ORTOPEDIA PED Flashcards
Descreva a doença de Legg-calvé-Perthes.
A descrição de uma necrose vascular da cabeça do fêmur já é suficiente para estabelecermos o diagnóstico de Doença de
Legg-calvé-Perthes. Esta condição é caracterizada por uma necrose isquêmica ou avascular da epífise proximal do fêmur e ocorre comumente entre os 2 e os 16 anos, em meninos de raça branca. É doença autolimitada, não se conhecendo ainda a sua etiologia. As manifestações iniciais são dor (localizada, em geral, na região inguinal ou irradiada no território sensitivo do nervo obturatório para a face medial da coxa e do joelho) e claudicação, relacionadas a atividade física. O exame físico pode evidenciar restrição dos movimentos de rotação interna, abdução e flexão. A radiografia mostra fragmentação do núcleo e necrose da cabeça do fêmur, podendo haver achatamento da epífise proximal. A ressonância magnética pode evidenciar edema epifisário ainda no início do quadro.
Lactente, com 18 meses de idade, foi trazida pelos pais ao serviço de emergência pediátrica, chorando muito, sem mexer o braço direito. Ao exame físico, observa-se dor intensa à mobilização do cotovelo direito, sem outros sinais flogísticos e sem febre. A hipótese diagnóstica para esse caso é:
A) Subluxacao da cabeça do rádio
B) osteocondrose da epífise do úmero
C) Ruptura do ligamento anular
Estamos falando da chamada pronação dolorosa ou “cotovelo da babá”.
É um pequeno deslocamento da cabeça do rádio em relação ao ligamento anular. O rádio é um dos ossos do antebraço, e a cabeça do rádio é a porção desse osso que participa da articulação do cotovelo. A pronação de pacientes pediátricos acontece devido à consistência mais elástica dos ligamentos e ao desenvolvimento ósseo incompleto.
Essa lesão ocorre em crianças com idade média entre dois e três anos, sendo que o lado mais acometido é o esquerdo - e 65% dos casos ocorrem em meninas. A história é quase sempre a mesma. A criança é puxada pela mão ou pelo braço (quando a mãe segura a criança para que esta não saia correndo pela rua ou quando a criança é balançada pelos braços).
Ocorre, então, a subluxação do ligamento anular da cabeça do rádio - quando a criança sofre uma tração (puxão) longitudinal súbita no membro superior com o cotovelo em extensão.
A dor inicial diminui rapidamente, e a criança reluta em utilizar o braço, que permanece ao lado do corpo, com o antebraço pronado (virado). Na tentativa de mexer o braço, a criança reclama de dor.
Geralmente, não há necessidade de radiografias antes da redução, somente nos casos em que, após a redução, a criança permaneça com dor importante, sugerindo outras lesões,
A redução pode ser feita de duas formas: (1) movimento de supinação e flexão ou (2) hiperpronação.
Como resolver? É A REDUÇÃO DA LESÃO. Tem duas formas:
💥MOVIMENTO DE SUPINAÇÃO E FLEXÃO DO BRAÇO
💥HIPERPRONACAO (acentua a provação)
Em relação à doença de Legg-Calvè-Perthes, assinale a afirmativa INCORRETA:
A) acomete mais meninos do que meninas
B) a dor no quadril ou joelho é o sintoma predominante
C) apresenta marcha com padrão Trendelenburg
D) é prevalente entre 03 e 09 anos
B)
A PRINCIPAL MANIFESTAÇÃO É UMA CLAUDICAÇÃO. A dor até pode existir, mas não é o mais importante.
A doença de Legg-Calvé-Perthes é uma desordem degenerativa caracterizada por necrose vascular da cabeça do fêmur, com maior incidência em torno de quatro a dez anos, e predomínio no sexo masculino (4:1). O sintoma principal frequentemente é a claudicação, podendo apresentar marcha de Trendelenburg (devido fraqueza dos abdutores). O sintoma de dor não é o mais frequente, embora possa se apresentar de forma isolada.
Paciente de 6 anos, sexo masculino, reclama de dor em perna direita logo ao acordar, sendo que, à tarde, já não conseguia andar. No dia seguinte, por não ter melhorado com o repouso, foi levado pelos pais ao Pronto-Socorro. Nega trauma prévio ou febre. Apresentou quadro respiratório viral há 5 dias. Ao exame físico: bom estado geral, afebril, limitação de movimentos de rotação do quadril direito. Você solicita alguns exames de triagem, com hemograma, VHS e PCR normais.
Qual o diagnóstico é o próximo exame indicado?
Temos uma criança com dor súbita em quadril do lado direito, sem febre ou aumento de provas de atividade inflamatória (portanto sem sugerir infecção ou uma condição inflamatória significativa) e com um detalhe importante na história: quadro respiratório viral recente, Logo, isso deve nos fazer pensar em sinovite transitória do quadriL Nesta afecção a dor é súbita com piora à rotação interna do quadril e à adução. Na investigação complementar, o hemograma e a velocidade de hemossedimentação (VHS) são normais ou discretamente alterados. A radiografia pode exibir distensão da cápsula articular, mas o exame mais apropriado é a ultrassonografia, não havendo necessidade de exames mais sofisticados E onerosos.
