Nefrologia Flashcards

1
Q

Aparelho justaglomerular

A

Estrutura microscópica do nefrónio, localizado no pólo vascular do corpúsculo renal, formado por um componente vascular (arteríola aferente e eferente), um componente tubular (mácula densa) e pelo mesângio.
Função: secreção de reina e feedback túbulo-glomerular

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2
Q

Principais sinais, sintomas e alterações analíticas das síndromes nefrológicas

A

Redução da taxa de filtração glomerular
Alteração do volume urinário
Proteinúria
Alteração do sedimento urinário
Hipertensão e/ou edema
Alterações eletrolíticas
Febre/dor

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3
Q

Oligúria

A

<400mL de urina em 24h

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4
Q

Anúria

A

<100mL de urina em 24h

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5
Q

Poliúria

A

> 3L de urina em 24h
Difícil de distinguir para o doente entre o aumento do volume ou da frequência

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6
Q

Mecanismos causadores de poliúria

A

Excreção de solutos não reabsorvidos
Excreção de água livre
Osmolaridade urinária distingue entre os dois mecanismos
<250mosmol/L - urina diluída
>300mosmol/L diurese de soluto

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7
Q

Causas de osmolaridade urinária baixa

A

Polidipsia
Secreção inadequada de vasopressina (diabetes insipida central)
Ausência de resposta à vasopressina tubular (diabetes insípida nefrogénica)

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8
Q

Causas de osmolaridade urinária alta

A

Excreção de glicose (diabetes mellitus)
Excreção de sódio (necrose tubular em resolução, síndrome de Bartter, doença quistica)
Outros solutos: manitol, contraste, ureia (dieta proteica)

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9
Q

Proteinúria - Exame sumário da urina

A

Negativo
Vestígios/traços 15-30 mg/dL
1+ 30-100 mg/dL
2+ 100-300 mg/dL
3+ 300-1000 mg/dL
4+ >1000 mg/dL

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10
Q

Mecanismos causadores de proteinuria

A

Produção excessiva: imunoglobulina (MM, amiloidose, linfoma); mioglobina (rabdomiolise); hemoglobina livre (hemólise) -> em grande quantidade causam por si mesmas lesão renal

Disrupção da barreia glomerular: doenças glomerulares (seletivas, não seletivas, nefropatia, hta); benigna (proteinúria ortostática, proteinúria induzida pelo exercício)

Alteração da absorção tubular: doenças tubuointersticiais, mecanismo misto na proteinúria glomerular

Excreção no trato urinário (inflamação, infeção)

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11
Q

Proteinúria nefrótica

A

> 3.5g/24h

(+hipoalbuminemia, hiperlipidemia, edema, hipercoaguabilidade-perda de fatores antitrombina III, proteínas C e S)

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12
Q

Proteinuria - urina 24h

A

Moderadamente aumentada 30-300mg/d ou 30-300mg/g
Muito aumentada 300-3500mg/d ou 300-3500mg/g
Range nefrótica >3500mg/d ou >3500mg/g

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13
Q

Causas de hematúria macroscópica - análise sumária da urina

A

+ frequentemente de origem pós-renal (neoplasia urogenital, infeção do trato urinário), glomerular (nefropatia IgA nefrite hereditária)

Falsos + : mioglbinúria, menstruação

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14
Q

Causas de hematúria microscópica - análise do sedimento urinário

A

Doença glomerular: eritrócitos dismórficos, cilindros eritrocitários (eritrócitos ficam presos na uromodulina, também conhecida como proteína Tamm-Horsfall, e assumem uma forma cilíndrica)
Infeção do trato urinário

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15
Q

Causas de leucocitúria

A

ITU
Nefrite intersticial
Nefrolitíase
Tuberculose renal

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16
Q

Causas de piúria

A

ITU!!!
Nefrite intersticial
Nefrolitíase
Tuberculose renal

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17
Q

Causas de bacteriúria

A

ITU

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18
Q

Indicações de diálise

A

→ Indicada quando o rim perde de forma transitória ou permanente a sua capacidade de remover toxinas, metabolitos e água do corpo.

→ Também pode ser usada no caso de alguns envenenamentos e intoxicações quando o rim não consegue excretar a toxina a velocidade suficiente.

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19
Q

Técnicas de substituição renal

A

Hemodiálise, hemofiltração, hemodiafiltração, diálise peritoneal -> técnicas depurativas
Transplante - segue-se a 1 das anteriores, geralmente

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20
Q

Diferença entre hemodiálise, hemofiltração e hemodiafiltração

A

Na hemodiálise o transporte de H2O e solutos é feita por difusão -> preferida para moléculas de menor dimensão - ureia, fármacos ligados a proteínas, amónia.

Na hemofiltração o transporte de H2O e solutos é feita por convecção, mimetizando melhor o sistema glomerular -> permite remoção de moléculas de maior tamanho -> utilizada nas intoxicações medicamentosas.

Na hemodiafiltração o o transporte de H2O e solutos é feita por uma combinação dos 2 mecanismos

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21
Q

Acesso vascular: hemodiálise, hemofiltração e hemodiafiltração

A

Fístula arteriovenosa
Enxerto vascular
Cateter venoso central

(ordem de preferência e de biocompatibilidade e de menor nº de complicações)

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22
Q

Esquema habitual: hemodiálise, hemofiltração e hemodiafiltração

A

4 horas três vezes por semana em centros especializados

Existem doentes com IC grave que não toleram 4h de tx ou doentes que precisam de ser ultrafiltrados com frequência superior → esquema 4x/semana, 4h ou 3h, dependendo do tamanho do doente e o que tiver para dialisar.

Mínimo = 12h semanais

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23
Q

Considerações a ter: fístulas arteriovenosas na diálise

A
  • Começa-se a fazer ligações de mais distal para mais proximal - A localização preferida para começar é uma ligação da artéria radial à veia cefálica.
  • Começa-se no braço não dominante.
  • Convém fazer ≥4 semanas antes da 1a utilização, para o vaso arterializar.
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24
Q

Considerações a ter: enxertos venosos na diálise

A

Usada quando doente não tem vasos capazes para fazer ligação entre artéria e veia - ex: DM com muitos anos de evolução e doença arterial grave.

