PROVA TJ/SE - DIREITOS HUMANOS Flashcards

1
Q

Qual é o principal objetivo da Lei nº 10.216/2001? (Lei da Reforma Psiquiátrica)

A

Dispor sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecionar o modelo assistencial em saúde mental no Brasil.

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2
Q

Quais são os tipos de internação psiquiátrica previstos na Lei 10.216/2001?

A

A lei prevê três tipos:
1. internação voluntária (com consentimento do usuário);
2. internação involuntária (sem consentimento do usuário e a pedido de terceiro);
3. internação compulsória (determinada pela Justiça).

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3
Q

Qual é o requisito fundamental para qualquer tipo de internação psiquiátrica?

A

A internação só pode ser realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize seus motivos, conforme estabelece o Art. 6º da lei.

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4
Q

Em quais situações a internação psiquiátrica pode ser indicada?

A

Conforme o Art. 4º da lei, a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

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5
Q

Quem deve autorizar a internação involuntária?

A

A internação involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) do Estado onde se localize o estabelecimento de saúde.

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6
Q

Qual procedimento deve ser adotado após uma internação involuntária?

A

A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de 72 (setenta e duas horas), ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento. O mesmo procedimento deve ser adotado quando da alta.

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7
Q

Quais fatores o juiz deve considerar ao determinar uma internação compulsória?

A

O juiz deve levar em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.

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8
Q

É permitida a internação de pacientes com transtornos mentais em instituições com características asilares?

A

Não. Segundo o Art. 4º, § 3º da lei, é vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, mesmo em situações excepcionais.

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9
Q

Quais são alguns dos direitos das pessoas com transtornos mentais previstos na lei?

A

Entre os direitos estão:
1. ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde;
2. ser tratado com humanidade e respeito;
3. ser protegido contra abusos;
4. ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
5. ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
6. ser tratado preferencialmente em serviços comunitários de saúde mental.

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10
Q

O que é a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH)?

A

A Corte IDH é um órgão judicial autônomo do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, criada pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos, com competência para julgar casos contenciosos sobre violações de direitos humanos pelos Estados que reconheceram sua jurisdição.

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11
Q

Quando ocorre a responsabilidade internacional do Estado?

A

A responsabilidade internacional do Estado ocorre quando este viola algum dos direitos consagrados na Convenção Americana ou em outros tratados de direitos humanos aplicáveis ao Sistema Interamericano, seja por ação direta de seus agentes ou por omissão no seu dever de garantir e proteger tais direitos.

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12
Q

Qual é a principal função da Corte IDH nos casos contenciosos?

A
  1. Determinar se um Estado incorreu em responsabilidade internacional pela violação de direitos humanos;
  2. Estabelecer reparações às vítimas;
  3. Implementar medidas para evitar a repetição dessas violações, além de supervisionar o cumprimento de suas sentenças pelos Estados condenados.
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13
Q

O Estado pode ser responsabilizado por violações de direitos humanos ocorridas em instituições privadas?

A

Sim. A Corte IDH estabeleceu jurisprudência de que o Estado pode ser responsabilizado por violações ocorridas em instituições privadas quando estas prestam serviços públicos (como saúde) ou atuam com a colaboração, aquiescência ou sob supervisão estatal.

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14
Q

Quais são os deveres do Estado em relação a instituições privadas de saúde?

A

O Estado tem o dever de regular, fiscalizar e supervisionar as instituições privadas que prestam serviços de saúde, especialmente aquelas contratadas para atuar no âmbito do sistema público, como ocorre com clínicas psiquiátricas conveniadas ao SUS.

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15
Q

Qual caso emblemático estabeleceu parâmetros sobre a responsabilidade do Estado brasileiro por atos ocorridos em instituições privadas de saúde mental?

A

O caso Ximenes Lopes vs. Brasil (2006), primeira condenação do Brasil na Corte IDH, estabeleceu importantes parâmetros sobre a responsabilidade estatal por violações ocorridas em uma clínica psiquiátrica privada que prestava serviços ao SUS.

