Aula 4 P1 Flashcards

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Pólipos e Tumores Gástricos — Explicação Detalhada

A

Pólipos e Tumores Gástricos — Explicação Detalhada

  1. Introdução

Os pólipos gástricos são elevações anormais da mucosa gástrica que podem ser identificadas durante uma endoscopia digestiva alta (EDA). São encontrados em cerca de 5% das EDAs, tornando-se uma condição relativamente comum na prática clínica.

  1. O que são “elevações de mucosa”?

O termo “elevação de mucosa” refere-se a qualquer lesão protuberante que se projeta na luz gástrica. Essas elevações podem ter diversas causas e são classificadas de acordo com sua origem celular ou mecanismo patológico.

Principais causas de elevações de mucosa:

a) Hiperplasia de células epiteliais
• Definição: Crescimento excessivo e desorganizado de células epiteliais na mucosa gástrica.
• Origem: Normalmente associado à gastrite crônica, especialmente quando há infecção por Helicobacter pylori.
• Aspecto endoscópico: Lesões geralmente arredondadas e bem delimitadas.
• Importância clínica: Embora geralmente benignas, essas lesões podem, em alguns casos, evoluir para neoplasias displásicas se houver estímulo contínuo.

Exemplo: Pólipos hiperplásicos, que correspondem a cerca de 75% dos pólipos gástricos.

b) Hiperplasia de células estromais
• Definição: Proliferação excessiva de células do tecido conjuntivo (estroma), que dá suporte estrutural à mucosa gástrica.
• Origem: Pode ocorrer como resposta reparativa à lesão tecidual ou como componente de processos neoplásicos.
• Aspecto endoscópico: Frequentemente se apresentam como lesões sólidas e homogêneas.
• Importância clínica: Embora geralmente benignos, esses pólipos podem crescer significativamente, causando sintomas como dor ou obstrução.

Exemplo: Tumores estromais gastrointestinais (GISTs), que podem ter comportamento maligno.

c) Inflamação
• Definição: Elevações de mucosa podem ser resultado de processos inflamatórios crônicos, que provocam edema e espessamento da parede gástrica.
• Causa comum: Gastrite crônica, frequentemente relacionada ao uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) ou infecção por H. pylori.
• Aspecto endoscópico: Podem se manifestar como placas avermelhadas, com superfície irregular ou ulcerada.
• Importância clínica: Pólipos inflamatórios raramente sofrem transformação maligna, mas sua presença pode indicar um processo patológico subjacente significativo.

d) Ectopias
• Definição: Presença anômala de tecido normal em uma localização anatômica incomum.
• Causa: Desenvolvimento embrionário anômalo que leva à presença de tecidos heterotópicos (fora do local habitual).
• Aspecto endoscópico: Podem se assemelhar a pequenos nódulos ou elevações discretas na mucosa.
• Importância clínica: A maioria das ectopias é assintomática, mas pode produzir ácido ou muco, levando a sintomas como dor epigástrica.

Exemplo: Tecido pancreático ectópico na parede gástrica.

e) Neoplasias
• Definição: Crescimento descontrolado de células que resulta em formação tumoral, podendo ser benigno ou maligno.
• Aspecto endoscópico: As neoplasias gástricas podem se apresentar como pólipos isolados ou múltiplos, com superfície ulcerada ou nodular.
• Importância clínica: As neoplasias malignas, como o adenocarcinoma gástrico, representam uma das principais causas de mortalidade relacionada ao trato digestivo.

Exemplo: Adenocarcinoma gástrico, linfoma gástrico e tumores neuroendócrinos.

  1. Relação Clínica e Diagnóstica
    • O diagnóstico diferencial entre essas condições é essencial, visto que algumas elevações de mucosa são benignas e de baixo risco, enquanto outras podem ter potencial maligno significativo.
    • O exame histopatológico após biópsia é o padrão-ouro para diferenciar esses achados e orientar o manejo clínico adequado.

  1. Conduta Clínica
    • Pólipos pequenos e assintomáticos: Podem apenas ser acompanhados com endoscopias periódicas.
    • Lesões grandes, ulceradas ou suspeitas de malignidade: Requerem ressecção endoscópica ou cirúrgica para avaliação mais precisa.

  1. Considerações Finais
    • A detecção de pólipos gástricos na EDA deve sempre levar à investigação detalhada da sua natureza (benigna ou maligna).
    • Pólipos hiperplásicos e pólipos inflamatórios costumam ter baixo potencial maligno, enquanto lesões neoplásicas necessitam de manejo mais agressivo.
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Pólipos Inflamatórios e Hiperplásicos — Explicação Detalhada e Didática

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Pólipos Inflamatórios e Hiperplásicos — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução aos Pólipos Inflamatórios e Hiperplásicos

Os pólipos inflamatórios e hiperplásicos são as lesões polipoides mais comuns no estômago, representando cerca de 75% do total de pólipos gástricos. São considerados lesões benignas, embora possam apresentar algum risco de transformação maligna dependendo do seu tamanho e contexto histopatológico.

  1. Características Clínicas e Epidemiológicas
    • Prevalência: Representam 75% dos pólipos gástricos detectados em endoscopias digestivas altas (EDA).
    • Idade: Mais frequentes em indivíduos de 50 a 60 anos.
    • Associação com gastrite crônica: A presença prolongada de inflamação na mucosa gástrica, especialmente associada à infecção por Helicobacter pylori (H. pylori), é um fator determinante para seu surgimento.

  1. Patogênese e Formação

A formação dos pólipos hiperplásicos está diretamente relacionada à presença de inflamação crônica na mucosa gástrica. O processo segue esta sequência:
1. Gastrite crônica → 2. Hiperplasia reativa → 3. Formação polipoide

Explicação do Processo
• A gastrite crônica leva à ativação persistente do sistema imunológico, resultando na liberação de citocinas pró-inflamatórias que estimulam o crescimento celular.
• Esse estímulo provoca uma hiperplasia reativa das células epiteliais e do estroma, formando lesões elevadas na mucosa gástrica.
• Essa hiperplasia pode evoluir para uma estrutura polipoide característica.

Observação: O tratamento bem-sucedido da infecção por H. pylori pode levar à regressão espontânea desses pólipos.

  1. Características Endoscópicas e Morfológicas
    • Tamanho: A maioria dos pólipos inflamatórios e hiperplásicos são pequenos, com menos de 1,0 cm.
    • Número: Frequentemente são múltiplos, especialmente em pacientes com gastrite atrófica ou condições crônicas inflamatórias gástricas.
    • Localização: Comumente encontrados na região antro-pilórica do estômago.
    • Superfície: Normalmente apresentam superfície lisa, mas podem conter áreas de erosão ou ulceração devido à fragilidade tecidual.

  1. Associação com Gastrite Atrófica
    • A presença de gastrite atrófica (caracterizada pela perda significativa da mucosa glandular gástrica) é um fator de risco importante para o desenvolvimento desses pólipos.
    • Em pacientes com gastrite atrófica extensa, os pólipos hiperplásicos podem ser mais numerosos e persistentes.

  1. Risco de Transformação Maligna

Embora os pólipos inflamatórios e hiperplásicos sejam predominantemente benignos, há um risco aumentado de displasia e malignização em lesões maiores.

Fatores de risco para displasia/malignização:
• Tamanho maior que 1,5 cm
• Presença de áreas erosivas ou ulceradas
• Achados histológicos com atipias celulares

Conduta prática: Lesões > 1,5 cm devem ser obrigatoriamente removidas e analisadas histologicamente para afastar a possibilidade de malignização.

  1. Conduta Clínica e Tratamento

Acompanhamento
• Pólipos menores que 1 cm: Caso não apresentem sinais de displasia ou ulceração, podem ser apenas acompanhados periodicamente por endoscopia.
• Pólipos maiores que 1,5 cm: Indica-se ressecção endoscópica para análise histológica.

Tratamento da causa subjacente
• Quando associados à infecção por H. pylori, é essencial tratar a bactéria. O tratamento erradica o agente infeccioso e pode levar à regressão espontânea dos pólipos.