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25
Considerações a ter: CVC na diálise
Diálise de urgência e sem seguimento anterior Colocamos um catéter temporário, numa veia central, e por ordem de preferência por menor risco de complicação: jugular interna direita → jugular interna esquerda → femorais → subclávias (último caso) Preferimos femorais às subclávias, apesar das femorais muito mais facilmente terem intercorrência infecciosa, devido ao facto de as veias subclávias estenosarem com muita facilidade, e isso impedir que mais tarde seja impossível construir enxerto ou fístula nesse membro superior. → Doentes em estado de doença arterial muito grave, sem possibilidade de fazer fístula ou enxerto, podem ter de fazer catéter de forma permanente → catéter tunelizado - reduz o risco de infeção e aumenta a estabilidade.
26
INDICAÇÕES PARA DIÁLISE (AEIOU)
(A)cidose metabólica com pH <7.1 (E)letrólitos ( mais comum hipercaliémia grave refratária >6.5 mEq/L) (I)ngestão de tóxicos (O)verload hidrica refratária (U)remia - pericardite, encefalopatia, asterixis/flapping, confusão, convulsões, disfunção plaquetária com hemorragia grave
27
Terapêutica de substituição renal: complicações mais frequentes
Retira-se muito fluido muito rápido o que é pouco fisiológico - hipotensão, hipocaliémia transitória, arritmias e cãimbras despoletadas por isso, Remoção de fármacos (Ex: doente a fazer ABT deve fazer depois da sessão e não antes) Hemorragias provocadas pelo uso de anticoagulação no circuito extracorporal
28
Terapêutica de substituição renal: complicações associadas aos acessos vasculares
Infeções Estenoses Falência de acessos
29
Diálise peritoneal
Feita pelo próprio doente, em casa. Usa membrana interna, do próprio doente. Existem duas modalidades: DP contínua ambulatória (4 a 5 passagens diárias, demora 15-20min) e DP automatizada (máquina que realiza as trocas automaticamente durante 8-9h) - Permite ir de férias e levar a máquina, que é de dimensões reduzidas, até para fora do país. No início existe treino intensivo. Quando adaptado, follow-up 1x/ano. Catéter tunelizado para minimizar risco de infeção, colocado na parede lateral.
30
Transplante renal
Colocação de um rim de dador cadáver ou dador vivo através de um processo cirúrgico. Necessário medicação imunossupressora Só podem ser referenciados a consulta de transplante quando TFG <10 mL/min e NUNCA >15 mL/min*. → Nesses casos, com essa taxa de filtração, os doentes já têm sintomatologia urémica, ou hipervolémia, ou hipertensão grave, e já devem estar a fazer tx de substituição renal previamente, pela indicação para tal Nos doentes candidatos é a melhor modalidade, porque devolve todas as características do rim, além da depurativa.
31
Estudo do doente pré-transplante renal
1ª fase: identificar CI para realização de transplante -> risco cardiovascular (ex doença arterial periférica grave do lado que coloca rim), excluir neoplasias e infeções ativas, excluir impossibilidades clínicas/técnicas para a realização do ato cirúrgico 2ª fase: correção média e/ou cirúrgica dos fatores potencialmente reversíveis (ex revascularização coronária) 3ª fase: estudo imunológico no centro de histocompatibilidade /tipagem HLA, grupo ABO/rh, reatividade contra painel de linfócitos, serologias virais)
32
Critérios para exclusão de dadores para colheita de rins
Critérios para exclusão de dadores para colheita de rins: Inscrição no RENNDA Suspeita de hábitos ou comportamentos de risco Ser portador de sepsis ou infeção não controlada Existência de doença neoplásica com potencial metastásico Possuir critérios analíticos infecciosos virais, de acordo com os critério em uso Ter idade superior a 70 ou inferior a 3 (morte entre os 65 e 70 se existir razões para prever um mau funcionamento do enxerto) Má função renal do dador representada por clearence da creatinina inferior a 50 mL/m Sempre que o score total seja igual ou superior a 17, considerando a definição de dador sub-ótimo
33
Complicações mais frequentes - transplante renal
Cirúrgicas: vasculares, obstruções do trato urinário e linfocelos Necrose tubular aguda - mais provável em rins com tempo de isquémia elevado. Virtualmente sempre em casos de **rim de dador cadáver. Trombose da veia renal - prevenível com aspirina ou HBPM Doença cardiovascular: HTA, DM, dislipidemia Rejeição pode ser aguda ou hiperaguda. Infeções: precoces - UTI; tardias - associadas à imunossupressão. Imunossupressão - neoplasias + infeção. Recidiva doença renal de base - mais comum nalgumas glomerulonefrites. Nefropatia crónica do enxerto - causa mais frequente de perda emdoentes com transplante há mais tempo
34
DRC estadio 5 - terapêutica conservadora
Acompanhamento clínico em consulta 1x/mês para vigilência e controlo de sinais e sintomas associados ao síndrome urémico Anemia - AEE/ EPO sintética. Náuseas e vómitos- haloperidol Acidose metabólica - bicarbonato per os Prurido (depósito na pele de complexos de cálcio e fósforo)- emolientes + quelantes do fósforo. Antihistamínicos. Derrame pleural - diuréticos.
35
Durabilidade de transplante renal
Transplante renal - dura no máximo 20-25 anos. Depois precisa de um 2º transplante ou de iniciar hemodiálise ou diálise peritoneal. Se nunca tiver passado antes por estas opções ainda tem membrana peritoneal e vasos íntegros, o que aumenta as suas opções de sucesso.
36
Critérios de exclusão da lista de transplante
Doença arterial grave, >70 anos (risco de imunossupressão e DCV), neoplasia ativa, <5 anos de cura de neoplasia sólida - exclusão da lista de transplante, por mais complicações que benefícios
37
RENNDA
Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA)
38
Rim usado para o transplante renal
Usa-se o rim esquerdo por causa da veia renal ser mais longa. São colocados na fossa ilíaca heterotopicamente.
39
Principal causa de morte nos oentes com tx de substituição renal ou transplante renal
Causa cardiovascular: - FR em comum para doença renal e DCV - HTA, dislipidemia, DM - FR adicionais pela diálise - malnutrição, estado catabólico, inflamação
40
Disuria
Dor ou desconforto durante a micção
41
Nictúria vs Noctúria
