OCLUSÃO INTESTINAL Flashcards
Homem, 62 anos de idade, com dor abdominal em cólica, vômitos e distensão abdominal há 4 dias. Última evacuação há 5 dias e, desde então, não elimina gases. Ao exame físico: bom estado, desidratado, eupneico. Abdome: distendido, ruídos hidroaéreos aumentados, doloroso à palpação profunda sem irritação peritoneal. Toque retal sem fezes na ampola. Exames laboratoriais: Hb = 10,9 g/dl; Ht = 38%; creatinina = 2,9 mg/dl; ureia = 110 mg/dl. Demais exames sem
alterações. Realizada a tomografia de abdome apresentada. Qual é a principal hipótese diagnóstica?
A) ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO AO NÍVEL DO SIGMOIDE
B) SÍNDROME DE OGILVIE
C) ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO AO NÍVEL DE DELGADO
C)
Vamos analisar a questão como um todo? Para facilitar, vamos listar todos os achados citados no enunciado dor abdominal; vômitos; distensão abdominal; parada de eliminação de gases e fezes; nega cirurgias prévias. Se combinarmos todos esses achados, podemos identificar um diagnóstico sindrômico para o caso: SÍNDROME DE ABDOME AGUDO (dor abdominal) do tipo OBSTRUTIVO. Qual seria o PRIMEIRO exame complementar a ser solicitado? Sem dúvidas, uma ROTINA DE ABDOME AGUDO, que consiste em uma radiografia de tórax, uma de abdome em ortostase e uma de abdome em decúbito. A primeira serve para identificar melhor um possível pneumoperitônio e as demais para identificar o nível da obstrução. Em obstruções intestinais ALTAS, temos distensão APENAS de alças de delgado e estômago. Em obstruções BAIXAS, temos distensão apenas do cólon se a válvula ileocecal estiver funcionante, e do cólon e delgado, se a válvula ileocecal estiver patente. No caso em questão, identificamos distensão apenas de alças de delgado, o que nos faz concluir se tratar de uma OBSTRUÇÃO INTESTINAL AO NÍVEL DE DELGADO. Logo, a melhor resposta seria a letra C, mas por que não poderia ser a letra B ou D? Vamos relembrar as definições de Ogilvie e íleo paralítico? A síndrome de Ogilvie, também chamada de PSEUDO-OBSTRUÇÃO INTESTINAL AGUDA, apresenta-se com distensão EXCLUSIVAMENTE DO CÓLON sem causa mecânica aparente e ocorre em pacientes hospitalizados. Sua fisiopatologia mais aceita tem relação com a excessiva supressão parassimpática, estimulação simpática ou ambas, que resultam em atonia do cólon. O íleo paralítico é uma condição que ocorre em todo o trato digestivo após procedimentos cirúrgicos que manipulam alças intestinais e habitualmente dura em torno de 24 a 72 horas. Como podemos ver, tais descrições não têm nenhuma relação com o caso do enunciado. Portanto, a melhor resposta continua sendo a letra C.
VISÃO DA RADIO: estamos diante de uma tomografia computadorizada de abdome com contraste (observe o conteúdo denso dos vasos sanguíneos, o contraste iodado). As duas primeiras imagens exibem cortes no plano axial e a terceira uma reconstrução no plano coronal. As alterações detectadas são as alças do delgado distendidas e preenchidas por líquido, destacadas em AMARELO, com formação de níveis hidroaéreos em diferentes alturas, sugerindo obstrução intestinal. Como saber que é uma alça de delgado? Note nas duas primeiras imagens a disposição mais central dos segmentos afetados e, além disso, a ausência das típicas haustrações (que são típicas do cólon), confirmando estarmos diante do intestino delgado. Adicionalmente, ainda vemos na primeira e terceira imagens o ceco com aspecto habitual, sem distensão, destacado em AZUL. Resposta: letra C.
MULHER 45 ANOS, SEM COMORBIDADES, APRESENTANDO DOR E DISTENSÃO ABDOMINAL HÁ 5 DIAS. APRESENTOU VÔMITOS FECALOIDES ONTEM.
