Cirrose Flashcards
Como ocorre o desenvolvimento da cirrose (em essência)?
A cirrose pode ser causada por qualquer doença hepática crônica que promova necrose hepatocelular difusa e consequente tentativa de regeneração dos hepatócitos -> modificações na MEC que produzem deposição de tecido fibrótico substituindo o parênquima hepático.
O que significa insuficiência hepática crônica?
São as complicações sistêmicas causadas por uma queda lenta e gradual na função dos hepatócitos, como ocorre na cirrose.
Quais as consequências da cirrose?
Hiperestrogenismo e hipoandrogenismo, diminuição da RVP, retenção hidrossalina, hipovolemia relativa, alto débito cardíaco, baqueteamento digital, hipertensão portal, varizes esofágicas, ascite, esplenomegalia, icterícia, encefalopatia hepática, coagulopatia, hipoalbuminemia, síndromes hepatorrenal e hepatopulmonar e hepatocarcinoma.
Quais as consequências do hiperestrogenismo e hipoandrogenismo?
Eritema palmar, telangiectasia (“aranha vascular”), diminuição da libido, diminuição da massa muscular, atrofia testicular, rarefação de pelos.
O que é o baqueteamento digital?
Também chamado de hipocratismo, é o abaulamento da ponta dos dedos na base da unha por aumento volumétrico do tecido subcutâneo na região.
Quais os distúrbios hemodinâmicos presentes no paciente cirrótico?
Diminuição da RVP, hipovolemia relativa, aumento do débito cardíaco, retenção hidrossalina.
Qual a causa base dos distúrbios hemodinâmicos na cirrose?
A hipertensão portal.
Qual a patogenia das alterações hemodinâmicas na cirrose?
A hipertensão portal impede que o fígado elimine bactérias gram negativas que fazem translocação pelo intestino, fazendo com que estas retornem à circulação esplâncnica, promovendo a liberação de NO pelo endotélio local. Essa vasodilatação desloca parte da volemia para essa região, reduzindo o volume sanguíneo que perfunde outros órgãos (volume arterial efetivo). A queda desse volume estimula barorreceptores renais e carotídeos, produzindo liberação de ADH e ativação do SRAA. Isso promove retenção de sódio e água pelos rins, aumentando a volemia total, porém esse volume adicional será destinado, em grande parte, à circulação esplâncnica, não corrigindo o déficit de volume arterial efetivo, mas sim promovendo a formação da ascite pelo aumento da permeabilidade vascular junto com a hipoalbuminemia. Isso promove a formação da hipovolemia relativa.
Qual a patogenia das alterações hemodinâmicas que acontecem no paciente cirrótico (resumido)?
Hipertensão portal -> vasodilatação esplâncnica -> redução do volume arterial efetivo -> ativação do SRAA e liberação de ADH -> retenção de sódio e água -> aumento do volume de sangue na circulação esplâncnica -> ascite e não correção da hipovolemia relativa.
Como é feita a redução da ascite?
Uso de diuréticos, porém, deve-se atentar para a intensidade do efeito diurético, pois esse paciente pode apresentar um choque hipovolêmico caso as doses de diurético sejam muito grandes. Esse diurético reduziu ainda mais o volume arterial efetivo.
O que é a encefalopatia hepática (EH)?
É uma síndrome neuropsíquica potencialmente reversível que pode surgir em pacientes com hepatopatia crônica avançada ou em insuficiência hepática aguda.
Qual a causa da EH?
Passagem de substâncias tóxicas, que, em uma pessoa normal, seriam metabolizadas pelo fígado, para o cérebro. A falta de metabolização ocorre tanto pela insuficiência hepática quanto pela hipertensão portal (funciona como um bypass portossistêmico).
Qual a patogenia da EH?
A principal substância tóxica que atravessa a BHC para o cérebro é a amônia (NH3). Esta é produzida pelas células intestinais (metabolismo de aminoácidos) e por bactérias colônicas. A hiperamoniemia é um achado quase que universal na insuf hep grave, produzindo, no SNC: aumento da captação de aa aromáticos (dão origem a neurotransmissores inibitórios), aumento da osmolaridade dos astrócitos (causando edema cerebral do tipo celular), inibição da atividade elétrica pós-sináptica e aumento da síntese de GABA (estímulo da inibição gabaérgica).
Quais as formas clínicas de apresentação da EH?
EH mínima, EH aguda esporádica, espontânea ou desencadeada e EH crônica.
Qual o QC da EH mínima?
É uma EH que está no horizonte subclínico, não havendo percepção dela pelo médico e, muitas vezes, nem mesmo pelo paciente. Estão presentes em 70% dos cirróticos e não é realizado tto para essa EH, pois o risco o tto é maior do que os benefícios.