Adolescente, 13 anos, sexo masculino, procura o Pronto Atendimento com queixa de dor em coxa esquerda há 2 semanas, após trauma em um jogo de futebol A dor irradia-se para a face interna da coxa, com piora à deambulação, além de apresentar limitação na rotação e abdução do quadril esquerdo.
Qual o diagnóstico mais provável é tratamento?
O quadro clínico apresentado é sugestivo de epifisiólise proximal do fêmur (EPF). A EPF é o distúrbio do quadril mais frequente na faixa etária adolescente, com maior incidência entre 11 e 14 anos. Caracteriza-se pelo deslocamento do colo do fêmur em relação à epífise femoral (na bacia), devido a fraqueza na placa epifisária proximal do fêmur. O tratamento sempre é cirúrgico. A escolha do procedimento vai depender da gravidade da lesão (estável ou instável). A Fixação in situ é o procedimento mais utilizado para pacientes com EEPF estável ou leve, enquanto a osteotomia é realizada em caso greve ou instável, no qual o paciente é incapaz de deambular.
OBSERVAÇÃO: NORMALMENTE NAO HÁ CORRELAÇÃO COM EVENTOS TRAUMÁTICOS. A MAIORIA É DE ETIOLOGIA IDIOPÁTICA.
Lactente de 6 meses, previamente hígido, em aleitamento materno exclusivo, é levado ao pronto-socorro com queixa de redução de movimentação de braço direito após retornar da creche. Ao exame, apresenta edema local confirmando-se a presença de fratura em espiral em úmero direito. O restante do exame é normal, A principal hipótese diagnóstica é:
A) osteogenese imperfeita
B) deficiência de vitamina D
C) trauma
C)
Alguns tipos de fratura são especificas de traumas intencionais. São exemplos de fraturas por trauma intencional: fraturas múltiplas, bilaterais ou em diferentes estágios de consolidação; Não compatíveis com o desenvolvimento motor; De arcos costais abaixo de 2 anos ou de arcos costais posteriores; De crânio: múltiplas, complexas, bilaterais, que cruzam a linha média ou em bola de pingue-pongue; Espiralares ou em espiral em qualquer localização; De vértebras sem história de trauma acidental de alto impacto entre outras. Sendo assim, a fratura em espiral é sugestiva de trauma.
Escolar de 8 anos, masculino, iniciou há 3 dias dor em quadril à direita, irradiando para face medial da coxa e joelho; ao deambular apresenta claudicação, sem outros sintomas associados. Na análise da história patológica pregressa, refere quadro respiratório há 1 mês. Realizado hemograma e velocidade de hemossedimentação (VHS) normais e ultrassonografia com presença de pequena quantidade de líquido em articulação coxo femoral direita. A hipótese diagnóstica mais provável é:
A) Doença de Legg-Calvé-Perthes
B) Sinovite transitória de quadril
C) Epifisiolistese do fêmur
D) Artrite séptica do quadril
B)
A sinovite transitória do quadril é um quadro de artrite aguda reativa que surge após um quadro infeccioso, tipicamente um quadro respiratório viral, como no caso em questão. A criança queixa-se de dor e apresenta claudicação, mantendo, contudo, bom estado geral (letra B correta). O tratamento é baseado em analgesia e repouso. O principal diagnóstico diferencial da sinovite transitória é a artrite séptica do quadril. Na atrite séptica, a criança tipicamente apresenta-se com estado geral mais comprometido, é incapaz de sustentar o peso no membro acometido, e os exames laboratoriais tipicamente cursam com aumento de provas de fase aguda e outros achados típicos de infecção, como a leucocitose (letra D incorreta). A doença de Legg-Calvé-Perthes, ou necrose vascular da cabeça do fêmur, acomete tipicamente meninos entre 4 e 8 anos, e é também um importante diagnóstico diferencial da sinovite transitória - contudo, o quadro tende a ser mais arrastado e a ultrassonografia tende a não ser elucidativa, sendo ideal a realização de radiografias e/ou ressonância magnética (letra A incorreta). Por fim, a epifisiolistese do fêmur caracteriza-se pelo deslizamento do colo do fêmur em relação à epífise femoral;
é um quadro mais típico de meninos mais velhos, durante o estirão de crescimento. A criança ou adolescente usualmente queixa-se de dor em região de virilha com irradiação para face interna da coxa (letra C incorreta).
Obs: tá além do tempo comum de aparecer a clínica após a infecção. Mas é a melhor resposta.
Paciente, 13 anos de idade, com suspeita de escoliose idiopática do quadril, teste de ADAMS demonstrando assimetria da caixa torácica. Como prosseguir?
