Litíase Renal Flashcards

1
Q

O que é e por que é importante ?

A

Presença de cálculo na via urinária.

É importante porque:
Tem alta prevalência (5 a 20% da população)
Morbidade (dor, internação, pielonefrite, perda da função renal, insuficiência renal, perda do rim, óbito)

Os cálculos urinários têm prevalência elevada podendo acometer até 20% da população geral, na dependência de fatores étnicos e geográficos. Adicionalmente tem morbidade considerável com episódios cíclicos de dor de extrema intensidade, perda de dias de trabalho, necessidade de internação, quadros graves de pielonefrite obstrutiva, perda da função renal ipsolateral ou mesmo do rim acometido, insuficiência renal para pacientes com rim único, rim único funcionante ou nos casos de doença calculosa síncrona determinando obstrução bilateral.

Em casos severos pode ocorrer óbito por complicações infecciosas ou relacionadas à insuficiência renal.

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2
Q

Litíase

Incidência e prevalência:

A

Mais freqüente em brancos (seguidos de hispânicos, asiáticos e negros)
Homens/Mulheres – 2 a 3:1
Pico incidência – 4 a 6 década
> prevalência em clima quente, locais áridos e montanhosos

Os cálculos renais podem aparecer na população geral, de acordo com algumas variáveis geográficas e étnicas em prevalência de 5 a 20%. Em autópsias a presença de microcálculos foi identificada em até 100% dos casos.

Outro aspecto importante é a elevada recorrência do problema com índices de 40 a 70% após o primeiro episódio.

Os cálculos tornam-se sintomáticos, quando descobertos incidentalmente, na metade dos casos dentro dos primeiros cinco anos da descoberta.

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3
Q

Litíase

Composição:

A

Oxalato de cálcio 75%
Estruvita 15% - radiotransparente
Ácido úrico 8% - radiotransparente
Fosfato de cálcio 5% - radiotransparente
Cistina, xantina 1% (raros) - radiotransparente

O principal constituinte dos cálculos urinários é o cálcio. Percentualmente, 2/3 dos cálculos são de oxalato de cálcio, 15% de estruvita, 8% de ácido úrico, 5% de fosfato de cálcio e 1% de cistina e xantina.

Portanto, cerca de 80% dos cálculos urinários têm como principal constituinte o cálcio e, portanto, são radiopacos.

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4
Q

São fatores importantes envolvidos na formação dos cálculos renais:

A

FRs: Variações do pH urinário (em condições normais o pH da urina é ácido – em torno de 6). O pH urinário muito baixo (ácido) associa-se à formação de cálculos de ácido úrico e, quando encontramos pH muito elevado, acima de 7, é alta a probabilidade de estarmos frente a um cálculo de estruvita (fosfato amoníaco magnesiano).

A concentração elevada de um determinado soluto como o cálcio, o ácido úrico, o oxalato ou a cistina elevam a probabilidade de desenvolvimento do cálculo. Por outro lado, a hidratação, a presença de inibidores da cristalização (citrato, magnésio, proteína de Tamm-Horsfall, nefrocalcina, glicosaminoglicanos e os pirofosfatos) bem como a atividade física (facilitando a expulsão dos cristais) inibem a formação dos cálculos.

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5
Q

Litíase

Sobre a Hipercalciúria:

A

Como dito a hipercalciúria é o distúrbio mais importante e o mais frequentemente identificado e pode ser detectada quando ocorre calciúria de 200 mg/dia ou mais que 4mg/kg/dia.

Ela ocorre em 35 a 65% dos formadores de cálculo. O transporte do cálcio é regulado em três sítios: intestino, rins e ossos. Alterações em quaisquer destes sítios podem levar à hipercalciúria.

Existem três tipos de hipercalciúria: absortiva – em que o problema é a absorção excessiva do cálcio da dieta; renal – em que o problema está na reabsorção ineficiente do cálcio filtrado nos túbulos renais; e a reabsortiva – do hiperparatireoidismo.

As hipercalciúrias renais e absortivas podem ser tratadas com diuréticos tiazídicos.

Na hipercalciúria reabsortiva, associada ao hiperparatireoidismo, o cálcio sérico está elevado (nas outras hipercalciúrias o cálcio é normal) e o PTH e as glândulas paratireóides devem ser avaliadas.

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6
Q

Litíase Renal

Sobre os Distúrbios metabólicos:

A

Na hiperuricosúria a ingestão excessiva de purinas é a principal causa. O ácido úrico promove a cristalização do oxalato de cálcio auxiliando na formação destes cálculos.