  1. Resumo Prático

✅ 75% dos pólipos gástricos são inflamatórios ou hiperplásicos
✅ Associados à gastrite crônica e infecção por H. pylori
✅ Geralmente pequenos e múltiplos
✅ Risco de displasia aumenta com o tamanho
✅ Lesões > 1,5 cm devem ser removidas e analisadas

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Pólipos de Glândulas Fúndicas — Explicação Detalhada e Didática

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Pólipos de Glândulas Fúndicas — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução aos Pólipos de Glândulas Fúndicas

Os pólipos de glândulas fúndicas são lesões benignas que surgem na mucosa gástrica, especialmente no corpo e no fundo gástrico. São considerados pólipos glandulares, originando-se das glândulas oxínticas (também chamadas de glândulas fúndicas), que são responsáveis pela produção de ácido e pepsinogênio no estômago.

Frequência e Importância Clínica
• São comumente encontrados durante endoscopias de rotina, especialmente em pacientes que fazem uso crônico de inibidores da bomba de prótons (IBPs).
• Embora geralmente sejam benignos, em casos raros podem apresentar áreas de displasia.

  1. Etiologia e Fatores de Risco

Os pólipos de glândulas fúndicas podem ser:

a) Esporádicos
• Mais comuns na população geral e frequentemente associados ao uso prolongado de IBPs.
• O uso crônico de IBPs causa uma redução significativa na produção de ácido gástrico, o que gera uma elevação nos níveis de gastrina (hipergastrinemia compensatória). Esse estímulo constante favorece a proliferação das glândulas oxínticas e pode levar ao desenvolvimento de pólipos.

b) Associados à Polipose Adenomatosa Familiar (PAF)
• Pacientes com PAF (uma síndrome genética autossômica dominante) têm maior predisposição a desenvolver esses pólipos de forma múltipla e extensa.
• Nesses pacientes, há maior risco de transformação maligna, tornando essencial um acompanhamento mais rigoroso.

  1. Mecanismo Patogênico (Em Pacientes que Usam IBPs)
    1. Uso prolongado de IBPs ↓
    2. ↓ Produção de ácido (hipocloridria) ↓
    3. ↑ Secreção de gastrina (como mecanismo compensatório) ↓
    4. ↑ Crescimento e proliferação das glândulas oxínticas ↓
    5. Formação de pólipos fúndicos

  1. Características Endoscópicas e Morfológicas

Os pólipos de glândulas fúndicas possuem características específicas:

✅ Localização: Exclusivos do corpo e do fundo gástrico (onde estão as glândulas oxínticas).
✅ Morfologia: Geralmente são lesões arredondadas e lisas.
✅ Tamanho: Pequenos, normalmente com menos de 1 cm de diâmetro.
✅ Número: Podem ser solitários ou múltiplos.
✅ Composição celular: Derivam das células parietais (produtoras de ácido) e das células principais (produtoras de pepsinogênio).
✅ Inflamação: Habitualmente apresentam inflamação ausente ou mínima.

  1. Aspectos Histopatológicos

Na análise histológica, os pólipos de glândulas fúndicas são caracterizados por:
• Glândulas dilatadas e císticas revestidas por células parietais e principais.
• Ausência significativa de atipias celulares, sendo essa característica importante para diferenciá-los de lesões pré-malignas.

  1. Risco de Transformação Maligna
    • Pólipos esporádicos: Geralmente não apresentam potencial maligno e raramente sofrem transformação neoplásica.
    • Pólipos associados à PAF: Nesses casos, o risco de displasia e malignidade é maior, especialmente se os pólipos forem extensos ou apresentarem áreas de ulceração.

Conduta Clínica

🔎 Pólipos menores que 1 cm: Apenas acompanhamento endoscópico periódico.
🔎 Pólipos maiores que 1 cm ou com suspeita de displasia: Indica-se ressecção endoscópica para avaliação histopatológica.
🔎 Em pacientes com PAF: Vigilância rigorosa com endoscopias regulares é essencial.

  1. Resumo Prático

✅ Origem nas glândulas oxínticas do corpo e fundo gástrico
✅ Associados ao uso de IBPs e à PAF
✅ Geralmente pequenos (< 1 cm) e assintomáticos
✅ Inflamação ausente ou mínima
✅ Pólipos maiores que 1 cm exigem biópsia para excluir displasia

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Pólipos Gástricos — Explicação Detalhada e Didática

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Pólipos Gástricos — Explicação Detalhada e Didática

A imagem apresenta cortes histológicos representativos dos principais tipos de pólipos gástricos: Hiperplásico, Hiperplásico ulcerado, Glândulas fúndicas e Adenoma. Abaixo, explicarei detalhadamente cada um desses padrões histológicos, destacando suas características microscópicas, patogênese e importância clínica.

  1. Pólipo Hiperplásico (Imagem A)

Características Histológicas
• Crescimento epitelial exuberante com alongamento das criptas gástricas.
• O epitélio apresenta padrão serrado (em forma de serrilha), característico da hiperplasia.
• As glândulas são revestidas por células foveolares alongadas, com citoplasma claro e núcleos uniformes.
• O estroma pode conter infiltrado inflamatório leve a moderado, principalmente linfócitos e plasmócitos.

Patogênese
• Associado à gastrite crônica, principalmente causada por infecção por Helicobacter pylori (HP).
• O processo inflamatório crônico estimula uma hiperplasia reativa das células epiteliais foveolares, levando à formação do pólipo.

Importância Clínica
• Geralmente benigno e com baixo risco de transformação maligna.
• Pode regredir após erradicação do H. pylori.

  1. Pólipo Hiperplásico Ulcerado (Imagem B)

Características Histológicas
• Estrutura semelhante ao pólipo hiperplásico, porém com áreas de necrose e tecido de granulação na superfície (indicado pela seta na imagem).
• O infiltrado inflamatório é mais intenso, com presença de neutrófilos, indicando uma resposta aguda associada à ulceração.
• Pode haver microhemorragias e depósitos de fibrina.

Patogênese
• A ulceração ocorre devido à fragilidade do pólipo hiperplásico e ao atrito mecânico ou ação agressiva do ácido gástrico.

Importância Clínica
• Embora ulcerado, ainda é geralmente benigno.
• Pode causar sintomas como dor abdominal e sangramentos discretos.

  1. Pólipo de Glândulas Fúndicas (Imagem C)

Características Histológicas
• Estruturas císticas revestidas por epitélio glandular contendo células parietais e principais.
• As glândulas dilatadas conferem ao tecido um aspecto “espongiforme”.
• A inflamação é ausente ou mínima.

Patogênese
• Fortemente associado ao uso prolongado de inibidores da bomba de prótons (IBPs), que levam à diminuição da acidez gástrica e subsequente estímulo à proliferação glandular.
• Também observado em pacientes com polipose adenomatosa familiar (PAF).

Importância Clínica
• Pólipos esporádicos geralmente são benignos e raramente apresentam displasia.
• Em pacientes com PAF, há maior risco de transformação maligna.

  1. Adenoma Gástrico (Imagem D)

Características Histológicas
• Estrutura glandular complexa, com padrão viloso ou túbulo-viloso.
• As células apresentam núcleos alongados, hipercromáticos e com perda da polaridade celular (indicando atipia displásica).
• Pode haver mitoses frequentes e presença de células com maior relação núcleo/citoplasma.

Patogênese
• Associado a condições pré-malignas, como gastrite atrófica e metaplasia intestinal.
• Resulta de uma sequência de alterações moleculares, incluindo mutações em genes como APC, β-catenina e TP53.

Importância Clínica
• Considerado uma lesão pré-maligna com risco significativo de transformação para adenocarcinoma gástrico.
• O risco de malignização aumenta proporcionalmente ao tamanho do adenoma e ao grau de displasia.

