Aula 6 P1 Flashcards

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Q

Explicação Detalhada sobre os Slides - Pâncreas

A

Explicação Detalhada sobre os Slides - Pâncreas

Slide 1 - Anatomia e Características Gerais do Pâncreas

  1. Órgão Retroperitoneal
    • O pâncreas é um órgão retroperitoneal, ou seja, está localizado atrás do peritônio, uma membrana serosa que reveste a cavidade abdominal. Essa posição anatômica significa que ele não é completamente envolvido pelo peritônio, mas sim parcialmente coberto.
    • Essa característica tem implicações clínicas importantes, pois tumores ou inflamações pancreáticas podem se disseminar facilmente para estruturas adjacentes sem causar sintomas precoces.
  2. Orientação Transversal
    • O pâncreas apresenta uma disposição transversal no abdômen, estendendo-se da região posterior ao estômago, atravessando desde a curva do duodeno (lado direito) até próximo do baço (lado esquerdo).
    • Essa orientação permite sua íntima relação com diversas estruturas, como:
    • Cabeça do pâncreas: próxima ao duodeno.
    • Corpo do pâncreas: cruza anteriormente à coluna vertebral.
    • Cauda do pâncreas: próxima ao hilo esplênico.
  3. Complexo Órgão Lobular
    • O pâncreas é uma glândula lobulada, o que significa que sua estrutura interna é composta por vários lóbulos pequenos organizados por septos conjuntivos.
    • Essa característica é importante porque permite que ele tenha tanto uma função exócrina (produção de enzimas digestivas) quanto endócrina (produção de hormônios).
  4. Dois Componentes: Endócrino e Exócrino
    • Componente Exócrino: Representa cerca de 85% a 90% da massa do pâncreas e é responsável pela produção de enzimas digestivas (amilase, lipase, tripsina, etc.) que são liberadas no duodeno para facilitar a digestão.
    • Componente Endócrino: Corresponde às Ilhotas de Langerhans, pequenas estruturas que produzem hormônios como:
    • Insulina (reduz a glicemia).
    • Glucagon (eleva a glicemia).
    • Somatostatina (regula a produção hormonal).
    • Polipeptídeo pancreático (controla as secreções digestivas).

Slide 2 - Estrutura Anatômica e Relações do Pâncreas

  1. Cabeça do Pâncreas
    • A cabeça do pâncreas está localizada junto ao duodeno (porção descendente).
    • É a porção mais larga do pâncreas e está intimamente relacionada com as estruturas do trato biliar e digestivo.
    • Importante destacar a relação com o ducto colédoco, que atravessa parte da cabeça do pâncreas antes de desembocar na papila duodenal maior.
  2. Colo do Pâncreas
    • O colo é a porção estreita que conecta a cabeça ao corpo do pâncreas.
    • Essa região cruza anteriormente os grandes vasos sanguíneos, como a veia porta e a veia mesentérica superior.
  3. Corpo do Pâncreas
    • O corpo está localizado anteriormente à coluna vertebral e à aorta, sendo a parte mais extensa do pâncreas.
    • Essa posição facilita a propagação de tumores ou processos inflamatórios para estruturas vasculares importantes.
  4. Cauda do Pâncreas
    • A cauda é a porção mais estreita e terminal do pâncreas, localizada próxima ao baço.
    • Essa região tem uma íntima relação com o ligamento esplenorrenal e é uma área propensa a envolvimento em processos metastáticos.

  1. Ductos do Pâncreas
    • O pâncreas possui dois principais ductos responsáveis por drenar as secreções exócrinas:

→ Ducto de Wirsung (Ducto Pancreático Principal)
• Canal principal que percorre todo o pâncreas e desemboca na Papila de Vater, junto com o ducto colédoco.
• É a principal via de transporte das enzimas digestivas para o duodeno.

→ Ducto de Santorini (Ducto Pancreático Acessório)
• É um canal acessório que também drena parte das secreções pancreáticas.
• Esse ducto pode ter comunicação direta com o duodeno por meio do Esfíncter Menor, uma pequena abertura separada da Papila de Vater.

  1. Papila de Vater
    • Estrutura anatômica importante na segunda porção do duodeno, onde ocorre a abertura do ducto colédoco e do ducto de Wirsung.
    • O controle desse fluxo de secreções ocorre pelo Esfíncter de Oddi, que regula a liberação de bile e suco pancreático.

Implicações Clínicas Importantes
• A anatomia detalhada do pâncreas é fundamental para a compreensão de diversas patologias, como:
• Pancreatite aguda e crônica: Inflamações que podem ocorrer devido ao bloqueio dos ductos pancreáticos.
• Câncer de pâncreas: Frequentemente afeta a cabeça pancreática, levando a sintomas como icterícia obstrutiva devido à compressão do ducto biliar.
• Cálculos biliares: Podem impactar a drenagem adequada das enzimas pancreáticas, resultando em complicações graves.

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Pâncreas Exócrino

A

Explicação Detalhada sobre os Slides - Pâncreas Exócrino

Slide 1 - Pâncreas Exócrino: Estrutura e Função

  1. 80% a 85% do total do órgão
    • O componente exócrino do pâncreas representa a maior parte do órgão (aproximadamente 80% a 85% de sua massa total).
    • Essa predominância estrutural reflete a sua intensa função digestiva, sendo um dos principais órgãos na secreção de enzimas para o trato gastrointestinal.

  1. Células Acinares Produtoras de Enzimas Digestivas (Suco Pancreático)
    • As células acinares são responsáveis pela produção do suco pancreático, que contém diversas enzimas digestivas fundamentais para a degradação de carboidratos, proteínas e lipídios no intestino delgado.
    • Essas células são altamente especializadas e apresentam características histológicas específicas:

→ Características das Células Acinares
• Formato triangular/piramidal: Isso facilita a organização das células ao redor dos pequenos ductos pancreáticos.
• Células epiteliais: São células polarizadas, com núcleo basal e organelas bem distribuídas para otimizar a secreção.
• Presença de grânulos de zimogênio: Esses grânulos são vesículas que armazenam as enzimas pancreáticas inativas (proenzimas) até que sejam liberadas no duodeno.
• Os grânulos de zimogênio são intensamente corados nas preparações histológicas devido à sua riqueza em proteínas.

→ Enzimas Digestivas Produzidas pelas Células Acinares
• Amilase pancreática: Degrada carboidratos (amido e glicogênio) em maltose e dextrinas.
• Lipase pancreática: Atua na digestão de triglicerídeos em ácidos graxos e monoglicerídeos.
• Tripsina e quimotripsina: Enzimas proteolíticas que hidrolisam proteínas em peptídeos menores.
• Carboxipeptidase: Cliva aminoácidos na extremidade carboxila das proteínas.
• Nucleases (DNase e RNase): Enzimas que degradam DNA e RNA ingeridos na dieta.