Ao exame físico, apresentava-se em regular estado geral, desidratada, descorada +/4+, eupneica, com frequência cardíaca de 90 bpm e pressão arterial de 110 x 70 mmHg, O exame do abdome revelava distensão e dor difusa, mas sem sinais de peritonite. Não apresentava alterações na gasometria arterial nem leucocitose. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta a descrição CORRETA dessa obstrução intestinal.
A) MECÂNICA BAIXA E NÃO COMPLICADA
B) MECÂNICA ALTA E NÃO COMPLICADA
C) FUNCIONAL ALTA E COMPLICADA
D) FUNCIONAL BAIXA E NÃO COMPLICADA
E) FUNCIONAL ALTA E NÃO COMPLICADA
A)
Estamos diante de uma mulher, 45 anos, que apresenta dor e distensão abdominal há cerca de cinco dias. Refere ainda presença de vômitos fecaloides há um dia. Ao exame, regular estado geral, desidratada, eupneica e estável hemodinamicamente. Abdome difusamente distendido e doloroso, porém sem sinais de peritonite. Sem dúvidas, trata-se de um quadro de obstrução intestinal. O grande dado que nos sugere o tipo de obstrução e a topografia acometida é a presença de vômitos fecaloides. Por já apresentar fezes em formação, a obstrução certamente é no final do cólon, portanto, a nossa grande hipótese é a presença de um FECALOMA. Lembre-se de que o fecaloma é a presença de uma massa fecal endurecida que não é expelida e promove uma obstrução MECÂNICA dos cólons. Obstrução funcional é justamente quando ocorre um quadro de obstrução intestinal sem a presença de nenhum fator obstrutivo, exemplos: íleo paralítico e pseudo-obstrução colônica (síndrome de Ogilvie). Portanto, trata-se de uma obstrução mecânica, baixa e não complicada.
(V OU F)?
HOMEM DE 40 ANOS VEM APRESENTANDO HÁ 72 HORAS ABAULAMENTO EM REGIÃO INGUINAL ESQUERDA DOLOROSO E DISCRETA HIPEREMIA LOCAL, ALÉM DE ABDOME FLÁCIDO E INDOLOR. DIANTE DESSE CASO DEVE-SE PROGRAMAR CIRURGIA DE URGÊNCIA, POIS SE TRATA DE HÉRNIA INGUINAL ESQUERDA ENCARCERADA
VERDADEIRO
Abaulamento há 72 horas em região inguinal esquerda nos indica um encarceramento agudo, o que preocupa devido ao risco de estrangulamento. No caso, o abaulamento já é doloroso e com discreta hiperemia local.
Nessa situação, não devemos tentar a redução manual pelo risco de estrangulamento. O ideal é indicarmos a cirurgia de urgência através de uma inguinotomia para avaliação do conteúdo e correção do defeito herniário.
No idoso com hérnia umbilical encarcerada agudamente, irredutível, com dor, sem evidências clínicas ou laboratoriais de estrangulamento, a solicitação de tomografia de abdômen se justifica por
A) Possibilidade de sofrimento de alça.
B) Necessidade de avaliar o conteúdo do saco herniário.
C) Oportunidade de avaliar o tamanho do anel herniário.
D) Exclusão de outra doença na cavidade abdominal.
D
Ótima questão. A grande dúvida é: o que causou esta hérnia umbilical? OK, a fragilidade abdominal propiciou a herniado, mas o que levou ao aumento da pressão intra-abdominal?
Em um paciente idoso com hérnia encarcerada agudamente, temos que descartar outras causas que possam ter contribuído para o aumento da pressão intra-abdominal, por exemplo, temos a presença de tumores do trato gastrointestinal, que pela tomografia, de fato, podem ser excluídos. Outra causa muito comum de protrusão herniária umbilical é a presença de ascite que também pode ser descartada por este exame de imagem.
Possibilidade de sofrimento de alça - incorreta: a presença de sofrimento de alça intestinal e estrangulamento em uma hérnia umbilical é pouco provável. O mais comum é o encarceramento de gordura.
