Inibidores do Parto Prematuro ( Tocolíticos ) Flashcards
Como a gestação de alto risco pode ser definida?
Podemos definir gestação de alto risco da seguinte forma: “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”. (CALDEYRO-BARCIA, 1973). É importante alertar que uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. O médico precisa reclassificar o risco de uma gestação a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto.
Existem vários tipos de fatores geradores de risco gestacional. Alguns desses fatores podem estar presentes ainda antes da ocorrência da gravidez, já outros podem ser identificados no decorrer da gravidez nas consultas pré-natais. É muito importante que os fatores pré-existentes estejam devidamente controlados, para que mulher possa engravidar sem correr maiores riscos. Por exemplo, uma mulher diabética, deve estar bem controlada antes de engravidar.
Quais são considerados fatores de risco para uma gestação? (7)
Os outros grupos de fatores de risco referem-se a condições ou complicações que podem surgir no decorrer da gestação transformando-a em uma gestação de alto risco. Dentre eles, podemos citar ganho de peso ponderal inadequado, pré-eclâmpsia e eclampsia, diabetes gestacional, exposição indevida ou acidental a substâncias teratogênicas trabalho de parto prematuro e gestação prolongada, entre outros.
Embora existam vários métodos para evitar o trabalho de parto prematuro, nesse tópico nós abordaremos os métodos farmacológicos utilizados nesse processo.
O nascimento de bebês prematuros tem inúmeras causas: dentre elas chama-se atenção para a condição de saúde materna como : (7)
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, aproximadamente 10% dos bebês nascem antes do tempo e, desde os anos 90, as complicações associadas à prematuridade vêm ocupando o primeiro lugar nas causas de óbitos nos primeiros cinco anos de vida. O nascimento de bebês prematuros tem inúmeras causas: dentre elas chama-se atenção para a condição de saúde materna, como hipertensão, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, descolamento prematuro de placenta, placenta prévia, diabetes e doenças infecciosas.
Quais são as principais contraindicações dos tocolíticos?(Maternas e fetais)
Todo trabalho de parto prematuro deve ser inibido para evitar as principais complicações citadas acima e reduzir naturalmente a causa de óbitos nos primeiros anos de vida. O médico possui também a sua disposição o índice de avaliação de tocolise para verificar se a mesma deverá ou ser feita e caso de ser realizada se obteve ou sucesso com a terapia.
Os agentes farmacológicos utilizados nesse processo são denominados de tocolíticos. Esses fármacos tem a capacidade de inibir as contrações uterinas e devem ser indicados assim que for diagnosticado o trabalho de parto prematuro, respeitando as contraindicações do seu uso. Com relação a elas podemos destacar:
- Maternas: corioamnionite, sangramento grave, condições clínicas maternas, hipertensão induzida pela gravidez;
- Fetais: morte fetal, anomalias fetais incompatíveis com a vida, comprometimento fetal, crescimento intrauterino restrito grave ou idade gestacional >34 semanas;
- Contraindicações relacionadas às drogas.
Qual o principal objetivo da Tocólise?
Ganhar tempo é o principal objetivo da Tocólise. Esse tempo é importante para que os corticoides façam seu efeito sobre a árvore respiratória e também para que caso seja necessário, a mãe possa ser transportada para um centro adequado de assistência neonatal.
Qual o mecanismo de ação da Nifedipina?
Nifedipina: Considerada o fármaco de primeira escolha na tocólise**, a Nifedipina é um **antagonistas de canais de cálcio. Sua aplicação primária é como fármaco anti-hipertensivo, pois inibe os canais de cálcio do músculo liso vascular e causa vasodilatação, diminuindo a resistência vascular periférica. Da mesma forma, ela pode atuar na musculatura uterina lisa, bloqueando os canais de cálcio e reduzindo, desta sua forma, sua concentração no citosol da célula. Isso promoveria um relaxamento das células musculares lisas da parede uterina e reduziria as contrações prematura do útero que estão provocando o trabalho de parto antes do tempo.
A forma de administração da Nifedipina é a seguinte: Administração de cápsulas de ação rápida de 10mg: 10mg via oral a cada 20 minutos até quatro doses ou 20mg em dose única, e se necessário 20mg após 90–120 minutos se a atividade uterina persistir. Se após a 2a dose mantiver atividade uterina o método é considerado falho e deve-se utilizar outro agente. A dose de manutenção é de 20mg VO a cada 4 a 8 horas por no máximo 72 horas.
Quais são as contraindicações da Nifedipina?
As contraindicações:
- Hipotensão materna (PA <90/50mHg);
- Bloqueio átrio-ventricular.
Qual o mecanismo de ação dos Agentes beta-Adrenérgicos Seletivos? Quais são os fármacos mais utilizados dessa classe?