Importante: Essas enzimas são produzidas na forma inativa (proenzimas) para evitar a autodigestão do pâncreas.

  1. Proenzimas e Enzimas Conduzidas por Ductos e Ductos até o Duodeno
    • As proenzimas e enzimas pancreáticas são liberadas pelas células acinares nos chamados ductos intercalares, que convergem para formar os ductos principais (Ducto de Wirsung e Ducto de Santorini).
    • Esses ductos se abrem no duodeno pela Papila de Vater, permitindo que as enzimas pancreáticas entrem em contato com o quimo ácido oriundo do estômago.

→ Mecanismo de Ativação das Proenzimas
• No duodeno, as proenzimas são ativadas pela enterocinase (enzima produzida pelas células do intestino delgado), que converte:
• Tripsinogênio → Tripsina (essa, por sua vez, ativa outras enzimas como quimotripsina e carboxipeptidase).

Esse sistema de ativação é essencial para proteger o próprio pâncreas da autodigestão.

Slide 2 - Imagem Histológica do Pâncreas Exócrino

  1. Visualização Microscópica das Células Acinares

Na imagem apresentada, podemos observar:
• Células acinares: Aparecem coradas em tons de rosa devido à presença de grandes quantidades de proteínas armazenadas nos grânulos de zimogênio.
• Grânulos de zimogênio: Apresentam uma coloração mais intensa e granular nas regiões apicais das células (próximas ao lúmen dos ductos).
• Ductos intercalares: Pequenos canais que coletam as secreções acinares e as conduzem para os ductos principais.

→ Características Histológicas Importantes
• As células acinares apresentam um núcleo arredondado e localizado na porção basal, com citoplasma organizado em uma disposição radial ao redor dos ductos.
• Os grânulos de zimogênio são visíveis como estruturas escuras e densas na porção apical das células acinares.

  1. Aspectos Clínicos Importantes

A anatomia microscópica e funcional do pâncreas exócrino está intimamente relacionada a diversas patologias:

→ Pancreatite Aguda
• Ocorre quando as enzimas pancreáticas são ativadas prematuramente dentro do próprio pâncreas, resultando em autodigestão e inflamação intensa. Isso pode ocorrer por:
• Obstrução do ducto pancreático (ex.: cálculos biliares).
• Consumo excessivo de álcool.
• Hipertrigliceridemia grave.

→ Fibrose Cística
• Doença genética que provoca o espessamento do muco, obstruindo os ductos pancreáticos e comprometendo a liberação adequada das enzimas digestivas.

→ Insuficiência Pancreática Exócrina
• Essa condição ocorre quando a produção ou liberação de enzimas é insuficiente, levando a má digestão e má absorção de nutrientes.

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Pâncreas Endócrino

A

Explicação Detalhada sobre os Slides - Pâncreas Endócrino

Slide 1 - Características Gerais do Pâncreas Endócrino

  1. 1 milhão (!) de pequenos aglomerados celulares - Ilhotas de Langerhans
    • O pâncreas endócrino é composto por aproximadamente 1 milhão de ilhotas de Langerhans, que são pequenos aglomerados celulares distribuídos de forma difusa por todo o pâncreas.
    • Embora as ilhotas sejam pequenas e representem uma fração mínima da massa pancreática, elas têm uma função endócrina essencial na regulação da glicemia e do metabolismo corporal.

Origem Histórica
• As Ilhotas de Langerhans foram descobertas em 1869 por Paul Langerhans, um médico e biólogo alemão. Ele descreveu esses aglomerados celulares no pâncreas, inicialmente sem saber sua função hormonal.

  1. Constituem menos de 1% do órgão
    • Apesar de seu papel crucial na homeostase glicêmica, as ilhotas de Langerhans representam menos de 1% da massa total do pâncreas.
    • Essa característica torna a avaliação patológica das ilhotas desafiadora, especialmente em condições como o diabetes mellitus tipo 1, onde ocorre destruição seletiva dessas células.

  1. Função Endócrina: Secreção Hormonal

As ilhotas de Langerhans secretam três hormônios principais:

→ Insulina
• Produzida pelas células β (beta).
• Tem ação hipoglicemiante, promovendo a captação de glicose pelas células, especialmente nos tecidos muscular e adiposo.
• É liberada em resposta ao aumento da glicemia, promovendo:
• Síntese de glicogênio (glicogênese).
• Conversão de glicose em triglicerídeos para armazenamento (lipogênese).
• Síntese proteica.

→ Glucagon
• Produzido pelas células α (alfa).
• Tem ação hiperglicemiante, sendo liberado durante o jejum para elevar a glicemia.
• Estimula:
• Degradação do glicogênio (glicogenólise).
• Conversão de aminoácidos e outras substâncias em glicose (gliconeogênese).

→ Somatostatina
• Produzida pelas células δ (delta).
• Atua como um inibidor universal, regulando a secreção tanto de insulina quanto de glucagon.
• Também tem um papel importante na redução da motilidade gastrointestinal e na inibição da secreção de hormônios gastrointestinais.

Outros Tipos Celulares das Ilhotas de Langerhans

Embora menos expressivos, outras células também estão presentes nas ilhotas:
• Células PP (polipeptídeo pancreático): Regulam a função digestiva e a secreção biliar.
• Células ε (épsilon): Produzem grelina, que estimula o apetite.

Slide 2 - Imagem Histológica das Ilhotas de Langerhans

  1. Visualização Microscópica

Na imagem histológica apresentada:
• As ilhotas de Langerhans aparecem como aglomerados celulares mais claros, rodeados pelas células acinares (parte exócrina, mais corada em rosa-escuro).
• As ilhotas não possuem ductos, pois liberam seus hormônios diretamente na corrente sanguínea.
• Cada ilhota contém diferentes tipos celulares, que não são facilmente distinguíveis na coloração convencional com HE (hematoxilina e eosina), mas podem ser identificadas por técnicas de imunohistoquímica.

  1. Organização Celular nas Ilhotas de Langerhans
    • As células β são predominantes e geralmente localizadas na região central da ilhota.
    • As células α e δ estão distribuídas na periferia.
    • As células PP e ε estão mais dispersas e em menor quantidade.

Aspectos Clínicos Importantes

A função endócrina do pâncreas é essencial para a manutenção da homeostase glicêmica. Alterações nas ilhotas de Langerhans estão associadas a diversas patologias:

→ Diabetes Mellitus Tipo 1
• Doença autoimune caracterizada pela destruição seletiva das células β, resultando em deficiência grave de insulina e hiperglicemia persistente.
• Ocorre infiltração linfocitária nas ilhotas, um processo conhecido como insulite.

