Pancreatites Aguda e Crônica Flashcards
Qual a definição de pancreatite aguda?
É um processo inflamatório agudo no pâncreas por exposição a algum agente causador, desencadeando a cascata de eventos que caracterizam esse processo patológico.
Quais as etiologias da pancreatite aguda?
Cálculo biliar (80%), agudização de uma pancreatite crônica alcoólica (alta ingesta de álcool abrupta promove essa agudização), infecções, tumores, iatrogênica, medicamentos (metotrexato).
Qual a classificação da pancreatite aguda?
Leve (edematosa/intersticial): corresponde a 80-90% dos casos de pancreatite aguda, cursando apenas com edema do pâncreas. Apresenta quadro autolimitado de 3-7 dias e mortalidade baixa (2%), mais relacionada a comorbidades (DM). Não há complicações locais ou sistêmicas. Grave (necrosante): 10-20% dos casos, há extensa necrose do parênquima, hemorragia retroperitoneal, quadro sistêmico grave e com evolução de 3-6 semanas. Apresenta alta mortalidade (30-60%).
Qual a relação entre a anatomia do pâncreas e a facilidade de lesão dele?
Anteriormente ao pâncreas localiza-se o estômago e posteriormente está a coluna vertebral. Isso implica que, em um paciente que sofre uma grande pressão no abdômen (chute, acidente de carro sem o cinto de segurança), há colisão do pâncreas com a coluna vertebral, o que favorece a secção do pâncreas com consequente pancreatite aguda.
Qual a patogenia da pancreatite aguda? (versão longa)
Em um pâncreas normal, as enzimas pancreáticas (exceto amilase e lipase) são armazenadas em grânulos na forma de pró-enzimas inativas (zimogênios). O tripsinogênio, quando convertido em tripsina por uma enzima no intestino, promove ativação de todas as outras enzimas, incluindo o próprio tripsinogênio. No caso da pancreatite aguda, algum fator promove lesão à célula acinar do pâncreas, promovendo fusão do zimogênio com uma enzima ativadora do tripsinogênio. Além disso, as vesículas com enzimas ativadas, ao invés de migrarem para o lúmen do órgão, migram para o interstício, liberando essas enzimas lá e promovendo digestão do interstício pancreático, incluindo gordura pancreática e peripancreática (omento, peritônio). A tripsina ainda desencadeia a ativação da cascata de coagulação pela via intrínseca, promovendo a formação de microtrombos, o que contribui para o processo necrótico. Além disso, ativa várias células inflamatórias a secretarem mediadores pró-inflamatórios, levando à SIRS.
Qual a patogenia da pancreatite aguda? (versão curta)
A ativação das enzimas pancreáticas promovem autodigestão do pâncreas e extravasam para a cavidade abdominal, digerindo o conteúdo peripancreático. Isso promove uma resposta inflamatória exacerbada e sintomas da lesão de outros órgãos, caracterizando um quadro grave de pancreatite aguda.
Qual o QC da pancreatite aguda?
Os principais sintomas são: dor abdominal, náuseas e vômitos, o que pode confundir com inúmeras patologias de QC semelhante. A dor permanece por dias, tendo progressão rápida e podendo ser aliviada em posição genupeitoral. Quaisquer outros sintomas de acometimento de estruturas adjacentes e SIRS podem estar presentes. Pode haver dispneia por derrame pleural à esquerda. *Uma característica da dor que sugere origem pancreática é a disposição em barra e irradiação para dorso (50% dos pacientes).
Quais os achados no exame físico da pancreatite aguda?
Manchas arroxeadas em região periumbilical ou em flancos, RHA - (por íleo paralítico - empilhamento de moedas), febre, sinais de desidratação, taquicardia, choque, coma, paciente toxêmico, taquipneico, hipotenso, alteração do nível de consciência.
Quais os achados laboratoriais inespecíficos na pancreatite aguda?
Leucocitose (casos graves > 30.000), PCR elevada (nesses dois marcadores, a quantidade deles reflete a gravidade do paciente, ou seja, quanto maior, mais grave o paciente está), hipocalcemia (consumo de cálcio por saponificação).
Quais os exames laboratoriais específicos que confirmam o diagnóstico de pancreatite aguda?
Amilase sérica e lipase. Amilase: se eleva nas primeiras horas do início do quadro (2-12h), durando até 5 dias. Apesar de a amilase não ser produzida exclusivamente pelo pâncreas, ela é um fator que pode dar um diagnóstico mais precoce. Lipase: é produzida quase que exclusivamente pelo pâncreas, tendo seus níveis aumentados em 24-48h após o início do quadro. *Caso as 2 estiverem aumentadas em mais de 3x do limite superior da normalidade, é altamente sensível para pancreatite aguda (exceto em agudização de crônica por alcoolismo).
Quais exames de imagem podem auxiliar e confirmar o diagnóstico de pancreatite crônica?
A TC é o melhor método de imagem para visualização do pâncreas na pancreatite aguda, porém não é recomendado como primeiro exame, pois é demorado e caro. A USG é o primeiro exame a ser realizado, podendo visualizar cálculos e edema de pâncreas. O RX de tórax pode mostrar derrame pleural à esquerda (principalmente) e o RX de abdômen pode mostrar dilatação das alças (por íleo paralítico) com o “empilhamento de moeda”.
Como é feita a estratificação da gravidade da pancreatite?
Usa-se os critérios de RANSON: são 11 critérios de importância prognóstica, sendo que 5 são realizados na admissão do paciente e 6 devem ser feitos nas primeiras 48h após a admissão.
Qual a definição de pancreatite crônica?
É um processo inflamatório crônico no pâncreas com comprometimento de suas funções endócrina e exócrina.
Quais as causas de pancreatite crônica?
Alcoolismo (principal), auto-imune, aguda recorrente, genética, disfunção do esfíncter de Oddi.
Qual o QC do paciente com pancreatite crônica?
Ele apresenta uma tríade clássica: diabetes mellitus secundário, esteatorreia e dor abdominal. Essa dor apresenta início insidioso, evoluindo de forma contínua e intermitente, com flutuações de intensidade e costuma durar algumas horas por dia.