Pode estar associado à gota, doenças mieloproliferativas ou linfoproliferativas, mieloma múltiplo, policitemia secundária, anemia perniciosa, doenças hemolíticas, etc.). Também pode ocorrer durante o tratamento de alguns tipos de câncer por meio da quimioterapia.

O pH urinário é fundamental e está habitualmente baixo nos portadores de cálculo de ácido úrico. Pode estimular, por meio da nucleacão heterogênea a formação de cálculos de oxalato de cálcio.

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7
Q

Litíase Renal

Lítiase Renal por Cálculo Coraliforme e qual o germe causador mais frequente:

A

O cálculo coraliforme é o único que pode ser confirmado ao RX simples de abdome por moldar parcial ou completamente a pelvis e os cálices renais. Frequentemente associa-se a germes desdobradores de uréia que elevam acentuadamente o pH urinário.

O processo de ureálise fornece um ambiente urinário alcalino e concentração suficiente de carbonato e amônia para induzir a formação de cálculos “infecciosos”.

O pré-requisito básico é a infecção com germes produtores de urease e as bactérias do gênero proteus são as mais frequentemente isoladas. Como as mulheres são mais frequentemente acometidas por ITUs a proporção homem: mulher com diagnóstico de cálculo coraliforme é 1:2.

É fundamental o rompimento do círculo vicioso: infecção / cálculo / infecção com o tratamento e eliminação integral do cálculo bem como a erradicação dos germes associados ao desdobramento da uréia.

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8
Q

Litíase

Quando é de repetição:

A

Nos casos de litíase de repetição ou em todas as crianças é necessário a investigação para descartar distúrbio metabólico.

Para esta investigação são coletadas amostras séricas e de urina de 24 horas para dosagem dos principais íons e substâncias relacionadas`a formação dos cálculos renais.

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9
Q

Litíase

Como diagnosticar?

A

Aspectos epidemiológicos
Quadro clínico
Exames subsidiários

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10
Q

Litíase

Diagnósticos diferenciais:

A
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11
Q

Litíase

Complicações:

A
  • Perda da função renal ou do rim
  • Insuficiência renal aguda
  • Insuficiência renal crônica
  • Pielonefrite aguda
  • Abscesso renal ou perinefrético
  • Sepse
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12
Q

Litíase Renal

Quadro clínico:

A
  • Cólica nefrética / Dor lombar
  • Dor abdominal (crianças, rim em ferradura)
  • ITU de repetição (Particularmente nos casos de cálculo coraliforme)
  • Sintomas irritativos vesicais (cálculo em ureter distal)
  • Oligúria ou anúria (rim único funcionante, doença bilateral sincrônica)
  • Hematúria * - descarte neoplasia de vias urinárias

Cólica nefrética
Dor lombar ou abdominal de forte intensidade, com irradiação e associada a náuseas e vômitos (ou não).
Irradiação para testículo ou região inguinal / grandes lábios (cálculo de ureter proximal)

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13
Q

Litíase

Localização da Dor - Cólica Renal:

A
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14
Q

Litíase Renal

Quando se trata de uma urgência?

A

Pielonefrite obstrutiva (Infecção + cálculo obstrutivo) – necessidade de internação e derivação urinária – duplo J ou nefrostomia.

Obstrução em rim único ou rim único funcionante (insuficiência renal aguda pós renal – necessidade de internação)

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15
Q

Litíase

Exame físico (Fase da cólica)

A

Agitado, dor em qualquer posição
HAS, taquicardia, sudorese, palidez
Sem febre (a menos que com infeção associada)
Palpar abdome (hidronefrose, massas, DB -)
Sinal de Giordano
Diagnósticos diferenciais (exame direcionado)

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16
Q

Litíase

Exames subsidiários

A

urina I - hematúria microscópica em até 90% dos casos, leucocitúria discreta (desconfiar de ITU se incontáveis ou degenerados)
pH – normal = 6,2
baixo = pensar em ácido úrico (abaixo de 5,5)
alto = pensar em estruvita (acima de 7) cristalúria

Rx simples de abdome
Imagem radiopaca em rim ou trajeto ureteral em até 90% dos casos
Limitações (cálculos radiotransparentes, pequenos, preparo intestinal inadequado)

17
Q

img

A
18
Q

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A
19
Q

img

A
20
Q

img

A
21
Q

img

A
22
Q

Litíase

Ultrassom:

A

VANTAGENS:
Não invasivo
Sem alergia ou radiação
Útil no diagnóstico diferencial
Cálculos radiotransparentes.
Escolha inicial para gestantes

DESVANTAGENS:
Examinador dependente
Ruim para cálculo ureteral médio
Não avalia função renal

23
Q

Exame diagnóstico de escolha atualmente:

A

TC helicoidal
Urotomografia (sem uso de contraste)
Útil no DD de cálculos radiotransparentes com tumores.
Maior sensibilidade (97%) e especificidade (96%)

24
Q

Litíase Renal

Como tratar?