→ Diabetes Mellitus Tipo 2
• Caracteriza-se por resistência periférica à insulina associada a uma disfunção progressiva das células β.
• Embora não haja destruição completa das ilhotas, ocorre um esgotamento progressivo da função insulínica.

→ Tumores Neuroendócrinos Pancreáticos (TNEs)
• Incluem insulinomas (excesso de insulina), glucagonomas (excesso de glucagon) e somatostatinomas (excesso de somatostatina).
• São neoplasias raras que surgem a partir das células das ilhotas.

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Anomalias Congênitas do Pâncreas

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Anomalias Congênitas do Pâncreas

  1. Pâncreas Divisum

Definição
• O pâncreas divisum é a anomalia congênita mais comum do pâncreas, ocorrendo em cerca de 3% a 10% da população.
• Resulta de uma fusão incompleta entre as duas porções embrionárias do pâncreas: o broto ventral e o broto dorsal.

Fisiopatologia
• Durante o desenvolvimento embrionário normal, essas duas porções se fundem para formar um sistema único de ductos pancreáticos.
• No pâncreas divisum, essa fusão não ocorre, resultando em:
• O ducto de Wirsung (principal) drenando apenas uma parte da cabeça do pâncreas.
• A maior parte das secreções pancreáticas é conduzida pelo ducto de Santorini (acessório), que desemboca no esfíncter menor no duodeno.

Consequências Clínicas
• A maior parte dos pacientes é assintomática.
• No entanto, em alguns casos, pode haver obstrução parcial do fluxo pancreático, predispondo à:
• Pancreatite aguda recorrente.
• Dor abdominal crônica.

Diagnóstico
• O pâncreas divisum é frequentemente diagnosticado por meio de:
• CPRE (Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica).
• Colangiorressonância Magnética (exame não invasivo de escolha).

Tratamento
• Pacientes sintomáticos podem necessitar de:
• Esfincterotomia endoscópica para aliviar a obstrução.
• Em casos graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica.

  1. Pâncreas Anular

Definição
• O pâncreas anular é uma anomalia rara em que uma porção do tecido pancreático envolve circunferencialmente a segunda porção do duodeno.
• Essa condição resulta de uma falha na regressão ou fusão incorreta do broto ventral pancreático durante o desenvolvimento embrionário.

Fisiopatologia
• O tecido pancreático se estende ao redor do duodeno, formando um anel que pode comprimir essa porção do intestino, causando obstrução parcial ou total.

Manifestações Clínicas
• Os sintomas geralmente aparecem na infância, mas também podem surgir na vida adulta.
• Sintomas comuns incluem:
• Vômitos biliosos (especialmente em recém-nascidos).
• Dor abdominal.
• Sinais de obstrução intestinal, como distensão abdominal e intolerância alimentar.

Diagnóstico
• Exames de imagem, como radiografia com contraste, tomografia computadorizada e ressonância magnética, são fundamentais para o diagnóstico.

Tratamento
• O tratamento geralmente é cirúrgico e envolve uma duodenojejunostomia ou gastroduodenostomia para desviar o fluxo intestinal e aliviar a obstrução.

  1. Pâncreas Ectópico

Definição
• O pâncreas ectópico é uma condição na qual tecido pancreático funcional se desenvolve fora de sua localização anatômica normal, sem conexão direta com o pâncreas principal.
• Essa condição ocorre devido à migração anômala de células pancreáticas durante o desenvolvimento embrionário.

Localizações Comuns
• As localizações mais frequentes incluem:
• Estômago (principalmente na região pilórica).
• Duodeno.
• Jejuno.
• Íleo.
• Mucosa gástrica.

Manifestações Clínicas
• O tecido ectópico pode ser assintomático ou provocar sintomas caso haja:
• Obstrução intestinal.
• Sangramento gastrointestinal.
• Pancreatite localizada.

Diagnóstico
• Frequentemente é identificado incidentalmente durante cirurgias ou exames de imagem.

Tratamento
• O tratamento depende da presença de sintomas. Em casos assintomáticos, não é necessário tratamento. Caso haja complicações, pode ser indicada a ressecção cirúrgica.

  1. Agenesia do Pâncreas

Definição
• A agenesia pancreática é uma condição extremamente rara caracterizada pela ausência congênita total ou parcial do pâncreas.
• Resulta de uma falha precoce no desenvolvimento embrionário do pâncreas.

Manifestações Clínicas
• Se houver agenesia total, é incompatível com a vida.
• Em casos de agenesia parcial, os sintomas podem incluir:
• Diabetes mellitus devido à deficiência de células β.
• Má digestão por insuficiência da secreção exócrina pancreática.

Diagnóstico
• É confirmado por exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética.

Tratamento
• A terapia é baseada na reposição de insulina e enzimas pancreáticas para compensar a ausência funcional do tecido pancreático.

Resumo Final
• As anomalias congênitas do pâncreas são condições importantes que podem se manifestar desde o nascimento até a vida adulta.
• O pâncreas divisum é a anomalia mais comum, geralmente assintomática, mas que pode causar pancreatite recorrente.
• O pâncreas anular está associado à obstrução duodenal e frequentemente requer correção cirúrgica.
• O pâncreas ectópico pode ser encontrado em várias partes do trato gastrointestinal e, em geral, não exige intervenção a menos que cause sintomas.
• A agenesia pancreática é rara e grave, exigindo tratamento sintomático específico.

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Pancreatite e Pancreatite Aguda

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Pancreatite e Pancreatite Aguda

  1. Pancreatite - Conceito e Fisiopatologia

Definição
• A pancreatite é uma inflamação do pâncreas que ocorre devido à ativação inapropriada de suas próprias enzimas digestivas, levando à autodigestão do tecido pancreático.

Mecanismo Inicial
• Essa autodigestão ocorre quando há uma ativação prematura das proenzimas pancreáticas (especialmente a tripsina) dentro do próprio pâncreas, iniciando um ciclo de lesão celular e inflamação.

Grânulos de Zimogênio - Proteção Natural
• Em condições normais, o pâncreas é protegido da autodigestão por mecanismos que incluem:
• Armazenamento das proenzimas em grânulos de zimogênio, que são liberados apenas no duodeno.
• Produção de enzimas na forma inativa (pró-enzimas).
• Inibidores naturais da tripsina (ex.: SPINK1) que evitam a ativação precoce das enzimas.

Evolução Clínica
• A pancreatite pode variar de formas leves e autolimitadas a quadros graves e potencialmente fatais.

  1. Pancreatite Aguda - Conceito e Características Gerais

Definição
• A pancreatite aguda é uma inflamação súbita e potencialmente grave do pâncreas, caracterizada por uma lesão reversível do parênquima pancreático.

