Pediatria Flashcards
Etiologia de meningite aguda 3 grupos?
- Infecciosa: + provável, sendo a viral + frequente
- Tumoral
- Imunológica
Clínica de meningite conforme idade?
RN e pequeno lactente: pode ser subtil e inespecífica
- instabilidade térmica: febre vs hipotermia
- “sensação de doença”
- recusa alimentar
- gemido, irritabilidade, choro gritado
- intolerância ao ruído
- fotofobia
- letargia, hipotonia, convulsões
- fontanela anterior abaulada - tardio, só 30%
- vómitos, diarreia, icterícia
- olhar fixo, desvio dos olhos, nistagmo
- sinais meníngeos: PODEM ESTAR AUSENTES <12-18 meses
Criança + velha:
- febre, arrepio
- náuseas, vómitos
- cefaleias
- fotofobia
- exantema petequial ou purpúrica - sugere N. meningitidis
- rigidez da nuca, sinal de Kernig, sinal de Brudzinski
- convulsões
- sinais neurológicos focais
- parésia de pares cranianos
- edema da papila - sinal tardio, demora 24-48h a estabelecer-se
- confusão, alteração do estado de consciência
- letargia, irritabilidade
Não esquecer tríade de Cushing (sinal tardio de HIC): bradicardia, HTA, depressão respiratória.
Etiologia da meningite confrome idade e FR?
Viral: + frequente
- enterovírus: echovírus, coxsackie
- vírus da parotidite epidémica
RN:
- Step do grupo B (agalactiae)
- Bacilos gram negativos (E. coli, outras enterobacteriaceae)
- Listeria monocytogenes
1-3 meses:
- os acima do RN +
- N. meningitidis
- S. pneumoniae
- H. influenzae tipo b (muito raro nos vacinados e >5 anos)
> 5 anos:
- N. meningitidis
- S. pneumoniae
Neurocirurgia/shunt VP:
- S. aureus
- Staph coagulase negativos
- Gram -: pseudomonas, E. coli, Klebsiella
Fístula LCR:
- S. pneumoniae
- H. influenzae
Imunodeprimido:
- S. pneumoniae + N. meningitidis: défices de complemento
- H. influenzae: défices de anticorpos opsonizantes
- Listeria e meningite fúngica: grave, corticoterapia, HIV
Asplenia, drepanocitose: S. pneumoniae
Coisas que devem fazer pensar em S. pneumoniae:
- pós-trauma crânio-facial
- foco ORL - otogénio, seios perinasais
- coma, sinais focais
- asplenia funcional, ID
Coisas q devem fazer pensar em S. aureus:
- neurocirurgia, SDVP
- quisto dérmico
- osteomielite do crânio
- abcesso epidural/espinhal
- imunodeprimido
- rutura de abcesso cerebral
CI de PL?
Nunca atrasar tx por causa delas!
CI absolutas: fazer TC-CE previamente
- instabilidade hemodinâmica
- alteração do estado de consciência
- sinais neurológicos focais
- anisocoria
- pupilas pouco reativas
- convulsão prolongada
- HT intracraniana: edema papila, fundoscopia alterada, HTA com bradicárdia, parésia III, IV ou VI)
- púrpura extensa
- infeção cutânea local de punção
- trauma CE
CI relativas:
- trombocitopénia <50mil
- coagulopatia até correção
O que é que se pede no LCR na suspeita de meningite?
- aspeto macroscópico
- citoquímico: glicose, proteínas
- contagem de células
- Gram: exame bacteriológico direto
- cultura + TSA
- antigénios capsulares
- PCR 16sRNA
MCDT na meningite?
- hemograma
- glicémia - pré-PL
- ionograma
- PCR
- hemocultuas
- coagulação
- PL - ver se precisa de exame de imagem antes
Distinguir etiologia de meningite conforme resultado da análise do LCR?
Normal: células <5 linfócitos, proteínas <50, glicose >=50, >50% da glicémia
Sugere etiologia bacteriana:
- LCR turvo
- Proteínas >80
- Glicose <30mg/dL, <30% sérica
- Leucócitos >1000, predomínio PMN
- Exame direto +
- PCR sérica >5mg/dL
Sugere viral:
- Predomínio linfócitos - mas n esquecer que neutrofilia periférica e no LCR pode estar presente na fase inicial de meningites virais!
- 100-1000 céls
- proteínas com aumento ligeiro/moderado
- glicose normal
- deteção vírus em cultura
- PCR multiplex + rápido
- cefaleias melhoram após PL!!!!
Tx de meningite viral?
Internar 24-48h para vigilância!
Tx suporte:
- rehidratação EV até tolerar via oral
- antipiréticos/analgésicos
Síndrome pós-PL (+ comum se + velhas): vómitos e cefaleias ao levantar, cedem ao decúbito, dor na região lombar e MI -> passa em 2-3d
Tx de meningite bacteriana?
