DPOC Flashcards
- Qual a definição do DPOC?
É uma doença, geralmente associada á exposição à fumaça do tabaco, onde ocorre obstrução crônica e progressiva das vias aéreas inferiores, alguns pacientes apresentam bronquite, outros apresentam enfisema e alguns tem a forma mista da doença, contendo esses dois achados. É mais comum em homens, por conta do tabagismo, e se apresenta geralmente na 5ª ou 6ª década de vida. A maioria dos pacientes com DPOC tem uma carga tabágica ≥ 40 maços/ano, sendo raro uma carga menor que 20 maços/ano. A presença de DPOC aumenta o risco para CA de pulmão.
- Qual a diferença entre asma e DPOC e qual a síndrome de sobreposição de ambas?
Enquanto na asma a inflamação é dependente de linfócitos T CD4 eosinófilos, basófilos e mastócitos, havendo pouca ou nenhuma fibrose; na bronquite, a inflamação é dependente de linfócitos T CD8 citotóxicos, macrófagos e neutrófilos, estimulando a fibrose das vias aéreas. Alguns casos de asma, contudo, podem evoluir com o fenômeno do remodelamento das vias aéreas, levando à obstrução crônica progressiva por mecanismo fibrogênico. Na síndrome de sobreposição Asma/DPOC observa-se sintomas de hiper-reatividade brônquica e a doença passa a ser chama de bronquite asmática obstrutiva crônica, e tais sintomas podem ser revertidos com broncodilatadores.
- Quais os fts de risco para o DPOC?
São fts de risco:
- Tabagismo passivo ou ativo, como por exemplo crianças expostas ao tabagismo materno;
- Poluição extra e intradomiciliar, por exemplo, fogões a lenha),
- Exposição ocupacional a poeiras orgânicas (minas de carvão), fumaças e vapores;
- Maior número de infecções respiratórias na infância;
- Qual a fisiopatogenia do tabaco e os danos relacionados à doença?
O tabagismo causa:
- Aumento da produção de muco
- Hipertrofia das glândulas submucosas
- Reduz o movimento ciliar das células epiteliais
- Estimulam a secreção de citocinam por macrófagos atraindo neutrófilos para as VA, bem como a síntese de elastase pelos neutrófilos
- Inibe a α1 antitripsina, inibidora fisiológica da elastase
- O que é a deficiência de α – 1 antitripsina?
É uma doença genética autossômica recessiva que cursa com diminuição da α-1 antitripsina, que em homozigotos, está abaixo de 10% do valor normal, de modo que não há inibição da elastase neutrofílica, a qual destrói o parênquima pulmonar, causando enfisema pulmonar em crianças e adolescentes;. Em 10% dos pacientes observa-se ainda hepatopatia crônica e cirrose hepática. Pacientes heterozigotos para o gene apresentam o risco levemente aumentado para DPOC. O tratamento é feito com infusão venosa de α- 1 antiprotease semanal.
- Defina bronquite obstrutiva crônica, um dos componentes patogêncos da DPOC:
Bronquite obstrutiva crônica: hipertrofia e hiperplasia de células submucosas e caliciformes e aumento de sua secreção de muco, nas vias aéreas proximais (parede dos pequenos brônquios- bronquiolite obliterante) e edema e fibrose que leva ao espessamento da parede e diminuição do lumen dos brônquios distais.
- Além do enfisema e da bronquite, quais os outros componentes da fisiopatogenia da DPOC?
Obstrução e hiperinsuflação:
Disturbio ventilação perfusão V/Q:
Retenção de CO2:
- O que acontece na exacerbação?
Uma infecção, broncoespasmo, ou uso de drogas depressoras respiratórias causam fadiga respiratória ou diminuição do drive ventilatório, aumentando a acidose e levando à queda súbita do pH plasmático, a carbonarcose leva à acidose respiratória crônica agudizada, e o paciente fica desorientado, agitado e sonolento. Nesses casos indica-se a IOT e VM pois tais pacientes estão em risco de uma PCR.
- Por que os pacientes DPOCíticos não devem ser hiperoxigenados e qual o limite de oferta de oxigênio para eles?
O limite é 3L/min, pois com a terapia e a oxigenação, ao reverter a vasoconstrição dos alvéolos mal perfundidos, o sangue passa dos alvéolos antes hiperventilados para os antes hipoventilados, aumentando o espaço morto e a retenção de CO2. Portanto a oferta de O2 deve ser feita com muita cautela para não gerar hiperoxemia.