  1. Conduta Clínica e Tratamento

✅ Pólipos hiperplásicos pequenos e assintomáticos: Apenas acompanhamento.
✅ Pólipos maiores que 1,5 cm ou ulcerados: Ressecção endoscópica e biópsia para excluir displasia.
✅ Pólipos de glândulas fúndicas associados à PAF: Vigilância rigorosa.
✅ Adenomas: Sempre requerem ressecção completa e avaliação histopatológica devido ao risco elevado de malignização.

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Adenoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

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Adenoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução ao Adenoma Gástrico

O adenoma gástrico é uma lesão neoplásica benigna, porém com potencial significativo para transformação maligna. Ele é considerado uma lesão pré-maligna, especialmente quando associado a displasia de alto grau.
• Representa cerca de 10% de todos os pólipos gástricos.
• Ocorre principalmente em pacientes com fatores predisponentes como gastrite crônica, metaplasia intestinal e atrofia gástrica.

  1. Epidemiologia
    • Prevalência: Aumenta progressivamente com a idade.
    • Sexo: Predominância em homens na proporção de 3:1.
    • Faixa etária: Mais comum em indivíduos com idade entre 50 e 60 anos.
    • Risco aumentado: Em pacientes com Polipose Adenomatosa Familiar (PAF), uma condição genética associada a múltiplos pólipos e maior probabilidade de malignização.

  1. Patogênese e Condições Associadas

O desenvolvimento do adenoma gástrico está intimamente relacionado a lesões crônicas que comprometem a integridade da mucosa gástrica, como:
• Gastrite crônica — especialmente quando há infecção por Helicobacter pylori.
• Atrofia gástrica — com perda significativa das células glandulares.
• Metaplasia intestinal — processo adaptativo em que o epitélio gástrico é substituído por células com características intestinais, especialmente após lesão crônica.

Importante: Essas condições criam um ambiente favorável para a proliferação celular descontrolada e surgimento do adenoma.

  1. Características Morfológicas e Endoscópicas

Localização
• Adenomas gástricos são mais frequentes no antro gástrico, seguido pelo corpo gástrico.

Morfologia Macroscópica
• Podem se apresentar como lesões:
• Sésseis (lesões planas ou levemente elevadas).
• Pediculadas (lesões elevadas com base estreita).
• Sua superfície pode apresentar áreas irregulares, friáveis ou ulceradas, especialmente em casos com displasia.

Morfologia Microscópica
• Na histologia, é comum a presença de:
• Displasia de tipo intestinal: caracterizada por células colunares com núcleos hipercromáticos, alongados e com perda da polaridade celular.
• Pode haver mitoses atípicas e aumento da relação núcleo/citoplasma, indicando displasia de alto grau.

  1. Risco de Transformação Maligna
    • O adenoma gástrico é considerado uma lesão pré-maligna com alto risco de progressão para adenocarcinoma gástrico, especialmente se apresentar as seguintes características:

✅ Tamanho superior a 2 cm → Forte associação com adenocarcinoma.
✅ Presença de displasia de alto grau → Maior risco de transformação maligna.
✅ 30% dos adenomas gástricos poderão apresentar adenocarcinoma em algum grau.

  1. Conduta Clínica

Acompanhamento e Ressecção

🔎 Adenomas menores que 1 cm com displasia de baixo grau → podem ser acompanhados com endoscopia periódica.
🔎 Adenomas maiores que 1 cm ou com displasia de alto grau → Indica-se ressecção endoscópica com margens livres.
🔎 Adenomas maiores que 2 cm → Alto risco de adenocarcinoma → Ressecção endoscópica ou cirúrgica obrigatória.

Tratamento da causa subjacente
• Nos casos associados à infecção por H. pylori, a erradicação da bactéria pode reduzir a progressão para malignidade.

  1. Fatores Prognósticos
    • Tamanho é o principal fator preditor de risco maligno.
    • Adenomas com displasia de alto grau exigem seguimento rigoroso e, muitas vezes, ressecção completa.

  1. Resumo Prático

✅ Adenoma gástrico corresponde a 10% dos pólipos gástricos.
✅ Mais comum em homens (3:1) e adultos entre 50-60 anos.
✅ Associado a gastrite crônica, atrofia e metaplasia intestinal.
✅ Maior risco de adenocarcinoma quando > 2 cm.
✅ 30% dos adenomas podem conter adenocarcinoma.

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Adenoma Gástrico Foveolar — Explicação Detalhada e Didática

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Adenoma Gástrico Foveolar — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução ao Adenoma Gástrico Foveolar

O adenoma gástrico foveolar é uma variante específica dos adenomas gástricos que se origina das células foveolares, responsáveis pelo revestimento da mucosa gástrica.
• É uma lesão neoplásica benigna, porém com potencial de transformação maligna.
• Normalmente são lesões solitárias, como indicado na imagem.
• Embora menos frequente que o adenoma gástrico de tipo intestinal, o adenoma foveolar tem uma importância clínica significativa devido ao seu potencial evolutivo.

  1. Características Clínicas e Epidemiológicas
    • Prevalência: Representa uma pequena porcentagem dos pólipos gástricos.
    • Faixa etária: Mais comum em adultos acima de 50 anos.
    • Gênero: Não há predileção significativa por sexo.
    • Associação com doenças gástricas: Pode estar associado à gastrite crônica, metaplasia intestinal e condições que favoreçam a proliferação celular anômala.

  1. Patogênese e Mecanismo de Formação

O adenoma gástrico foveolar surge a partir de alterações proliferativas nas células foveolares, que revestem as fossas gástricas e são responsáveis pela produção de muco.

Fatores predisponentes incluem:
• Gastrite crônica atrófica: O processo inflamatório contínuo provoca dano tecidual e estimula a proliferação celular compensatória.
• Metaplasia intestinal: Alteração adaptativa que gera um microambiente propício ao desenvolvimento do adenoma.
• Infecção por Helicobacter pylori: Pode atuar como fator desencadeante por meio da indução de inflamação crônica.

  1. Características Histopatológicas

A imagem destaca as principais características microscópicas do adenoma foveolar:

✅ Arquitetura glandular complexa: As glândulas são ramificadas e formam estruturas papilíferas ou vilosas, com epitélio hipercelular.
✅ Epitélio foveolar proliferativo: As células apresentam citoplasma claro e mucosecretor.
✅ Núcleos alongados, hipercromáticos e com perda da polaridade celular: Essa característica indica displasia (geralmente de baixo grau).
✅ Infiltrado inflamatório leve a moderado no estroma.
✅ Ausência significativa de células parietais e principais, característica que diferencia o adenoma foveolar dos pólipos de glândulas fúndicas.

🔎 Observação: A presença de displasia de alto grau pode sugerir maior risco de progressão para adenocarcinoma.

  1. Aspectos Endoscópicos
    • Os adenomas foveolares geralmente se apresentam como lesões:
    • Sésseis ou pediculadas.
    • De coloração avermelhada e com superfície irregular.
    • Tamanho variável, mas lesões maiores que 2 cm apresentam maior risco de transformação maligna.

  1. Risco de Transformação Maligna

Embora o adenoma foveolar seja classificado como uma lesão benigna, ele tem potencial de malignização, especialmente se apresentar:

✅ Displasia de alto grau.
✅ Tamanho maior que 2 cm.
✅ Presença de áreas ulceradas ou necróticas.

🔺 Cerca de 30% dos adenomas gástricos podem progredir para adenocarcinoma gástrico, destacando a importância da vigilância endoscópica rigorosa.

  1. Conduta Clínica e Tratamento

Abordagem Terapêutica

🔹 Lesões menores que 1 cm: Geralmente podem ser apenas acompanhadas com endoscopia periódica.
🔹 Lesões maiores que 1 cm ou com displasia: Indica-se ressecção endoscópica com margens livres.
🔹 Lesões maiores que 2 cm: Devido ao alto risco de malignização, recomenda-se ressecção completa e envio para análise histopatológica.

Acompanhamento
• Pacientes com fatores de risco associados (gastrite atrófica, metaplasia intestinal, infecção por H. pylori) devem ser acompanhados com maior rigor.