A

O tratamento está na dependência de :
* Tamanho do cálculo
* Idade e condições clínicas do paciente
* Complicações advindas da presença do cálculo
* Presença de anomalias anatômicas
* Tecnologia disponível e experiência do urologista

Cálculos menores que 0,6 cm
Analgésicos, anti-inflamatórios e opiáceos
Alfa-bloqueadores
Hiper-hidratação oral

Cálculos com indicação de intervenção
Opções:
LECO (litotripsia extracorpórea por ondas de choque) - quebra a pedra por som
Cirurgia percutânea
Ureterolitotripsia endoscópica
Laparoscopia (cálculos ureterais)
Cirurgia Aberta (muito rara atualmente)

25
Q

Litíase Renal

Quando indicar intervenção?

A

Cálculos maiores que 0,5 cm
Após falha do tratamento clínico
Obstrução associada a hidronefrose e perda da função renal
Infecção ativa associada
Profissão (piloto de avião, cirurgião, etc..)

26
Q

LECO - Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque

A

80% dos cálculos com indicação de intervenção podem ser tratados pela LECO
Baixa morbidade
Tratamento ambulatorial

Principais complicações: “rua de cálculo”, obstrução e hematúria.

Contra-indicações absolutas:
* Gravidez
* Distúrbios de coagulação não corrigidos
* Infecção não controlada

27
Q

Indicações para Ureterolitotripsia:

A

Indicações
* Cálculo ureteral (rígida)
* Cálculo renal (flexível a laser)

28
Q

Indicações para Cirurgia percutânea:

A
  • Cálculo coraliforme completo
  • Anormalidade estrutural (estenose de JUP, ureteral, divertículo calicial)
  • Cálculo grande de cálice inferior (> 2,5 cm)
  • Na falha da LECO
  • Vantagens: menor morbidade, estética
  • Desvantagens: radiação, curva de aprendizagem
  • Contra-indicação - dist. coagulação
29
Q
A

cateter dentro do rim para que o pus saia no cateter

30
Q

Indicações para cirurgia aberta:

A

Indicações:
Cálculo coraliforme completo e estenose infundibular
Obstrução a jusante (estenose de JUP, ureteral - podem ser corrigidos na mesma cirurgia)
Nefrectomia
Falha dos outros métodos
Cálculo vesical grande

31
Q

Algoritmo - Investigação e tratamento

A
32
Q

Frente ao diagnóstico confirmado do cálculo é importante avaliar para a melhor escolha do tratamento:

A

1. Qual o tamanho do cálculo?
Cálculos pequenos têm alta probabilidade de serem eliminados espontaneamente. Portanto este é o tratamento de escolha inicial para portadores de litíase até 5 mm. Podemos utilizar, respeitadas as contra-indicações, antiinflamatórios não esteróides (nimesulida 100 mg de 12/12 h/ ) analgésicos simples (dipirona 500 mg ou 40 gotas vo de 6/6h) ou opióides (tramadol 50 mg 6/6 ou 4/4 h) na dependência da intensidade da dor. É orientada hiperhidratação (respeitadas as contra-indicações) no período de ausência de quadro doloroso). Recentemente os alfa-bloqueadores (tamsulosina – 0,4 mg) têm sido preconizados como adjuvantes para auxiliar a eliminação dos cálculos de ureter distal. Os índices de eliminação aumentaram de % para % com o uso do medicamento. Embora seja considerado seletivo o principal efeito colateral foi a hipotensão postural. Na falha do tratamento, após período de observação que dependerá da presença ou não de sintomas, podemos optar por litotripsia ou ureteroscopia. O melhor tratamento nos casos de falha do tratamento para os cálculos ureterais é a ureterolitotripsia. A LECO é melhor indicada para o ureter proximal e nos casos sem hidronefrose importante ou algia importante.