Necessidade de avaliar o conteúdo do saco herniário - incorreta: não há benefício em se observar qual o tipo de conteúdo, a conduta cirúrgica não mudará em função desse dado, portanto, saber o conteúdo herniário não justifica o emprego da tomografia. Oportunidade de avaliar o tamanho do anel herniário - incorreta: além de essa informação não ser tão relevante, conseguimos avaliar, muitas vezes, através do exame físico.
DESCREVA A CLASSIFICAÇÃO DE NYHUS PARA HÉRNIAS
Qual o conteúdo típico do saco hérniario da hérnia de Richter e o conteúdo típico do saco hérniario da hérnia de Littré?
A hérnia cujo conteúdo é o divertículo de Meckel denomina-se hérnia de Littré.
A hérnia cujo conteúdo é a borda antimesentérica da alça intestinal denomina-se hérnia de Richter.
A hérnia inguinal cujo conteúdo é o apêndice vermiforme denomina-se hérnia de Amyand. Quando a localização é femoral, denomina-se Garengeot
Como é conhecida a condição clínica caracterizada por abdome agudo oclusivo (náusea, vômito, dor e distensão abdominais, parada da eliminação de gases e fezes) em que radiografia simples do abdome mostra pneumobilia, alças intestinais distendidas, com padrão obstrutivo, e ausência de ar na ampola retal?
ILEO BILIAR
Diante de um caso de obstrução intestinal + pneumobilia, devemos pensar imediatamente no íleo biliar. Lembre-se de que o fleo biliar é a presença de uma obstrução intestinal ocasionada por um cálculo biliar que geralmente impacta no íleo terminal. Esse cálculo passa da vesícula biliar para o intestino através de uma fistula colecistoentérica, essa fistula surge no contexto de colecistite de repetição, e o ar do intestino passa para a vesícula, surgindo a presença de pneumobilia (ar nas vias biliares). O tratamento consiste na enterotomia com retirada do cálculo associada à colecistectomia.
Qual o nome do triângulo, estudado no tratamento das hérnias inguinais, que apresenta como limites: borda medial-lateral do reto abdominal, vasos epigástricos laterais inferiores e ligamento inguinal (trato iliopúbico) inferiormente?
TRIÂNGULO DE HESSELBACH
Questão sobre anatomia da região inguinal! O grande triângulo da região inguinal que serve como referência para determinarmos as principais hérnias dessa região é o triângulo de Hesselbach. Esse triângulo é delimitado pela borda lateral do músculo reto abdominal, vasos epigástricos inferiores e ligamento inguinal. Dentro dele se anunciam as hérnias diretas, por isso, ele também pode ser conhecido como triângulo das hérnias diretas. Acima dele, se anunciam as hérnias indiretas e abaixo dele, as hérnias femorais.
QUAL O TIPO CLÁSSICO DE HÉRNIA NA INFÂNCIA?
HERNIA INGUINAL INDIRETA
(V OU F)?
A HÉRNIA INGUINAL PEDIÁTRICA SEMPRE TEM INDICAÇÃO CIRÚRGICA E NA CORREÇÃO CIRÚRGICA, NAO É NECESSÁRIA A REALIZAÇÃO DE REFORÇO NA PAREDE POSTERIOR
VERDADEIRO
Sobre as hérnias em crianças, vamos lembrar que o tipo clássico na infância são as inguinais INDIRETAS (defeito congênito) e que o risco de encarceramento é elevado, por isso a cirurgia sempre deve ser indicada. Como não há defeito da parede posterior, na população pediátrica, seu reforço não deve ser realizado rotineiramente.
Ou seja, não devemos aguardar a resolução espontânea tal qual nas hérnias umbilicais.
(V OU F)?
A HÉRNIA INGUINAL INDIRETA DERCORRE DA PERSISTÊNCIA DO CONDUTO PERITONIOVAGINAL
VERDADEIRO
PACIENTE COM SUSPEITA DE HÉRNIA INGUINAL. COMO REALIZAR O EXAME DESSE PACIENTE?
Introduzir o dedo no canal inguinal (a partir do anel inguinal externo) por invaginação da bolsa escrotal e solicitar que o paciente realize Valsalva, com detecção de abaulamento local.