Nictúria -> inversão do "padrão" urinário, pessoa urina mais vezes de noite que durante o dia Noctúria -> pessoa tem de se levantar 2 ou mais vezes durante a noite para urinar, mas continua a urinar mais durante o dia
42
Indicadores de função renal avaliam que função do rim?
Depurativa
43
Porque usamos a creatinina como indicador da função renal?
Creatinina é um produto final da função do músculo, é removida do sangue apenas por filtração glomerular. Daí assumirmos que variações da creatinina no sangue são indicadores da função renal e serem usados para estimar a TFG. Creatinina sérica não pode ser usada para avaliar a função renal de TFG >60 porque passa a existe um bypass possível à filtração glomerular através da secreção tubular quando os valores de creatinina no sangue começam a subir muito.
44
Valores de TFG
Taxa de filtração glomerular: volume de urina que é filtrado pelos rins durante um determinado período de tempo por unidade standardizada de superfície corporal (1.73) Normal ≥90** mL/min/1.73 (diminuição fisiológica a partir dos 29 anos de 10mL por ano)
45
BUN
Blood-urea-nitrogen): - produzido pelo fígado após ciclo de ureia, após degradação proteica - filtrado e excretado pelos rins - elevada quando TFG diminuída, dieta hiperproteica ou catabolismo proteico
46
Razão BUN/creatinina:
Razão BUN/creatinina: Ajuda a entender a causa na LRA ≥20:1 - pré-renal - aumento da reabsorção de ureia, típico de desidratação ou hipoperfusão. O tempo aumentado de passagem no glomérulo permite > reabsorção de ureia, mas a creatinina não é reabsorvida. ≤15:2 - intrarenal - dano renal diminui reabsorção de ureia 10:1-20:1 - normal ou pós-renal
47
Clearance de creatinina
Usada para estimar a TFG - Faz uma ligeira sobrestimação - secreção de creatinina mínima nos túbulos proximais, mas desprezável na clínica - Medida em 24h To calculate creatinine clearance, the creatinine level in the urine is multiplied by the rate of urine flow (mL/min). This is then divided by the amount of creatinine in the blood
48
Fração de Na+ urinário
% do Na+ filtrado que é excretado na urina - permite perceber causa de LRA e ajuda a distinguir entre origem renal e extra-renal na hiponatrémia hipotónica Se baixa - LRA pré-renal, por hipoperfusão renal. Se alta - LRA intra-renal.
49
Ecografia renal - o que valorizar
- dimensão longitudinal do rim - espessura da cortical - contorno do rim - surgem boceladuras quando é afetado - ecogenicidade e relação periferia vs central - indicador de cronicidade de doença renal
50
Urina II
Exame físico-químico Sedimento urinário por citometria de fluxo
51
pH urinário normal
4,5-8
52
Hematúria - exame físico químico e sedimento urinário
Exame físico químico: reação colorimétrica que deteta a presença de heme (anel protoporfírico com núcleo central com ferro) -> Não é exclusivo da hemoglobina, pode ser da mioglobina! Sedimento urinário: 3 ou mais eritrócitos por campo de grande ampliação. Para definir hematúria, para além da presença de heme, temos de ter a presença de eritrócitos no sedimento urinário. Se tivermos reação colorimétrica com heme + mas sem eritrócitos no sedimento urinário devemos suspeitar de mioglobinúria-
53
Tipos de cilindros que podem estar presentes no sedimento urinário e o seu significado
Hialinos (Tamm-Horshfall proteins) - desidratação, tx diurética, alterações não específicas na doença renal crónica Granulosos (matriz hialina e debris celulares) - indicam estase ao nível do nefrónio, necrose tubular aguda, glomerulonefrite avançada, pielonefrite Eritrocitários - glomerulonefrite proliferativa ou necrotizante, nefrite interstical aguda Leucocitários - nefrite interstical aguda, pielonefrite aguda, glomerulonefrite proliferativa Epiteliais - necrose tubular aguda, nefrite interstical aguda, glomerulonefrite proliferativa Gordos (gotículas de gordura ou corpúsculos ovais de gordura; o colesterol produz um padrão em Cruz de Malta sob luz polarizada) - síndrome nefrótica
54
Exame sumário da urina (dipstick): o que mede?
Densidade pH Hemoglobina Proteínas Glicose Corpos cetónicos Nitritos Esterease leucocitária Bilirrubina e urobilinogénio
55
Definição KDIGO - Lesão Renal Aguda
Aumento da creatinina de pelo menos 0.3mg/dL em 48h Aumento da creatinina em 1.5x o valor basal (Valor basal - valor conhecido do doente 7 dias antes) Diminuição do débito urinário para <0,5mL/Kg/h em 6h Valor basal - valor conhecido do doente 7 dias antes
56
Gravidade da LRA segundo a classificação de KDIGO
1 SCr 1.5-1.9x valor basal OU aumento >/= a 0.3 mg/dL Débito urinário <0.5mL/Kg/h durante 6-12h 2 SCr 2.0-2.9x valor basal Débito urinário <0.5mL/Kg/h durante >12h 3 SCr 3x valor basal OU aumento >/= a 4.0mg/dL OU início de tx de substituição renal OU diminuição da eGFR para <35mL/min/1.73m^2 em doentes com idades inferiores a 18 anos Débito urinário <0.3mL/Kg/h durante >24h OU anúria >/= 12h
57
Riscos a longo prazo da LRA
Proteinúria DRC ESKD Hipertensão Mortalidade cardiovascular Risco de fratura Readmissão hospitalar a 5 anos All-cause mortality
58
Causas de LRA mais comuns na comunidade
Depleção de volume (desidratação, diminuição do débito cardíaco, insuficiência hepática) Efeitos adversos de medicação Obstrução do trato urinário Neoplasia
59
Causas de LRA mais comuns em meio hospitalar
Sepsis Cirurgias major Doentes em estado crítico envolvendo insuficiência cardíaca/hepática Administração de fármacos nefrotóxicos
60
Causas de LRA pré-renal
30-60% Hipovolémia (vómitos, diarreia, hemorragia, queimaduras, sudorese, diuréticos, desidratação, hipercalcémia) Diminuição do débito cardíaco Diminuição do volume circulante efetivo (insuficiência cardíaca congestiva, doença hepática crónica) Fármacos que afetem a autorregulação renal (AINEs, iECAs, ARAs, ciclosporina)
61
Mecanismos de autoregulação do rim para aumentar a pressão de perfusão e manter TFG:
Aumento prostaglandinas vasodilatadoras da arteríola aferente (tx com NSAIDs → sem vasodilatação da arteríola aferente por inibição das prostaglandinas) Aumento angiotensina II - vasoconstritora da arteríola eferente (tx com iECAs/ARAs → sem vaconstrição da arteríola eferente por falta de angiotensina II) Rim deixa de conseguir compensar até PA sistólica para valores inferiores a 80 mmHg
62
Complicações LRA pré-renal
