Caso 8 Flashcards

1
Q

o que é a diabetes

A

é uma doença metabólica, de etiologia múltipla, caracterizada pela hiperglicemia crônica resultante de distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras consequentes à secreção insuficiente e/ou ausente de insulina, como também por defeitos de sua ação nos tecidos alvo da insulina (hepático, muscular e adiposo

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2
Q

A maioria dos casos está classificada em duas grandes categorias fisiopatológicas:
o diabetes melito tipo X, que cursa com deficiência insulínica absoluta e que pode ser identificado por marcadores genéticos e de autoimunidade à ilhota pancreática,

e o diabetes melito tipo, que é a forma mais prevalente, na qual existe a combinação da resistência à ação da insulina com uma resposta compensatória insuficiente de secreção insulínica.

A

X:1 (DM1)
Y: 2 (DM2)

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3
Q

O que é a diabetes tipo 1A e 1B?

A

O DM1 representa uma das condições endócrinas e metabólicas mais comuns da infância e, na maioria dos casos (70-90%), está associado à presença de autoanticorpos contra antígenos da célula beta, recebendo a classificação de DM tipo 1A

Em um grupo menor de pacientes, a causa da destruição das células beta é desconhecida, não havendo evidências de autoimunidade ou formação de anticorpos, e recebe a denominação de DM tipo 1B

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4
Q

qual epidemiologia da DM1

A

O DM1 é o tipo de diabetes mais frequente na faixa etária pediátrica, correspondendo
a 90% de todos os casos

Ocorre mais frequentemente no outono e inverno, com predomínio na raça branca. Afeta igualmente ambos
os sexos. A agregação familiar é rara (85%
dos pacientes não possuem história familiar).
A concordância é de 30% a 70% entre gêmeos
idênticos; 6% a 7% entre irmãos; e 1% a 9%
para crianças que têm um dos pais com DM1

anto a incidência como a prevalência do
DM1 estão aumentando globalmente, com incremento na incidência de 2% a 3% ao ano, principalmente entre menores de 15 anos, e particularmente naqueles com menos de 5 anos

Dados
do International Diabetes Federation (IDF) Atlas,
2021, mostram que, em 2020, existiam 92.000
crianças e adolescentes com DM1 no Brasi

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5
Q

Os principais fatores de risco associados ao DM1 são:
genetico
idade
genero
herança familiar
etnia
sazonalidade
fatores ambientais

A

Genetico: risco genético para DM1 inclui mais de 60 loci gênicos, geralmente envolvidos na autoimunidade, na produção e metabolismo da insulina e na sobrevida da célula beta pancreática. Associações bastante fortes foram encontradas na região polimórfica do HLA no cromossomo 6.

idade: a incidência do DM1 costuma aumentar a partir do nascimento, com pico na puberdade, entre 10-14 anos; entretanto, vários estudos têm observado um aumento dessa incidência em crianças menores de 5
anos de idade
As taxas declinam a partir da puberdade e tendem a estabilizar no adulto jovem, entre 15-29 anos, apesar de aproximadamente 25% das pessoas com DM1 serem diagnosticadas quando adultas

genero: aparentemente, meninos e meninas são igualmente afetados pelo DM1. Contudo, a probabilidade de pais portadores de DM1 transmitirem a doença a seus filhos é maior do que a de mães afetadas.

herança familiar: o modo de transmissão do DM1 é complexo, e cerca de 80-85% dos casos novos da doença acontecem esporadicamente, sem agregação familiar; entretanto, a existência de uma correlação entre populações de alta incidência de DM1 e maior prevalência da doença em parentes de primeiro grau já foi observada. Esse risco parece ser mais elevado em famílias em que o caso índice é do sexo masculino e desenvolveu DM1 em idade precoce.

etnia: a importância de fatores étnicos e raciais parece ser menor que as variações geográficas.

sazonalidade: o efeito das variações sazonais na incidência do DM1 já foi analisado tanto em relação à época do nascimento quanto à época do diagnóstico da doença, sugerindo-se a influência de fatores ambientais como doenças infecciosas, clima (exposição solar) e possíveis suplementações dietéticas (vitamina D).

fatores ambientais: Alguns dos fatores ambientais associados ao
desencadeamento do diabetes são: infecções
virais (p. ex., caxumba, citomegalovírus, rubéola, influenza, H1N1, enterovírus, rotavírus, coxsackie B4, e, mais recentemente o SARS-CoV-2),
antecipação do desmame com introdução precoce de leite de vaca e cereais, deficiência de vitamina D, exposição a medicamentos ou toxinas
(p. ex., aloxano, estreptozotocina, toxinas e
metais pesados), estresse físico, psíquico ou
emocional, idade materna acima de 35 anos,
parto cesáreo e ganho ponderal materno excessivo durante a gestação

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6
Q

ETIOLOGIA/FISIOPATOGENIA - DM2

A

a presença de DM2 em parentes de 1º grau aumenta consideravelmente o risco, e seu fator desencadeante mais importante, a obesidade visceral, promove um estado pró- inflamatório e intensifica a resistência insulínica, que progride para estados hiperglicêmicos, desde intolerância à glicose até o DM2 plenamente instalado.

Estudos vêm demonstrando que, em jovens, muitas vezes a evolução é mais rápida, a partir da instalação da resistência insulínica, levando a uma falência da célula beta, passando da intolerância à glicose (ou pré-diabetes) ao franco estado diabético em tempo relativamente curto, quando comparado a adultos

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7
Q

EPIDEMIOLOGIA DM2

A

Pelo fato de ser uma doença crônica não transmissível (DCNT) que por definição tem evolução lenta e insidiosa, as prevalências do DM2 variam amplamente em diferentes populações. No Brasil não temos estudos epidemiológicos sobre incidência/prevalência de DM2 em crianças e adolescentes, mas estudo abrangente sobre síndrome metabólica (SM) realizado em quase 40 mil adolescentes brasileiros de todas as regiões do país entre 12-17 anos identificou a SM em 2,6% dessa população, sendo que apenas cerca de 20% desses indivíduos apresentaram glicemia elevada

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8
Q

DM2
como normalmente são indivíduos assintomáticos, o diagnóstico deve ser investigado em situações de risco, principalmente nos indivíduos com sobrepeso/obesidade. Segundo diretrizes da SBD,3 os critérios de risco para indivíduos abaixo de 45 anos, o que inclui crianças e adolescentes, são: 9

A
  1. Pré-diabetes.
  2. História familiar de diabetes melito (DM), em parente de primeiro grau.
  3. Raça/etnia de alto risco para DM (negros, hispânicos ou índios Pima).
  4. Mulheres com diagnóstico prévio de diabetes melito gestacional.
  5. História de doença cardiovascular.
    Hipertensão arterial.
  6. HDL-c < 35 mg/dL e/ou triglicérides > 250 mg/dL.
  7. Síndrome de ovários policísticos.
  8. Sedentarismo
  9. Acantose nigricans.
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9
Q