2. Qual a sua localização na via excretora?
Cálculos renais pequenos são melhor tratados por LECO. No ureter, particularmente no médio e distal, o melhor tratamento é a ureterolitotripsia. Cálculos renais maiores que 20 mm são melhor tratados por percutânea, mas exceto por portadores de litíase coraliforme de grande massa ou em indivíduos com alterações anatômicas, é habitual a tentativa de fragmentar o cálculo por meio da LECO. Caso ocorram duas ou três tentativas fracassadas a maioria dos autores indicam nefrolitotripsia percutânea.

3. Existem complicações advindas do cálculo?
Portadores de: exclusão funcional do rim, rim único ou rim único funcionante, pielonefrite obstrutiva SÃO candidatos a terapia intervencionista por meio de: inserção de cateter duplo J; ureterolitotripsia; derivação percutânea. Para a pielonefrite obstrutiva é conduta a inserção de duplo J ou derivação percutânea e antibioticoterapia de amplo espectro. Após debelada a infecção é efetuado o tratamento definitivo. Na ausência de complicações infecciosas ou urêmicas determinadas por insuficiência renal grave o tratamento definitivo é efetuado de imediato.
A cirurgia aberta tem sido reservada para os casos em que ocorreu falha dos tratamentos menos invasivos, para portadores de cálculos coraliformes com infundíbulos caliciais estenosados em que seriam necessárias inúmeras punções para abordagem e, finalmente, quando para rins não funcionantes ou de baixa função em que está indicada a nefrectomia.

33
Q

Orientações gerais:

A

Ingestão de líquidos: o suficiente para urinar 1,5 a 2 litros por dia.
Suco de limão e de laranja (aumentam o citrato urinário)
Diminuir a ingestão de proteínas
Diminuir a ingestão de sal

A ingestão de líquidos atua diminuindo o número de recidivas dos cálculos por meio de duas ações:
* Diurese mecânica e eliminação de cristais eventualmente formados.
* A urina diluída altera a supersaturação dos componentes dos cálculos.
* O Suco de limão e o de laranja (limonada é melhor) aumentam a quantidade de citrato urinário. A ingestão de proteína aumenta a excreção de ácido úrico, de cálcio e oxalato aumentando a probabilidade de formação de cálculos.
* O consumo excessivo de sal aumenta a excreção de cálcio urinário e diminui a de citrato. Deve ser mantida ingesta moderada de cálcio (dieta restrita pode aumentar a formação de cálculos pela reabsorção elevada de oxalato intestinal).
* 3. O uso de vitamina C em excesso deve ser evitado ( no máximo 2 g/dia).

34
Q

Litíase Renal

Paciente de 40 anos, afebril, com dor abdominal de inicio súbito, não-traumática, localizada em flanco esquerdo e referida no ombro esquerdo, sem Blumberg. Este quadro é mais compatível com:

a) ruptura esplênica
b) cálculo renal
c) pneumoperitônio
d) pneumonia de base esquerda

A

b) cálculo renal

35
Q

Litíase Renal

A bactéria que pode mais provavelmente predispor à formação de cálculo urinário e conseqüentemente tornar crônica uma infecção é:

a) Klebsiella pneumoniae
b) Staphylococcus aureus
c) Proteus mirabilis
d) Escherichia coli

A

c) Proteus mirabilis

36
Q

Retardo de eliminação renal unilateral tem como causa mais comum:

a- tumor ureteral
b- litíase
c- tumor de próstata
d- tuberculose
e- agenesia renal

A

b- litíase

Exame: urografia excretora

37
Q

Litíase Renal

Por que acontece?

A

Os cálculos aparecem basicamente pela ocorrência de desequilíbrio entre a concentração de um determinado soluto e a solubilidade do mesmo na urina.

Porém mesmo com concentração elevada de determinados produtos que excedem a sua solubilidade a cristalização não necessariamente ocorrerá em função da presença protetora dos inibidores da cristalização.

  • Clima quente
  • Profissão
  • Alta ingestão proteica e de sal
  • Baixa ingestão de líquidos
  • Fatores hereditários (herança poligênica de penetrância incompleta)
  • Transmissão genética (cistinúria e acidose tubular renal)
  • Obesidade e > IMC - utilização de orlistate
  • Distúrbios metabólicos
  • Hipercalciúria
  • Hiperuricosúria
  • Hipocitratúria
  • Cistinúria - mortalidade alta em criança
  • Hiperoxalúria - mortalidade alta em criança
  • Presença de inibidores ou promotores da cristalização
  • Inibidores: citrato de potássio, magnésio, proteína de Tamm-Horsfall, nefrocalcina
  • Retenção de cristais (anormalidades anatômicas)
  • Rim esponjoso-medular
  • Estase urinária