Se tratada rapidamente não resulta em dano do parênquima renal, mas... Qualquer lesão aguda pré-renal mantida levará a isquémia intra-renal → necrose tubular aguda → passa a causa intrínseca
63
AINEs não seletivos
Diclofenac Naproxeno Ibuprofeno
64
AINEs COX2 seletivos
Celecoxibe Rofecoxibe
65
LRA intrínseca
20-40% Qualquer lesão do parênquima renal, sendo que qualquer parte do parênquima pode estar afetada - glomérulo, túbulos, interstício, vasos
66
LRA intrínseca - etiologias mais comuns
- necrose tubular aguda - mais comum de todas (85%) - sépsis - isquémia - nefrotoxinas
67
LRA intrínseca - causas vasculares
Trombose bilateral da artéria ou veia renal Disseção das artérias renais Ateroembolismo Vasculites de grandes e médios vasos Esclerodermia
68
LRA intrínseca - causas glomerulares
Glomerulonefrites Microangiopatias trombóticas Paraproteinémias
69
LRA intrínseca - causas intersticiais
Nefrite intersticial Pielonefrite
70
LRA intrínseca - causas tubulares
Necrose tubular aguda aka causa mais comum de LRA intrínseca (até 90% dos casos)
71
Necrose tubular aguda - isquemica
Lesão tubular por hipoperfusão prolongada Persiste mesmo após a otimização do volume intravascular Causas: Sépsis, cirurgia major (cardíaca, vascular, intraperitoneal), choque cardiogénico, vasopressores, hipovolémia grave, queimaduras extensas
72
Necrose tubular aguda -nefrotóxica
Endotoxinas (mioglobina - rabdmiolise, hemoglobina - hemólise intravascular, cadeias leves - MM) Exotoxinas (aminoglicosídeos, anfotericina B, vancomicina, contraste)
73
Necrose tubular aguda - análise sumária da urina
Células tubulares epiteliais dismórficas Cilindros de células epiteliais e granulares castanhos (específicos da NTA) Proteinúria <1g/dia
74
Necrose tubular aguda - Segmentos mais afetados dos túbulos
Segmentos mais afetados dos túbulos são os de menor pressão parcial de O2 e maior atividade enzimática (ou seja, têm > risco de isquémia): segmento S3 do TCP, ramo ascendente espesso da ansa de Henle
75
LRA pós-renal - fisiopatologia
Obstrução ao fluxo urinário leva a aumento da pressão hidrostática dentro dos túbulos -> distensão do sistema coletotor aka hidronefrose -> lesão tubular -> aumento da reabsorção de Na+, ureia e água -> aumento da pressão no espaço urinário glomerular -> diminuição da TFG com hipoaldosteronismo 2ário
76
LRA pós-renal traduz sempre...
Ureterohidronefrose bilateral ou unilateral em rim único
77
Causas de obstrução do trato urinário
Mecânicas: cálculos, hiperplasia benigna da próstata, carcinoma da próstata, do útero, cólon, reto (locais mais frequentes - junção uretero-pélvica e uretero-vesical, colo da bexiga, meato urinário) Funcionais: refluxo vesico-ureteral, bexiga neurogénica (neuropatia diabética, doenças da medula espinhal...), fármacos (anticolinérgicos, antagonistas alfa-adrenérgicos, opioides)
78
LRA pós-renal - análise sumária da urina
Normal Hematúria não glomerular Pode existir piúria e bacteriúria)
79
LRA pós-renal - radiografia
Sem alterações Nefrocalcinose Cálculo radiopaco
80
LRA pós-renal - ecografia renal
Avaliar tamanho dos rins e presença de hidronefrose
81
LRA pós-renal - Tx de obstrução alta
Stent ureteral Nefrostomia percutânea
82
LRA pós-renal - Tx de obstrução baixa
Algaliação, cateterização supra-púbica
83
LRA pós-renal - Cuidados a ter após resolução de obstrução do trato urinário
Poliúria com grande quantidade de iões e solutos -> garantir reposição eletrolítica
84
Abordagem diagnóstica da LRA
1º Excluir complicações potencialmente fatais (síndrome urémica, hipercaliémia, acidémia, sobrecarga de volume -edema agudo do pulmão) 2º Demontrar que a diminuição da função renal é recente (distinguir LRA de DRC) 3º Identificar fator precipitante (hipovolemia, IC, EAM, TEP, arritmia, DHC, infeção, nefrotóxicos, obstrução) 4º Algaliação para registo da diurese e ajuste de tx conforme 5º Avaliação da volémia
85
Abordagem diagnóstica da LRA - História clínica e exame objetivo
Tentar perceber etiologia, valores anteriores de FR, fatores de risco para LRA, infeção, desidratação, hipotensão, sobrecarga hídrica, procedimentos com contrastem fármacos nefrotóxicos, cirurgias, inquirir sobre débito urinário (redução = pior prognóstico excepto em causas pré-renais)
86
Abordagem diagnóstica da LRA - ECG
Perceber se a hipercaliémia e acidémia têm repercurssão hemodinâmica
87
Avaliação analítica LRA
Hemograma completo Ureia e creatinina (Alterações creatinina surgem apenas 24-48h depois de acontecer a LRA, diminuição do débito urinário é a alteração mais precoce que conseguimos avaliar - diminui em 4-6h) Ionograma completo (Na, K, Mg, PO,Ca) Enzimas hepáticas, bilirrubina e LDH PCR Ácido úrico Gasimetria arteria
88
LRA - Febre + rash cutâneo + eosinofilia + fármaco
nefrite intersticial alérgica induzida pelo fármaco.
89
Avaliação LRA - sedimento urinário
Ajuda a perceber o tipo de causa LRA pré-renal - cilindros hialinos e hialino-granulosos Necrose tubular aguda - clindrindos granulosos e granulares castanhos Glomerulonefrite - eritrócitos dismóficos e cilindros eritrocitários Nefrite intersticial aguda - Cilindros leucocitários e eosinófilos
90
Sedimento urinário - Cristais
Oxalato de cálcio (forma de envelope) Ácido úrico Cristais de estruvito (muito disformes) Cristais de cistina
91
Nefropatia por cristais
Mais comum em doentes com DRC e depleção de volume. Obstrução dos túbulos renais por cristais Cristais de ácido úrico -> síndrome de lise tumoral Cristais de oxalato de cálcio -> intoxicação por etilenoglicol Cristais por percipitação de fármacos -> sulfadiazina, aciclovir, indinavirm, metotrexato, ciprofloxacina
92
Avaliação LRA - índices urinários
Avaliar: - Relação ureia/creatinina - Osmolalidade urinária - Excreção Na+ urinária - Fração de excreção de Na+ (entre Na+ urinário e sérico) - mede a capacidade de reabsorção de NaCl, por isso, FENa <1% aponta para lesão pré-renal, uma vez que a concentração de sódio na urina tende a ser baixa, FENa >1% aponta para lesão renal Em doentes a fazer diuréticos o Na+ excretado pode estar falsamente elevado → usar a excreção fraccionada de ureia nestes casos.
93
Avaliação LRA pré-renal - índices urinários