Quais as duas complicações agudas mais frequentes da DM1

A

HIPOGLICEMIA E HIPERGLICEMIA

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10
Q

COMPLICAÇÕES DM1
quais as causas, sintomas e tratamento da hiperglicemia

A

Causas: Dose insuficiente de insulina,
infecções, uso de medicações
como corticosteroides,
transgressão alimentar, falta de
exercícios
Sintomas: Poliúria, polidipsia, polifagia,
perda de peso
Tratamento: Ajuste de dose das insulinas
basais e prandiais, ajuste da
dieta conforme contagem de
carboidratos, atividade física
regular

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11
Q

COMPLICAÇÕES DM1
quais as causas, sintomas e tratamento da hipoglicemia

A

causas: Dose excessiva de insulina, omissão ou
diminuição da ingestão alimentar, ingestão
de álcool, doença celíaca, hipocortisolismo,
hipotireoidismo, insuficiência renal crônica,
vômitos, diarreia
sintomas: Tremores, taquicardia, palpitação, sudorese
fria, palidez, má concentração, visão borrada,
confusão mental, irritabilidade, choro, pesadelo,
perda de consciência e convulsão
tratamento: – Paciente consciente: ingerir 15g de
carboidratos simples e rapidamente absorvíveis
exemplos: açúcar simples, mel, suco de laranja, gel de glicose, refrigerante comum
– Paciente inconsciente:no domicílio,se
disponível fazer Glucagon IM/SC.

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12
Q

COMPLICAÇÕES DM1
quando se define hipoglicemia? qual definição do nivel 1,2 e 3

A

Na prática clínica, define-se como hipoglicemia um valor da glicemia sérica, capilar ou no líquido intersticial menor ou igual a 70 mg/dL.
1. Os episódios são classificados como nível 1: se a glicemia estiver entre 54-70 mg/dL;
2. nível 2: se a glicemia está abaixo de 54 mg/dL com ou sem sintomas (considera-se uma situação de risco e que requer imediata atenção);
3. nível 3: hipoglicemia grave, com perda da capacidade cognitiva (incluindo coma e convulsões), exigindo assistência de outra pessoa para administrar ativamente carboidratos, glucagon ou tomar outras ações corretivas.

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13
Q

COMPLICAÇÕES DM1
quais fatores de risco para hipoglicemia?

A

crianças menores de 6 anos, diabetes de longa duração; barreiras ao acesso de insumos para o tratamento; ambiente familiar desfavorável. Somam-se a esses fatores algumas comorbidades, como doença celíaca, insuficiência adrenal, hipotireoidismo, insuficiência renal e distúrbios psiquiátricos. No dia a dia, deve-se sempre dar atenção às situações de maior risco, como a prática de exercícios físicos; a ingestão de álcool; a ocorrência prévia de episódios graves de hipoglicemia e as doenças intercorrentes que cursam com redução da absorção intestinal (gastroenterites).

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14
Q

COMPLICAÇÕES DM1
Quando se define hiperglicemia? e a hiperglicemia grave e sustentada?

A

Define-se a hiperglicemia como a glicemia acima do intervalo normal ou indicado para cada faixa etária.

se a alteração ocorrer no período pós-prandial, ou mesmo durante a madrugada, orienta-se ao paciente a correção da hiperglicemia com insulina de ação rápida (preferencialmente de ação ultrarrápida), com base no alvo glicêmico preestabelecido (de acordo com a faixa etária, fase do diabetes, hora do dia etc.) e no fator de sensibilidade

e a hiperglicemia é grave e sustentada (p. ex., persistentemente acima de 300 mg/dL), orientam-se repouso, hidratação oral e doses mais frequentes de insulina. O déficit de insulina pode ser relativo ou absoluto (p. ex., pela omissão de doses), sendo a cetonemia capilar (ou cetonúria) uma ferramenta útil para avaliar o risco de progressão para cetoacidose diabética (CAD)

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15
Q

COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DM1
As complicações crônicas relacionadas ao diabetes são de origem micro e macrovascular.
quais exemplos de micro (3) e macro (3)

A

As doenças microvasculares incluem nefropatia, retinopatia e neuropatia.

As manifestações de doença macrovascular incluem doença cardíaca, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica.

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16
Q

COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DM1
Sem o adequado controle glicêmico aumentam as chances de desenvolvimento e evolução das complicações, que pioram a qualidade de vida dos pacientes: a progressão para a insuficiência renal, levando à necessidade de hemodiálise e transplante renal; a progressão da lesão na retina, podendo chegar à cegueira; a progressão da neuropatia, levando a úlceras crônicas dos membros inferiores e a amputações de membros, além dos graves desfechos cardiovasculares.

QUAL PRINCIPAL MECANISMO ENVOLVIDO NA GÊNESE DESSAS COMPLICAÇÕES?

A

hiperglicemia crônica ou o predomínio do estado hiperglicêmico prolongado tem papel preponderante na patogênese da lesão endotelial do diabetes.

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17
Q

COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DM1
Quais fatores de risco para as complicações crônicas relacionadas ao diabetes (3)

A

maior duração do diabetes, idade avançada e puberdade

estudos longitudinais também relataram que a idade mais jovem de início de DM1, especialmente antes da puberdade, está associada a um tempo mais longo sem complicações, como nefropatia e retinopatia

A hipertensão arterial tem maior impacto nas doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes do que em indivíduos sem essa condição. História familiar positiva (especialmente os eventos precoces), dislipidemia, resistência à insulina, hipertensão e tabagismo elevam ainda mais o risco cardiovascular dos diabéticos

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18
Q

COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DM1
qual início da triagem dessas doenças e quais doenças?

A

11 anos, com 2-5 anos de diabetes
nefropatia, neuropatia, retinopatia e doença macrovascular

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19
Q

As crianças com DM1 apresentam maior risco de desenvolver doenças autoimunes associadas.
quais exemples de doenças associadas? (3)

A

A tireoidite de Hashimoto é a patologia tireoidiana mais prevalente em crianças e adolescentes, e sua prevalência no DM1 aumenta com a idade, especialmente no período puberal.

O hipotireoidismo ocorre em 4-15% das crianças e adolescentes com DM1. Deve-se realizar avaliação da função tireoidiana com dosagem de TSH e anticorpo antitireoperoxidase ao diagnóstico e posteriormente a cada 1-2 anos ou quando houver sintomatologia clínica

A doença celíaca é uma enteropatia de origem autoimune, causada pela intolerância ao glúten da dieta (proteína presente no trigo, centeio e cevada). A prevalência da doença celíaca na população geral é de 0,15-2,6%, no entanto em pessoas com DM1 ocorre de 2,4-16,4%, com prevalência global de 6,2%.
>Todas as crianças e adolescentes devem ser rastreados ao diagnóstico e a cada 2 anos (até o 5º ano de diabetes), ou na presença de sinais e sintomas gastrointestinais ou extraintestinais, baixo ganho de peso, perda de peso, hipoglicemias inexplicáveis, controle metabólico ruim. Solicita-se a dosagem de anticorpos antitransglutaminase ou antiendomísio IgA em pessoas sem deficiência de IgA.3

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20
Q

FISIOPATOLOGIA DM1

A

O DM1 é considerado uma doença imunomediada que se desenvolve devido à destruição gradual das células beta pancreáticas produtoras de insulina e que, eventualmente, resulta na perda total dessas células assim como na completa dependência da insulina exógena.
O processo da doença inicia-se meses a anos antes do aparecimento dos sinais clínicos. A etiologia e a história natural do DM1 são ainda desconhecidas, mas fatores genéticos e ambientais contribuem para o desenvolvimento da doença

Apesar de os genes do antígeno leucocitário humano (HLA) exercerem papel maior na etiologia, outros genes também contribuem para o efeito genético, contudo o tipo de herança permanece desconhecido.