  1. Resumo Final

✅ Adenoma foveolar é uma lesão benigna, porém com risco de malignização.
✅ Origina-se das células foveolares, responsáveis pela secreção de muco.
✅ Associado a gastrite crônica e metaplasia intestinal.
✅ Lesões maiores que 2 cm ou com displasia exigem ressecção completa.
✅ 30% dos adenomas podem evoluir para adenocarcinoma.

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Adenoma Gástrico - Tipo Intestinal — Explicação Detalhada e Didática

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Adenoma Gástrico - Tipo Intestinal — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução ao Adenoma Gástrico Tipo Intestinal

O adenoma gástrico tipo intestinal é uma lesão neoplásica benigna com elevado potencial de transformação maligna. Esse tipo de adenoma se caracteriza pela presença de epitélio que imita a mucosa intestinal, incluindo células absortivas e células caliciformes.
• É o tipo mais comum de adenoma gástrico.
• Surge predominantemente em indivíduos com lesões crônicas da mucosa gástrica, como gastrite atrófica e metaplasia intestinal.
• Possui forte associação com o desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico.

  1. Epidemiologia
    • Prevalência: Representa cerca de 10% dos pólipos gástricos, assim como outros tipos de adenomas.
    • Idade: Mais frequente em indivíduos com mais de 50 anos.
    • Sexo: Leve predomínio no sexo masculino.
    • Risco aumentado: Pacientes com Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e aqueles com gastrite atrófica e metaplasia intestinal têm maior probabilidade de desenvolver essa lesão.

  1. Patogênese e Condições Associadas

O adenoma gástrico tipo intestinal surge como resultado de processos inflamatórios crônicos e lesões precursoras que levam à proliferação celular anômala.

Principais fatores predisponentes:

✅ Gastrite crônica atrófica → Cria um ambiente de inflamação persistente que favorece a proliferação celular anômala.
✅ Metaplasia intestinal → Alteração adaptativa que substitui o epitélio gástrico por células do tipo intestinal.
✅ Infecção por Helicobacter pylori → Induz inflamação crônica, que favorece a progressão da metaplasia para adenoma.
✅ Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) → Pacientes com essa síndrome apresentam alto risco para adenomas múltiplos e displasia.

  1. Características Histopatológicas

A imagem destaca as principais características microscópicas do adenoma gástrico tipo intestinal:

✅ Arquitetura glandular complexa: As glândulas são alongadas, ramificadas e com disposição desorganizada.
✅ Presença de células absortivas e caliciformes: Essas células são características da metaplasia intestinal e são comuns nesse tipo de adenoma.
✅ Displasia de baixo ou alto grau: As células apresentam núcleos aumentados, hipercromáticos, com perda da polaridade celular.
✅ Estrutura vilosa ou túbulo-vilosa: O padrão microscópico pode lembrar o dos adenomas intestinais colônicos.

🔎 A presença de displasia de alto grau é um forte indicador de risco para transformação maligna.

  1. Aspectos Endoscópicos
    • Geralmente se apresentam como lesões:
    • Sésseis ou pediculadas.
    • Frequentemente maiores que 1 cm e com superfície irregular.
    • Podem apresentar áreas ulceradas ou friáveis (alto risco de displasia/malignização).

  1. Risco de Transformação Maligna

O adenoma gástrico tipo intestinal é considerado uma lesão pré-maligna com risco significativo de evolução para adenocarcinoma gástrico.

Principais fatores de risco para malignização:

✅ Displasia de alto grau → Eleva consideravelmente o risco.
✅ Tamanho maior que 2 cm → O risco de transformação maligna aumenta proporcionalmente ao tamanho.
✅ Presença de áreas ulceradas ou necróticas.
✅ Associação com metaplasia intestinal extensa e gastrite atrófica.

🔺 Estudos indicam que cerca de 30% dos adenomas gástricos tipo intestinal apresentam áreas de adenocarcinoma ao exame histopatológico.

  1. Conduta Clínica e Tratamento

Abordagem Terapêutica

🔹 Adenomas menores que 1 cm com displasia de baixo grau: Acompanhamento endoscópico periódico.
🔹 Adenomas maiores que 1 cm ou com displasia de alto grau: Indica-se ressecção endoscópica completa com margens livres.
🔹 Adenomas maiores que 2 cm: Devido ao alto risco de malignização, recomenda-se ressecção completa e envio para análise histopatológica.

Acompanhamento
• Pacientes com fatores de risco associados devem ter um cronograma rígido de endoscopias periódicas para vigilância.

  1. Resumo Final

✅ Adenoma gástrico tipo intestinal é a forma mais comum de adenoma gástrico.
✅ Associado a gastrite crônica, metaplasia intestinal e PAF.
✅ Possui risco elevado de transformação maligna, especialmente se maior que 2 cm ou com displasia de alto grau.
✅ 30% dos adenomas podem evoluir para adenocarcinoma.
✅ Ressecção endoscópica é indicada para adenomas com displasia significativa ou maiores que 1 cm.

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Adenoma Gástrico vs Carcinoma Intramucoso — Explicação Detalhada e Didática

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Adenoma Gástrico vs Carcinoma Intramucoso — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução

A distinção entre adenoma gástrico e carcinoma gástrico intramucoso é essencial, pois ambos são lesões proliferativas da mucosa gástrica, porém com características clínicas e prognósticas bastante diferentes.
• O adenoma gástrico é uma lesão benigna, porém pré-maligna.
• O carcinoma intramucoso é uma lesão já considerada maligna, embora ainda esteja confinado à mucosa (sem invasão da submucosa).

A imagem apresentada destaca as principais características histológicas que diferenciam essas condições.

  1. Adenoma Gástrico — Características Histopatológicas (Imagem à Esquerda)

O adenoma gástrico é caracterizado por:

✅ Arquitetura glandular complexa: Glândulas alongadas, ramificadas e com padrão viloso ou túbulo-viloso.
✅ Epitélio displásico: As células apresentam núcleos aumentados, hipercromáticos, com perda da polaridade celular.
✅ Citoplasma reduzido, com predominância nuclear.
✅ Presença de mitoses frequentes, especialmente se houver displasia de alto grau.
✅ Margens bem definidas entre a lesão e o epitélio gástrico normal.

Tipos de Displasia:
• Displasia de baixo grau: Células com alterações nucleares moderadas, ainda mantendo certa organização arquitetural.
• Displasia de alto grau: Forte desorganização arquitetural, atipias celulares marcantes e risco elevado de transformação maligna.

🔎 O adenoma com displasia de alto grau já representa uma lesão altamente suspeita para evolução neoplásica.

  1. Carcinoma Gástrico Intramucoso — Características Histopatológicas (Imagem à Direita)

O carcinoma gástrico intramucoso é definido pela presença de células neoplásicas dentro da mucosa gástrica, sem invasão da camada submucosa.

✅ Complexidade arquitetural acentuada: Estruturas glandulares desorganizadas e irregulares, com fusão entre glândulas e perda da organização glandular típica.
✅ Células pleomórficas: As células apresentam núcleos grandes, irregulares, com cromatina densa e nucléolos evidentes.
✅ Perda da polaridade celular: As células perdem o alinhamento típico observado na mucosa normal.
✅ Invasão da lâmina própria: Embora ainda confinado à mucosa, pode haver infiltração agressiva dentro dessa camada.
✅ Ausência de invasão da submucosa: Essa característica é crucial para diferenciar um carcinoma intramucoso de um carcinoma invasivo avançado.

🔎 A complexidade arquitetural destacada na imagem é uma característica-chave que indica malignidade.

  1. Diagnóstico Diferencial

Critérios Diagnósticos Chave
• O diagnóstico definitivo depende de uma biópsia e avaliação histopatológica minuciosa.
• A distinção entre adenoma com displasia de alto grau e carcinoma intramucoso pode ser desafiadora e frequentemente requer coloração especial ou imunohistoquímica para confirmar malignidade.

  1. Conduta Clínica

Adenoma Gástrico

✅ Lesões menores que 1 cm com displasia de baixo grau: Acompanhamento endoscópico periódico.
✅ Adenomas maiores que 1 cm ou com displasia de alto grau: Indica-se ressecção endoscópica completa.

