Gastrite Flashcards
Por que a endoscopia não pode realizar o diagnóstico de gastrite?
Pois alguns achados na endoscopia, como enantema ou hemorragias pontuais não necessariamente caracterizam uma inflamação da mucosa gástrica, podendo ser alguma vasodilatação… Por isso a endoscopia deve sempre ser acompanhada da biopsia.
Qual a definição de gastrite?
É a inflamação aguda ou crônica da mucosa gástrica.
Qual os tipos de gastrite aguda?
GA decorrente de infecção por Helicobacter pylori, gastrite flegmonosa aguda e gastrite aguda hemorrágica.
Qual o QC da gastrite aguda causada por H. pylori?
Normalmente assintomática, porém, em alguns casos, pode-se desenvolver, após um período breve de incubação, sintomas como pirose, dor ou mal-estar epigástrico, sialorreia, vômitos, náuseas. Esses sintomas são autolimitados, desaparecendo após cerca de 2 semanas.
Qual o curso de evolução da infecção por Hp na mucosa gástrica?
Perdura indefinidamente até evoluir para a gastrite crônica (neutrofílica para linfocítica), podendo ser crônica leve, antral crônica e pangastrite crônica grave (atrófica). Poucas pessoas se curam espontaneamente do Hp.
Qual a patogenia da gastrite aguda causada por Hp?
O microorganismo se instala na mucosa gástrica e se multiplica na região. A presença da bactéria e a lesão causada por ela (amônia, genes de virulência, diminuição da produção de somatostatina e muco) à mucosa promove uma reação inflamatória neutrofílica local.
Qual o prognóstico da gastrite aguda causada por H. pylori?
Quase todos os casos evoluem para alguma forma de gastrite crônica, sendo que o prognóstico varia para cada tipo de gastrite crônica à qual a aguda evoluiu.
Qual o tratamento da gastrite aguda causada por H. pylori? (e quando deve ser feito - 9)
O tratamento é realizado com IBP em dose plena de 12/12h, amoxicilina 1000mg 12/12h e claritromicina 500mg 12/12h por 14 dias. O tratamento deve ser realizado em casos de DUP, dispepsia funcional, linfoma MALT, dispepsia sem indicação de EDA, histórico de Ca gástrico em parente de 1o grau, lesões pré-neoplásicas, após tratamento de câncer gástrico, usuários crônicos de AINEs ou AAS e diagnóstico de PTI.
Quais os locais mais afetados por gastrite aguda causada pela H. pylori?
O antro e o corpo gástrico em iguais proporções.
Qual o QC da gastrite flegmonosa aguda?
Dor epigástrica, náuseas e vômitos purulentos.
Como é o início e qual a evolução clínica da gastrite flegmonosa aguda?
Apresenta início súbito, com evolução clínica rápida. Curso clínico fulminante.
Qual a epidemiologia da gastrite flegmonosa aguda? (fatores de risco, surge de quais complicações)
É uma afecção rara, instalando-se, normalmente, como complicações de doenças sistêmicas ou septicemia, como empiema, meningite e endocardite pneumocócica ou em pacientes etilistas desnutridos. Os fatores de risco incluem cirurgia gástrica prévia, hipocloridria, câncer gástrico prévio, gastrite, ulcera gástrica.
Qual a patogenia da gastrite flegmonosa aguda?
Relacionada à infecção por estreptococos ou estafilococos.
Qual o prognóstico da gastrite flegmonosa aguda?
Não responde bem ao tratamento clínico, sendo a cirurgia o único recurso. A mortalidade é cerca de 20% quando ocorre antibioticoterapia e ressecção cirúrgica precoce.
Qual o tratamento da gastrite flegmonosa aguda?
Laparotomia com ressecção cirúrgica. (Apenas o tratamento com antibiótico-> 14/14 óbito. Tratamento com operação cirúrgica->2/11 óbito).
Como é realizado o diagnóstico da gastrite flegmonosa aguda?
A laparotomia é tanto diagnóstica quanto terapêutica, sendo que a biopsia pode não revelar, já que não afeta a camada mucosa, apenas a muscular da mucosa e a submucosa.
Quando deve ser considerada a gastrite flegmonosa aguda?
.Em pacientes com dor epigástrica, com febre e sinais de peritonite, com líquido ascítico purulento (empiema) e amilase normal.
Qual o QC da gastrite crônica (GC) causada por H. pylori?
É, habitualmente, assintomático, mas pode estar associada a úlcera péptica duodenal, carcinoma e linfoma gástricos.
Qual a patogenia da GC por Hp?