O efeito genético contribui em 70-75% da suscetibilidade ao DM1, enquanto os fatores ambientais possivelmente iniciam ou estimulam o processo que leva à destruição das células beta e ao início da doença

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21
Q

FISIOPATOLOGIA DM1 - INSULITE E PAPEL DAS CÉLULAS T
estudo proposto e mais recente
quais os anticorpos (3)

A

O modelo fisiopatológico proposto para o DM1 é de uma deficiência progressiva na produção de insulina secundária à destruição das células beta pancreáticas por um processo autoimune mediado por linfócitos T, em indivíduos geneticamente suscetíveis à doença, que nasceriam com um número normal de células beta, mas mediante exposição a fatores precipitantes, provavelmente ambientais, iniciariam o processo de destruição celular.

As células beta seriam destruídas por um processo autoimune agressivo, mediado, mas não limitado, ao infiltrado de células T CD4+ e CD8+, como também por linfócitos B e macrófagos, resultando na insulite.

A imunidade celular seria acompanhada da imunidade adaptativa, e os anticorpos anti-insulina (IAA) seriam os primeiros marcadores detectáveis da destruição das células beta, seguidos pelo aparecimento dos demais autoanticorpos como o antidescarboxilase do ácido glutâmico (GADA), o antitirosina fosfatase transmembrana (IA-2A) e o antimolécula transportadora de zinco 8 (anti-ZnT8), todos dirigidos contra outros componentes dos grânulos secretores de insulina, cuja presença sugeriria a expansão do processo destrutivo.

Após a perda de aproximadamente 85-95% das células beta, surgiriam os sintomas clássicos do diabetes mellitus e o processo de agressão autoimune terminaria juntamente com a eliminação completa dessas células.

Contudo, esses conceitos permanecem em debate, e o modelo do DM1 como doença autoimune mediada por células T tem sido questionado

Estudos recentes apoiam um modelo patogênico que envolve a combinação entre fragilidade celular intrínseca das células beta e defeitos na regulação tanto da imunidade inata quanto da adaptativa, gerando alterações que teriam como consequências a atrofia pancreática e disfunção das porções endócrina e exócrina, culminando em deficiência insulínica e destruição de células beta

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22
Q

Qual é a história natural da DM1

A

hipótese é a de que os indivíduos nasçam com graus variados de suscetibilidade genética ao DM1 e que influências ambientais bastante precoces, operantes durante a vida intrauterina e, provavelmente, durante os primeiros meses de vida precipitariam o início e a continuidade da agressão autoimune sobre as células beta pancreáticas.

Eventos fisiológicos comuns ao desenvolvimento do sistema imunológico e ao ciclo de vida normal das células beta poderiam também influenciar tais processos patogênicos.

Uma desregulação imunológica inata, facilitada pela suscetibilidade genética e que provavelmente curse em fases de atividade e remissão, seria responsável pelo surgimento das evidências sorológicas precoces da destruição das células beta, como a positividade dos autoanticorpos associados ao DM1

Na maioria desses indivíduos, alterações na secreção de insulina e na tolerância à glicose podem acontecer de meses a décadas após a detecção de múltiplos autoanticorpos contra a ilhota. Entretanto, por razões ainda desconhecidas, nem todos progredirão para a doença clínica

após a destruição de uma massa crítica de células beta, entre 85-95%, ocorreriam os sintomas e a necessidade de reposição de insulina.

Em indivíduos geneticamente predispostos e portadores de múltiplos anticorpos contra a ilhota, a sintomatologia clínica costuma suceder um período silencioso, que pode durar de meses a muitos anos, referido como DM1 pré-sintomático

A perda dessa quantidade de células beta afeta, provavelmente, tanto o seu funcionamento residual quanto o dos outros tipos celulares da ilhota

. Após o diagnóstico, a capacidade de manter a função residual, avaliada pela produção do peptídeo-C, é heterogênea em termos do tempo decorrido para seu esgotamento total

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23
Q

Alterações metabólicas precoces na história natural do DM1 são:
4

A
  1. Diminuição da resposta do peptídeo-C à sobrecarga oral de glicose, pelo menos 2 anos antes do início da doença clínica.
  2. Instabilidade glicêmica.
  3. Aumento do crescimento linear.
  4. Aumento da glicemia alguns meses antes do diagnóstico clínico.
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24
Q

Explique os 3 estágios do DM1

A
  1. Estágio 1: DM1 pré-sintomático, com autoimunidade positiva (dois ou mais autoanticorpos contra ilhota) e glicemia normal. Corresponde à fase de doença imunológica; em muitos casos, a progressão para a doença clínica ocorrerá em um período entre 8-10 anos. Para crianças triadas ao nascimento pelo risco genético, assim como para parentes de primeiro grau de portadores de DM1, a chance de progressão para doença sintomática em 5-10 anos é de 44 e 70%, respectivamente, aproximando-se de 100% durante a vida inteira.
  2. Estágio 2: DM1 pré-sintomático, com autoimunidade positiva (dois ou mais autoanticorpos contra ilhota) e disglicemia pré-diabética (glicemia de jejum alterada e/ou tolerância à glicose diminuída no TOTG). Corresponde à fase de doença quase irreversível, com perda funcional de células beta e início da doença metabólica. O risco de doença sintomática em um prazo de 5 anos é de aproximadamente 75%, chegando a 100% durante a vida inteira.
  3. Estágio 3: DM1 sintomático, com autoimunidade positiva (dois ou mais autoanticorpos contra ilhota) e disglicemia diabética (glicemia de jejum diabética e/ou TOTG diabético, elevação da HbA1c). Corresponde à fase de aceleração autoimune da doença, com presença de sinais e sintomas típicos do DM1 como poliúria, polidipsia, perda de peso, cetoacidose diabética.
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25
Q

A capacidade de rastrear o risco para o DM1 e identificar um estágio pré-sintomático promove uma janela de oportunidades para a implantação de possíveis intervenções capazes de prevenir ou retardar o início dos sintomas clínicos. Teoricamente, poderia ser iniciada em três etapas diferentes no curso da doença:

A
  1. Prevenção: antes do desenvolvimento do DM1.
  2. Preservação: após o diagnóstico, enquanto existem células beta funcionantes.
  3. Reposição de células beta: para portadores do DM1 estabelecido, sem reserva funcional endógena de células beta.
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26
Q

ESTÁGIOS DA DM1
o que é a fase de remissão parcial, fase de lua de mel ou estágio 3 precoce
quando se inicia

A

Em aproximadamente 80% das crianças e adolescentes, as necessidades diárias de insulina diminuem transitoriamente após o início da insulinoterapia, provavelmente em virtude da recuperação funcional das células beta ainda presentes, com melhora da secreção endógena de insulina e de sua sensibilidade nos tecidos periféricos
inicia-se dentro de dias a semanas após o início da insulinoterapia e pode durar por meses ou anos; as concentrações plasmáticas de glicose costumam ficar estáveis dentro dos limites da normalidade, apesar de ocorrerem flutuações em função da dieta e da atividade física.
evidências clínicas sugerem que sua preservação possa diminuir o risco do desenvolvimento das complicações vasculares e dos episódios de hipoglicemia graves, o que justifica o desenvolvimento de intervenções terapêuticas capazes de preservar a função das células beta em pacientes recém-diagnosticados

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27
Q

Quais as manifestações clínicas da DM1

A

As quatro manifestações clássicas que levam
ao diagnóstico de DM1 são: poliúria, polidpsia,
polifagia e perda de peso, conhecidas como
“polis”. Outras queixas frequentemente relatadas são: taquipneia, visão turva, cansaço, broncoespasmo, hálito cetótico, presença de formigas na
urina presente em superfícies e candidíase genital. Deterioração do rendimento escolar e relato
de estresse emocional ou infeccioso precedendo
o diagnóstico também podem ser relatados.

A poliúria pode se manifestar por enurese
noturna secundária, em um paciente que já havia adquirido controle vesical noturno. A perda
de peso pode se manifestar por ganho ponderal
insuficiente ou por emagrecimento inexplicável
em uma criança com polifagia.

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28
Q

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DIABETE
baseia-se e é confirmado como
quais alterações presentes no exame físico

A

O diagnóstico baseia-se frequentemente na suspeita clínica, que será confirmada por exame bioquímico.

A sintomatologia clássica é poliúria com nictúria frequente, polidipsia, perda de peso em um intervalo curto de tempo e desidratação se a ingestão hídrica estiver comprometida.

Outros dados de anamnese úteis ao diagnóstico são a presença de turvamento de visão, letargia, exposição a drogas hiperglicemiantes, antecedente familiar de diabetes e outras endocrinopatias associadas.

Ao exame físico, infecções cutâneas de repetição, monilíase genital (candidiase) e necrobiose lipoídica diabeticorum (lesões cutâneas de coloração violácea com centro amarelado e pele fina e transparente) são sugestivas do DM1.

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29
Q

DIAGNOSTICO DIABETES
A presença da concentração plasmática de glicose X a qualquer momento do dia, confirmará o diagnóstico

A

≥ 200 mg/ dL,

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30
Q

DIAGNOSTICO DIABETES
Diante de quadros menos sintomáticos, a suspeita clínica deverá ser confirmada por

A

algum teste bioquímico diagnóstico como a glicemia de jejum, o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) ou pela concentração da hemoglobina glicada (HbA1c)

Entretanto, na ausência da sintomatologia clássica, esses testes deverão ser repetidos em outro dia, na ausência de processos infecciosos, traumatismos, procedimentos cirúrgicos ou uso de drogas hiperglicemiantes.

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31
Q

DIAGNOSTICO DIABETES
Quais valores para normoglicemia em
glicemia em jejum
glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose
glicemia ao acaso
HbA1c

A

Glicemia em jejum: <100
Glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose: < 140
glicemia ao acaso: -
HbA1c: < 5,7

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32
Q

DIAGNOSTICO DIABETES
Quais valores para pré diabetes ou risco aumentado para DM em
glicemia em jejum
glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose
glicemia ao acaso
HbA1c

A

glicemia em jejum: >= 100 e < 126 OMS: 110
glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose: >= 140 e <200
glicemia ao acaso: -
HbA1c: >= 5,7 e < 6,5

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33
Q

DIAGNOSTICO DIABETES
Quais valores para Diabetes estabelecido em
glicemia em jejum
glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose
glicemia ao acaso
HbA1c

A

glicemia em jejum: >= 126
glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose: >= 200
glicemia ao acaso: >= 200 com sintomas inequivocos de hiperglicemia
HbA1c: >= 6,5

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34
Q

DIAGNOSTICO DIABETES
porque a análise da HbA1c é melhor do que a glicemia em jejum

A

A análise da HbA1c tem uma série de vantagens em relação à glicemia de jejum, uma vez que reflete hiperglicemia crônica, não necessita de jejum e apresenta menor variabilidade em períodos de estresse ou doença intercorrente. → Entretanto, pode variar em função de outros interferentes como o pH, as anemias hemolíticas e ferropriva, as hemoglobinopatias, a esplenectomia, a uremia, a hipertrigliceridemia, a ingestão de vitamina C, o etilismo crônico ou mesmo aspectos étnicos e geográficos.

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35
Q

DIAGNOSTICO DIABETES
em quais situações o diagnostico deverá se basear exclusivamente no critério glicêmico
3

A

hemólise, carência de ferro ou vida média diminuída das hemácias

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36
Q

Existem ainda categorias assintomáticas consideradas de risco aumentado tanto para o desenvolvimento do DM quanto para doenças cardiovasculares, por isso foram definidas como X, que seriam: a glicemia de jejum alterada, a tolerância à glicose diminuída e a presença de concentrações de HbA1c entre 5,7-6,4%.

A

pré-diabetes

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37
Q

quais sinais para diagnóstico em crianças pequenas e lactentes

A

Em crianças pequenas e lactentes o diagnóstico pode ser desafiador, pois nem sempre os sintomas de “polis” são evidentes. Nessa faixa etária, as queixas que mais frequentemente
sugerem DM1 são: sede intensa, irritabilidade,
fraldas pesadas com trocas frequentes e aumento atípico do volume das mamadas

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38
Q

Quais exames iniciais e serem solicitados na suspeita de DM1
Frente a um paciente com sintomas sugestivos
se houver dúvidas quanto a esses resultados
definido o diagnostico

A
  1. Frente a um paciente com sintomas sugestivos de DM1, imediatamente solicitar a glicemia
    ao acaso, que sendo ≥ 200 mg/dL, confirma o
    diagnóstico; ou solicitar glicemia em jejum que
    se for ≥ 126 mg/dL, também confirma o diagnóstico.
  2. Se houver dúvidas quanto a esses resultados, solicita-se o teste de tolerância oral a glicose, dosando-se aglicemia em jejum e 2 horas
    após a ingestão de 1,75g/Kg de glicose, (máximo
    75 g).
    3.Definido o diagnóstico, solicita-se: hemoglobina glicada, exame de urina, insulina basal,
    peptídeo C, anti-GAD, anti-Ia2, anti-insulina, e
    avaliação clínica com endocrinologista.
    Se houver suspeita de cetoacidose, solicitar
    hemograma, eletrólitos (sódio, potássio, cloro,
    cálcio, fósforo), ureia, creatinina, gasometria
    venosa, colesterol total e frações, triglicérides,
    amilase, lipase, sumário de urina e encaminhar
    para o pronto-atendimento
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39
Q

qual a relação entre DM1 e covid19

A

Atualmente tem-se investigado se a infecção
pela COVID-19 é um fator de risco para desencadeamento do primo-diagnóstico do DM110. O
SARS-CoV-2 se liga aos receptores ACE2 nas células β pancreáticas11. Portanto, é possível que
o vírus altere o metabolismo da glicose participando da fisiopatologia de DM1 pré-existente
ou pode causar a doença por novos mecanismos.