Etiologias (Causas)

As principais causas incluem:
• Agressão tóxica: Ex.: consumo excessivo de álcool.
• Obstrução do ducto pancreático: Ex.: cálculo biliar, neoplasia, parasitas ou malformações.
• Mutação genética: Ex.: alterações no gene PRSS1, SPINK1 e CFTR.
• Lesão vascular: Pode ocorrer por choque, aterosclerose ou trombose.
• Infecções: Ex.: caxumba.

Incidência
• A incidência é de 10 a 20 casos por 100.000 habitantes anualmente.
• As causas mais comuns são:
• Álcool e cálculos biliares (responsáveis por cerca de 80% dos casos).

  1. Pancreatite Aguda - Patogênese

Mecanismo Principal

A pancreatite aguda é desencadeada por uma série de eventos que levam à ativação precoce e inadequada das enzimas pancreáticas, destacando-se:
• Ativação inapropriada da tripsina: Essa ativação inicia uma cascata que ativa outras proenzimas, como elastase e fosfolipase, amplificando o dano.
• Destruição do tecido pancreático:
• Degradação de adipócitos → Necrose gordurosa.
• Lesão das fibras elásticas dos vasos sanguíneos → Hemorragia.
• Estímulo ao sistema de coagulação e ativação da cascata do complemento → Agravamento da inflamação.

Essa combinação desencadeia uma reação inflamatória aguda, que pode progredir para necrose extensa e complicações sistêmicas graves.

  1. Pancreatite Aguda - Mecanismos Específicos
  2. Liberação Inadequada de Enzimas
    • Pode ocorrer devido a:
    • Obstrução de ductos pancreáticos → promove acúmulo de enzimas ativadas.
    • Aumento da pressão ductal → resulta em extravasamento de enzimas para o interstício pancreático.
    • Lipase ativa → degrada gordura local, gerando necrose gordurosa.
    • O processo inflamatório gera edema, piorando o fluxo sanguíneo e agravando a lesão tecidual.
  3. Lesão Primária das Células Acinares
    • A lesão direta às células acinares pode ser causada por:
    • Consumo excessivo de álcool.
    • Agentes tóxicos, como medicamentos (ex.: azatioprina).
    • Aumento do fluxo de cálcio, que facilita a ativação enzimática.
    • Estresse oxidativo que promove a liberação de radicais livres.
  4. Transporte Defeituoso de Proenzimas
    • Algumas condições genéticas podem resultar em transporte defeituoso das proenzimas dentro das células acinares, levando à ativação inapropriada das enzimas.

  1. Pancreatite Aguda - Genética

Principais Genes Envolvidos
• PRSS1: Gene do tripsinogênio; mutação com ganho de função (autossômica dominante).
• SPINK1: Gene que codifica um inibidor da tripsina; mutação com perda de função (autossômica recessiva).
• CFTR: Gene associado à fibrose cística, que compromete a drenagem adequada do pâncreas.

Risco de Câncer
• Pacientes com mutações nesses genes têm um risco 40% maior de desenvolver câncer de pâncreas.

  1. Pancreatite Aguda - Morfologia

Lesões Histológicas
• Extravassamento microvascular com edema.
• Necrose gordurosa nas áreas de tecido adiposo.
• Inflamação aguda com infiltração de neutrófilos.
• Destruição do parênquima pancreático (incluindo ácinos e ductos pancreáticos).
• Destruição vascular com hemorragia intersticial.

Pancreatite Necrosante Aguda (Forma Grave)
• Caracteriza-se por:
• Necrose extensa do tecido pancreático (ácinos, ductos e ilhotas).
• Hemorragia por ruptura vascular.
• Formação de focos de necrose adiposa calcificada.
• Risco elevado de infecção bacteriana secundária (ex.: Gram-negativos).

  1. Pancreatite Aguda - Quadro Clínico

Sintomas Típicos
• Dor abdominal intensa e constante, localizada no epigástrio, podendo irradiar para o dorso e ombro esquerdo.
• Elevação sérica de:
• Amilase (nas primeiras 24h).
• Lipase (após 72h).
• Pode evoluir para complicações sistêmicas graves, como:
• Leucocitose, CIVD, SARA e necrose gordurosa difusa.
• Em casos graves, pode ocorrer choque e disfunção de múltiplos órgãos.

  1. Pancreatite Aguda - Tratamento

Condutas Terapêuticas
• “Descanso” pancreático: Jejum absoluto (NPO - nada por via oral).
• Hidratação venosa rigorosa para manter a perfusão pancreática adequada.
• Controle da dor com analgésicos potentes.
• A maioria dos pacientes evolui com recuperação total.

Complicações Graves
• Em formas graves, podem ocorrer:
• Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA).
• Insuficiência renal aguda.
• Necrose pancreática infectada → pode necessitar de intervenção cirúrgica.
• Mortalidade: aproximadamente 5% na primeira semana em casos graves.

Sequelas
• Abscessos e pseudocistos pancreáticos podem ocorrer como complicações tardias.

Resumo Final
• A pancreatite aguda é uma condição inflamatória grave e potencialmente fatal que exige diagnóstico precoce e tratamento adequado.
• O consumo excessivo de álcool e os cálculos biliares são as principais causas.
• A patogênese envolve a ativação precoce de enzimas pancreáticas e a subsequente autodigestão do tecido pancreático.
• O tratamento envolve principalmente medidas de suporte clínico, com abordagem cirúrgica em casos graves ou com complicações associadas.

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Pancreatite Crônica

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Pancreatite Crônica

  1. Pancreatite Crônica - Conceito e Características Gerais

Definição
• A pancreatite crônica é uma condição inflamatória persistente que resulta em lesão irreversível do pâncreas, caracterizada por:
• Fibrose progressiva do parênquima pancreático.
• Destruição irreversível do componente exócrino e, em estágios avançados, do componente endócrino.

Epidemiologia
• Mais comum em homens de meia-idade, especialmente aqueles com histórico de consumo crônico de álcool.

  1. Pancreatite Crônica - Etiologia

Principais Causas
• Álcool → É a causa mais comum, representando cerca de 70% a 80% dos casos.
• Outras causas incluem:
• Obstrução prolongada do ducto pancreático por cálculos biliares ou neoplasias.
• Lesão autoimune → Associada à pancreatite autoimune com presença de infiltrado rico em plasmócitos produtores de IgG4.
• Pancreatite hereditária → Associada a mutações nos genes PRSS1, SPINK1 e CFTR. Representa até 25% dos casos.

  1. Pancreatite Crônica - Patogênese

Mecanismo de Desenvolvimento
• Frequentemente ocorre após episódios recorrentes de pancreatite aguda.
• Com o tempo, episódios repetidos desencadeiam:
• Perda progressiva do parênquima pancreático.
• Fibrose extensa, resultado da liberação crônica de mediadores inflamatórios.

