Doença do Refluxo Gastroesofágico Flashcards
O que é a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)?
É uma afecção crônica secundária ao refluxo patológico do conteúdo gástrico pelo esfíncter esofagiano inferior, dando origem a um conjunto de sinais e sintomas esofagianos ou extraesofagianos que podem ou não ser acompanhados de lesões (esofagite).
Qual a diferença entre a DRGE e o refluxo fisiológico?
O refluxo fisiológico ocorre casualmente, durante a refeição, de curta duração e é assintomático. O refluxo patológico que promove a DRGE é interprandial, recorrente, de longa duração e, geralmente, sintomático.
Quais os sinais e sintomas da DRGE?
Pirose (dor retroesternal em queimação), podendo ser acompanhada ou não de regurgitamento (percepção de fluido salgado ou ácido na boca) - são os sintomas típicos/esofagianos. 1/3 dos pacientes apresentam disfagia. Pode ocorrer dor retroesternal indistinguível à da angina do peito e anemia ferropriva.
Os extraesofagianos incluem: erosão do esmalte dentário, faringite, rouquidão, sinusite crônica, otite média, tosse crônica, broncospasmo, pneumonite aspirativa.
*A DRGE pode funcionar como fator agravante de doenças que causem esses sintomas extraesofagianos.
Quais podem ser os significados da presença de disfagia na DRGE?
Pode significar câncer quando apresentar disfagia rapidamente progressiva ou quando estiver associadas de outros fatores de alarme, como perda ponderal involuntária, sangue oculto nas fezes e anemia. Uma disfagia insidiosa e não associada à perda ponderal sugere estenose péptica.
Como é o começo e qual a evolução da DRGE?
Apresenta início insidioso, sendo que os sintomas demoram para aparecer e, eventualmente, pode evoluir para uma esofagite erosiva (30-40% das pessoas com DRGE), EB e adenocarcinoma de esôfago.
Qual a relação epidemiológica da DRGE? (prevalência, idade, sexo, fatores de risco)
Corresponde a 75% das esofagopatias, estando presente em 20% da população mundial. Apresenta maior prevalência com o passar da idade, mas pode acometer em qualquer idade. Não há preferência por sexo. Apresenta como FR a obesidade e a gestação (relaxamento do EEI por aumento de progesterona e da pressão abdominal).
Quais as causas de DRGE?
Existem 3 causas principais para o desenvolvimento da DRGE: 1. Relaxamento transitório do EEI não relacionados à deglutição. 2. Hipotonia verdadeira do EEI. 3. Hérnia de hiato.
O conteúdo gástrico que reflui patologicamente para o esôfago promove agressões a essa mucosa, promovendo as lesões da doença com esofagite e eventual EB.
Qual o prognóstico da DRGE?
O prognóstico depende do grau de acometimento da mucosa esofágica, sendo que é pior quanto maior a lesão (mais próximo ou até já instalado o EB).
O prognóstico de recidivas depende da intensidade inicial dos sintomas, da pressão diminuída do EEI, presença de sintomas noturnos, necessidade de IBP para tratamento, anormalidades motoras severas.
A DRGE é fator da risco para que?
É um importante fator de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma de esôfago: em algumas pessoas, a cicatrização das erosões causadas pela DRGE é feita por metaplasia intestinal, desenvolvendo-se a condição do esôfago de Barrett, que é propenso a evoluir com displasia progressiva, o que pode culminar em transformação neoplásica maligna.
O que é o esôfago de Barrett, qual sua epidemiologia e como se apresenta na EDA?
A cicatrização de áreas lesadas pelo refluxo (esofagite erosiva) pode se dar na forma de metaplasia intestinal (epitélio com células caliciformes altamente resistentes ao baixo pH). É encontrado em 10-15% dos pacientes submetidos a EDA devido ao refluxo, apresentando maior prevalência em homens brancos e aumenta com o passar da idade. Apresenta-se, à EDA, como línguas de coloração vermelho-salmão, sendo confirmado pela biópsia. É uma lesão precursora do adenocarcinoma de esôfago, apesar de poucos evoluírem para o câncer. Todos portadores de EB recebem IBP.
O que pode ter contribuído para o aumento de adenocarcinoma de esôfago nos últimos anos?
A obesidade e o envelhecimento da população (maiores chances de desenvolvimento do EB e, consequentemente, do adenocarcinoma de esôfago).
Por que a pessoa sente os sintomas da DRGE nas 3 primeiras horas após as refeições?
Devido à presença do “acid pocket”. Após as refeições, parte do ácido produzido no fundo do órgão fica sobre o bolo alimentar, criando uma coleção líquida chamada acid pocket. Essa coleção se encontra próximo à cárdia e é justamente ela que reflui pelo EEI durante essas horas.
Quais os DD para a DRGE? Essas afecções podem coexistir? Como diferenciar a coexistência dessas infecções e a ausência delas?
Esofagite infecciosa, dispepsia não ulcerosa, doença ulcerosa péptica, distúrbios motores do esôfago e doença coronariana. Esses DD podem coexistir com a DRGE, evidenciando essa coexistência quando ocorre ausência de resposta ao tratamento.
Como é feito o diagnóstico da DRGE?
Pode ser feito somente pela anamnese (clínico), quando o paciente refere pirose pelo menos uma vez por semana por no mínimo 4 semanas. A resposta terapêutica (redução sintomática maior de 50% em 1-2 semanas de uso de IBP) é o principal teste confirmatório. No entanto, podem ser realizados os seguintes exames: EDA (finalidade=identificar complicações - esofagite, EB, adenocarcinoma) com biópsia para diagnóstico de EB, pHmetria (padrão ouro para diag. de DRGE), esofagomanometria.
A EDA normal descarta a possibilidade de DRGE?
Não, pois uma EDA não significa a ausência de sintomas no paciente, por isso que a EDA não é exame obrigatório para diagnóstico de DRGE.