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40
Q

qual tratamento para DM1

A

A insulinoterapia exógena é ainda a única forma de reposição insulínica em crianças e adolescentes com DM1, e a educação continuada para o autocuidado é o meio de promover a integração à vida diária dos esquemas diversificados de administração de insulina, das técnicas de abordagem nutricional, da atividade física regular, do monitoramento glicêmico intensivo, capacitando o paciente e seus cuidadores à manutenção do controle glicêmico o mais normal possível, a maior parte do tempo.

41
Q

TRATAMENTO DM1
qual esquema insulinico recomendado

A

O tratamento intensivo com insulina em esquema basal-bolo (múltiplas aplicações de dois tipos de insulina ao dia ou sistema de infusão contínua de insulina subcutânea – bomba de insulina) é recomendado

42
Q

TRATAMENTO DM1
qual valor de hemoglobina glicada definido com meta de bom

e glicemias: de jejum, pre prandiais e ao se deitar de madrugada

A

recomendam como meta de bom controle metabólico o valor de hemoglobina glicada (HbA1c) abaixo de 7% em pacientes sem risco de hipoglicemias

´Para crianças e adolescentes, a ADA recomenda glicemias de jejum e pré-prandiais entre 90-130 mg/dL, e, ao deitar e na madrugada, entre 90-150 mg/dL.

A Ispad, nessa faixa etária, recomenda manter glicemias de jejum ou pré-prandiais entre 70-130 mg/dL, pós-prandiais entre 90-180 mg/dL, e ao deitar entre 90-140 mg/dL.

43
Q

Mais recentemente, com o advento e a difusão da monitorização contínua da glicose (CGM), que medem a glicose intersticial, em tempo real (rtCGM) ou intermitente (iCGM), novas métricas têm sido associadas à HbA1c para determinar critérios de bom controle glicêmico, sendo recomendado manter idealmente a glicose: dentro do tempo alvo, abaixo do tempo alvo, acima do tempo alvo

A

Mais recentemente, com o advento e a difusão da monitorização contínua da glicose (CGM), que medem a glicose intersticial, em tempo real (rtCGM) ou intermitente (iCGM), novas métricas têm sido associadas à HbA1c para determinar critérios de bom controle glicêmico, sendo recomendado manter idealmente a glicose

dentro do tempo alvo (70-80 mg/dL), em > 70% do tempo; abaixo do alvo (< 70 mg/dL), em < 4% do tempo, sendo < 1% abaixo de 54 mg/dL; e acima do alvo (> 180 mg/dL), em < 25% do tempo.

44
Q

TRATAMENTO DM1
qual objetivo do tratamento e quais principais formas terapeuticas

A

O objetivo do tratamento do DM1 visa manter a glicose/glicemia o mais próximo possível da normalidade a maior parte do tempo. A insulinoterapia em esquema intensivo (esquema basal-bolo), seja com múltiplas aplicações de insulina ao dia (MDI) ou com sistema de infusão contínua de insulina, constitui a principal forma terapêutica.

45
Q

TRATAMENTO DM1
Do ponto de vista prático, o tratamento do DM1 requer a administração de quais insulinas

A

uma insulina de ação basal, responsável por impedir a lipólise endógena e a liberação hepática de glicose no período entre as refeições, e uma insulina aplicada antes das refeições (bolo alimentação: quantidade de carboidratos da dieta; bolo correção: correção da hiperglicemia pré-prandial) e em situações de hiperglicemias interprandiais.

46
Q

TRATAMENTO DM1
quais tipos de insulinas basal e qual faixa etaria de aprovação

A

NPH humana: crianças
Glargina U 100: crianças >= 2 anos
Detemir: crianças >= 1 ano
Degludeca: crianças >= 1 ano

47
Q

TRATAMENTO DM1
quais tipos de insulinas prandial e qual faixa etaria de aprovação

A

Regular: crianças e adultos
Lispro: crianças > 2 anos e adultoss
Asparte: crianças >= 2 anos e adultos
Gliusina: crianças >= 4 anos e adultos
Fiasp insulina asparte: crianças >= 1 ano

48
Q

TRATAMENTO DM1 - do que depende a dose de insulina individualizada

A

A dose diária de insulina deve ser individualizada e depende de vários aspectos, como idade, peso corporal, estadiamento puberal, tempo de duração e fase do diabetes, estado dos locais de aplicação de insulina, quantidade dos carboidratos da dieta, resultado da glicemia capilar e/ou glicose intersticial (CGM), rotina diária (prática de atividade física, horários) e presença de intercorrências (infecções, dias doentes, situações de estresse ou procedimentos cirúrgicos)

49
Q

TRATAMENTO DM1
o que é o tratamento intensivo em sistema de infusão continua de insulina e quem pode utilizar

A

O tratamento intensivo em sistema de infusão contínua de insulina (SICI) tem como objetivo mimetizar a secreção endógena de insulina, por meio da administração subcutânea contínua de insulina durante as 24 horas do dia

Nessa forma de tratamento, utiliza-se somente um tipo de insulina análogo de ação rápida ou ultrarrápida, que exerce duas funções: uma função de insulina basal que fica pré-programada, inclusive em sistemas mais novos. Essa insulina basal, após alguns dias de uso, de forma automática, sofre ajustes. Além de uma insulina bolo, que também é aplicada pelo sistema, porém precisa de alguns comandos para liberar a insulina e tem como objetivo trazer a glicemia para a meta e/ou para cobrir a quantidade de alimentos ingeridos, principalmente os carboidratos da dieta. Este bolo é preestabelecido no sistema baseado no fator de sensibilidade (quanto 1 unidade de insulina diminui a glicose/glicemia), razão insulina/carboidrato (quanto 1 unidade de insulina metaboliza uma quantidade de “X” gramas de carboidratos da dieta) e as metas glicêmicas preestabelecidas

As principais indicações para SICI são crianças menores de 6 anos (idade pré-escolar), pacientes com grande variabilidade glicêmica ao longo do dia, fenômeno do alvorecer com inadequado controle em MDI, presença de hipoglicemias (nível 2 frequentes, hipoglicemias nível 3 ou severas ou assintomáticas), mulheres que desejam gestar ou gestantes, pacientes com gastroparesias, controle metabólico inadequado (HbA1c acima do alvo para determinada idade