Depende do tipo da gastrite crônica desenvolvida: caso for restrita ao antro, haverá HIPERCLORIDRIA, já que as células D produtoras de somatostatina são destruídas, aumentando os níveis de gastrina e, consequentemente, de HCl, estando associada ao desenvolvimento de UG e UD.
Caso afete predominantemente o corpo do estômago, ocorre HIPOCLORIDRIA por destruição progressiva da mucosa oxíntica, podendo evoluir para atrofia da mucosa e/ou metaplasia intestinal gástrica, que são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer gástrico (atrofia, metaplasia e hiperestimulação do tecido linfoide).
Qual o prognóstico da gastrite crônica causada por H. pylori?
Depende do tipo da gastrite crônica desenvolvida. Como a pangastrite apresenta mais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer gástrico, essa forma apresenta um pior prognóstico.
Qual o tratamento da gastrite crônica causada por H. pylori?
Idem gastrite aguda por Hp: O tratamento é realizado com IBP em dose plena de 12/12h, amoxicilina 1000mg 12/12h e claritromicina 500mg 12/12h por 14 dias. O tratamento deve ser realizado em casos de DUP, dispepsia funcional, linfoma MALT, dispepsia sem indicação de EDA, histórico de Ca gástrico em parente de 1o grau, lesões pré-neoplásicas, após tratamento de câncer gástrico, usuários crônicos de AINEs ou AAS e diagnóstico de PTI.
Qual é a sequência mais comum de alterações no estômago após a infecção por H. pylori?
Infecção por H. pylori -> gastrite crônica -> atrofia glandular -> metaplasia intestinal. Muitas vezes, essa sequência culmina no câncer gástrico.
A infecção por Hp é fator de risco para quais outras doenças?
UG, UD, adenocarcinoma gástrico e linfoma MALT gástrico.
Qual o QC da gastrite crônica autoimune? Qual o local mais acometido?
É assintomática do ponto de vista gastrintestinal, mas pode-se observar sintomas de anemia perniciosa.
Os locais mais acometidos são corpo e fundo gástricos.
Qual o curso da GC autoimune?
É uma doença crônica, frequentemente associada a outras doenças autoimunes, como tireoidite de Hashimoto e doença de Graves.
Qual a patogenia da GC autoimune?
O organismo desenvolve autoanticorpos contra as células parietais (produtoras de HCl) e contra o fator intrínseco produzido por essas células, dificultando a absorção de vitamina B12 e promovendo, assim, os sintomas da anemia perniciosa. A elevação do pH por hipo ou acloridria deixa a pessoa mais propensa a infecções por vírus, bactérias ou parasitas intestinais.
Qual o prognóstico da gastrite crônica autoimune?
Ruim, pois a atrofia gástrica e metaplasia intestinal estão muito associadas ao desenvolvimento do Ca gástrico.
Qual o tratamento da gastrite crônica autoimune?
Por não apresentar sintomas gástricos, o tratamento consiste em reposição de vitamina B12 por via parenteral.
Quais os tipos de gastropatia erosiva/hemorrágica?
Por AINEs, Lesão aguda da mucosa gástrica (LAMG) e Alcoólica.
Explique a gastropatia por uso de AINEs. (QC, fisiopatologia, tratamento)
Pode ser assintomática ou produzir sintomas dispépticos e HDA (hematêmese e melena - anemia ferropriva). A fisiopatologia é pela inibição das enzimas COX produtoras de prostaglandinas, que são responsáveis pelos fatores de proteção e regeneração da mucosa gástrica. O tratamento é suspensão dos AINEs e uso de IBP.
Explique a LAMG. (causa, patogenia, QC, fatores de risco, fator de proteção, profilaxia e tratamento)
Ocorre no curso de uma doença grave (frequentemente em pacientes em UTI). O mecanismo de lesão não é totalmente conhecido, mas há participação fundamental de isquemia da mucosa. Essa lesão é responsável por 6% dos casos de HDA (QC).
Os fatores de risco incluem coagulopatia, ventilação mecânica, TCE, sepse, grandes queimados (situações de UTI em geral). O fator de proteção é a nutrição enteral. A profilaxia deve ser realizada em todos os pacientes com fator de risco e é feita com IBP. O tratamento é feito com EDA (casos sem hemorragia difusa).
Explique a gastropatia alcoólica. (achados endoscópicos, QC, patogenia e tratamento).
Os achados são hemorragias subepiteliais puntiformes (sangue sob envoltório plástico) com edema de mucosa. No QC não é comum haver sangramentos importantes, sendo que quando ocorrem indicam a procura de outras afecções. A patogenia é desconhecida e o tratamento é feito com IBP.