Não há lesão do parênquima, rim tenta compensar ativando o SRAA, retendo água e Na+ → Acoplada à reabsorção de Na+ no túbulo proximal ocorre muita reabsorção de ureia → mais ureia que creatinina = BUN >20:1 Osmolalidade da urina vai estar muito elevada (>500 mOsm/Kg) pela retenção de água Excreção de Na <20 mEq/L Fração de excreção de Na+ ser baixa - <1%.
94
Avaliação LRA renal - índices urinários
Rim não consegue compensar devido à lesão do parênquima, sem ativação do SAAR → ureia não está assim tão aumentada → BUN<20:1 Osmolalidade urinária <500 mOsm/Kg Aumento da excreção da Na+ urinário (>40) - rim não consegue concentrar ou reter Na+ Fração de excreção de Na+ >1%
95
Avaliação LRA renal - índices urinários
Rim não consegue compensar devido à lesão do parênquima, sem ativação do SAAR → ureia não está assim tão aumentada → BUN<20:1 Osmolalidade urinária <500 mOsm/Kg Aumento da excreção da Na+ urinário (>40 mEq/L) - rim não consegue concentrar ou reter Na+ Fração de excreção de Na+ >1%
96
Avaliação LRA renal - função renal
Aumento da creatinina Aumento da ureia Diminuição da TGF
97
Avaliação LRA renal - ecografia
Diferenciar entre LRA e DRC (rim atrófico, excepto VIH, nefropatia diabética, doença renal poliquistica, amiloidose, doenças infiltrativas como lindoma; sem diferenciação entre córtex e medula) Detetar obstrução - hidronefrose
98
Avaliação LRA - Achados sugestivos de DRC
Alteração prévia da TFG Anemia (não excluir que possa ser LRA., pode ser p.e. uma hemorragia grave) HipoCa+ e hiperPO (hiperfosfatémia - complicação de DRC, mas também pode estar presente na LRA simplesmente porque o fósforo não é excretado) Isostenúria e proteinúria <1g/dia Rins <9cm (excepto VIH, nefropatia diabética, doença renal poliquistica, amiloidose, doenças infiltrativas como lindoma) Aumento da ecogenicidade e diminuição da espessura do córtex Sinais de osteodistrofia
99
DRC e hiperparatiroidismo
Renal hyperparathyroidism (rHPT) is a common complication of CKD characterized by derangements in the homeostasis of calcium, phosphorus, and vitamin D. rHPT is associated with increased cardiovascular morbidity and mortality and has a significant economic burden on the US health care system. rHPT is classically broken into 2 types on the basis of the patient’s serum calcium level. Secondary hyperparathyroidism (2° HPT) is the elevation of parathyroid hormone (PTH) in response to hypocalcemia induced by phosphate retention and reduced calcitriol synthesis as a consequence of reduced renal function.10 In 2° HPT, all the parathyroid glands become enlarged owing to parathyroid hyperplasia. Because 2° HPT is a compensatory mechanism of the parathyroid glands, it commonly resolves with normalization of calcium and phosphorus homeostasis (eg, renal transplantation). Tertiary hyperparathyroidism (3° HPT) is seen when a patient with longstanding 2° HPT develops autonomous PTH secretion, often associated with hypercalcemia. Calcium and phosphorus homeostasis is maintained through a complex relationship between the bones, intestine, kidneys, and parathyroid glands. PTH is probably the most important regulator of calcium metabolism and functions primarily via 3 mechanisms: 1. PTH is thought to stimulate PTH receptors mainly on osteoblasts, which then, through multiple cell-to-cell mechanisms, stimulate osteoclast formation and bone resorption, leading to increased serum calcium and phosphorus levels.13 2. PTH activates 1-α-hydroxylase in the kidney, which catalyzes the conversion of nonactive 25-hydroxy (25-OH) vitamin D to activated 1,25 dihydroxy (1,25-OH) vitamin D. This leads to increased absorption of calcium and phosphorus in the gut. 3. PTH increases reabsorption of calcium and decreases reabsorption of phosphorus in the kidney.
100
Manifestações possíveis - LRA
Sobrecarga de volume (derrame pleural, ascite, edema agudo do pulmão) Urémia (vómitos incoercíveis, alterações do estado mental, convulsões, prurido) Hiperuricémia Hipercaliémia Acidémia metabólica Hipocalcémia Hiperfosfatémia Hemorragia Risco de infeções Arritmias (acidémia e hipercaliémia) Pericardite Desnutrição
101
Tratamento da LRA
Monitorização diária do débito urinário, creatinina e ureia (para ajuste diário da terapêutica) Evicção de nefrotóxicos (iECAs, ARAs, AINEs, aminoglicosideos) Otimização hemodinâmica: fluidoterapia + suporte aminergico (depois de reposição adequada temos de começar suporte aminérgico para tentar manter a pressão de perfusão renal) Tratamento de complicações (tx de substituição renal) Tratamento da causa
102
Tratamento da LRA - Sobrecarga de volume
Restrição de Na+ e H20 Diuréticos Hemofiltração?
103
Tratamento da LRA - hiponatrémia
Restrição hídrica Minimizar uso de soluções hipotónicas
104
Tratamento da LRA - Hipercaliémia
Restrição de potássio na dieta Descontinuar diuréticos poupadores de potássio (iECAs, BRA, AINEs) -> SIM Diuréticos de ansa -> perda de K+ Resinas permutadoras de potássio Insulina + glucose (intake celular de K+) Agonistas adrenérgicos beta 2 (intake celular de K+) Gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio para estabilização do miocárdio
105
Alterações de ECG sugestivas de hipercaliémia
Ondas T apiculadas PR aumentado Onda P pequena ou ausente Aumento do QRS
106
Tratamento da LRA - Acidose metabólica
Bicarbonato de sódio se pH<7.2 (objetivo bicarbonato sérico > 15mmol/L) Tx de substituição renal se refratário
107
Tratamento da LRA - Hiperfosfatemia
Restrição de fósforo na dieta Agentes quelantes de fósforo (acetato de cálcio, pe)
108
Doença renal crónica
Definida com alteração da FUNÇÃO (<60mL/min/1.73m^2) ou DANO (albuminúria, alterações do sedimento urinário, alterações eletrolíticas devido a disfunção tubular, alterações histológicas, alterações estruturais detetadas por imagiologia ou ) renal >3 meses, com implicações para a saúde Diminuição de TFG e proteinúria são fatores de risco independentes para doença e mortalidade cardiovascular
109
Estadiamento da DRC
Calcular TFG - CKD-EPI Determinar albuminúria - a excreção de albumina durante 24h pode ser aproximada com o rácio albumina/creatinina numa amostra urinária idealmente a primeira da manhã
110
Fatores de risco para DRC
Diabetes Hipertensão arterial Obesidade Idade >60 anos Tabagismo, alcoolismo e outras drogas LRA Antecedentes familiares de DRC
111
Insuficiência renal
G5 (A1/A2/A3) TFG < 15 ml/min/1.73m^2)