DEVE-SE PROSSEGUIR COM AVALIAÇÃO DO ÂNGULO DE CURVATURA. ESSE ÂNGULO É MEDIDO ATRAVÉS DA TÉCNICA DE COBB. O VALOR DO ANGULO + O GRAU DE MATURAÇÃO DO ESQUELETO VÃO DEFINIR O TIPO DE TRATAMENTO - SE CLÍNICO, COM USO DE ÓRTESE OU CIRÚRGICO.
Recém-nascido a termo, com peso de nascimento = 4.100g, apresentou fratura de clavícula à direita, que foi acompanhada de diminuição da mobilidade do membro superior direito, com limitação da flexão e extensão do antebraço e manutenção da força da mão. Esse quadro é sugestivo de uma paralisia do:
A) Plexo braquial médio
B) Plexo braquial inferior
C) Plexo braquial superior
C)
A paralisia neonatal de plexo braquial geralmente tem origem traumática, sendo mais comum nas crianças macrossômicas e na distocia de ombro. Veja que esse bebê de 4100g apresenta fratura de clavícula, sugestiva de distocia de ombro. E qual o plexo acometido nesse caso? Didaticamente dividimos as paralisias de plexo braquial em superior (C5 e C6), conhecida por Paralisia de Erb-Duchenne, e inferior (C8 e T1), conhecida por Paralisia de Klumpke. A maneira mais simples de distingui-las é saber que no acometimento do plexo inferior ocorre paralisia da mão, enquanto no plexo superior esse envolvimento não ocorrel Veja que esse bebê tem manutenção da força da mão, com limitação da movimentação de ombro e antebraço, caracterizando então uma paralisia de plexo braquial superior.
Adolescente, 13 anos, tem como queixa principal dor em ambos os joelhos, principalmente o direito, de forte intensidade com melhora ao repouso. Relata piora aos esforços e durante atividade física. Ao exame apresenta IMC 27Kg/m’, Tanner
G3P3, com dor à palpação na tuberosidade anterior da tíbia direita. O diagnóstico provável é:
A) Dor de crescimento
B) Epifisiolise coxofemoral
C) Doença de Osgood-Schlatter
D) Osteocondroma
C)
A questão traz um quadro típico de doença de Osgood-Schlatter, definida como uma apofisite de tração da tuberosidade da tíbia, no ponto de inserção do tendão patelar (letra C correta). O quadro ocorre mais frequentemente no período do estirão de crescimento, sendo mais comum em meninos. Os adolescentes acometidos geralmente são praticantes de atividade física (principalmente esportes com corrida e salto). O paciente queixa-se de dor em região do joelho, especialmente localizada na região da tuberosidade da tíbia, sendo pior à palpação e com a prática de atividade física. Eventualmente é possível notar tumoração local, devido ao crescimento ósseo excessivo da tuberosidade. A saber, a dor de crescimento é mais comum em crianças mais jovens, sendo tipicamente extra-articular, surgindo mais comumente no período da noite, em repouso (letra A incorreta). A epifisiólise coxofemoral caracteriza-se pelo deslizamento do colo do fêmur em relação à epífise femoral, manifestando-se usualmente com dor em região de virilha, com irradiação para face interna da coxa (letra B incorreta). Por fim, o osteocondroma é uma lesão tumoral benigna, caracterizado por exostoses de crescimento lento, com consistência endurecida. A lesão pode ser única ou múltipla, e é tipicamente indolor (letra D incorreta).
Menina, 4 anos de idade, saudável, brinca e participa das atividades da escola, mas tem os joelhos muito juntos, a mãe informa que ela também tinha as pernas tortas e que para torná-las alinhadas usou tênis ortopédicos. Nega dor ou claudicação. Ao exame, os membros são simétricos e a distância intermaleolar é de 6 cm. A conduta indicada para o quadro é
A) encaminhar ao ortopedista se a relação entre o eixo transmaleolar e o eixo bicondilar tiver rotação da tíbia
maior que 10 graus.
B) orientação dos pais e observação porque trata-se do desenvelvimento normal da criança
B)
A apresentação da posição do joelho é uma das diversas variáveis que determinam o alinhamento dos membros inferiores.
Também chamadas de deformidades pós-natais ou posicionais, as deformidades angulares dos membros inferiores são, em sua maioria, fisiológicas ou posturais, não exigindo, portanto, tratamento, além da observação. A deformidade que estamos avaliando seria o genu valgus, que é muito frequente na infância, principalmente entre 2 e 6 anos de idade, com desvalgização progressiva até a adolescência. O valgo é quando o joelho se aproxima da linha média (joelhos juntos e os pés afastados), formando ângulo entre a coxa e a perna de abertura externa. No entanto, a distância intermaleolar para considerar como valgo tem que ser superior a 10 cm e, no caso apresentado, foi menor. Desta forma, a criança não apresenta deformidades patológicas e encontra-se dentro do seu processo normal de desenvolvimento.
LETRA B
CARACTERIZE O PÉ TORTO CONGÊNITO