Fisiopatologia
• A ativação persistente de enzimas digestivas dentro do pâncreas gera lesão tecidual contínua.
• O ciclo inflamatório promove a formação de tecido fibroso, que substitui progressivamente o tecido glandular funcional.

  1. Pancreatite Crônica - Morfologia

Alterações Macroscópicas
• O pâncreas apresenta-se:
• Enrijecido e com áreas de fibrose evidente.
• Pode haver dilatação cística dos ductos pancreáticos.

Alterações Microscópicas
• Fibrose extensa → Substituição do tecido glandular por colágeno.
• Atrofia das células acinares e endócrinas nos estágios mais avançados.
• Destruição dos ácinos pancreáticos (principal componente exócrino).
• Dilatação variável dos ductos pancreáticos com acúmulo de material proteico.
• Infiltrado inflamatório crônico, predominantemente linfocitário.
• O epitélio ductal pode apresentar:
• Atrofia.
• Hiperplasia.
• Metaplasia escamosa (transformação celular adaptativa).

  1. Pancreatite Crônica - Manifestações Clínicas

Sintomas Mais Comuns
• Dor abdominal crônica e persistente, que pode ter duas apresentações:
• Crises de dor intensa (semelhantes à pancreatite aguda).
• Dor contínua, menos intensa, porém debilitante.

Fatores Desencadeantes
• O consumo excessivo de álcool, alimentos gordurosos ou o uso de opiáceos pode precipitar crises dolorosas.

Outras Manifestações
• Febre baixa pode estar presente.
• Alguns pacientes permanecem assintomáticos, sendo diagnosticados apenas após desenvolverem diabetes mellitus ou complicações graves.

  1. Pancreatite Crônica - Achados Clínicos e Diagnóstico

Achados Clínicos
• Elevação transitória de amilase e lipase (em crises agudas).
• Icterícia → Quando há compressão do ducto colédoco.
• Calcificações pancreáticas visíveis em exames radiológicos.
• Perda de peso devido à má absorção.
• Edema associado à inflamação crônica.

Diagnóstico
• O diagnóstico exige:
• Alto grau de suspeição clínica.
• Exames de imagem, como:
• Ultrassonografia.
• Tomografia Computadorizada (TC).
• Ressonância Magnética.
• Exames laboratoriais para avaliar a função pancreática.

  1. Pancreatite Crônica Autoimune

Definição
• Subtipo específico de pancreatite crônica mediada por um processo autoimune associado à presença de IgG4.

Características Clínicas
• Pode simular um adenocarcinoma pancreático, sendo uma causa importante de diagnóstico diferencial.
• Manifesta-se por:
• Aumento do volume pancreático (efeito de massa).
• Infiltrado inflamatório rico em plasmócitos produtores de IgG4.
• Fibrose extensa e venulite (inflamação das vênulas).

Tratamento
• A pancreatite autoimune responde bem ao uso de corticosteroides, o que ajuda a reduzir a inflamação e restaurar parcialmente a função pancreática.

  1. Pancreatite Crônica - Prognóstico

Mortalidade
• A pancreatite crônica apresenta uma taxa de mortalidade de 50% em 20 a 25 anos.

Complicações
• As principais complicações incluem:
• Insuficiência pancreática exócrina → Leva à má absorção de nutrientes e perda de peso.
• Diabetes mellitus → Decorrente da destruição do componente endócrino.
• Formação de pseudocistos (em até 10% dos pacientes).

Risco de Câncer de Pâncreas
• Pacientes com pancreatite hereditária apresentam um risco 40% maior de desenvolver adenocarcinoma pancreático.

Resumo Final
• A pancreatite crônica é uma condição grave e progressiva caracterizada por inflamação persistente, fibrose e destruição irreversível do pâncreas.
• O consumo crônico de álcool é a principal causa, mas fatores genéticos, autoimunes e obstrutivos também desempenham papel importante.
• O manejo envolve controle da dor, suporte nutricional e, em alguns casos, tratamento cirúrgico ou farmacológico específico (ex.: corticoides para pancreatite autoimune).
• O prognóstico é reservado, especialmente em pacientes com complicações graves ou predisposição genética.

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Cistos Não Neoplásicos Congênitos

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Cistos Não Neoplásicos Congênitos

  1. Conceito e Características Gerais

Definição
• Os cistos não neoplásicos congênitos do pâncreas são lesões císticas benignas, geralmente assintomáticas, que se originam devido a anormalidades no desenvolvimento embrionário dos ductos pancreáticos.

  1. Características Macroscópicas
    • Uniloculares: Apresentam apenas uma única cavidade, sem septações internas.
    • Paredes delgadas: A fina camada que envolve o cisto é característica importante que ajuda a diferenciá-los de lesões mais complexas.
    • Desenvolvimento anômalo dos ductos pancreáticos: É a principal causa subjacente à formação desses cistos.
    • Tamanho: Podem variar de < 1 cm até 5 cm de diâmetro.⚠️ Cistos maiores podem gerar sintomas compressivos, enquanto os menores costumam ser achados incidentais.

  1. Características Microscópicas
    • Epitélio cúbico uniforme: O revestimento interno dos cistos é caracterizado por células cúbicas regulares, típicas desse tipo de lesão.
    • Cápsula fibrosa fina: Uma camada fina e fibrosa envolve o cisto, conferindo uma estrutura bem delimitada.
    • Líquido seroso claro: O conteúdo interno é geralmente incolor ou levemente amarelado, o que ajuda na diferenciação com cistos mucinosos, que têm aspecto mais espesso.

  1. Classificação e Associação com Doenças Genéticas

Os cistos pancreáticos congênitos podem ocorrer de forma:

→ Esporádica:**
• Sem associação com doenças hereditárias.
• Geralmente isolados e encontrados como achados acidentais em exames de imagem.

→ Hereditária:**
• Associados a síndromes genéticas, como:
• Doença renal policística autossômica dominante → Doença hereditária que afeta múltiplos órgãos com desenvolvimento de cistos.
• Doença de von Hippel-Lindau → Doença genética que predispõe ao surgimento de tumores e cistos em diversos órgãos, incluindo o pâncreas.

  1. Imagem Macroscópica e Histológica
    • Imagem Macroscópica (esquerda): Observam-se cistos bem delimitados, com paredes finas e conteúdo claro ou levemente seroso.
    • Imagem Histológica (direita): Demonstra as paredes dos cistos revestidas por epitélio cúbico uniforme e presença de uma fina camada fibrosa circundante.