112
Classificação da DRC
Depende de valores de TFG e albuminúria. G1A1 G2A1 (verde)não são DRC a menos que existam outros marcadores crónicos de lesão renal. Útil para escolher o tempo de follow-updos doentes: - baixo-médio (amarelo) - 1x/ano - alto risco (laranja) - 2x/ano - muito alto risco (vermelho) - 3-4x/ano
113
Doença renal crónica terminal
G5 + manifestações de urémia que requer tx de substituição renal crónica (diálise ou transplante)
114
Definição de progressão rápida da DRC
declínio sustentado da TFG >5ml/min/1.73m2 por ano
115
Etiologia da DRC
DM (45%) HTA (28%)
116
Etiologia da DRC
DM (45%) HTA (28%) Glomerulonefrites (6-7%) Doenças quísticas ou congénitas (2-3%) Idiopática (5%)
117
Etiologia da DRC - Diagnóstico definitivo
Biópsia renal Permite guiar melhor o tratamento e avaliar adequação para transplante renal)
118
Nefropatia diabética
Hiperglicémia → glicolisação não enzimática de proteínas → alterações patológicas: Hipertrofia e proliferação das células mesangeais, espessamento da membrana basal, acumulação de proteínas da matriz extracelular → glomerulosclerose nodular eosinofílica Espessamento e hialinização difusa das arteríolas aferente e eferente a artérias interlobulares Fibrose intersticial, espessamento da membrana basal tubular
119
Nefropatia hipertensiva
A variação da PA não costuma afetar o rim, devido aos mecanismos autorregulatórios que este tem para controlar a pressão nos microvasos. Mas um aumento crónico da PA é um estímulo para a glomeruloesclerose por diminuição da quantidade de sangue que chega ao glomérulo.
120
Glomerulonefrite - tipos
Não inflamatória (doença de lesões mínimas, nefropatia membranosa, glomeruloesclerose segmentar e focal) Inflamatória (nefrite lúpica, glomerulonefrite pós-estreptocócica, glomerulonefrite rapidamente progressiva, síndrome hemolítico-urémica)
121
Consequências da diminuição da TFG - DRC
Diminuição da produção de urina leva a sobrecarga de volume Menor excreção de produtos tóxicos como ureia, fármacos Menor excreção de K+ leva a hipercaliémia Hiperfosfatémia leva a síntese de FGF23 normalizando os valores de fosfato, mas em fases tardias há desenvolvimento de resistência e nova hiperfosfatémia Menor conversão de vit D ou colecalciferol na sua forma ativa (calcitriol) -> menor absorção intestinal de cálcio, magnésio e fosfato Diminuição da regeneração de bicarbonato - acidose metabólica com hiato aniónico normal em fases iniciais; retenção de aniões não medidos - acidose metabólica com hiato aniónico aumentado Distúrbios hidroeletrolíticos - hipocalcemia, hiperfosfatemia, hipercaliemia,
122
Alterações endócrinas da DRC
A diminuição da produção de vit D ativa + retenção PO4- levam a hipocalcémia → aumento PTH Menor síntese de EPO - anemia Menor gliconeogénese (maior parte deste processo realizado no fígado e uma menor parte no córtex dos rins) -> risco de hipoglicémia
123
Clínica da DRC
A maioria permanece assintomático até fases tardias devido a uma capacidade de reserva e mecanismos compensatórios, embora lesivos, muito eficazes até fases tardias da doença. A identificação inicial mais comum tende a ser uma subida assintomática dos valores da creatinina sérica em análises rotineiras ou por outro motivo. Numa fase avançada a sintomatologia que surge agrupa-se em 2 tipos principais: sobrecarga de volume e urémia. Existe tb risco aumentado de doença CV aterosclerótica. 1. Retenção de Na+ e H2O: HTA, edema pulmonar, edema periférico, IC
124
Síndrome Urémica
A urémia é definida como acumulação de substâncias tóxicas por diminuição da sua excreção pelo rim. Estas são produtos do metabolismo de proteínas - ureia, creatinina, beta2microglobulina, PTH.
125
Classificação DRC - TFG G1
>/= 90 ml/min/1.73m^2 normal
126
Classificação DRC - TFG G2
60-89 ml/min/1.73m^2 Ligeira diminuição
127
Classificação DRC - TFG G3a
45-59 ml/min/1.73m^2 Diminuição ligeira/moderada
128
Classificação DRC - TFG G3b
30-44 ml/min/1.73m^2 Diminuição moderada/grave
129
Classificação DRC - TFG G4
15-19 ml/min/1.73m^2 Diminuição grave
130
Classificação DRC - TFG G5
<15 ml/min/1.73m^2 Insuficiência renal
131
Classificação DRC - Albuminúria A1
<30 mg/g < 3 mg/mmol
132
Classificação DRC - Albuminúria A2
30-300 mg/g 3-30 mg/mmol
133
Classificação DRC - Albuminúria A3
>300 mg/g >30 mg/mmol
134
Microalbuminúria
ACR 30-300 mg/g
135
Macroalbuminúria
ACR >300 mg/g
136
Síndrome urémica - sinais e sintomas
ver foto
137
Diagnóstico DRC - Objetivos inciais
1 - confirmar cronicidade da lesão renal 2 - identificar a causa da lesão renal
138
Diagnóstico DRC - Confirmar cronicidade da lesão renal e identificar a causa de lesão renal
Sinais e sintomas: subtis ou ausentes até falência renal Anamnese - antecedentes HTA, DM, alterações urinárias, anomalias da gravidez, fármacos nefrotóxicos, infeções, UDEV - história familiar Exame físico: - Medição de PA - Procurar lesões de órgão-alvo HTA (Left ventricular hypertrophy, Ankle-Brachial Index < 0.9, retinopatia hipertensiva, AITs, AVCs) DM retinopatia diabética, cataratas, glaucoma, polineuropatia sensitiva, úlceras, AITs, AVCs, doença vascular periférica) Laboratorialmente: não esquecer eletroforese de proteínas do sangue urina em todos os doentes >35 anos para exclusão de MM (especialmente se anemia e distúrbios de cálcio), pesquisa de etiologias auto-imunes ou infecciosas se glomerulopatia, HbA1C Se não tivermos acesso a dados anteriores do doente devemos procurar se tem sinais ou registo de lesões de órgão alvo - anemia, hiperparatiroidismo, pesquisar sinais de cronicidade na ecografia (discrepância >1 cm indica processo patológico unilateral ou doença renovascular
139
Diagnóstico DRC - Identificar a causa da lesão renal
A biópsia renal não costuma ser necessária. Considerada quando: Queda rápida e inexplicável da TFG Necessidade de confirmação dx da etiologia - glomerulonefrite - antes de começar tx específica para a etiologia Não aconselhada se rins pequeno, HTA controlada, ITU, diálise hemorrágica ou anti-coagulação, obesidade grave
140
Estudo laboratorial de um doente com DRC
Sangue: hemograma, função renal (creatinina e ureia) ionograma (Na+, K+,Ca2+PO-), doseamento de PTH, perfil lipido Urina: análise sumária da urina (pH, preteínas, densidade), análise microscópica do sedimento urinário, doseamento da ureia, creatinina, albumina,