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16
Q

Qual foi o motivo da condenação do Brasil no caso Ximenes Lopes?

A

O Brasil foi condenado pela morte e maus-tratos sofridos por Damião Ximenes Lopes em uma clínica psiquiátrica privada conveniada ao SUS, bem como pela falta de investigação adequada, demora injustificada no processo penal e ausência de responsabilização dos culpados.

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17
Q

Por que a Corte IDH considerou o Estado brasileiro responsável por atos ocorridos em uma clínica privada?

A

Porque a clínica, embora de natureza privada, prestava serviço público de saúde mental no âmbito do SUS, e o Estado falhou no seu dever de regular e fiscalizar adequadamente o funcionamento da instituição, além de não ter investigado devidamente as violações após sua ocorrência.

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18
Q

Quais órgãos podem colaborar na implementação e supervisão do cumprimento de sentenças da Corte IDH no Brasil?

A

Diversos órgãos podem participar, incluindo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que possui uma Unidade de Monitoramento e Fiscalização das Decisões da Corte IDH, ministérios relacionados ao caso específico, a Advocacia-Geral da União e o Ministério das Relações Exteriores.

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19
Q

A autonomia e independência do Poder Judiciário nacional isentam o Estado de responsabilidade por demora processual?

A

Não. A Corte IDH entende que o Estado é responsável internacionalmente por violações de direitos humanos independentemente de qual poder ou órgão estatal tenha causado a violação, incluindo o Poder Judiciário.

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20
Q

Como a Corte IDH trata a questão federativa em suas condenações?

A

A Corte IDH responsabiliza o Estado nacional como um todo, não suas subdivisões político-administrativas (estados, províncias, municípios). Para o direito internacional, o Estado é uno, independentemente de sua organização interna federativa.

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21
Q

A Corte IDH pode determinar a capacitação de profissionais como medida de reparação?

A

Sim. A Corte frequentemente determina programas de capacitação para agentes públicos como medida de não repetição, como ocorreu no caso Ximenes Lopes, em que ordenou a capacitação de profissionais de saúde mental de acordo com padrões internacionais.

22
Q

Quais tipos de reparações a Corte IDH pode ordenar em suas sentenças?

A

A Corte pode determinar diversas formas de reparação:
1. indenizações pecuniárias;
2. medidas de satisfação (pedidos de desculpas, monumentos);
3. reabilitação (tratamentos médicos e psicológicos);
4. restituição de direitos, garantias de não repetição e alterações legislativas e de políticas públicas.

23
Q

Como é realizada a supervisão do cumprimento das sentenças da Corte IDH?

A

Através de relatórios periódicos apresentados pelo Estado condenado, manifestações das vítimas e seus representantes, audiências de supervisão de cumprimento e resoluções da Corte avaliando o nível de implementação das medidas ordenadas na sentença.

24
Q

O que é o Comitê de Direitos Humanos da ONU?

A

É um órgão composto por 18 especialistas independentes que monitora a implementação do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) pelos Estados-partes. Não é um órgão permanente e se reúne 03 (três) vezes ao ano em sessões de aproximadamente quatro semanas.

