Osteomielite Flashcards

1
Q

Definição:

Epidemiologia:

Fisiopatologia e mecanismos de infecção:

Microbiologia:

A

Representa um processo inflamatório progressivo que pode acometer qualquer porção do osso e partes moles adjacentes.

É causada por patógenos infecciosos > destruição óssea > necrose > aposição de osso novo > formação de sequestro.

Cura é um termo que não pode ser falado com segurança após o diagnóstico de uma osteomielite, a erradicação da doença é extremamente difícil ou até impossível.

Epidemiologia:

  • Bimodal, antes do 5 anos (OMA) e após os 50 anos (OMC), sendo crescente a incidência nos maiores de 50 anos (envelhecimento populacional, comorbidades) e diminuindo nos menores de 5 anos (melhoria do diagnóstico e tratamento – ATB)
  • Nos dias atuais a presença de implante metálico está fortemente associado como fator predisponente, além da manutenção dos implantes nas infecções pós-operatórias.

Fisiopatologia: Doença infecciosa que acomete os ossos

Mecanismos de infecção:

  • Hematogênico:
    • Até 1,5-2 anos os vasos que nutrem a epífise cruzam a fise, pode coexistir osteomielite na epífise e metáfise. Após 2 anos fica contido na metáfise podendo se propagar para outras áreas distais.
    • Abscesso cresce de dentro para fora.
    • Necrose óssea medular inicialmente e depois cortical.
    • Lembrar das articulações em que a porção metafisária está contida na cápsula e pode coexistir OM com artrite séptica após os 2 anos – Quadril, Ombro, Fíbula Distal e Rádio Proximal.
  • Exógena (inoculação direta ou contiguidade):
    • Pode acometer uma ou mais regiões do osso (cortical, medular, periósteo) com ou sem extensão para partes moles.
    • Evolução natural é de sequestro extenso e osteomielite crônica.

Microbiologia:

  • Geralmente 1 microrganismo.
  • Coleta de material via biópsia óssea percutânea ou durante intraoperatório.
  • S. aureus é o mais comum em todos os contextos – desenvolveu, como outros patógenos, mecanismos para sobrepor a resistência natural do osso contra infecção (expressão de proteínas de superfície que facilitam aderência a matriz óssea e colágeno, formação de biofilme que protege contra a imunidade do hospedeiro e antimicrobianos, invasão dos patógenos às células do hospedeiro (osteoblastos, fibroblastos e células endoteliais) com formação de colônias com variações.
  • Salmonella (diafisário) na anemia falciforme e lúpus, P. aeruginosa se abuso de drogas endovenosas.
  • Fungos nos doentes crônicos e imunocomprometidos
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Q

Osteomielite Aguda:

  • Epidemiologia
  • Clínica
  • Imagem
  • Exames laboratoriais
  • Diagnóstico padrão ouro
  • Tratamento
    • Princípios de Nade
A

Epidemiologia:

  • Mais comum.
  • Acomete mais as crianças, mais meninos.
  • Pico bimodal < 2 anos e 8-12 anos.
  • Regiões mais acometidas – distal do fêmur, proximal da tíbia e proximal do fêmur.

Clínica:

  • Dor, sensibilidade e edema local, muitas vezes frustro.

Imagem:

  • Rx
    • Frequentemente normal.
    • Edema partes moles (1-3 dias)
    • Reação periosteal e destruição óssea (12 dias)
  • RNM
    • Faz diagnóstico precoce
    • Padrão baixo sinal em T1 e alto sinal em T2 e STIR.
  • USG
    • Auxilia nos diagnósticos diferenciais (celulite, abcessos, pioartrite, tumores) – 60% de acurácia.

Laboratorial: Hemocultura positiva em 50% dos casos

Diagnóstico padrão-ouro: Biópsia óssea para isolar patógeno

Tratamento:

  • Se sequestro, abscesso ou falha no tratamento com antibiótico isolado:
    • Cirurgia (limpeza e desbridamento agressivos) + antibioticoterapia (4-6 semanas) descalonando
  • Se processo inflamatório isolado (casos super agudos = raros)
    • Antibioticoterapia isolada
  • Antibiótico deve seguir orientação da CCIH de cada serviço, pois os patógenos mudam.

5 princípios de Nade:

  1. Antibioticoterapia isolada é efetiva antes da formação do abscesso
  2. Antibióticos não atingem tecido desvascularizado ou abscessos (necessária abordagem cirúrgica)
  3. LC + DB efetivas: ATB previne reformação de abscessos e pode-se fechar a pele primariamente
  4. Cirurgia não deve lesar tecidos previamente isquêmicos
  5. Manter ATB depois da cirurgia
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Q

Osteomielite Subaguda:

  • Origem
  • Clínica
  • Exames laboratoriais
  • Exames de Imagem
  • Classificação de Gledhill modificada por Robert
  • Tratamento:
A

Provável resistência aumentada do hospedeiro, menor virulência ou uso de antibiótico de forma empírica.

Clínica:

  • Dor insidiosa leve a moderada
  • Poucos sintomas
  • Diagnóstico difícil

Laboratorial:

  • Hemocultura geralmente negativa
  • Hemograma normal
  • Aumento de VHS em 50% dos casos
  • Biópsia óssea 60% de acurácia

Imagem:

  • Rx e cintilografia (tecnécio) geralmente positivos.