141
DRC - Quando enviar para a nefrologia
- Progressão DRC - Alto risco de progressão da DRC - G4-G5 e/ou A3 - HTA resistente à tx - Hipercaliémia persistente - Hematúria - Nefrolitíase - Doença renal hereditária - Episódio LRA
142
Fármacos modificadores da progressão da DRC
iECAs e ARAs diminuiem a hiperfiltração glomerular, diminuem proteinuria também são úteis se sobrecarga e hipernatremia A prevenção da progressão também é feita através de controlo dos FR
143
Controlo da DM na DRC - alvo HbA1C
<7% O valor de HbA1c pode não refletir bem o controlo da DM se TFG <30
144
Controlo da HTA na DRC - alvo PA
<140/90 mmHg <130/80 mmHg em doentes com proteinuria
145
Controlo da DRC - possíveis alterações diatéticas
Restrição de Na+, K+, P Se défice de vit D documentado! Suplementação oral com bicarbonato para manter contrações >22mEq/L Suplementação com Ca+
146
Cuidados a ter com a metformina na DRC
Ajustar dose entre os 30-45 ml/min/1.73m^2 e suspender abaixo dos 30
147
Doente renal crónico com agravamento agudo da função renal
Investigação de causas reversíveis de LRA
148
Tx HTA na DRC
iECAs e ARAs diminuiem a hiperfiltração glomerular, diminuem proteinuria também são úteis se sobrecarga e hipernatremia, inibem angiotensina II que causa vasoconstrição BCC não dihidropiridínicos (verapamil, diltiazem) também reduzem proteinúria, mas têm benefício inferior (2a linha) no controlo da HTA
149
Tx da dislipidemia na DRC
Começar estatina: >50 anos entre os 18 e os 49 se DM e/ou risco ASCVD (Atherosclerotic Cardiovascular Disease) a 10 anos >10%
150
Tx da diabetes na DRC
Se tipo 1 - insulina → aumento do t1/2 por diminuição da excreção. Alertar para risco de hipoglicémia. Tipo 2 - depende da TFG: - G1-G3b (>30) - metformina (dose reduzida se TFG<45)+ inibidor SGLT2 - G4 - agonista GLP-1 - G5 - inibidor DDP-4
151
Evicção de nefrotóxicos na DRC
Ajuste de dose à TFG nos casos de fármacos com excreção renal e necessários - usar CKD-EPI. Se tiverem faixa tx estreita - estimar TFG através da equação que recorre ao valor de cistatina C - mais preciso. Antibióticos como aminoglicosideos AINEs Anti-retrovirais Produtos de ervanária (ácido aristolóquico) Agentes de contraste iodados Gadolíneo
152
Indicações para o início de tx de substituição renal na DRC
Pericardite urémica Encefalopatia urémica Cãibras musculares refratárias Anorexia e náuseas sem outra causa Desnutrição Distúrbios hidroeletolíticos refratários
153
Anemia de doença crónica - DRC
Abordar e ver se tem causas reversíveis de anemia: estudos do ferro, vit B12, ácido fólico Agentes estimulantes de EPO se Hb<10: alvo 11-12 e não mais por risco de doença CV - Pedir saturação transferrina e ferritina a cada 3 meses para saber se beneficia de ferro - EA: trombose, aumento PA, cefaleias Evitar transfusões, especialmente se tiver indicação para transplante - risco de aloimunização.
154
Doença mineral e óssea associada à DRC
Hipocalcémia por vários mecanismos: 1. Menor excreção renal de fosfato → hiperfosfatémia → precipitação de fosfato de cálcio → menor Ca2+ no sangue; 2. Menor hidroxilação renal da vitD → menor vit D ativa → menor absorção intestinal de Ca2+ Pode causar hiperparatiroidismo secundário, que pode evoluir para terciário. Clínica: assintomática, fraturas, dor óssea e periarticular, fraqueza muscular e dor, calcificação vascular focal - placas ateroscleróticas, calcificação vascular difusa - esclerose de cálcio, urémica, Tratamento - tem objetivo de normalizar Ca2+, PO4- e PTH: 1 - tratar hiperfosfatémia: restrição de ingestão na dieta + quelantes de fosfato (sevelamer) 2 - tratar hiperPTH: suplementação de colecalciferol ou ergocalciferol para deficiência/insuficiência de vitD; calcimiméticos - cinacalcet; paratiroidectomia é última linha
155
Grávidas com DRC
A gravidez afeta a função renal negativamente nas grávidas com DRC. Aumenta complicações maternas e fetais: pré-eclampsia, hipertensão e proteinuria, parto pré-termo, parto por cesariana, restrição de crescimento intrauterino, baixo peso à nascença, morte fetal/neonatal Seguimento da DRC na grávida: controlo da PA, controlo proteinúria, anticoagulação se proteinúria severa, cálcio + vit D, aspirina antes das 16 semanas para prevenir pre-eclâmpsia
156
As doenças glomerulares são classificada de acordo com a apresentação nas seguintes síndromes clínicas:
Hematúria microscópica assintomática Síndrome nefrítica Síndrome nefrótica Glomerolonefrite rapidamente progressiva (GNRP)
157
As doenças glomerulares podem manifestar-se como vários sinais e sintomas:
Hematúria Proteinúria Hipertensão arterial Retenção de fluidos Redução de TFG
158
Passos no diagnóstico de glomerulonefrites
Anamnese Exame objetivo Avaliação analítica Análise de urina Ecografia renal
159
Importância da avaliação do sedimento urinário nas glomerulonefrite
Pode revelar hematúria glomerular (eritrócitos dismórficos e cilindros eritrocitários)
160
Causas de urina acastanhada
Hematúria glomerular Hemoglobinúria Mioglobinúria (falso positivo no dipstick que deteta heme, mas sem eritrócitos na análise do sedimento urinário) Alimentos (p.e. beterraba) Corantes, fármacos
161
Avaliação quantitativa da proteinúria
Gold-standard: urina 24h Permite calcular rácio proteína/creatinina (número que se aproxima da excreção de proteínas nas 24h)
162
Urina de 24h
Quociente entre um parâmetro avaliado e a concentração de creatinina
163
Proteinúria total >1g/24h mas tira-teste negativa
Proteinúria causada por cadeias leves ou proteínas de baixo peso molecular
164
Excreção urinária em 24 horas - Valores normais de proteína total e albumina
Proteína total <150mg Albumina <20mg
165
Proteinúria nefrótica
Albumina/proteínas totais >3.5g (significa que o principal tipo de proteína excretado é a albumina)
166
Para que valor e albumina na urina 24h corresponde um tira-teste positivo
>300mg
167
Divisão da proteínuria glomerular
Transitória ou funcional - Benigna (febre, exercício, ortostática) Persistente ou fixa (na faixa nefrótica é geralmente causada por doença glomerular)
168
Hematúria com eritrócitos dismóficos, cilindros eritrocitários e albuminúria corresponde a que síndrome