25
Qual a principal função do Comitê de Direitos Humanos da ONU?
Fiscalizar o cumprimento do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e seus protocolos facultativos pelos Estados que os ratificaram, **examinando relatórios periódicos, recebendo comunicações individuais e interestaduais, e elaborando comentários gerais sobre a interpretação das disposições do Pacto**.
26
Em que data o Brasil ratificou o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos?
O Brasil ratificou o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos em 1992 e **reconheceu a competência do Comitê para receber e processar denúncias individuais ao ratificar o Protocolo Facultativo em 2009**.
27
O Comitê de Direitos Humanos da ONU pode receber reclamações individuais?
**Sim**, o Comitê pode receber reclamações individuais (oficialmente chamadas de **"comunicações"**) contra Estados que ratificaram o Primeiro Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que concede esta competência ao Comitê.
28
O Comitê de Direitos Humanos aceita denúncias anônimas?
Não, o Comitê não aceita denúncias anônimas. As comunicações individuais **devem identificar o autor da queixa e demonstrar sua legitimidade**, além de apresentar provas do alegado.
29
O que é necessário para uma reclamação individual ser admitida pelo Comitê de Direitos Humanos?
**Para uma reclamação ser admitida, é necessário**: 1. identificação do autor; 2. esgotamento dos recursos internos disponíveis (salvo exceções); 3. não estar sendo examinada por outro procedimento internacional; 4. apresentação dentro do prazo razoável; 5. fundamentação suficiente da alegada violação.
30
É necessário esgotar os recursos internos para apresentar uma denúncia ao Comitê de Direitos Humanos?
Sim, um dos requisitos de admissibilidade das reclamações individuais é o **esgotamento dos recursos internos disponíveis e eficazes, SALVO quando estes forem excessivamente demorados ou notoriamente ineficazes**.
31
Quais são as exceções à regra do esgotamento dos recursos internos?
**As exceções incluem**: 1. recursos internos excessivamente prolongados; 2. recursos manifestamente ineficazes; 3. impossibilidade de acesso aos recursos disponíveis; 4. situações de grave risco à integridade do denunciante caso tente esgotar todos os recursos internos.
32
Qual é o prazo para apresentação de uma denúncia ao Comitê de Direitos Humanos?
Não há um prazo específico estabelecido, mas a denúncia deve ser apresentada dentro de um **tempo razoável após o esgotamento dos recursos internos**, normalmente não mais que 05 (cinco) anos após a última decisão doméstica final.
33
Como funciona o processo de análise de uma comunicação individual pelo Comitê?
**O processo inclui**: 1. registro da comunicação; 2. envio ao Estado para observações sobre admissibilidade; 3. análise de admissibilidade pelo Comitê; 4. se admitida, análise do mérito; 5. emissão de uma decisão (chamada de "opinião") que não é juridicamente vinculante, mas tem forte peso moral e político.
34
Quanto tempo pode levar a análise de uma comunicação pelo Comitê de Direitos Humanos?
A análise de admissibilidade normalmente pode levar **até 02 (dois) anos**. O tempo total para considerar uma comunicação, tanto em termos de admissibilidade quanto de mérito, pode variar, mas pode levar **até 05 (cinco) anos**.
35
O que ocorre após o Comitê emitir sua opinião sobre uma comunicação individual?
O Comitê **solicita ao Estado que forneça informações sobre as medidas adotadas para implementar sua opinião e designa um relator especial para acompanhar a implementação**. As opiniões são publicadas e incluídas no relatório anual do Comitê à Assembleia Geral da ONU.
36
O que é desaparecimento forçado segundo a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas?
**É a privação de liberdade de uma pessoa por agentes do Estado ou por pessoas que atuam com autorização, apoio ou aquiescência do Estado**, seguida pela recusa em reconhecer essa privação ou em informar o paradeiro da pessoa, colocando-a fora da proteção da lei.
37
Como a Corte IDH classifica o desaparecimento forçado quanto à sua natureza temporal?
A Corte IDH classifica o desaparecimento forçado como um **crime de caráter permanente ou continuado, que persiste enquanto não se estabelecer o destino ou paradeiro da vítima**.
38
Até quando se considera que o crime de desaparecimento forçado continua sendo consumado?
O crime continua sendo consumado **até que se estabeleça o paradeiro da pessoa desaparecida (caso esteja viva) ou até que sejam identificados com certeza seus restos mortais e esclarecidas as circunstâncias de sua morte**.
39