Carcinoma Intramucoso

✅ O carcinoma intramucoso, embora ainda localizado na mucosa, é considerado uma neoplasia maligna e deve ser tratado com ressecção endoscópica completa (preferencialmente via mucosectomia ou dissecção submucosa endoscópica).
✅ Em lesões maiores ou com suspeita de invasão mais profunda, pode ser indicada uma gastrectomia parcial.

  1. Prognóstico
    • O adenoma gástrico tem excelente prognóstico quando completamente ressecado, especialmente se não houver displasia de alto grau.
    • O carcinoma intramucoso tem prognóstico muito favorável quando tratado precocemente, apresentando taxa de cura próxima de 100% com a ressecção endoscópica adequada.

  1. Resumo Final

✅ Adenoma Gástrico: Lesão benigna, porém com risco de malignização.
✅ Carcinoma Intramucoso: Neoplasia maligna inicial, confinada à mucosa e com alto potencial de cura quando tratada precocemente.
✅ Critério-chave para diferenciar: A complexidade arquitetural e a perda da polaridade celular são os principais sinais indicativos de malignidade.

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Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

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Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução ao Adenocarcinoma Gástrico

O adenocarcinoma gástrico é a neoplasia maligna mais comum do estômago, representando aproximadamente 90% de todos os casos de câncer gástrico.
• É uma doença com alta mortalidade, principalmente porque, em estágios iniciais, apresenta sintomas inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce.
• A progressão geralmente é silenciosa, e a detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura.

  1. Fatores de Risco

O desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico está associado a múltiplos fatores:

✅ Infecção por Helicobacter pylori (fator de risco mais importante);
✅ Gastrite crônica atrófica e metaplasia intestinal;
✅ Dieta rica em alimentos defumados, conservados com sal ou nitritos;
✅ Tabagismo e alcoolismo;
✅ Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e síndrome de Lynch (condições genéticas);
✅ Histórico familiar de câncer gástrico;
✅ Cirurgias gástricas prévias (gastrectomia parcial);
✅ Grupo sanguíneo A (associado a maior risco);
✅ Doença de Menetrier (gastropatia hipertrofiadora);
✅ Anemia perniciosa.

  1. Sintomatologia

a) Sintomas Iniciais (Estágios Precoces)

Os sintomas precoces são geralmente inespecíficos e semelhantes a outras condições gástricas benignas, como gastrite ou úlcera péptica:
• Dispepsia (desconforto abdominal ou indigestão);
• Náuseas e vômitos;
• Dor epigástrica leve e difusa;
• Disfagia (dificuldade para engolir) quando o tumor está localizado na cárdia.

⚠️ Devido à falta de especificidade dos sintomas iniciais, muitos pacientes são diagnosticados tardiamente.

b) Sintomas Tardios (Estágios Avançados)

Nos estágios mais avançados, surgem sintomas mais graves:
• Perda de peso inexplicada;
• Anorexia (falta de apetite);
• Plenitude gástrica (sensação de estômago cheio mesmo após pequenas refeições);
• Anemia ferropriva devido ao sangramento oculto;
• Hemorragia digestiva alta em casos de erosão vascular;
• Massa abdominal palpável em estágios mais avançados.

  1. Classificação Histológica (Classificação de Lauren)

O adenocarcinoma gástrico é dividido em dois principais subtipos com diferentes características clínicas e prognósticas:

a) Tipo Intestinal
• Forma glândulas bem diferenciadas, semelhante ao adenocarcinoma colônico.
• Mais associado à metaplasia intestinal e gastrite crônica.
• Melhor prognóstico em comparação ao tipo difuso.

b) Tipo Difuso
• Crescimento infiltrativo e desorganizado, com células que se espalham por toda a parede gástrica (característico do padrão “linitis plástica”).
• Associado a um pior prognóstico.
• Frequentemente afeta pacientes mais jovens.

  1. Classificação Macroscópica (Classificação de Borrmann)
    • Tipo I: Tumor polipoide, elevado.
    • Tipo II: Úlcera com margens elevadas e bem definidas.
    • Tipo III: Úlcera infiltrativa, com bordas pouco definidas.
    • Tipo IV: Carcinoma difuso infiltrativo (“linitis plástica”), que provoca espessamento rígido da parede gástrica.

  1. Diagnóstico

a) Endoscopia Digestiva Alta (EDA)
• Exame padrão-ouro para o diagnóstico.
• Permite visualização direta da lesão e realização de biópsia para exame histopatológico.

🔎 Na imagem endoscópica: As lesões podem se manifestar como:

•	Úlceras com bordas irregulares;
•	Eritema com alterações na textura da mucosa;
•	Erosões com aspecto granular ou nodular;
•	Áreas deprimidas com perda do relevo normal da mucosa.

b) Exame Histopatológico
• Confirma o diagnóstico ao revelar a presença de glândulas atípicas, com núcleos hipercromáticos e perda da polaridade celular.
• É essencial para determinar o grau de invasão e diferenciação do tumor.

c) Exames Complementares
• Tomografia computadorizada (TC) e ultrassonografia endoscópica são fundamentais para avaliação da extensão do tumor e estadiamento.

  1. Estadiamento (TNM)

O sistema TNM avalia três principais aspectos do tumor:
• T (tumor): Avalia a profundidade da invasão na parede gástrica.
• N (linfonodos): Avalia a presença de metástases linfonodais.
• M (metástase): Identifica metástases a distância.

  1. Tratamento

O tratamento depende do estágio da doença e das condições clínicas do paciente.

a) Cirurgia (Tratamento de escolha)
• Gastrectomia parcial ou gastrectomia total, com ressecção dos linfonodos regionais.
• É a única abordagem potencialmente curativa.

b) Terapia Endoscópica
• Indicada para tumores muito iniciais, como o carcinoma intramucoso.

c) Quimioterapia e Radioterapia
• Utilizadas como terapias adjuvantes para reduzir o risco de recorrência.
• Em estágios avançados, são fundamentais para controle paliativo.

d) Imunoterapia e Terapia-Alvo
• Para casos avançados ou metastáticos, podem ser indicadas terapias específicas, como anticorpos monoclonais (ex.: trastuzumabe para tumores HER2-positivos).

  1. Prognóstico
    • O prognóstico depende fortemente do estadiamento ao diagnóstico.
    • Quando diagnosticado precocemente (confinado à mucosa ou submucosa), a taxa de sobrevida em 5 anos pode ultrapassar 90%.
    • Quando diagnosticado tardiamente, com metástases avançadas, a sobrevida média é significativamente menor.

  1. Resumo Final

✅ Adenocarcinoma gástrico é a neoplasia maligna mais comum do estômago.
✅ Associa-se fortemente à infecção por H. pylori, gastrite atrófica e metaplasia intestinal.
✅ Os sintomas iniciais são inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce.
✅ A EDA com biópsia é essencial para diagnóstico e estadiamento.
✅ O tratamento precoce, especialmente com cirurgia, aumenta significativamente as chances de cura.

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Adenocarcinoma Gástrico - Epidemiologia e Distribuição Geográfica

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Adenocarcinoma Gástrico - Epidemiologia e Distribuição Geográfica

  1. Introdução

O adenocarcinoma gástrico é uma das principais causas de morte por câncer no mundo, com grande variação na incidência de acordo com fatores geográficos, culturais e socioeconômicos.

A variação geográfica é um aspecto importante na epidemiologia desse câncer, influenciada por fatores ambientais, dietéticos e pela prevalência da infecção por Helicobacter pylori.

  1. Distribuição Geográfica

a) Áreas de Alta Incidência
• Países com maior prevalência de adenocarcinoma gástrico incluem:
✅ Japão
✅ Chile
✅ Costa Rica
✅ Europa Oriental

🔎 Por que essas regiões têm alta incidência? Essas áreas apresentam maior prevalência de fatores de risco como:

•	Alta taxa de infecção por Helicobacter pylori.
•	Dietas ricas em alimentos defumados, conservados com sal e pobres em vegetais frescos.
•	Menor consumo de frutas cítricas e antioxidantes.
•	Em algumas regiões, fatores genéticos também contribuem.

b) Áreas de Baixa Incidência
• Países com menor prevalência de adenocarcinoma gástrico incluem:
✅ América do Norte
✅ Norte da Europa
✅ África
✅ Sudeste Asiático

🔎 Por que essas regiões têm menor incidência?