50
Q

TRATAMENTO DM2

A
  • ratamentoO tratamento de escolha é sempre baseado na mudança de estilo de vida (MEV) como foco principal, já que, se bem implementado, leva a uma reversão do principal desencadeante, que é o sobrepeso/obesidadeEvidências atuais vêm comprovando que o tratamento deve ser o mais efetivo possível, evitando ou retardando a progressão para complicações crônicas, micro e macroangiopáticas.Suporte nutricional, apoio social e psicológico, e se possível com educador físico, podem obter resultados positivos em parcela variável dos pacientes.Como a MEV efetiva, que pode reverter os quadros iniciais (resistência insulínica/intolerância à glicose), normalmente não obtém sucesso em mais do que 10% dos pacientes, a introdução de tratamento medicamentoso, como a metformina e a insulinoterapia, não deve ser postergada
51
Q

TRATAMENTO DM2 FARMALOGICO
5
o quinto tem a e b

A
  1. Tratamento farmacológico em jovens com DM2 deve incluir metformina e insulina, isolados ou associados, dependendo do grau de hiperglicemia e distúrbio metabólico, presença ou ausência de cetose/cetoacidose.
  2. Pacientes metabolicamente estáveis (HbA1c < 8,5% assintomáticos) devem iniciar metformina.
  3. Pode ser iniciada dose entre 500-1.000 mg/dia por 7-15 dias, com ajuste da dose semanalmente por 3-4 semanas, dependendo da tolerância do paciente, até um máximo de 1 g 2x/dia ou 850 mg 3x/dia.
  4. Pacientes em cetose/cetoacidose devem ser tratados inicialmente com insulina (SC ou EV) até correção metabólica. A metformina pode ser iniciada após a correção, e a transição para metformina normalmente pode ser obtida gradualmente, com segurança, entre 2-6 semanas.
  5. Tratamento subsequente

a) Se o paciente não atinge o alvo de HbA1c < 7% em 4 semanas em monoterapia com metformina, a adição de insulina basal deve ser considerada

b) Se o alvo não for atingido com a combinação de metformina e insulina basal (acima de 1,5 U/kg), insulina prandial deve ser iniciada e ajustada até que HbA1c < 7% seja obtida.

52
Q

qual a importância e definição da CAD?

A

A cetoacidose diabética (CAD) representa a descompensação aguda mais grave em crianças e adolescentes diabéticos.
A CAD pode ser definida como um conjunto de alterações clínico-laboratoriais decorrentes da insuficiente ação insulínica e da concomitante hipersecreção dos hormônios contrarreguladores da insulina em resposta a alguma situação de estresse

53
Q

O médico deve estar atento à primodescompensação ou à recorrência frequente de episódios de CAD, decorrente de um ou mais dos seguintes fatores: 5

A

1esquema insulinoterápico inadequado para as necessidades do paciente,
2 falta de aderência ao esquema terapêutico proposto (envolvendo a falta de controle domiciliar da glicemia e da cetonúria, alimentação e atividade física inadequadas,
3 omissão de doses de insulina ou
falha em pacientes usando bomba de infusão),
4 distúrbios psicológicos e psiquiátricos e, inclusive,
5 negligência.

54
Q

fisiopato CAD
O metabolismo dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas é controlado a partir do equilíbrio entre os níveis plasmáticos de insulina, com ação anabolizante, e os níveis dos hormônios contrarreguladores da insulina (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento), cuja ação aumentada induz catabolismo

Frequentemente a elevação dos hormônios contrarreguladores é causada por alguma intercorrência aguda capaz de gerar estresse, como: 3
LEMBRAR DE VER FLUXOGRAMA SBP

A

infecções, traumas ou alterações emocionais

55
Q

Na CAD ocorre x, decorrente da maior ação dos hormônios contrarreguladores e dos níveis plasmáticos elevados dos ácidos graxos livres e dos corpos cetônicos.

A

x= aumento da resistência à insulina

56
Q

A cetonemia e a hiperglicemia levam à 3

A

cetonúria, glicosúria e à diurese osmótica

57
Q

a)A diurese osmótica é responsável pela:
b) A cetonemia também facilita a ocorrência de:
c) O estímulo do sistema renina-angiotensina-aldosterona contribui para:

A

a) espoliação corporal de sódio, potássio, fosfato e outros minerais.
b) vômitos
c) espoliação renal de potássio

58
Q

Na CAD a desidratação é consequência: 4

A

dos vômitos, da diurese osmótica e da redução da ingesta de líquidos por inapetência ou rebaixamento sensorial.

59
Q

A hipovolemia leva à redução da x e à y, agravando a acidose.
A redução do ritmo de filtração glomerular induzida pela desidratação diminui a eliminação renal de glicose e corpos cetônicos e contribui para z (2). Estabelece-se um círculo vicioso, visto que quanto maior a glicemia maior a redução do ritmo de filtração glomerular.

A

x= perfusão tecidual
y= acidose lática
z= a elevação da glicemia e da cetonemia.

60
Q

Na CAD a hiperglicemia, a cetonemia e a elevação da ureia plasmática (decorrente da redução do ritmo de filtração glomerular) resultam em:

A

elevação da osmolaridade plasmática

61
Q

A hiperosmolaridade plasmática (valores superiores a x) estimula nas células do sistema nervoso central (SNC) a produção de pequenas moléculas orgânicas denominadas y, constituídos principalmente pelo aminoácido taurino e mioinositol.

A

x= 295 mOsm/kg H2O
y=osmóis idiogênicos

62
Q

Os osmóis idiogênicos agem como e qual objetivo?

A

diminuem o fluxo de água do intra para o extracelular, representando mecanismo de defesa dessas células contra os efeitos da hiperosmolaridade plasmática.

62
Q

O aumento do fluxo de água livre do compartimento x para o y decorrente da elevação da osmolaridade plasmática leva à hiponatremia dilucional. Além disso, a elevação de z no plasma também contribui para a redução da natremia, já que na determinação laboratorial os z são interpretados como água livre.

A

x= intracelular
y= extracelular
z= ácidos graxos livres

63
Q

As principais causas de CAD são: 3

A

infecções (virais ou bacterianas), falta de aderência ao tratamento e estresse emocional

64
Q

como é o quadro clínico do paciente com CAD?

A

Os principais sintomas da CAD são: polidipsia, poliúria, noctúria, polifagia, anorexia, náuseas e vômitos, dor abdominal e perda ponderal

polifagia é sintoma proeminente no diabete melito descompensado, mas quando o distúrbio metabólico se agrava, passa a predominar a anorexia

65
Q

Na admissão ao serviço de urgência as principais alterações presentes no exame físico de crianças e adolescentes com CAD incluem: 8

A

hálito cetônico, rubor facial, desidratação, taquicardia, hipotensão, redução da perfusão periférica, hiperventilação (respiração de Kussmaul) e dor abdominal.