  1. Diagnóstico

Métodos de Imagem
• Ultrassonografia abdominal: Frequentemente identifica cistos como lesões anecoicas bem delimitadas.
• Tomografia Computadorizada (TC): Permite avaliar a estrutura interna e confirmar a ausência de septações complexas ou calcificações.
• Ressonância Magnética (RM): Proporciona excelente visualização dos ductos pancreáticos e pode confirmar o diagnóstico.

Diagnóstico Diferencial

Os cistos congênitos devem ser diferenciados de outras lesões pancreáticas, como:
• Cistoadenoma seroso.
• Cistoadenoma mucinoso.
• Cistoadenocarcinoma.

  1. Conduta e Tratamento
    • Cistos pequenos e assintomáticos → Geralmente não necessitam de tratamento, apenas acompanhamento clínico e por imagem.
    • Cistos grandes ou sintomáticos → Podem exigir drenagem ou ressecção cirúrgica, especialmente se houver compressão de estruturas vizinhas ou suspeita de malignidade.

  1. Prognóstico
    • Excelente prognóstico na maioria dos casos, pois são lesões benignas com baixo risco de transformação maligna.
    • Em pacientes com síndromes genéticas associadas, o acompanhamento é essencial para monitorar o surgimento de novas lesões ou complicações.
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Explicação Detalhada sobre os Slides - Cistos Não Neoplásicos: Pseudocistos

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Cistos Não Neoplásicos: Pseudocistos

  1. Conceito e Definição
    • Os pseudocistos pancreáticos são lesões císticas que se formam como resultado de processos inflamatórios ou traumáticos, especialmente após episódios de pancreatite aguda ou trauma pancreático.
    • Diferentemente dos cistos verdadeiros, os pseudocistos:
    • Não possuem revestimento epitelial, sendo delimitados apenas por tecido fibroso e tecido de granulação.

  1. Características Macroscópicas e Fisiopatológicas
    • Coleções localizadas de material necrótico e hemorrágico, frequentemente contendo resíduos celulares e detritos teciduais.
    • São ricos em enzimas pancreáticas, principalmente amilase e lipase, devido ao rompimento de ductos pancreáticos que liberam essas substâncias no tecido adjacente.
    • Sua parede é formada por tecido fibroso e tecido de granulação, sendo essa estrutura que delimita o pseudocisto.

  1. Frequência e Associação Clínica
    • Os pseudocistos representam cerca de 75% de todas as lesões císticas pancreáticas, tornando-se a forma mais comum dessas lesões.
    • São frequentemente observados após episódios de:
    • Pancreatite aguda, principalmente associada ao consumo excessivo de álcool.
    • Traumas pancreáticos que levam à extravasão de enzimas digestivas.

  1. Características Clínicas e Estruturais
    • Solítários → Em geral, é uma lesão única, embora múltiplos possam ocorrer em casos graves.
    • Tamanho variável → Os pseudocistos podem medir de 2 cm até 30 cm de diâmetro.
    • Localização: Podem ser:
    • Intrapancreáticos (dentro do pâncreas).
    • Periféricos, localizados fora do pâncreas, especialmente no omento ou próximos a outros órgãos.

  1. Fisiopatologia e Evolução
    • O pseudocisto se forma quando há:
    • Necrose hemorrágica do tecido adiposo pancreático.
    • Essa necrose é cercada por tecido fibroso e tecido de granulação, que isolam o material necrótico e enzimático.
    • A formação dessa barreira fibrótica é um mecanismo de defesa do organismo para conter o processo inflamatório e impedir que ele se espalhe para outras regiões.

  1. Complicações

Os pseudocistos podem evoluir para complicações graves se não forem tratados adequadamente:
• Infecção secundária → Pode ocorrer colonização bacteriana, formando um abscesso pancreático.
• Ruptura → Pode levar a peritonite química grave.
• Compressão de órgãos adjacentes → Pode causar obstrução intestinal ou biliar.
• Hemorragia interna → Resultante da erosão vascular pelo processo inflamatório contínuo.

  1. Diagnóstico

Exames de Imagem
• Ultrassonografia abdominal: Revela uma lesão cística anecoica ou heterogênea.
• Tomografia Computadorizada (TC): Exame de escolha para avaliar o tamanho, conteúdo e relação do pseudocisto com estruturas adjacentes.
• Ressonância Magnética (RM): Indicado para avaliar comunicação com os ductos pancreáticos.

Exames Laboratoriais
• Amilase e lipase frequentemente elevadas.
• Em casos de infecção, pode haver leucocitose e elevação de PCR.

  1. Tratamento

A abordagem terapêutica depende do tamanho, localização e presença de sintomas:

Conservador
• Indicado para pseudocistos pequenos (< 6 cm), assintomáticos e sem sinais de infecção.
• Monitoramento por exames de imagem é recomendado.

Drenagem
• Drenagem percutânea guiada por ultrassonografia ou TC é indicada em pseudocistos grandes ou infectados.
• Drenagem endoscópica é uma alternativa minimamente invasiva com bons resultados.

Cirurgia
• Indicada quando há:
• Pseudocisto sintomático que não responde à drenagem.
• Sinais de infecção grave ou risco de ruptura iminente.

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Neoplasias Císticas

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Neoplasias Císticas

  1. Introdução às Neoplasias Císticas

As neoplasias císticas pancreáticas são tumores relativamente raros que apresentam padrão cístico, representando:
• Menos de 15% de todos os cistos pancreáticos.
• Menos de 5% de todas as neoplasias pancreáticas.

Embora sejam menos comuns, algumas dessas lesões têm potencial maligno e, portanto, seu reconhecimento e manejo adequado são fundamentais.

  1. Neoplasia Cística Serosa

Definição e Sinônimos
• Também conhecida como cistoadenoma seroso.
• Caracteriza-se por ser um tumor multicístico (várias pequenas cavidades preenchidas por líquido claro).

Características Clínicas
• Representa cerca de 25% de todas as neoplasias císticas pancreáticas.
• Mais comum em mulheres (proporção de 2:1) e geralmente ocorre entre a 6ª e 7ª décadas de vida.
• Frequentemente assintomática, sendo descoberta como um incidentaloma durante exames de imagem.
• Quando sintomática, pode manifestar-se com dor abdominal inespecífica.

Características Macroscópicas
• Localiza-se com maior frequência na cauda pancreática.
• Os cistos são pequenos (entre 1,0 e 3,0 mm) e apresentam uma cicatriz central estrelada, característica patognomônica dessa neoplasia.

Características Histológicas
• Formado por células cúbicas ricas em glicogênio e com padrão bem organizado.

Comportamento Biológico
• Essa neoplasia é geralmente benigna, podendo ser apenas monitorada se assintomática ou ressecada se houver sintomas.

Genética
• Associada à inativação do gene supressor tumoral VHL (Von Hippel-Lindau).

