frequente é queratite, em casos graves - esclerite e episclerite) - raro
- Envolvimento pulmonar (nódulos reumatóides no próprio parênquima pulmonar, pneumonite intersticial)
- Síndrome de Caplan → associação de AR com penumoconiose (comum em mineiros)
- Síndrome de Sjögren (por vezes é difícil perceber se é primário ou secundário à AR) - biópsia das gl salivares tem infiltrado linfoplasmocitário característico
- Compressão de nervos periféricos (síndrome do túnel cárpico ++ comum)
- Vasculite reumatóide (hemorragias periungueais, úlceras)
- Envolvimento das serosas (serosite, pericardite)
Complicações associadas à artrite reumatóide? Prognóstico?
- Risco cardiovascular - pelo aumento da aterosclerose. - causa mais frequente de morte prematura nos doentes com AR
- Úlcera péptica (toma de anti-inflamatórios)
- Depressão
- Neoplasias (atenção: doenças linfoproliferativas)
- Infeções
- Problemas de mobilidade por destruição articular e deformação
- Quisto de Baker na parte posterior do joelho - derrame articular inflamatório
- Artrite séptica
- Osteopenia, osteoporose, fraturas - progressão ou corticoterapia
10 anos - 50% incapacitados
menos 10 anos de esperança de vida
Fatores de prognóstico:
- Estado funcional no inicio
- nº articulações afetadas no início
- VS/PCR
- FR/CCP
- Erosões
- Causa + freq de morte é doença CV
- Sexo masculino
- Fumadores

Objetivo da terapêutica na AR?
Obter um DAS28 < 3.2:
- avalia o envolvimento articular em 28 articulações
- a atividade da doença com base nos sintomas descritos pela pessoa
- VS e PCR
Monitorizar a cada 1-3 meses -> se atingimos a remissão, monitorizar a cada 3-6 meses.
Em doentes mais idosos, com comorbilidades podemos aceitar a “baixa atividade” da doença por não fazer sentido escalar a terapêutica.
A atividade moderada a alta não é aceitável em ninguém - maior risco sistémico e mortalidade como incapacidade funcional.
Frequência de monitorização da AR?
Monitorizar a cada 1-3 meses.
Se atingimos a remissão, monitorizar a cada 3-6 meses.
Em doentes mais idosos, com comorbilidades podemos aceitar a baixa atividade da doença por não fazer sentido escalar a terapêutica (a atividade moderada a alta não é aceitável em ninguém! maior risco sistémico e mortalidade como incapacidade funcional).
Medidas terapêuticas não medicamentosas na AR?
- Fora dos flares podem fazer exercício e vida normal ao mais possível.
- Prevenção doença CV
- Tx física e ocupacional!
- Heat or cold packs - pain management
Terapêutica da AR?
Flare ou manutenção a ser considerado em cada caso?
Enviar para Reumato.
- Flare: corticóides + AINEs + repouso + ortótoses (máx: 3 meses)
- Numa fase inicial usam-se corticoides, idealmente predinosona PO <10mg/dia.
- possível fazer infiltrações intra-articulares com corticoide (hexacetonido triancinolona) nas articulações médias-grandes com doença mais ativa (não só na fase inicial, como na manutenção).
- cuidado com efeitos 2os: infeção, HTA, osteoporose, etc
- Cálcio + vit D
- Repouso em flare, exercício físico fora do flare
- Cirurgia: fases avançadas, com mta destruição.
Diagnóstico de AR = TODOS fazem monoterapia com DMARD: MTX na grande maioria (1a linha ativ moderada-elevada)
- É feito em doses SEMANAIS (começa-se nos 10/15 mg semanais, podendo ir até aos 25 mg/sem). SC melhor tolerado q oral.
- Dar ácido fólico!
- MTX é um fármaco lento. É
- difícil avaliar o efeito antes dos 2-3 meses.
- Durante esse período vamos fazendo a descida dos corticoides e/ou AINEs (>=6 semanas, até 3 meses) e avaliando o controlo da doença.
- Evitar dar AINEs no mm dia que o MTX: AINEs podem inibir a excreção renal do MTX, aumentando o risco de efeitos 2os
Se não houver resposta e tendo em conta os fatores de mau prognóstico, podemos associar outros DMARs:
- a sulfasalazina (SLZ) - se baixa atividade da doença com MTX CI (gravidez a indicação + comum)
- hidroxicloroquina (HQ) - se baixa atividade
- leflunamida - se outros DMARDs CI (pode ser usado se função renal alterada). Usada na artrite psoriática!
Se os fármacos anteriores falharem (pelo menos 2 tentativas - doença persistente moderada-grave depois de 3 meses de DMARDs convencionais), passamos para a tx biológica: devem ser utilizados em CONJUNTO com o MTX (muito mais eficazes do que em monoterapia):
-> Obrigatório fazer antes screening infeccioso: TB, HIV, VHB e VHC
- inibidores do TNF: infliximab, etanercept, adalimumab, golimumab, certolizumab
- anti-IL-6: tocilizumab, sarilumab
- anti-B-cell: rituximab - só após falência de anti-TNFs, usado + em doentes com FR+ e anti-CCP+.
- anti-T-cell: abatacept
- anakirna (anti-IL1) - doença de Still
-
novos inibidores da JAK (menos seguros que o MTX em relação ao risco de infeção grave, mas com um perfil de efeitos adversos ligeiramente melhor) - PO diária
- Baricitinib (JAK1,2)
- Tofacitinib (JAK1,3)
- Upadacitinib (JAK1)
MTX + SLZ + HQ → TX TRIPLA. Eficaz, mas cada vez menos usada. Podemos considerar em doentes idosos, pois o risco de infeção de infeção grave é um pouco menor que na tx com biológicos, no entanto ter atenção à compliance (polifarmácia)
Os doentes podem deixar de responder à tx ao longo da vida, seja porque os mecanismos imunológicos da doença sofreram algumas alterações ou mesmo por serem desenvolvidos anticorpos contra os fármacos.
Estratégia treat-to-target: longo-prazo controla-se tx pelos scores de atividade da doença:
- 3 meses: >=50% melhoria no índex de atividade da doença
- 6 meses: atividade baixa ou remissão
- se remissão >=6 meses (sustentada): tentar diminuir dose tx
- sem atingir alvo: reumato - adicionar 2o DMARD ou considerar corticoterapia por curto período
Efeitos 2os a considerar:
- risco infeccioso
- MTX: pneumonite, úlceras orais, hepatotoxicidade, teratogénico
- SSZ: rash, menor esperma, úlceras orais, GI - diarreia, agranuçlocitose
- Leflunomida - teratogénica homens e mulheres, úlceras orais, HTA, hepatotoxicidade, náusea e diarreia
- HQ: retinopatia, screening oftalmo anual
- inibidores JAK: infeções graves, reativação TB, anemia