Iniciar ABT empírica logo após PL + hemocultura (ou só hemocultura se PL for protelada por CI):
RN: ampicilina + cefotaxima +/- gentamicina IV
<3 meses: ampicilina + cefotaxima +/- vancomicina (S. pneumoniae) IV
> 3 meses: ceftriaxone ou cefotaxima +/- vancomicina IV
Se neurocirurgia/shunt: meropenem + vancomicina
Duração conforme agente:
- S. pneumoniae: 10-14d
- H. influenzae: 10d
- Meningococco: 7d
- Gram negativos: 21d
- Listeria: 14-21d
- Strep B: 14-21d
Sem isolamento <3 meses: 14-21
Sem isolamento >3 meses: 10d
Corticoterapia: concomitante ou após 1h de ABT, se H. influenzae tipo b + no exame direto e possivelmente no Pneumococco
Como fazer profilaxia de contactos na meningite bacteriana?
Mandatória se: H. influenzae tipo b ou N. meningitidis
SE H. INFLUENZAE:
A quem?
- contactos íntimos, meio familiar ou onde exista criança:
- <12 meses com menos de 3 doses de vacina
- <4 anos não imunizada ou incompleta
- imunodepressão
Como?
- crianças: rifampicina PO 4d a cada 24h 20mg/kg
- adultos: rifampicina 600mg/d 4 dias
SE N.MENINGITIDIS:
A quem?
- contacto íntimo com doente ou suas secreções orais últimos 7d antes dos sintomas começarem
- conviventes domicílio, mesmo quarto
- mesmo infantário/escola >4h/d recinto fechado
- profissionais de saúde em contacto com secreções
- passageiros ao lado voo >8h
Como?
- rifampicina 2d
- ciprofloxacina dose única em adultos
- ceftriaxona
- espiramicina na GRÁVIDA
Resumido da TP:
- criança: rifampicina
- adulto: rifampicina ou ciprofloxacina
- grávida: ceftriaxone ou ampicilina
Etiologia da diarreia crónica <1 ano?
- erros alimentares
- intolerância/alergia alimentar - alergia às proteínas do leite de vaca
- infeções
- síndrome pós-gastroenterite
- FQ
- defeitos congénitos: enzimáticos, estruturais
Etiologia da diarreia crónica idade pré-escolar e escolar?
- SII - só surge após o 1º ano
- infeção entérica, giardíase
- síndrome pós-gastroenterite
- intolerância/alergia alimentar
- doença celíaca - desde os 6m, quando ocorre introdução do glúten
- DII
- FQ
Etiologia da diarreia crónica idade escolar e adolescência?
- DII idiopática
- SII
- intolerância à lactose
Doença celíaca - incidência?
Pico de incidência:
- 8-12 meses
- 2-3 meses após exposição ao glúten se ocorrer posteriormente aos 6 meses (geralmente quando começa a ser inserido na alimentação)
SINTOMATOLOGIA NUNCA É SOBREPONÍVEL À INTRODUÇÃO DO GLÚTEN - outro dx se for o caso!
Doença celíaca razão e clínica.
Inflamação crónica da mucosa intestinal, com atrofia vilositária: predomínio no duodeno-jejuno (proximal).
Cria sínd de má-absorção generalizada, com intolerância 2a às PLV e lactose.
-> Ter DQ2 e DQ8 é necessário mas não suficiente para ter doença celíaca.
Doença sintomática:
A - clássica, <2A:
- diarreia crónica de dejeções pastosas, volumosas, fétidas, pálidas, brilhantes
- distensão abdominal: sínd de má-absorção
- anorexia
- irritabilidade/nervosismo
- alterações da pele e faneras
- perda de massa muscular
- pregas glúteas verticalizadas
- atraso estatuto-ponderal: cruza percentis!!!
Mais tardiamente:
- diarreia intermitente
- náuseas e vómitos
- dor abdominal
- má progressão ponderal
- obstipação
Manifestação não-GI:
- dermatite herpetiforme (lesões maculo-papulo-vesiculares na sup extensora dos membros - IgA, não tem relação com herpes)
- anemia sideropénica refratária à tx com ferro oral
- osteopenia/osteoporose
- hipoplasia esmalte
- baixa estatura
- atraso pubertário
- epilepsia com calcificações occipitais
- hepatite
- artrite
Rastreio vs dx de doença celíaca?
Rastreio serológico: NÃO CHEGA PARA DX, SÓ RASTREIO
- doseamento IgA sérica total - excluir défice total de IgA, que é muito comum - 10% dos doentes com doença celíaca têm défice de IgA -> se for o caso tem de se pedir IgG anti-transglutaminase e não IgA!!!! Ou temos falso negativo!