  1. Neoplasia Cística Mucinosa

Definição e Epidemiologia
• Também chamada de cistoadenoma mucinoso ou neoplasia mucinosa cística (NMC).
• Comum quase exclusivamente em mulheres (95% dos casos).
• Geralmente ocorre na cauda pancreática.

Características Clínicas
• Essas lesões têm potencial maligno e podem evoluir para carcinoma invasivo.
• Frequentemente assintomáticas por longos períodos devido ao crescimento lento e indolor.

Características Macroscópicas
• Apresentam-se como lesões com cavidades císticas maiores, preenchidas por mucina espessa.
• Não possuem comunicação com os ductos pancreáticos.

Características Histológicas
• Revestidas por epitélio colunar produtor de mucina.
• O estroma denso lembra o tecido ovariano, sendo um achado típico e importante para o diagnóstico.

Potencial Maligno
• Aproximadamente 1/3 dessas neoplasias apresenta adenocarcinoma invasivo associado.

Tratamento
• A ressecção cirúrgica é a principal abordagem e, se realizada precocemente, pode ser curativa.

Genética
• Mutações frequentes associadas incluem:
• KRAS
• P53
• RNF43

  1. Diagnóstico Diferencial

As neoplasias císticas pancreáticas devem ser diferenciadas de:
• Pseudocistos pancreáticos (ausência de epitélio e presença de material necrótico).
• Cistoadenocarcinoma mucinoso (versão maligna das neoplasias mucinosas).
• Neoplasias papilares mucinosas intraductais (IPMN) (também produtoras de mucina, porém com comunicação com ductos pancreáticos).

  1. Diagnóstico

Exames de Imagem
• Tomografia Computadorizada (TC): Detecta lesões císticas com alta precisão, permitindo diferenciar entre cistos serosos (pequenos e múltiplos) e mucinosos (grandes e espessos).
• Ressonância Magnética (RM): Oferece melhor visualização do conteúdo e da comunicação com ductos pancreáticos.
• Ultrassonografia Endoscópica (USE): Auxilia na biópsia guiada por agulha fina para análise histológica e confirmação diagnóstica.

  1. Tratamento e Manejo
    • Neoplasia Cística Serosa: Se assintomática, pode ser apenas monitorada. Em casos sintomáticos ou de crescimento progressivo, indica-se a ressecção cirúrgica.
    • Neoplasia Cística Mucinosa: Devido ao potencial maligno, a conduta padrão é a ressecção cirúrgica.

  1. Prognóstico
    • Neoplasia Cística Serosa: Geralmente benigno e com excelente prognóstico se tratado adequadamente.
    • Neoplasia Cística Mucinosa: Prognóstico favorável se diagnosticada precocemente e tratada cirurgicamente. Em casos de adenocarcinoma associado, o prognóstico depende do estágio do tumor.
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Explicação Detalhada sobre os Slides - Neoplasias Císticas Pancreáticas

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Explicação Detalhada sobre os Slides - Neoplasias Císticas Pancreáticas

  1. Neoplasia Intraductal Papilífera Mucinosa (IPMN)

Definição e Epidemiologia
• Sigla: IPMN (Intraductal Papillary Mucinous Neoplasm).
• Neoplasias mucoprodutoras que acometem os grandes ductos pancreáticos.
• Mais comum em homens do que em mulheres.
• Predomina na cabeça do pâncreas, embora também possa ocorrer na cauda.
• Pode ser multifocal (10 a 20% dos casos).

Risco de Malignização
• Essas lesões apresentam potencial para progredir para um carcinoma invasor.
• A detecção precoce é fundamental para prevenir essa progressão.

Genética
• As mutações mais comuns associadas ao IPMN são:
• GNAS
• KRAS
• TP53
• SMAD4
• RNF43

  1. Neoplasia Sólida Pseudopapilar

Definição e Epidemiologia
• Tumor raro, mais comum em mulheres jovens.
• Caracteriza-se por massas geralmente volumosas e bem delimitadas.
• Apresenta componentes sólido e cístico.

Características Clínicas
• Pode ser assintomática, mas seu grande volume pode causar desconforto abdominal.
• Projeções pseudopapilares típicas, mas com células pouco coesas, o que facilita a disseminação se não tratada adequadamente.

Genética e Patogênese
• Associada à inativação da via WNT, que está relacionada à proliferação celular descontrolada.
• Mutações frequentes no oncogene CTNNB1 (que codifica a beta-catenina) são características.

Tratamento
• A ressecção cirúrgica é curativa na maioria dos casos, visto que essas neoplasias geralmente têm comportamento indolente e baixo potencial metastático.

  1. Via de Sinalização WNT e Beta-Catenina

A via WNT é essencial para o controle da proliferação celular e da diferenciação tecidual.

Mecanismo de Ação
1. Célula em repouso (sem estímulo de WNT):
• A β-catenina é capturada por um complexo de destruição que inclui a proteína APC.
• Esse complexo degrada a β-catenina, impedindo a ativação de genes pró-proliferativos.
• Resultado: Sem proliferação.
2. Célula estimulada por WNT:
• O receptor de WNT é ativado, inibindo o complexo de destruição.
• A β-catenina se acumula no citoplasma, migra para o núcleo e ativa genes que estimulam a proliferação celular.
• Resultado: Proliferação celular controlada.
3. Célula tumoral com mutação em APC:
• A ausência da proteína APC impede a degradação da β-catenina, resultando na sua acumulação descontrolada.
• Essa β-catenina em excesso entra no núcleo e ativa continuamente genes relacionados ao crescimento celular.
• Resultado: Proliferação celular descontrolada, favorecendo o desenvolvimento de tumores como a neoplasia sólida pseudopapilar.

  1. Comparação entre as Neoplasias

Característica IPMN Neoplasia Sólida Pseudopapilar
Sexo mais comum Homens > Mulheres Mulheres jovens
Localização mais comum Cabeça do pâncreas Indiferente (qualquer região)
Componente predominante Mucina (ductos) Sólido e cístico
Potencial maligno Alto risco de evolução para carcinoma invasor Geralmente benigno com baixo risco de metástase
Genética associada GNAS, KRAS, TP53, SMAD4, RNF43 CTNNB1 (Beta-catenina)
Tratamento Ressecção cirúrgica precoce Ressecção cirúrgica curativa

  1. Resumo Final
    • O IPMN é uma neoplasia potencialmente maligna que exige vigilância rigorosa e tratamento precoce.
    • A neoplasia sólida pseudopapilar, embora volumosa, tem comportamento indolente, sendo a cirurgia geralmente curativa.
    • A compreensão da via WNT é essencial para entender a patogênese da neoplasia sólida pseudopapilar e seu comportamento biológico.
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EXPLICAÇÃO COMPLETA E DETALHADA SOBRE O ADENOCARCINOMA DO PÂNCREAS