•	Melhor controle da infecção por H. pylori com erradicação precoce.
•	Dietas mais equilibradas, com maior consumo de vegetais frescos e menor ingestão de alimentos defumados ou conservados com sal.
•	Melhor saneamento e condições de higiene, reduzindo a transmissão do H. pylori.

  1. Destaque para o Japão

O Japão apresenta uma das maiores taxas de adenocarcinoma gástrico no mundo. No entanto, essa alta incidência é acompanhada por uma excelente taxa de detecção precoce.

Por que o Japão tem sucesso na detecção precoce?

✅ Programas de Mapeamento Endoscópico: O Japão implementou há décadas uma política rigorosa de rastreamento populacional para câncer gástrico, especialmente em indivíduos acima de 40 anos.
✅ Detecção precoce: Graças a esses programas, cerca de 35% dos novos casos são diagnosticados ainda em fase precoce, quando o tumor está restrito à mucosa e submucosa, aumentando significativamente as chances de cura.

  1. Estimativa Mundial (Mapa da OMS)

A imagem apresenta o mapa global da incidência do adenocarcinoma gástrico.

Interpretação do Mapa:
• As regiões com maior incidência estão destacadas em azul escuro, especialmente o Leste Asiático (Japão, Coreia do Sul) e partes da América Latina (Chile e Costa Rica).
• Regiões com menor incidência aparecem em azul claro, destacando países como os Estados Unidos, Canadá, Austrália e África Subsaariana.

  1. Fatores que Justificam a Variação Geográfica

a) Alimentação e Hábitos Dietéticos
• Dietas ricas em alimentos defumados, salgados e pobres em antioxidantes aumentam o risco.
• Alimentos frescos e ricos em vitamina C reduzem o risco.

b) Infecção por Helicobacter pylori
• O H. pylori é um importante agente etiológico, especialmente em áreas de maior prevalência.
• Essa bactéria promove gastrite crônica, atrofia gástrica e metaplasia intestinal, aumentando o risco de adenocarcinoma.

c) Genética e Predisposição Familiar
• Condições hereditárias como a Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e a Síndrome de Lynch aumentam significativamente o risco.

d) Condições Socioeconômicas
• Populações com menor acesso à saúde e condições sanitárias precárias têm maior risco devido ao aumento da exposição ao H. pylori e menor acesso à triagem endoscópica.

  1. Estratégias de Prevenção e Diagnóstico Precoce
    • Erradicação do Helicobacter pylori em populações de alto risco.
    • Mapeamento endoscópico para detecção precoce, especialmente em áreas com alta prevalência.
    • Educação populacional sobre alimentação saudável e redução do consumo de alimentos defumados ou conservados com sal.

  1. Resumo Final

✅ O adenocarcinoma gástrico é altamente prevalente em regiões como Japão, Chile e Costa Rica.
✅ Infecção por Helicobacter pylori e dietas inadequadas são fatores determinantes.
✅ O Japão lidera em programas de rastreamento, resultando em alta taxa de diagnóstico precoce.
✅ A detecção precoce é fundamental para melhorar o prognóstico e aumentar as taxas de cura.

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Adenocarcinoma Gástrico — Fatores de Risco (Explicação Detalhada e Didática)

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Adenocarcinoma Gástrico — Fatores de Risco (Explicação Detalhada e Didática)

  1. Introdução

Os fatores de risco para o desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico são diversos e incluem tanto condições ambientais quanto fatores biológicos e genéticos. O entendimento desses fatores é essencial para a prevenção e detecção precoce da doença.

  1. Principais Fatores de Risco

a) Condições Socioeconômicas e Ambientais
• Populações mais pobres têm maior risco devido a:
• Condições sanitárias inadequadas, facilitando a transmissão do Helicobacter pylori.
• Menor acesso a alimentos frescos e maior consumo de alimentos conservados com sal e fumaça.
• Falta de acesso a cuidados médicos precoces para diagnóstico e tratamento de lesões precursoras.

b) Condições Gástricas Crônicas

Condições que promovem inflamação e alterações estruturais na mucosa gástrica são fatores de risco importantes:

✅ Gastrite crônica atrófica — Reduz a produção de ácido gástrico e predispõe à metaplasia intestinal.
✅ Metaplasia intestinal — Substituição do epitélio gástrico normal por células do tipo intestinal, com maior risco de malignização.
✅ Displasia — Estado pré-maligno caracterizado por proliferação celular desordenada e atipias nucleares.
✅ Adenoma gástrico — Lesão neoplásica benigna com potencial de transformação maligna.

c) Helicobacter pylori
• O H. pylori é o principal fator de risco ambiental para adenocarcinoma gástrico.
• Essa bactéria induz uma inflamação crônica na mucosa gástrica, resultando em gastrite atrófica e metaplasia intestinal.
• A erradicação precoce do H. pylori reduz significativamente o risco de desenvolvimento de câncer gástrico.

d) Gastrectomia Parcial e Hipocloridria
• Pacientes submetidos a gastrectomia parcial (frequentemente devido a úlcera péptica) apresentam maior risco.
• A hipocloridria (redução na secreção ácida) facilita a proliferação bacteriana no estômago, potencializando a inflamação crônica e a carcinogênese.

e) Alimentação e Hábitos Dietéticos
• Dietas ricas em:
• Alimentos defumados, conservados com sal e alimentos com nitritos aumentam significativamente o risco.
• O consumo elevado de alimentos processados e pobre em frutas e vegetais frescos é fator de risco adicional.
• A refrigeração adequada dos alimentos, que reduz a necessidade de conservantes como o sal e o nitrito, contribuiu para a redução da incidência em muitos países desenvolvidos.

f) Refluxo Gastroesofágico e Esôfago de Barrett
• A incidência de adenocarcinoma da cárdia gástrica está aumentando, especialmente devido à progressão do refluxo gastroesofágico (DRGE) para o Esôfago de Barrett.
• O Esôfago de Barrett ocorre quando o epitélio escamoso do esôfago distal é substituído por epitélio colunar metaplásico, aumentando significativamente o risco de adenocarcinoma na região da cárdia.

g) Condições Genéticas e Hereditárias

Algumas síndromes genéticas conferem risco elevado para adenocarcinoma gástrico:

✅ Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) — Pacientes apresentam risco aumentado para adenomas gástricos e malignização.
✅ Síndrome de Lynch — Associada a risco elevado de tumores do trato gastrointestinal.
✅ Mutação no gene CDH1 — Associada ao adenocarcinoma gástrico difuso hereditário.

  1. Fatores que Justificam a Redução Global da Incidência

Nos últimos anos, a incidência do adenocarcinoma gástrico tem diminuído em muitas regiões do mundo. Os principais fatores que contribuíram para essa redução incluem:

✅ Diminuição na prevalência do H. pylori com melhores condições sanitárias e maior acesso ao tratamento.
✅ Melhorias na dieta, com maior consumo de alimentos frescos e redução do uso de conservantes com nitritos.
✅ Ampliação da refrigeração dos alimentos, reduzindo a necessidade de métodos de conservação prejudiciais.
✅ Programas de rastreamento precoce, especialmente no Japão e na Coreia do Sul, que possibilitaram a detecção precoce e o tratamento de lesões precursoras.

  1. Fatores de Risco Associados à Localização do Tumor
    • Adenocarcinoma da porção distal do estômago: Fortemente associado ao H. pylori, gastrite crônica e dietas inadequadas.
    • Adenocarcinoma da cárdia gástrica: Associado a refluxo gastroesofágico, obesidade e esôfago de Barrett.