Lembrando que se o abaulamento vier ao encontro da ponta do dedo = Hérnia Inguinal Indireta. Se tocar na polpa do dedo = Hérnia Inguinal Direta
(V OU F)?
A hernia femoral é mais comum em mulheres que em homens. Contudo, a hérnia inguinal continua sendo a hernia mais frequente em mulheres.
VERDADEIRO
as hérnias femorais são mais comuns em mulheres do que em homens (8 a 10 vezes mais) e geralmente a paciente é obesa e tem mais de 45 anos. Contudo, não podemos esquecer que a hérnia mais frequente no gênero feminino continua sendo a inguinal indireta.
(V OU F)?
EM RELAÇÃO ÁS HÉRNIAS FEMORAIS:
A técnica de Lichtenstein é a melhor conduta.
FALSO
A técnica de Lichtenstein consiste em reparo anterior com uso de tela para o tratamento das hérnias inguinais, e não femorais.
(V OU F)?
EM RELAÇÃO ÁS HÉRNIAS FEMORAIS:
A cirurgia de McVay, abordagem anterior sem tela, a técnica laparoscópica totalmente extraperitoneal (TEP) e a técnica de plugue de tela (mesh plug) são as opções disponíveis no tratamento da hérnia femoral.
VERDADEIRO
(V OU F)?
EM RELAÇÃO ÁS HÉRNIAS FEMORAIS:
Quando encarcerada, o acesso deve ser por via inguinal e abdominal.
FALSO
Mesmo quando há encarceramento das hérnias inguinocrurais, o acesso ao conteúdo do saco herniário continua sendo através da região inguinal, e não inguinal e abdominal combinados
(V OU F)?
EM RELAÇÃO ÁS HÉRNIAS FEMORAIS:
Quando operada de urgência, tem elevada mortalidade.
Independentemente
da
condição
apresentada, sempre que uma cirurgia for realizada na urgência, a taxa de morbimortalidade
será maior em
comparação com a cirurgia eletiva. Além disso, as hérnias femorais apresentam maior risco de encarceramento e
estrangulamento e, muitas vezes, sofrimento isquêmico avançado já se encontra presente no momento da abordagem cirúrgica. As hérnias femorais, portanto, devem ser operadas assim que diagnosticadas, uma vez que a taxa de morbimortalidade se torna expressiva na presença de complicações
NOMEIE AS ESTRUTURAS ANATÔMICAS A SEGUIR:
1: vasos epigástricos inferiores;
2: ligamento inguinal: na verdade, na visão posterior pensamos em trato iliopúbico;
3: vasos espermáticos;
4: vasos ilíacos externos;
5: ducto deferente.
Em relação à hérnia umbilical na infância, vamos lembrar que ela é de origem congênita e que apresenta tendência ao fechamento espontâneo com até 4-6 anos, não sendo a cirurgia indicada de maneira rotineira.
Quais as principais indicações de cirurgia para correção de hérnia umbilical?
As principais indicações são:
defeito maior do que 2 cm; concomitância com hérnia inguinal; associação com DVP;
e não fechamento com até 4-6 anos.
QUAL A TÉCNICA DE CORREÇÃO DA HENRIA INGUINAL QUE USA COMO PREMISSA A SUTURA EM QUATRO CAMADAS?
SHOULDICE
Quando realizamos a sutura em quatro camadas para o reforço da parede posterior, estamos realizando a imbricação dos músculos da parede posterior, o que conhecemos como técnica de Shouldice.
(V OU F ?)
Vasos epigástricos inferiores, bainha do reto abdominal e ligamento inguinal formam os limites do triângulo de Hesselbach;
VERDADEIRO
(V OU F)?
Hérnias diretas ocorrem no triângulo de Hesselbach;
VERDADEIRO
(V OU F)?
O canal inguinal contém o cordão espermático em homens e o ligamento redondo do útero nas mulheres;
VERDADEIRO
(V OU F)?
O cordão espermático é formado pela junção de fibras dos músculos cremaster e reto abdominal
FALSO
incorreta: o cordão espermático é composto de fibras do músculo cremastérico, artéria testicular e veias, além do ramo genital do nervo genitofemoral, ducto deferente, vasos cremastéricos, linfáticos e processo vaginal.