Classificação de Gledhill modificada por Robert

  • I: Lesão metafisária lítica - faz diagnóstico diferencial com Histiocitose de cálulas de Langerhans e abscesso de Brodie.
    • Ia: sem margem esclerótica
    • Ib: com margem esclerótica (abscesso de Brodie)
  • II: Lesão metafisáira com erosão cortical
    • Diagnóstico diferencial com granuloma eosinofilico ou osteosarcoma.
  • III: Lesão diafisária com erosão cortical -
    • Sem reação periosteal em casca de cebola
    • Diagnóstico diferencial com Osteoma osteoide
  • IV: Envolvem reação periosteal, geralmente em casca de cebola
    • Diagnóstico diferencial com Sarcoma de Ewing
  • V: Lesão epifisária
    • Diagnóstico diferecial com condroblastoma
  • VI: Processos destrutivos envolvendo o corpo vertebral
    • Diagnóstico diferencial com TB e osteosarcoma

Tratamento:

  • Se aspecto agressivo da lesão: biópsia óssea + curetagem.
  • Se aspecto benigno: 6 semanas de antibioticoterapia
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4
Q

Osteomielite Crônica:

  • Clínica
  • Diagnóstico
  • Classificação de Cierny Mader
  • Tratamento
  • Complicações
A

Definição/causas:

  • Osso com material purulento ou sequestro ósseo
  • Antibioticoterapia ineficaz pois o foco infeccioso está completamente isolado.

Clínica:

  • Exacerbação repetida por anos (fistulizações com drenagem).
  • Melhora com repouso e antibioticoterapia empírica.

Diagnóstico:

  • Clínico
  • Laboratorial (elevação PCR (>10) < VHS (>30), leucocitose)
  • Imagem
    • RX com destruição óssea, reação periosteal;
    • TC com sequestro ósseo;
    • RNM para extensão da infecção)
  • Biópsia óssea para isolamento do patógeno (padrão ouro).

De forma geral a acurácia da RNM é melhor para medular óssea e tecidos adjacentes e a TC melhora para cortical.

Culturas de fístulas não são fidedignas, necessário biópsia óssea

Biofilme

  • Implante colocado, ocorre corrida de células boas e ruins para colonizar a superfície, bactérias se proliferam e se agregam e produzem glicocálix que isolam as bactérias do ambiente, impedindo a ação de fagocitose dos macrófagos e antibióticos.
  • Biofilme está maduro ao redor de 3-4 semanas, sendo assim estaria indicado retirada do material de síntese (comunidade de bactérias se protegendo, sendo que podem diminuir a patogenicidade para se manter, ficando com células inativadas por anos, podendo ter novos surtos de infecção mais ativa).
  • Pode ser até 800x mais resistentes que nos planctônicos.
  • Principais bactérias que formam biofilme são S. aureus, S. epidermidis, P. aeruginosa e Propionibacterium acnes. Pode ocorrer com polimicrobiota.

Classificação de Cierny-Mader:

Tipo Anatômico:

  1. Medular – acometimento endosteal (HIM)
  2. Superficial – infecção da superfície cortical por defeito de cobertura (úlcera)
  3. Localizada – sequestro cortical que pode ser removido sem afetar estabilidade (placa)
  4. Difusa – características dos 3 tipos com instabilidade mecânica antes ou depois do desbridamento

Tipo Fisiológico (hospedeiro):

  1. Normal – imunocompetente com boa vascularização local
  2. Comprometido – (L) Local ou (S) Sistêmico, fatores que comprometem imunidade ou cura
  3. Proibitivo – Mínima disfunção, morbidade proibitiva antecipada, prognóstico ruim para cura

Tratamento:

  • Cirurgia:
    • Limpeza + desbridamento agressivo + manejo do espaço morto + antibioticoterapia prolongada (6 meses)
  • Se sem condições clínicas: supressão com antibioticoterapia e melhora do estado nutricional
  • Opções de manejo espaço morto: Cimento ortopédico (PMMA) com antibiótico termoestáveis (vancomicina, gentamicina, tobramicina), substitutos ósseos sintéticos – biovidro (bactericida e bacteriostático), retalhos, transporte ósseo com Ilizarov.
  • Câmara hiperbárica ainda carece de estudos clínicos randomizados, tendo uma evidência pequena a moderada especialmente nos hospedeiros comprometidos com aderência ao tratamento (100% oxigênio em pressão aumentada, aumentando a disponibilidade de oxigênio aos tecidos pela maior dissolução na circulação, teoricamente contribuindo para angiogênese, cicatrização entre outros).
  • Amputação nos casos de malignização para carcinoma espinocelular (raro)

Complicações:

  • Principal é a úlcera de Marjolin (transformação maligna) na OMC, com fisiopatologia ainda não tão bem esclarecida, mas muitos advogam que decorre do efeito da inflamação crônica no genoma e alteração da resposta imune do hospedeiro. Envolve o aparecimento de células carcinomatosas espinocelulares com prognóstico ruim. A duração da osteomielite é o principal fator de risco individual (pode aparecer cerca de 30 anos após a OMC).
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