Linguagem Flashcards
Desenvolvimento da linguagem na infância
O desenvolvimento da linguagem é progressiva, considerando-se que linguagem é qualquer tipo de forma de expressão, e não apenas a fala.
Quais as formas de expressão para comunicação que são esperadas nos primeiros anos de vida da criança?
0 a 2 meses: mímica facial, expressão corporal e choro.
3 a 6 meses: arrulhos (os gritinhos só com vogais, como “ooh” ou “aah”) e evoluem para balbucios.
A criança começa a se voltar para ruídos (demonstração do desenvolvimento da audição, componente importante da linguagem).
Balbucios canônicos: evolução dos balbucios, que passam a envolver consoantes e não apenas vogais. Observada próximo aos 6 meses.
6 meses: sons da comunidade linguística em que vive e sílabas (bababa, mamama, etc).
9 meses: associação entre palavras e ações (criança começa a bater palma, mandar beijo, apontar exprimindo desejo, etc)
12 meses: primeiras palavras, geralmente “mama” e “papa” específico (e não apenas a repetição de sílaba mamama ou papapa)
Palavras-frase: usadas próxima ao segundo ano de vida. Ex: água = mãe, eu quero água; dá = me passa isso, por favor
18 a 24 meses: juntar palavras para formar frases simples (“quer água”, “dá isso”).
2 a 5 anos: aumento progressivo do vocabulário e a fala torna-se cada vez mais inteligível.
> 5 anos: processo de alfabetização.
Obs: veja vídeos indicados pelo professor no material complementar para identificar esses sons e expressões nas crianças de cada faixa etária.
Quais as red flags, ou seja, os alertas que, caso presentes, o acompanhamento o desenvolvimento da linguagem exige maior atenção?
Primeiros meses: não responde a sons.
6 a 9 meses: não balbucia.
12 meses: não usa mama ou papa para se referir aos pais.
15 meses: não fala nenhuma palavra diferente de mama e papa.
24 meses: não combina 2 palavras.
Ao serem detectadas red flags, deve-se pensar na possibilidade de atrasos, avaliados de acordo com testes e escalas (ex: Escala de Denver II), lembrando-se sempre de corrigir a idade em casos de crianças com até 2 anos de idade que nasceram prematuras.
A) O que é considerado um atraso na linguagem?
B) Qual a importância de avaliar se o atraso na linguagem é isolado ou se está associado a outras queixas?
A) Correspondendo à Escala de Denver, considera-se que a criança tem um atraso quando ela não realiza uma ação que 90% da crianças fazem naquela idade.
B) Um atraso isolado significa que o desenvolvimento infantil além da linguagem está normal. Nesses casos, cerca de 60 a 70% das crianças com atraso chegam à normalidade se estimuladas adequadamente. Já um atraso de linguagem associado a outras queixas pode indicar doenças sindrômicas ou TEA.
Ex: Se uma mãe chega ao seu consultório e diz que a criança apresenta apenas atrasos de linguagem, você deve sempre descartar primeiro a hipótese da criança ser surda e então pedir para a mãe realizar os estímulos adequados e retornar para acompanhar o quadro.
Caso a mãe apresente outras queixas além do atraso na linguagem, como, por exemplo, dificuldade de realizar contato visual ou realizar tarefas repetidas constantemente, pode-se pensar em quadros sindrômicos maiores ou TEA.
Defina alfabetização e quais fatores são grandes influentes para seu desenvolvimento?
Alfabetização é definida como o processo de aprendizagem onde se desenvolve o papel de ler e escrever de maneira adequada e de utilizar essa habilidade como um código de comunicação com o seu meio. Crianças que sabem ler e escrever mas não conseguem interpretar a escrita são consideradas analfabetos funcionais, pois seu processo de comunicação, mesmo com a habilidade de ler e escrever, é limitado.
Influências para a alfabetização adequada:
- Desenvolvimento motor e cognitivos adequados
- Estímulo dos pais (hábitos de leitura)
- Escola
Obs: Espera-se que uma criança de escola pública já saiba ler e escrever até os 8 anos de idade, mas que com 4 a 5 anos o processo de alfabetização já se inicie.
Defina bulllying e qual o seu impacto no desenvolvimento de linguagem da criança?
Bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas sem motivação evidente, executadas dentro de uma relação com desigualdade de poder.
O fato de haver intencionalidade significa que o agressor sabe que está fazendo mal à vítima. É por esse motivo que é difícil detectar bullying antes dos 3 anos de idade, já que elas não sabem que suas ações prejudicam outras crianças.
O bullying impacta no desenvolvimento psicossocial da criança, podendo alterar seus comportamentos, o que implica sua expressão de linguagem.
Defina dislexia.
É um transtorno específico de linguagem que afeta as habilidades nucleares da leitura (precisão, fluência e, frequentemente, compreensão) e da escrita (ortografia e produção textual), mesmo que a criança tenha inteligência, motivação e instrução adequada.
- Possui origem neurobiológica, com forte tendência genética (provável que os pais também sejam disléxicos)
- Não é um problema de visão
- O problema principal do disléxico é um déficit no processamento fonológico, ou seja, na capacidade de fazer a correspondência entre palavras faladas e escritas em sons.
Como a dislexia se manifesta?
Dificuldades na leitura, escrita, soletração, ortografia, fala, compreensão e até mesmo matemática, devido a:
- Dificuldade na identificação de símbolos (letras e números).