Agentes Beta Adrenérgicos Seletivos: Os receptores b2 adrenérgicos se encontrado na musculatura lisa em vários locais do nosso organismo. Dentre esses podemos citar: brônquios, bexiga e útero. Esses receptores, quando acionados pelos agentes simpatomiméticos fisiológicos como a Noradrenalina e Adrenalina, medeiam um efeito relaxante sobre a musculatura lisa. Por isso, fármacos agonistas b2 são usados como broncodilatadores na asma (por exemplo, Salbutamol). Como no útero também encontramos esses receptores, essa mesma lógica pode ser aplicada. Devido a isso vários agentes Beta Adrenérgicos seletivos para receptores b2, tem aplicação clínica na prevenção do parto prematuro. Segue abaixo os principais fármacos desta classe que são utilizados desta forma,com suas respectivas doses e vias de administração:
- Salbutamol: solução de 5mg em 500ml SG 5% (0,01mg/ml). Inicia-se com uma infusão de 10μg/min (60ml/hr em bomba de infusão ou 20 gotas/min). Caso seja necessário pode -se aumentar para 10μg/ min de 20 em 20 minutos até inibição das contrações ou efeitos colaterais maternos indesejáveis (pulso >120 bpm, dor torácica, hipotensão, etc.). Manter por 60 minutos. Pode-se diminuir 10μg/min de 30 em 30 minutos até menor dosagem efetiva para inibição das contrações. Manter por 12 horas.
- Terbutalina: solução de 5mgem 500ml SG 5% (0,01mg/ml). Deve ser feita a mesma forma de administração do Salbutamol;
- Ritodrina: solução de 50mg em 500ml SG 5% (0,1 mg/ml). Inicia-se com uma infusão de 50μg/min (30ml/hr em bomba de infusão contínua ou 10 gotas/min) por via intravenosa. Pode-se aumentar 50μg/min de 20 em 20 minutos até inibição das contrações ou efeitos colaterais maternos indesejáveis (pulso >120 bpm, dor torácica, hipotensão, etc.). Manter por 60 minutos. Pode-se Diminui 50μg/min de 30 em 30 minutos até menor dosagem que mantiver útero inibido. Manter por 12 horas.
Por quê alguns cuidados precisam ser tomados com o uso de agonistas b2 adrenérgicos?
Alguns cuidados precisam ser tomados com o uso de agonistas b2 adrenérgicos. Embora esses fármacos sejam considerados seletivos para tais receptores b2 adrenérgicos, eles também apresentam atividade em receptores b1 adrenérgicos, principalmente em doses mais elevadas. Esses receptores são encontrados no coração e quando ativados promovem taquicardia**. Por isso podem elevar a frequência cardíaca acima de 120 batimentos por minuto e devido pode ser necessário reduzir a dose ou até mesmo interromper o uso do medicamento. **Além disso, deve-se ter cuidado com o uso de betamiméticos e hidratação venosa devido ao risco aumentado de edema agudo de pulmão e elevação da glicemia materna.
Qual o mecanismo de ação do Antagonista da Ocitocina(Atosibano)?
Antagonista da Ocitocina: O Atosibano é um antagonista da ocitocina com potente ação tocolítica. Como sabemos a Ocitocina é um hormônio extremamente importante na indução do parto normal, pois atua através de receptores ocitocinérgicos, encontrados na parede muscular uterina, induzindo a contração muscular. Embora seja extremamente importante para o trabalho de parto normal, se acontece antes da hora certa, sua atividade pode ser também umas das responsáveis pelo parto prematuro.
O fármaco é encontrado nas seguintes apresentações:
- Solução injetável, em frasco com 0,9ml de solução, contendo 7,5mg/ml de atosibano base livre ou total de 6,75mg;
- Solução para infusão, em frasco com 5,0ml de solução contendo 7,5mg/ml de atosibano base livre ou total de 37,5mg.
O Atosibano é administrado intravenosamente em três fases sucessivas:
- Fase 1. Dose de ataque de 1 ampola (7,5mg/ml) – Solução injetável para bolus intravenoso 6,75mg, em bolus lento, durante um minuto.
- Fase 2. Seguida imediatamente por uma infusão contínua de alta dosagem (infusão de carga 300μg/min = 18mg/h, que corresponde a uma taxa de infusão de 24ml/h) da solução para infusão preparada (7,5mg/ml) – Solução concentrada para infusão durante três horas.
- Fase 3. Por fim uma infusão, da mesma solução anteriormente preparada, porém de menor dosagem (infusão subsequente de carga 100μg/min = 6mg/h, que corresponde a uma taxa de 8ml/h), por até 45 horas.
Qual é o fármaco de primeira escolha para realização da tocólise?
Qual o mecanismo de ação da Indometacina?
Indometacina: Esse fármaco é um Anti-inflamatório não esteroidal (AINE). Como tal, seus mecanismos de ação reduz a formação de prostaglandinas**. Essas substâncias desempenham várias funções fisiológicas e dentre elas podemos destacar sua ação sobre o músculo liso uterino, através de receptores prostanóides, que induz a sua contração. Portanto, **ao reduzir a produção de prostaglandinas, esse fármaco poderá reduzir as contrações durante um parto prematuro
Qual é a forma de de Administração de Indometacina?
A forma de administração da Indometacina é da seguinte forma: D_ose de ataque_ de 50mg VO (ou 100mg/via retal) e dose de manutenção de 25mg/VO (1 comp.) cada 4 a 6 horas por no máximo 48–72 horas ou 100mg/ via retal a cada 24 horas (no máximo duas doses). O uso da indometacina em dose única de 100mg por via retal mostra-se de fundamental valor naquelas gestantes que serão transferidas para centros de atenção secundária ou terciária.
Quais são as principais contraindicações da Indometacina?
As principais contraindicações são: disfunção renal ou hepática, úlcera péptica ativa, asma sensível a AINE, desordens de coagulação, trombocitopenia, oligohidrâmnio (rotura de membranas) e após 32 semanas (para evitar complições, como o fechamento precoce do ducto arterioso).