Nefrítico - Glomerulonefrite proliferativa Se em associação houver diminuição do complemento -> mediada por imunocomplexos Se complemento normal -> mediada por Ac anti-mbg ou pauci-imune (anca+)
169
Síndrome nefrítica + diminuição do complemento
glomerulonefrite mediada por imunocomplexos
170
Síndrome nefrítica + complemento normal
glomerulonefrite mediada por Ac anti-mbg ou pauci-imune (anca+)
171
Albuminúria > 3,5g/dia + hematúria mínima ou ausente
Glomerulonefrite não-proliferativa ou síndrome nefrótico Crianças -> ++ lesões mínicas Adultos -> nefropatia membranosa e GEFS
172
Dados analíticos necessários para diagnóstico de síndrome nefrótica
Albuminuria >3.5g/24h Albumina sérica <3.5g/dL
173
Alterações frequentemente encontradas na síndrome nefrótica, mas não necessárias para o diangóstico
Edema Hiperlipidémia Lipidúria (cilindros lipidicos na urina)
174
Complicações da síndrome nefrótica
Hipogamaglobulinémia (eletroforese e proteínas) -> risco de infeção aumentado Défice de vitamina D por perda de proteína de ligação Anemia ferropénica por perda de transferrina Tromboses - hipercoagulabilidade (perda de ATIII, proteína C e S) LRA (depleção de volume circulante efetivo, sépsis, nefrite intersticial, nefrotóxicos) Hipercolesterolémia - síntese de lipoproteínas em resposta à diminuição da pressão oncótica Alterações dos teste de função tiroideia por perda de hormonas tiroideias Desnutrição, TVP, TEP, trombose da veia renal, aterosclerose
175
Mecanismo que gera edema na síndrome nefrótica
Diminuição da pressão oncótica Retenção de sal por ativação do SRAA, ADH
176
Características do edema da síndrome nefrótica
Predomínio matinal de localização peri-orbitária, MI e sagrada
177
Tx edema - síndrome nefrótica
Diuréticos
178
Tx HTA- síndrome nefrótica
iECAs e ARAs A proteinuria per si é nefrotóxica e estes fármacos diminuem a excreção de proteínas
179
Alterações necessárias para o diagnóstico de síndrome nefrítica
Oligúria Edema (diminuição da TGF e ativação do SRAA) Hipertensão Proteinúria (geralmente <3.5g/24h) Análise sumária da urina -> Hematúria e piúria estéril Sedimento urinário -> eritrócitos dismórficos ou cilindros eritrocitários)
180
Alterações necessárias para o diagnóstico de glomerulonefrite rapidamente progressiva
Perda progressiva da função renal, em dias a meses, num doente com sedimento urinário ativo. Pode ser acompanhado de oligúria Histologiacamente GN necrotizante, focal com crescentes muito associada a S.pulmão-rim
181
Achados na biópsia renal com imunofluorescência na GN rapidamente progressiva
Depósitos granulares de IgG Depósitos lineares de IgG Sem depósitos
182
Classificação da GN rapidamente progressiva com base nos achados na biópsia renal com imunofluorescência e serologias
Depósitos granularesde IgG + C3 diminuído: infeção (pós-streptocócica, endocardite bacteriana subaguda, hepatite B, C HIV) ou auto-imune (LES, crioglobulinémia - +++ hepatite C) Depósitos granularesde IgG + C3 normal: nefropatia IgA e púpura de Henoch-Scholein Depósitos lineares de IgG + Ac. Anti-MBG = Doença anti-MBG (Síndrome de Goodpasture) Sem depósitos + ANCA: poliangeíte microscópica, granulomatose com poliangeíte, granulomatose eosinofílica com poliangeíte
183
Doença glomerular que se manifesta com síndrome nefrótica mais comum nas crianças e associações clínicas
Doença de lesões mínimas (principais associações clínicas AINEs e linfoma de Hodgkin, maioria é idiopática) Criança + síndrome nefrótico até prova em contrário é DLM e é para iniciar corticoterapia
184
Doenças glomerulares que se manifestam com síndrome nefrótica mais comuns nos adultos e associações clínicas
Glomeruloesclerose focal segmentar (associada a obesidade, HIV e heroína, nefropatia de refluxo) Nefropatia membranosa (idiopática, neoplasia da mama e do pulmão, LES, hepatite B, AINEs, ouro, penicilamina)
185
Doenças glomerulares que se manifestam com síndrome nefrótica
Doença de lesões mínimas Glomeruloesclerose focal segmentar Nefropatia membranosa Glomerulonefrite membrano-proliferativa (hepatite C e lipodistrofia)
186
A Hep C está associada principalmente a que doença glomerular associada a síndrome nefrótica
Glomerulonefrite membrano-proliferativa
187
O HIV está associado principalmente a que doença glomerular associada a síndrome nefrótica
Glomeruloesclerose focal segmentar
188
A Hep B está associada principalmente a que doença glomerular associada a síndrome nefrótica
Hepatite B
189
Doença de lesões mínimas
Principal causa de sínd nefrótico em crianças. Proteinúria seletiva para albumina (dano dos pedicelos dos podócitos deixa a membrana basal mais permeável devido à diminuição de cargas negativas - passa albumina, mas outras proteínas não) É incomum terem hematúria, hipertensão ou diminuição da função renal = criança com síndrome nefrótica + urina II normal = doença de lesões mínimas Sedimento urinário acelular + proteinúria seletiva
190
Tx doença de lesões mínimas
Corticoterapia -> 90% das crianças atinge remissão completa (4-8 semanas) Sem resposta à tx? biópsia! Os adultos respondem mais lentamente à corticoterapia (16 semanas)
191
Glomeruloesclerose segmentar focal
33% sind nefrótico nos adultos 25% dos casos idiopáticos nos adultos. 50% melanodérmicos - causa mais comum de sind nefrótico idiopático nos afroamericanos (polimorfismos APOL1). A lesão e depleção dos podócitos leva a esclerose glomerular - cicatrizes glomerulares que envolvem alguns mas não todos os glomérulos. Segmentar = <50% do novelo capilar; Focal = <50% do total do glomérulo Clínica: não é tão típica de sind nefrótica: proteinúria NÃO seletiva e de qualquer grau, HTA 30-50%, hematúria microscópia 25-70%, disfunção renal >30%
192
Glomeruloesclerose segmentar focal - Tratamento
TODOS iECAs e/ou ARA + GESF primária/idiopática -> corticoterapia prolongada >4 meses GESF secundária tratar a causa (viral como hiv, parvovírus, citomegalovírus, heroínam interferãim pamidronato, sirolimus, inibidores da calcineurina)
193
Particularidades da nefropatia associada ao HIV - Glomeruloesclerose segmentar focal
Proteinúria nefrótica, tipicamente de início agudo e com valores que podem ser superiores a >10 g/dia com GESF forma colapsante frequentemente com dilatação microquistica dos túbulos Na ecografia -> rins grandes