  1. Resumo Final

✅ Populações mais pobres, com menor acesso a cuidados médicos e maior exposição ao H. pylori, apresentam maior risco.
✅ Gastrite crônica atrófica, metaplasia intestinal e displasia são fatores de risco importantes.
✅ O H. pylori é o principal agente infeccioso relacionado ao câncer gástrico.
✅ O adenocarcinoma da cárdia está associado ao refluxo gastroesofágico e ao Esôfago de Barrett.
✅ O controle da dieta, melhora das condições sanitárias e erradicação do H. pylori estão reduzindo a incidência global do adenocarcinoma gástrico.

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Classificação Histológica Completa do Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

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Classificação Histológica Completa do Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

A classificação histológica do adenocarcinoma gástrico é fundamental para determinar o comportamento biológico do tumor, o prognóstico e as melhores opções terapêuticas.

Existem duas principais classificações amplamente utilizadas:

✅ Classificação de Lauren (1965)
✅ Classificação da OMS (2010 e 2019)

Cada uma dessas classificações apresenta critérios distintos, que se complementam para uma análise mais completa.

  1. Classificação de Lauren (1965)

A classificação de Lauren é uma das mais utilizadas na prática clínica devido à sua simplicidade e forte associação com o prognóstico.

Subtipos da Classificação de Lauren
• Tipo Intestinal:
🔹 Associado à metaplasia intestinal e à infecção por Helicobacter pylori.
🔹 Crescimento glandular bem diferenciado, semelhante ao adenocarcinoma colônico.
🔹 Melhor prognóstico que o tipo difuso.
• Tipo Difuso:
🔹 Associado à mutação no gene CDH1 (caderina E), que reduz a adesão celular.
🔹 Caracteriza-se por células isoladas ou pequenas cadeias celulares infiltrando a parede gástrica.
🔹 Padrão clássico é o célula em anel de sinete.
🔹 Prognóstico geralmente mais reservado devido ao comportamento infiltrativo.
• Tipo Indeterminado (ou misto):
🔹 Apresenta características mistas dos tipos intestinal e difuso.
🔹 Prognóstico variável, dependendo da predominância de cada padrão.

  1. Classificação da OMS (2010)

A classificação da OMS é mais detalhada e incorpora aspectos morfológicos específicos. Ela inclui os seguintes subtipos:

✅ Adenocarcinoma papilar — Crescimento com projeções vilosas/papilíferas; associado a melhor prognóstico se detectado precocemente.
✅ Adenocarcinoma tubular — Pode variar de bem diferenciado a moderadamente ou pouco diferenciado, conforme o grau de desorganização das glândulas.
✅ Adenocarcinoma mucinoso — Produz grande quantidade de muco extracelular (>50% do volume tumoral).
✅ Carcinoma de células em anel de sinete (Signet-ring cell carcinoma) — Células com vacúolos citoplasmáticos proeminentes que deslocam o núcleo para a periferia.
✅ Carcinoma indiferenciado e outros carcinomas coesos ou não coesos — Subtipos com alto grau de agressividade.
✅ Carcinoma misto — Combinam características de mais de um tipo histológico.

  1. Classificação da OMS (2019) — Atualização

A revisão de 2019 introduziu uma maior especificidade nos padrões histológicos:

✅ Papilar — Variante de crescimento papilar com células colunares.
✅ Tubular, bem diferenciado — Estruturas glandulares bem organizadas.
✅ Tubular, moderadamente diferenciado — Com maior desorganização glandular.
✅ Tubular, pouco diferenciado — Perda quase total da arquitetura glandular.
✅ Carcinoma pouco coeso (signet-ring cell phenotype) — Forma altamente agressiva.
✅ Mucinoso — Produção excessiva de muco, que envolve células neoplásicas.
✅ Misto — Combinação de padrões morfológicos diferentes dentro do mesmo tumor.

  1. Subtipos Histológicos Raros

Alguns subtipos adicionais são descritos e apresentam características únicas:

✅ Carcinoma adenoescamoso — Contém tanto células glandulares quanto células escamosas.
✅ Carcinoma escamoso — Tumor formado apenas por células escamosas, extremamente raro.
✅ Carcinoma hepatoide — Similar ao hepatocarcinoma, com características moleculares específicas.
✅ Carcinoma com estroma linfoide — Associado à presença densa de infiltrado linfocitário, geralmente com melhor prognóstico.
✅ Carcinossarcoma — Tumor agressivo contendo componentes carcinomatosos e sarcomatosos.
✅ Carcinoma de células de Paneth — Variante rara, com padrão semelhante às células de Paneth do intestino delgado.
✅ Carcinoma neuroendócrino misto (MANEC) — Combinação de adenocarcinoma com tumor neuroendócrino.

  1. Importância Clínica da Classificação

✅ Tipo Intestinal (Lauren) → Melhor prognóstico; geralmente detectado em estágios mais precoces.
✅ Tipo Difuso (Lauren) → Prognóstico pior; crescimento infiltrativo agressivo.
✅ Carcinoma de células em anel de sinete → Associado à carcinogênese mais agressiva e disseminação precoce.
✅ Adenocarcinoma mucinoso → Risco aumentado de disseminação linfática.
✅ Carcinoma papilar e tubular bem diferenciado → Melhor resposta cirúrgica e melhor prognóstico.

  1. Resumo Prático

✅ Classificação de Lauren: Simples e fortemente associada ao prognóstico.
✅ Classificação da OMS: Abrange uma ampla variedade de subtipos morfológicos com maior detalhamento.
✅ Detecção precoce e estadiamento adequado são fundamentais para melhorar o prognóstico.

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Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

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Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

  1. Localização e Distribuição Anatômica

O adenocarcinoma gástrico pode se desenvolver em diferentes regiões do estômago, porém apresenta algumas preferências anatômicas importantes:

✅ Maioria ocorre no antro gástrico — Região mais comum devido à maior exposição ao conteúdo alimentar e maior vulnerabilidade à infecção por H. pylori.
✅ Predomínio na pequena curvatura em comparação à grande curvatura — Essa área é mais suscetível à ação de agentes carcinogênicos e processos inflamatórios crônicos.

  1. Subtipos Morfológicos — Classificação de Lauren

A classificação de Lauren divide o adenocarcinoma gástrico em dois principais tipos histológicos:

  1. Adenocarcinoma Gástrico Tipo Intestinal

Características Histopatológicas
• Tumor bem diferenciado, com crescimento glandular organizado.
• Forma massas sólidas bem delimitadas, frequentemente exofíticas ou ulceradas.
• As células tumorais formam estruturas tubulares semelhantes ao epitélio intestinal.
• Geralmente associado a condições pré-malignas, como metaplasia intestinal, gastrite atrófica e displasia.

Aspecto Macroscópico

✅ Massa volumosa com padrão exofítico (crescimento projetado para o lúmen gástrico).
✅ Pode apresentar padrão úlcero-infiltrativo, invadindo a parede gástrica de forma mais agressiva.
✅ Tumores desse tipo são frequentemente diagnosticados mais precocemente que o tipo difuso.

Fatores de Risco
• Associado principalmente a dieta rica em conservantes e alimentos defumados.
• Está relacionado à infecção por Helicobacter pylori, especialmente em pacientes com gastrite crônica atrófica e metaplasia intestinal.

Prognóstico
• Geralmente apresenta melhor prognóstico quando detectado precocemente, devido ao seu padrão de crescimento mais bem delimitado.

  1. Adenocarcinoma Gástrico Tipo Difuso

Características Histopatológicas
• Tumor pouco coeso, caracterizado pela presença de células em anel de sinete.
• As células em anel de sinete contêm um grande vacúolo citoplasmático repleto de mucina, que desloca o núcleo para a periferia, conferindo o aspecto característico semelhante a um anel de sinete.
• Essas células podem infiltrar amplamente a parede gástrica, espalhando-se de forma difusa e desorganizada.

Aspecto Macroscópico

✅ Crescimento infiltrativo, que se espalha pela parede gástrica de forma difusa.
✅ Pode levar à formação da chamada linite plástica ou cantil de couro, em que o estômago se torna rígido e espessado, com perda da capacidade de distensão.