- Correlacione cor pulmonale e o DPOC?
Várias pneumopatias podem gerar cor pulmonale, mas a DPOC é a mais frequente delas, o que acontece se explica pela hipóxia crônica, que causa constrição fisiológica das arteríolas pulmonares, na tentativa de desviar o fluxo para os alvéolos bem ventilados, quando a hipóxia atinge grande porção dos alvéolos, ocorre vasocontrição difusa levando a hipertensão pulmonar que quando crônica leva à hiperplasia das células que formam o endotélio e hipertrofia das células musculares das artérias pulmonares com consequente sobrecarga do VD. Os sinais da sobrecarga do VD são: baixo debito cardíaco, congestão sistêmica e elevação da pressão venosa central.
- Qual a importância da cessação do tabagismo?
Após os 20 anos de idade é natural que a força de trabalho pulmonar vá caindo lenta e progressivamente, em tabagistas a velocidade da queda dessa capacidade funcional esta acelerada, com a cessação do tabagismo não é possível recuperar a capacidade perdida, mas há diminuição da velocidade de queda dessa capacidade, por isso é importante incentivar o paciente quanto à cessação do tabagismo.
- Qual o quadro clinico típico do paciente com DPOC?
Dispneia: inicia-se com dispneia aos esforços, que pode progredir para dispneia aos pequenos esforços e em repouso, e piora nas exacerbações, especialmente por infecção viral ou bacteriana. Pode ser encontrada também a ortopnéia e a dispneia paroxística noturna, embora esses dois últimos sejam mais típicos de IC, pode também ocorrer na DPOC por piora da mecânica diafragmática no decúbito dorsal e aumento da secreção brônquica pela hlperatividade vagal noturna.
Tosse: com expectoração e que pode agravar a dispneia. A bronquite crônica é um quadro associado.
- Qual a diferença entre DPOC e bronquite crônica e qual o quadro da bronquite crônica?
Define-se como bronquite crônica a presença de tosse produtiva (geralmente matinal) por mais de três meses seguidos de uma ano, por pelo menos dois anos. Ela á causada geralmente por tabagismo, já que o fumo leva a hiperplasia de células caliciformes e aumenta a secreção de muco. E é vista especialmente pela manhã por conta da diminuição da atividade ciliar com acumulo de secreção durante o sono. Quando não obstrutiva a bronquite é chamada de Bronquite crônica simples, e não se trata de DPOC.
- Quais os achados do exame físico?
Variam de acordo com o perfil predominante da doença.
Ausculta:
No paciente com bronquite obstrutiva crônica, a ausculta pulmonar revela uma série de ruídos adventícios, tais como sibilos, roncos, estertores crepitantes e subcrepitantes, associados à diminuição do murmúrio vesicular. Nos pacientes com predomínio do componente enfisematoso, a ausculta revela apenas a diminuição do murmúrio vesicular, sem nenhum ruído dventício. A elasticidade e a expansibilidade pulmonar estão reduzidas, enquanto a percussão mostra aumento do timpanismo.
A fase expiratória é mais longa e na dispneia é a fase em que se observa maior esforço muscular acessório
Pele:
Pletórica: pois a hipoxemia crônica aumenta a EPO renal, causando policitemia, e pele pletórica (avermelhada), com a dessaturação da Hb ocorre a cianose, a mistura da cianose com a pletora leva a eritrocianose
Inspeção:
Hiperinsuflação, com aumento do diâmetro ântero posterior e tórax em túnel.
O baqueteamento digital não está presente na DPOC, seu aparecimento deve levar à investigação de CA de pulmão ou IC.
Dois tipos estereotipados de pacientes:
Sopradores róseos – Enfisematoso- Pink puffers: é um paciente magro, consumido pela doença, se observa pletora, tórax em túnel, dispneia expiratória, o que os faz “soprar”, se observa diminuição do MV sem RA.
Inchados azuis – Blue bloaters – Bronquitico grave: é geralmente um paciente inchado e obeso, que pode ter Síndrome da Apneia do sono, é mais grave que o enfisematoso, apresenta hipoxemia com cianose, cor pulmonale, insuficiência de VD e congestão sistêmica, a ausculta é rica em RA.
Vacinas na DPOC:
-Está indicada ao paciente DPOC 02 vacinas, a anual contra a gripe e a polivalente, contra o pneumococo, com reforço a cada 05 anos.