A mera comprovação da morte pelo Estado é suficiente para cessar a permanência do crime de desaparecimento forçado?
Não. **Segundo a Corte IDH, não basta comprovar a morte; é necessário que se encontrem os restos mortais da vítima e se esclareçam as circunstâncias da morte**. A simples confirmação do falecimento sem esses elementos adicionais não encerra a permanência do crime.
40
Como a natureza permanente do desaparecimento forçado afeta a aplicação de leis de anistia?
Segundo a Corte IDH, **leis de anistia não podem ser aplicadas a crimes de desaparecimento forçado enquanto o crime continuar sendo consumado** (ou seja, enquanto não se estabelecer o paradeiro da vítima), pois trata-se de grave violação de direitos humanos de caráter imprescritível.
41
Por que o caráter permanente do desaparecimento forçado é importante para a competência temporal da Corte IDH?
Porque **permite à Corte IDH julgar casos iniciados antes da aceitação de sua competência contenciosa pelo Estado, desde que a situação de desaparecimento continue após essa data**, já que o crime continua sendo consumado enquanto não se conhece o paradeiro da vítima.
42
A Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado permite a alegação de obediência a ordens superiores?
**Não**. A Convenção estabelece explicitamente que não se admitirá como justificativa a obediência devida a ordens ou instruções superiores que disponham, autorizem ou incentivem o desaparecimento forçado.
43
Qual foi o primeiro caso em que a Corte IDH consolidou sua jurisprudência sobre o caráter permanente do desaparecimento forçado?
O caso **Velásquez Rodríguez vs. Honduras (1988)**, no qual a Corte estabeleceu que o desaparecimento forçado constitui uma forma complexa de violação de direitos humanos e que persiste enquanto não se esclarecer o paradeiro da vítima.
44
Qual caso emblemático sobre desaparecimento forçado envolveu o Brasil na Corte IDH?
O caso **Gomes Lund e outros ("Guerrilha do Araguaia") vs. Brasil (2010)**, em que o país foi condenado pelos desaparecimentos forçados ocorridos durante a **ditadura militar**, entre 1972 e 1974. A Corte determinou que o Brasil deveria investigar os fatos, julgar os responsáveis e tipificar o crime de desaparecimento forçado.
45
Além de determinar a investigação e punição dos responsáveis, que outros tipos de reparação a Corte IDH costuma ordenar em casos de desaparecimento forçado?
**A Corte costuma ordenar**: 1. a busca, localização e identificação dos restos mortais das vítimas; 2. atos públicos de reconhecimento de responsabilidade; 3. construção de memoriais; 4. assistência médica e psicológica aos familiares; 5. indenizações por danos materiais e morais; 6. adoção de medidas legislativas para tipificar o crime.
46
Qual foi a natureza da intervenção da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso do Complexo Prisional do Curado?
A Corte Interamericana **não condenou o Brasil, mas determinou medidas provisórias em caráter de urgência (desde 2014) devido à situação de grave risco**, alta letalidade prisional e condições precárias do complexo.
47
Qual o caráter jurídico das decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos no ordenamento brasileiro?
As decisões da Corte IDH têm **caráter vinculante e obrigatório**, devendo ser imediatamente cumpridas pelo Estado brasileiro, conforme reconhecido pelo STF e STJ em diversas decisões
48
O que foi determinado pela Corte IDH em relação ao cômputo da pena no Complexo do Curado?
A Corte determinou a **contagem em dobro da pena** (um dia cumprido vale por dois) para as pessoas privadas de liberdade no Complexo, **EXCETO para aquelas acusadas ou condenadas por crimes contra a vida, integridade física ou dignidade sexual**.
49
Quais foram algumas das principais medidas provisórias determinadas pela Corte IDH no caso do Complexo do Curado?
**Entre as principais medidas estão**: 1. proibição de novos ingressos de presos; 2. contagem em dobro da pena (com exceções); 3. redução da superlotação; 4. proteção à vida e integridade física dos detentos.
50
Como o STF se posicionou em relação às determinações da Corte IDH sobre o Complexo do Curado?
O STF, através do ministro Edson Fachin, **validou** as determinações da Corte IDH, **concedendo *habeas corpus* para a contagem em dobro da pena e reafirmando que as decisões da Corte são obrigatórias e vinculantes.**
51
Em que ano a Corte IDH determinou a contagem em dobro da pena para os detentos do Complexo do Curado?
A Corte IDH determinou a contagem em dobro da pena em **2018**, como forma de combater a superlotação e as condições degradantes do complexo prisional.