Gold-standard → anticorpos IgA anti-transglutaminase tecidular → >2 ANOS DE IDADE - ANTES HÁ FALSOS NEGATIVOS!
Se < 2 anos:
- IgA sérica total
- IgA anti-gliadina (AGA)
Se > 2 anos:
- IgA sérica total
- IgA anti-transglutaminase tecidular
Anti-endomísio - exame mais caro, não se faz em lab de rotina, só especializados. Só se usam em casos duvidosos, para confirmação de diagnóstico final.
Classicamente o dx inclui endoscopia + biópsia duodenal (zona mais afetada)! - garantir q pessoa ainda está a consumir glúten!!!
- Apenas se considera dispensar biópsia se clínica for muito típica e estes marcadores de rastreio estiverem muito elevados.
→ Ter biópsia positiva sob exposição a glúten dá diagnóstico PROVISÓRIO, PRESUNTIVO!
→ Só se chega ao diagnóstico definitivo quando após a biópsia se remove o glúten → existe remissão clínica + negativação marcadores serológicos.
Tx doença celíaca 2 pilares e follow-up?
1 - Dieta sem glúten para o resto da vida, mesmo q assintomático - não cumprir lesa sempre a mucosa, mesmo que assintomático.
- Excluir trigo, centeio, cevada.
- Perante paragem de consumo de glúten o desconforto abdominal resolve em poucos dias.
- Diarreia pode demorar até 1 mês a resolver!!!
2 - Verificar se é necessário substituição para deficiências nutricionais - ferro, cálcio, vitamina D, folato, vitamina B12
Follow-up: serológico + nutricional
- 3 meses
- 6 meses
- anual
Causas de hematúria macroscópica? Que perguntas fazer na HC?
- UTI
- trauma
- glomerulopatia: pós-infecciosa, púrpura Henoch Schonlein, Nefropatia IgA, nefrite lúpica
- litíase renal
- síndrome hemolítica-urémica
- trombose
- tumores
- coagulopatias
- drepanocitose
HC:
- se já teve episódios prévios
- sintomas acompanhantes: febre, dor, disúria, freq urinária, oligúria, anúria, peso variou, artralgias
- coloração da urina
- coágulos na urina?
- fase da micção em que surge hematúria
- trauma?
- fármacos que fez?
- infeção respiratória ou cutânea 2-3 semanas antes: sugere glomerulonefrite pós-infecciosa
- infeção resp ou cutânea simultânea: sugere nefropatia a IgA
- ex físico intenso recente? - pode ser mioglobinúria
Definição ITU recorrente?
Ter, durante 1 ano:
- >=2PNA
- 1 PNA + >=1 cistite
- >=3 cistites
Etiologia ITU?
- E. coli - 75-80%
- Klebsiella
- Proteus mirabillis - 30% sexo masculino
- Enterobacter
- Pseudomonas
- Serratia
- H. influenzae
- Strep B - RN!
- Enterococcus
- S. aureus
- S. saprophyticus
Adenovírus - cistite hemorrágica
Clínica de ITU conforme idade?
Importância na criança devido a grande incidência e o poder sinalizar patologia estrutural/funcional do trato urinário.
Febre não é igual a pielonefrite, podemos ter cistites que cursam com febre!!!
RN/lactente:
- febre: sintoma + frequente
- prostração, irritabilidade
- vómitos
- recusa alimentar
- má progressão ponderal
- icterícia neonatal
- sépsis
Criança/adolescente:
- disúra
- polaquiúria
- febre - menos freq a menos que PNA
- calafrio
- náuseas/vómitos
- dor abdominal/lombar!!!
- enurese
Dx de ITU? Como colher urina?
Clínica conforme idade +
<2 anos têm quadro inespecífico que dificulta o dx.
Lab:
- urina II + sedimento
- urocultura
→ Termos uma análise sumária de urina normal, particularmente em lactentes, não exclui o dx de uma infeção urinária.
Se suspeita de PNA, casos de > gravidade ou com indicação para internamento: PCR, leucócitos contagem diferencial, procalcitonina, função renal (creatinina, ureia, ionograma).
AP e AF que importam nas ITU?
- malformações genitourinárias conhecidas
- controlo de esfíncteres
- ITU de repetição
- alteração do padrão miccional?
- trauma
- atividade sexual
AF:
- ITU
- anomalias urogenitais
- DRC
Como colher urina asséptica?
Controlo esfincteriano: jato médio
Sem controlo esfincteriano:
- algaliação
- punção vesical: invasivo, mas gold standard, melhor deles todos. Nunca se >2 anos.
Evitar saco coletor - se usado como triagem, trocado a cada 30min. Muitos falsos positivos.
Perante fraca suspeita clínica e/ou lab: saco coletor - se sugestivo obriga a confirmar por algaliação ou punção vesical - urocultura.