66
Q

Nos casos mais graves, além dos sinais e sintomas acima, devem-se salientar as alterações do SNC: 3 e 2 facultativos

A

sonolência, rebaixamento do nível de consciência e coma.
Fraqueza muscular e hipertermia podem ser encontradas durante a descompensação.

67
Q

A dor abdominal pode ser intensa a ponto de simular apendicite, pancreatite ou abdome agudo cirúrgico. Nos casos mais graves de CAD pode haver elevação da x, o que não indica, necessariamente, a ocorrência de pancreatite. Na maioria dos casos a dor abdominal desaparece com a y (3)

A

x= amilase sérica
y= hidratação, correção dos distúrbios eletrolíticos e insulinoterapia.

68
Q

Laboratorialmente a CAD caracteriza-se por: 3 (1 com 2)

A

1 hiperglicemia (glicemia superior a 200 mg/dL),

2 acidose metabólica (pH < 7,3 e/ou bicarbonato inferior a 15 mEq/L) com
a) elevação do ânion-gap e
b) presença de cetonemia (cetonas séricas superiores a 3 mg/dL ou fortemente positivas em diluição do soro superior a 1:2)

3 cetonúria (resultado positivo na reação urinária com nitroprussiato de sódio)

69
Q

O diagnóstico diferencial da CAD deve ser feito com x (por erro inato do metabolismo, p. ex., em que o nível plasmático de lactato geralmente é superior a 7 mmol/L); y ; z ; outras causas de w (p. ex., acidose tubular renal).

A

x= acidose láctica
y= intoxicação por salicilato e teofilina
z= coma hiperosmolar
w= acidose

70
Q

O tratamento da CAD visa ao restabelecimento das condições gerais do paciente, com especial atenção para a progressiva x.
na CAD, talvez mais do que em outras intercorrências agudas, são fundamentais para o sucesso da terapêutica instituída a individualização do plano terapêutico e a reavaliação frequente do paciente-> Somente desse modo o paciente poderá receber o melhor tratamento, com menor possibilidade de complicações

A

correção dos distúrbios hidroeletrolíticos.

71
Q

A princípio, como em qualquer abordagem inicial no serviço de emergência, devem-se avaliar a: 2

A

permeabilidade da via aérea e a integridade do sistema respiratório.

72
Q

Em seguida, a avaliação do sistema X. depois Segue-se a avaliação da y

A

X= cardiocirculatório permitirá a identificação de choque e se ele se encontra a compensado ou não
y= integridade neurológica do paciente.

73
Q

Assim que o paciente foi admitido deve ser colhida amostra de sangue para dosagem de x. A presença de cetose será caracterizada a partir da realização da y

A

x= glicemia capilar, glicemia plasmática, gasometria venosa, sódio, potássio, ureia, creatinina, cálcio, fósforo e hemograma
y= reação plasmática ou urinária com nitroprussiato de sódio

74
Q

Durante o tratamento a glicemia capilar deve ser avaliada a cada x, até que o quadro clínico-laboratorial tenha se estabilizado. A gasometria venosa e os níveis plasmáticos de sódio e potássio devem ser avaliados a cada y horas nas z horas iniciais de terapêutica

A

x= hora
y= 3
z= 6

75
Q

Deve-se lembrar que x pode estar elevada por interferência dos corpos cetônicos, de forma que os níveis de ureia plasmática são indicadores mais sensíveis da presença de insuficiência renal

A

x= creatinina sérica

76
Q

Em relação à avaliação da cetonemia e cetonúria, a reação com o nitroprussiato de sódio permite a detecção de acetoacetato e acetona, mas não de beta-hidroxibutirato. Na CAD os níveis de x são até 15 vezes maiores que os níveis de acetoacetato e acetona. Por outro lado, o tratamento leva ao aumento da conversão de beta-hidroxibutirato em y, que pode dar a falsa impressão de piora da cetose

A

x= beta-hidroxibutirato
y= acetoacetato

77
Q

A presença de x (com valores de até 20.000 leucócitos/mm3) e w é frequente e geralmente não está relacionada à infecção bacteriana, decorrendo da reação de estresse e da acidose.

A

x= leucocitose
w= neutrofilia

77
Q

Quais etapas do tratamento de CAD de maneira geral

A

Hidratação
Insulinoterapia
Reposição de potássio
Reposição de bicarbonato
Reposição de fosfato

78
Q

TRATAMENTO CAD- HIDRATAÇÃO
Inicialmente a terapêutica hidroeletrolítica tem por objetivo a reparação X
qual conduta?

A

X: intravascular
Nessa fase deve ser administrado soro fisiológico (SF) no volume de 20 mL/kg, infundido por 30 a 60 minutos.

79
Q

TRATAMENTO CAD- HIDRATAÇÃO
Se após a expansão inicial o paciente ainda apresentar sinais de contração intravascular
o que deve fazer?

A

a conduta anterior deve ser repetida, na hora seguinte.

80
Q

TRATAMENTO CAD- HIDRATAÇÃO
Quando o paciente se apresentar com sinais de choque deverá receber quanto de SF?

A

SF no volume de 20 mL/kg a cada 20 minutos, até o desaparecimento dos sinais clínicos de choque.

81
Q

TRATAMENTO CAD- HIDRATAÇÃO
qual conduta após a fase de expansão, ou seja, a fase de manutenção

A

Após a fase de expansão o paciente receberá soro de manutenção no volume habitual (1.500 a 2.000 mL/m2/dia).

82
Q

TRATAMENTO CAD- HIDRATAÇÃO
O volume do soro de manutenção pode ser acrescido de soro de reposição em quais casos? e em qual volume

A

de intensa poliúria ou hiperventilação, sendo administrado no volume de 10 a 20 mL/kg/dia

83
Q

TRATAMENTO CAD- HIDRATAÇÃO
qual via de administração do soro

A

É importante iniciar hidratação por via oral assim que o paciente apresente melhora clínica e recuperação da integridade neurológica, o que permitirá a gradual redução da hidratação parenteral até a sua suspensão

84
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 2- INSULINOTERAPIA
visa promover o que? deve ser feita após quantas horas de tratamento? e em que via?

A

No tratamento da CAD a insulinoterapia visa a promover a gradual redução da glicemia e da cetogênese
A reposição de insulina deve ser a partir da segunda hora do tratamento, após a expansão inicial.
Recomenda-se a administração de insulina regular por via endovenosa, em infusão contínua

85
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 2- INSULINOTERAPIA
qual relação de soro pra de insulina?

A

A insulinoterapia endovenosa contínua é realizada a partir da mistura de 100 mL de SF e 10 U de insulina regular, de modo que 1 mL da mistura contém 0,1 U de insulina regular.