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EXPLICAÇÃO COMPLETA E DETALHADA SOBRE O ADENOCARCINOMA DO PÂNCREAS

  1. Lesões Precursoras do Carcinoma do Pâncreas

Neoplasia Intraepitelial Pancreática (PanIN)
• Definição: A PanIN (Pancreatic Intraepithelial Neoplasia) é uma lesão precursora não invasiva que se origina nos pequenos ductos pancreáticos. É caracterizada por uma sequência progressiva de displasia que pode evoluir para o carcinoma invasivo.
• Características principais:
• Não invasivas: As PanINs ainda não têm capacidade de invadir tecidos adjacentes.
• Origem em pequenos ductos: Diferentemente das neoplasias císticas mucinosas ou IPMNs (neoplasias mucinosas papilares intraductais), que se originam em ductos maiores, as PanINs surgem nos ductos mais finos.
• Displasia progressiva: Existe uma progressão gradual de alterações celulares, desde a hiperplasia até a displasia severa, evoluindo para carcinoma invasivo.

Carcinogênese da Neoplasia Pancreática
• O processo de carcinogênese pancreática é uma sequência bem caracterizada de eventos genéticos e moleculares que envolvem alterações progressivas no DNA.
• Eventos moleculares chave na progressão da PanIN para carcinoma invasivo:
1. Mutação do gene KRAS: Ocorre logo no início da carcinogênese (90-95% dos casos) e promove crescimento celular descontrolado via ativação da via da tirosina quinase e MAPK.
2. Encurtamento dos telômeros: Redução progressiva das extremidades dos cromossomos, favorecendo instabilidade genética.
3. Inativação do gene CDKN2A (p16): Esse gene supressor tumoral, frequentemente mutado, impede a regulação do ciclo celular.
4. Inativação de TP53, SMAD4 e BRCA2: São genes cruciais para apoptose e reparo do DNA; sua perda favorece a progressão tumoral.

Imagem histológica da PanIN
• A imagem apresentada mostra uma lesão proliferativa com arquitetura glandular anormal, núcleos aumentados, pleomorfismo e perda da organização celular típica.

  1. Adenocarcinoma Ductal do Pâncreas

Características gerais
• Tipo histológico predominante: O adenocarcinoma ductal é o subtipo mais comum de câncer pancreático (mais de 90% dos casos).
• Alta mortalidade: É um dos tumores mais letais, com sobrevida média inferior a 5% em 5 anos.
• Invasividade precoce: Mesmo em estágios iniciais, o tumor já tende a infiltrar tecidos vizinhos, dificultando o diagnóstico precoce.

  1. Patogênese Molecular do Adenocarcinoma do Pâncreas

Genes envolvidos
• KRAS: Mutação ativadora em 90-95% dos casos. Essa mutação hiperativa a via MAPK, promovendo crescimento celular descontrolado e evasão da apoptose.
• CDKN2A (p16): Inativado em 95% dos casos. É um gene supressor tumoral essencial para o controle do ciclo celular.
• SMAD4: Inativado em 55% dos casos. Desempenha papel na via de sinalização TGF-β, que regula crescimento e apoptose.
• TP53: Inativado em 70-75% dos casos. Essa proteína é fundamental para a resposta ao dano no DNA e indução de apoptose.
• Via Hedgehog: Via de sinalização importante que, quando ativada, contribui para a proliferação e invasividade tumoral. Pode se tornar um alvo terapêutico promissor.

  1. Epidemiologia

Fatores de risco
• Idade avançada: 80% dos casos ocorrem entre 60 e 80 anos.
• Raça: A população negra tem maior incidência que a branca.
• Tabagismo: Um dos principais fatores de risco evitáveis, associado a uma maior incidência.
• Dieta rica em gorduras: Alimentação com alta ingestão de lipídios pode contribuir para o risco.
• Pancreatite crônica: Processo inflamatório persistente que favorece a carcinogênese.
• Diabetes melito: A resistência insulínica e hiperglicemia crônica estão associadas ao aumento do risco.

Fatores genéticos
• BRCA2: 10% dos cânceres pancreáticos ocorrem em pessoas com essa mutação, sendo mais prevalente em judeus Ashkenazi.
• CDKN2A: Associado a famílias com melanoma hereditário.

  1. Morfologia

Características macroscópicas
• Distribuição anatômica:
• 60% na cabeça do pâncreas.
• 15% no corpo e 5% na cauda.
• 20% têm padrão difuso.
• Aparência: Massas endurecidas, mal definidas e de coloração branco-acinzentada.
• Invasividade precoce: Mesmo lesões pequenas frequentemente infiltram o tecido adiposo peripancreático.
• Reação desmoplásica intensa: O tumor estimula a produção de colágeno e matriz extracelular densa, resultando em fibrose estromal significativa.

Características microscópicas
• Glândulas malignas irregulares: Com acentuado pleomorfismo (variação no tamanho e formato das células e núcleos).
• Fibrose estromal intensa (desmoplasia): Essa fibrose pode dificultar a obtenção de uma amostra diagnóstica adequada na biópsia.
• Variantes morfológicas raras: Incluem adenocarcinoma adenoescamoso, coloide, em anel de sinete e com células gigantes tipo osteoclasto.

  1. Manifestações Clínicas

Sintomas comuns
• Dor abdominal: Geralmente é o sintoma inicial e pode se manifestar de forma vaga, levando a diagnósticos tardios.
• Icterícia obstrutiva: Presente principalmente quando o tumor se localiza na cabeça do pâncreas, resultando na compressão do ducto colédoco.
• Perda de peso, anorexia e fraqueza: Sintomas sistêmicos comuns em neoplasias avançadas.
• Síndrome de Trousseau (Tromboflebite Migratória): Uma condição paraneoplásica que ocorre em cerca de 10% dos pacientes, caracterizada por trombose venosa recorrente devido à ativação de fatores pró-coagulantes.

Diagnóstico
• Menos de 20% dos tumores são ressecáveis no momento do diagnóstico: O envolvimento vascular é o principal fator limitante para a cirurgia curativa.
• Marcadores tumorais: O CA19-9 é amplamente utilizado para monitorar a resposta ao tratamento e avaliar a progressão da doença, embora tenha baixa especificidade para diagnóstico inicial.
• Exames de imagem: Incluem tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM), que são fundamentais para estadiamento e avaliação da ressecabilidade.

  1. Outros Tipos Histológicos
    • Carcinoma de células acinares: Produz enzimas pancreáticas e é morfologicamente distinto do adenocarcinoma ductal.
    • Pancreatoblastoma: Tumor raro, mais comum na infância.
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