- Dificuldade de aprender a relação entre as letras e seus sons, de fazer correspondência entre sons e palavras e de fazer a separação silábica de palavras (ex: ela fala ama-nhã ou invés de a-ma-nhã).
- Leitura lenta e silabada, muitas vezes com a separação de sílabas incorretas ou com inversão de sílabas quando escreve ou lê.
- Confusão entre palavras com sons parecidos, como “caminho” e “caminhão”.
- Na leitura e na escrita, observam-se inversão de sílabas ou palavras, substituição de palavras com estrutura semelhante, supressão ou adição de letras, repetição de sílabas ou palavras, fragmentação incorreta.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento para a dislexia?
- O diagnóstico é clínico e envolve equipe multiprofissional (médicos, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo).
- Testes individualizados devem ser realizados para entender a dislexia daquela criança em especifico, já que a dislexia é um espectro.
- Déficits visuais, auditivos e intelectuais devem ser descartados.
- Atentar-se ao fato da comorbidade com TDAH ser comum.
O tratamento não tem cura total e consiste em um trabalho multidisciplinar específico para as dificuldade específicas apresentadas pela criança.
Como é feito o diagnóstico de TDAH?
Costuma-se fazer o SNAP-IV, a escala mais utilizada no mundo para fazer o diagnóstico do transtorno. São 18 perguntas no total, sendo 9 relacionadas à desatenção e 9 relacionadas à hiperatividade e impulsividade.
É importante que esse teste seja feto pelos pais e pela escola, já que os sintomas devem estar presentes em mais de um ambiente.
Respostas possíveis no teste para cada critério: nem um pouco, só um pouco, bastante ou demais.
Como são avaliados os resultados:
• Havendo pelo menos 6 itens marcados como BASTANTE ou DEMAIS, nas primeiras nove perguntas, existem mais sintomas de desatenção que o esperado naquela criança ou adolescente.
• Havendo pelo menos 6 itens marcados como BASTANTE ou DEMAIS, nas primeiras perguntas de 10 a 18, existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado naquela criança ou adolescente.
Também é necessário que seja avaliado a persistência dos sintomas, idade em que começou, se eles ocorrem em mais de um ambiente e se eles prejudicam o dia a dia da criança.
Antes de definir gagueira, um tipo de distúrbio de linguagem, é importante definir fluência e disfluência.
Explique cada um desses termos.
Fluência refere-se ao fluxo contínuo e suave de produção de fala.
Disfluências são rupturas involuntárias do fluxo da fala que interferem na velocidade e na continuidade da fala. Elas são comuns e podem aparecer na fala de todos os indivíduos, sejam eles gagos ou fluentes. Há, porém, diferenças entre as disfluências comuns e a disfluências gagas:
Disfluências comuns:
- Hesitação
- Interjeição
- Revisão da fala
- Palavra não terminada
- Repetição de palavras
Disfluências gagas:
- Prolongamento de sons (“que horas sãaaaao?”)
- Pausas ou bloqueios (“que horas sã-sã-sã”, sem completar a palavra)
- Repetições de sons e sílabas (“que horas sã-sã-sã-são?”)
Um indivíduo é considerado fluente quando apresenta até 10% de disfluências em seu discurso, com no máximo 3% de disfluências gagas.
Sabendo o que é um fluente e o que são disfluências comuns e gagas, defina gagueira.
- A gagueira é um distúrbio da comunicação humana caracterizado por repetições ou prolongamentos de sons, de sílabas ou de palavras E/OU hesitações ou pausas frequentes que perturbam a fluência.
- Essas interrupções podem ser acompanhadas de distorções faciais ou corporais que refletem o esforço motor para falar.
- Além disso, em decorrência de sua dificuldade de fala, o gago pode apresentar limitações sociais, emocionais e, por vezes, isolamento social.
- Origem genética ou neurofisiológica, portanto não é psicológica, apesar de fatores emocionais poderem influenciar em um agravamento do distúrbio no gago.
- Ela pode ser classificada em idiopática (ou do desenvolvimento) ou adquirida (neurogênica e psicogênica, proveniente do uso de certos fármacos ou de traumas).
Defina gagueira idiopática ou do desenvolvimento.
- Inicia-se na infância, principalmente entre 2 e 5 anos de idade, período mais significativo de aquisição e de desenvolvimento da fala e da linguagem, em que as crianças estão passando pelas tentativas de aprender a falar.
- Alta taxa de incidência (cerca de 1 a 5% da população infantil mundial).
- A taxa de remissão espontânea é bastante alta (entre 50 a 80%), o que significa que esses indivíduos não vão sofrer cronificação (incidência na vida adulta).
- Alguns fatores são considerados como indicativos de alto risco para a cronificação da gagueira, como histórico familiar positivo, linguagem orais abaixo do esperado, permanência do distúrbio por mais tempo do que o esperado e até o ambiente em que o indivíduo está inserido (fatores psicológicos podem contribuir para a cronificação da gagueira).
Como tratar a gagueira?
- É fundamental que o diagnóstico das gagueiras do desenvolvimento seja feito mais precocemente possível.
- No momento do diagnóstico, é necessário verificar o risco que a criança tem de se tornar um adulto gago.
- O encaminhamento para o fonoaudiólogo é essencial, principalmente em crianças.
- Também é fundamental que os pais sejam bem orientados: não corrigir ou criticar aquela criança demais, dar tempo à criança para falar, não cobrar mudanças, etc. Tudo isso contribui para deixar a criança mais ansiosa, o que pode cronificar a gagueira.