86
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 2- INSULINOTERAPIA
Inicia-se preferencialmente com a administração endovenosa contínua de insulina em bomba de infusão na dose de 0,1 U de insulina regular/kg/h (ou 1 mL da mistura/kg/h), que deverá permitir redução da glicemia de

A

60 a 80 mg/dL/h

87
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 2- INSULINOTERAPIA
a glicemia capilar deve ser avaliada de quanto em quanto tempo?
e se a queda da glicemia for superior a 90mg/dL/h?

A

A glicemia capilar deve ser avaliada de hora em hora e a infusão de insulina será ajustada de acordo com esses valores. Se a queda da glicemia for superior a 90 mg/dL/h, a infusão de insulina deve ser reduzida para 0,05 U/kg/h.

88
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 2- INSULINOTERAPIA
a reposição contínua de insulina deve ser mantida até que a glicemia capilar tenha atingido qual valor?

e nos pacientes em que a cetogênese ainda não foi adequadamente bloqueada e que mantêm acidose metabólica e acentuada cetonemia apesar da redução da glicemia?

A

A reposição contínua de insulina deve ser mantida até que a glicemia capilar tenha atingido valor ≤ 250 mg/dL.

a insulinoterapia endovenosa contínua deverá ser mantida, tomando-se o cuidado de se adequar a reposição de glicose no soro de manutenção para evitar a ocorrência de hipoglicemia.

89
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 2- INSULINOTERAPIA
Elevações glicêmicas presentes após a suspensão da insulinoterapia contínua serão tratadas

A

com insulina de ação rápida (insulina regular) ou ultrarrápida (insulina lispro ou aspart) administradas por via subcutânea na dose de 0,1 U/kg e 0,15 U/kg, respectivamente.
Com a suspensão da insulinoterapia contínua, o paciente passará a receber esquema insulinoterápico de manutenção, empregando-se insulina humana N.

90
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 2- INSULINOTERAPIA
qual conduta em relação ao tratamento de manutenção para casos de primodescompensação diabética?

A

Nos casos de primodescompensação diabética pode-se iniciar o tratamento de manutenção com dose de insulina humana N de 0,5 U/kg/dia, administrando-se 2/3 da dose pela manhã e 1/3 da dose antes de o paciente se deitar. Esse critério pode ser alterado de acordo com o médico responsável pelo acompanhamento.

91
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 3- REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO
Como se encontra o potássio? porque?

A

o potássio corporal total encontra-se depletado em decorrência da diurese osmótica e da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona
Por outro lado a acidose e a redução da função renal aumentam a concentração extracelular de potássio, de forma que os pacientes com CAD podem apresentar à admissão níveis séricos de potássio normais ou mesmo elevados.

só que precisa de reposição porque a insulina coloca pra intracelular e como tá fazendo insulinoterapia vai diminuir muito o potássio

A hipocalemia é considerada a complicação mais grave relacionada ao tratamento da CAD

92
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 3- REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO
qual conduta recomendada?
se a função renal estiver preservada e se apresentar hipocalemia

A

ecomenda-se, portanto, a reposição de potássio a partir da segunda hora de tratamento, desde que a função renal esteja preservada, o paciente tenha apresentado diurese e a calemia seja inferior a 6,5 mEq/L.

Por outro lado, o potássio deverá ser reposto já a partir da primeira hora de tratamento caso o paciente apresente hipocalemia

93
Q

TRATAMENTO CAD ETAPA 3- REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO
como é feita essa reposição?

A

O potássio é acrescentado ao soro na dose de 20 a 40 mEq para cada litro de soro administrado, respeitando-se o limite de infusão de 0,5 mEq/kg/h.1

Normalmente a administração de potássio é realizada na forma de KCl 19,1% (1 mL = 2,5 mEq de potássio). No entanto, quando se optar pela correção de fosfato, administra-se 2/3 de potássio na forma de KCl 19,1% e 1/3 na forma de KH2PO4 25% (1 mL = 1,8 mEq de potássio).

94
Q

TRATAMENTO CAD REPOSIÇÃO DE BICARBONATO
como fica em relação ao equilíbrio acidobasico? indica a reposição de bicarbonato?

A

A acidose metabólica, muitas vezes intensa, é uma das características da CAD.

A acidose grave (pH < 7,2) pode levar à redução do débito cardíaco, da pressão arterial e do fluxo sanguíneo hepático e renal, além de diminuir o limiar para arritmias cardíacas

Na CAD a acidose metabólica resulta principalmente do aumento da cetogênese, mas também da redução da perfusão tecidual.

Durante o tratamento da CAD a expansão do volume extracelular e a administração de insulina levam à progressiva redução da acidose.

Por outro lado, a reposição de bicarbonato é considerada uma das condições facilitadoras da ocorrência de edema cerebral

A reposição de bicarbonato também pode causar hipernatremia e hipocalemia.

Diante dessas observações, considera-se atualmente não haver indicação para a reposição de bicarbonato na CAD, exceto durante a ressuscitação com o intuito de se preservar a ação da epinefrina.

95
Q

TRATAMENTO DE CAD - ETAPA 4 REPOSIÇÃO DE FOSFATO
como fica o fosfato?
quando é indicado e como é administrado?

A

fosfato é um ânion predominantemente intracelular que durante a CAD sofre deslocamento para o meio extracelular, de forma que seus níveis plasmáticos à admissão se encontram normais ou elevados

Por outro lado, a diurese osmótica leva ao aumento da perda renal de fosfato e à depleção do fosfato corpóreo total

A insulinoterapia promove retorno do fosfato para o intracelular, de modo que seus níveis plasmáticos tendem a cair durante o tratamento da CAD.

hipofosfatemia pode causar hipóxia tecidual (por redução de 2,3 difosfoglicerato) e quando grave pode estar relacionada a complicações como depressão respiratória e miocárdica, fraqueza muscular, rabdomiólise, anemia hemolítica e alterações cardíacas

A prevenção desses distúrbios poderia justificar a reposição de fosfato durante o tratamento da CAD.

A reposição de fosfato pode beneficiar pacientes em tratamento de CAD e que apresentem anemia, insuficiência cardíaca congestiva, pneumonia ou outras causas de hipóxia, bem como pacientes com níveis plasmáticos de fosfato inferiores a 1,0 mg/dL

Nesses casos o fosfato será administrado na forma de KH2PO4 25% (1 mL = 1,8 mEq de fosfato/1,8 mEq de potássio). O volume de KH2PO4 25% será o necessário para fornecer 1/3 do potássio a ser reposto

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Q

TRATAMENTO DE CAD - ETAPA 4 REPOSIÇÃO DE FOSFATO
quando é indicado e como é administrado?

A

A reposição de fosfato pode beneficiar pacientes em tratamento de CAD e que apresentem anemia, insuficiência cardíaca congestiva, pneumonia ou outras causas de hipóxia, bem como pacientes com níveis plasmáticos de fosfato inferiores a 1,0 mg/dL

Nesses casos o fosfato será administrado na forma de KH2PO4 25% (1 mL = 1,8 mEq de fosfato/1,8 mEq de potássio). O volume de KH2PO4 25% será o necessário para fornecer 1/3 do potássio a ser reposto