Fatores de Risco
• Associado a fatores genéticos, como mutações no gene CDH1 (caderina E).
• Mais comum em indivíduos mais jovens e sem lesões precursoras evidentes.

Prognóstico
• O tipo difuso tem pior prognóstico devido ao padrão infiltrativo, que frequentemente atrasa o diagnóstico e dificulta a remoção completa da lesão.

  1. Comparação entre os Tipos Intestinal e Difuso

Característica Tipo Intestinal Tipo Difuso
Padrão de Crescimento Glandular, bem diferenciado Infiltrativo, pouco coeso
Morfologia Macroscópica Massa exofítica ou úlcera bem delimitada Infiltração difusa com rigidez da parede gástrica (linite plástica)
Células Tumorais Colunares, bem organizadas Células em anel de sinete, com vacúolo mucinoso
Associação Etiológica Helicobacter pylori, gastrite crônica e metaplasia intestinal Fatores genéticos, mutação no gene CDH1
Idade de Apresentação Mais comum em idosos Mais comum em indivíduos jovens
Prognóstico Melhor prognóstico Prognóstico pior devido à agressividade

  1. Linite Plástica (Cantil de Couro)
    • A linite plástica é uma forma avançada do adenocarcinoma gástrico tipo difuso, caracterizada pela infiltração extensa e rígida da parede gástrica.
    • O estômago adquire um aspecto espessado e endurecido, comprometendo sua distensibilidade.
    • Essa forma agressiva está frequentemente associada ao carcinoma de células em anel de sinete.

  1. Diagnóstico

O diagnóstico do adenocarcinoma gástrico envolve:

✅ Endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia — exame padrão-ouro.
✅ Exame histopatológico para confirmar o tipo histológico e grau de diferenciação.
✅ Ultrassonografia endoscópica — Avalia a profundidade da invasão tumoral.
✅ Tomografia computadorizada (TC) — Essencial para o estadiamento e avaliação de metástases.

  1. Conduta Terapêutica
    • Ressecção cirúrgica é o tratamento padrão para tumores ressecáveis.
    • Quimioterapia neoadjuvante pode ser indicada para reduzir o volume tumoral e melhorar a eficácia da cirurgia.
    • Imunoterapia e terapia-alvo (ex.: trastuzumabe para tumores HER2-positivos) são opções para casos avançados.
    • Em tumores precoces, a ressecção endoscópica pode ser curativa.

  1. Resumo Final

✅ Tipo Intestinal: Forma glandular, bem diferenciada, associada à metaplasia intestinal e gastrite atrófica. Melhor prognóstico.
✅ Tipo Difuso: Crescimento infiltrativo agressivo, associado a células em anel de sinete e à linite plástica. Prognóstico mais reservado.
✅ O diagnóstico precoce é fundamental para melhorar o prognóstico.
✅ Endoscopia digestiva alta com biópsia é essencial para a identificação precoce e estadiamento.

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Adenocarcinoma Gástrico - Tipo Difuso e Linite Plástica — Explicação Detalhada e Didática

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Adenocarcinoma Gástrico - Tipo Difuso e Linite Plástica — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução

O adenocarcinoma gástrico tipo difuso é uma forma agressiva de câncer gástrico, caracterizado por células tumorais pouco coesas, que se infiltram amplamente na parede do estômago. Essa forma está associada à mutação do gene CDH1 e frequentemente se apresenta como linite plástica, um padrão infiltrativo avançado e grave.

  1. Características do Adenocarcinoma Tipo Difuso

a) Características Histológicas
• Células dispersas na mucosa gástrica, sem organização glandular típica.
• Presença frequente de células em anel de sinete, com vacúolo citoplasmático grande que empurra o núcleo para a periferia.
• Essas células são pouco coesas e se espalham difusamente pela parede gástrica.
• A infiltração ocorre na lâmina própria, levando ao espessamento progressivo da parede do estômago.

b) Aspecto Macroscópico
• O tumor infiltra amplamente a parede gástrica, tornando-a rígida e espessada.
• A superfície interna do estômago pode manter um aspecto relativamente normal na endoscopia, dificultando o diagnóstico precoce.
• Essa forma infiltrativa é responsável pelo padrão conhecido como linite plástica ou cantil de couro.

  1. Linite Plástica (Cantil de Couro)

A linite plástica é uma apresentação clínica grave do adenocarcinoma gástrico tipo difuso.

Características Macroscópicas

✅ Espessamento difuso e acentuado da parede gástrica.
✅ Perda da elasticidade e distensibilidade gástrica, tornando o estômago rígido e incapaz de se expandir adequadamente.
✅ A mucosa pode apresentar poucas alterações visíveis, o que dificulta a detecção precoce por endoscopia.

Imagens da Linite Plástica na Figura
• Imagem A: Tomografia computadorizada (TC) mostrando o espessamento difuso da parede gástrica (setas) — achado típico da linite plástica.
• Imagem B: Endoscopia demonstrando uma mucosa aparentemente normal, porém com redução da complacência gástrica.
• Imagem C: Ilustração anatômica representando o espessamento parietal e infiltração difusa.
• Imagem D: Peça anatômica mostrando o estômago rígido, espessado e com padrão característico de “cantil de couro”.

  1. Fatores de Risco para o Adenocarcinoma Tipo Difuso

✅ Mutação no gene CDH1 — Associada à perda da expressão da proteína caderina E, que é essencial para a adesão celular.
✅ História familiar de câncer gástrico difuso hereditário.
✅ Mais comum em indivíduos mais jovens, frequentemente sem fatores de risco ambientais evidentes.
✅ Associado menos frequentemente à infecção por Helicobacter pylori quando comparado ao tipo intestinal.

  1. Quadro Clínico

Os sintomas tendem a ser inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce. Entre os principais estão:

🔹 Dor epigástrica persistente e difusa.
🔹 Sensação de plenitude gástrica precoce (saciedade rápida).
🔹 Náuseas e vômitos frequentes.
🔹 Perda de peso significativa.
🔹 Anemia ferropriva por sangramento crônico oculto.

⚠️ O padrão infiltrativo pode dificultar a visualização precoce na endoscopia, sendo comum o diagnóstico apenas em estágios avançados.

  1. Diagnóstico

a) Exames de Imagem

✅ Tomografia Computadorizada (TC): Evidencia espessamento difuso da parede gástrica e perda da distensibilidade — achado típico na linite plástica.
✅ Ultrassonografia Endoscópica (USE): Permite avaliar com precisão a extensão da infiltração tumoral.
✅ Endoscopia Digestiva Alta (EDA): Embora essencial, pode não detectar lesões superficiais, especialmente se não houver ulceração evidente.

b) Biópsia
• A biópsia gástrica é essencial, com amostras retiradas de múltiplos pontos da parede gástrica para aumentar a sensibilidade do exame.
• Na histologia, a presença de células em anel de sinete e infiltrado difuso confirma o diagnóstico.

  1. Estadiamento

O adenocarcinoma tipo difuso frequentemente apresenta disseminação precoce para:

✅ Linfonodos regionais.
✅ Peritônio (carcinomatose peritoneal).
✅ Ovários (tumor de Krukenberg, caracterizado por metástase ovariana bilateral).

  1. Tratamento

a) Cirurgia
• Gastrectomia total com linfadenectomia extensa é o tratamento padrão para tumores ressecáveis.
• No caso de linite plástica, a cirurgia é mais desafiadora devido à ampla infiltração tumoral.

b) Quimioterapia
• Indispensável nos casos avançados ou metastáticos.
• Quimioterapia neoadjuvante pode ser utilizada para reduzir o volume tumoral antes da cirurgia.

c) Terapia-Alvo e Imunoterapia
• Tumores com superexpressão do gene HER2 podem responder ao trastuzumabe.
• Novas terapias imunológicas têm se mostrado promissoras em tumores metastáticos.

  1. Prognóstico

❗ O adenocarcinoma gástrico tipo difuso apresenta um prognóstico reservado devido ao comportamento infiltrativo agressivo e ao diagnóstico frequentemente tardio.
❗ A taxa de sobrevida em 5 anos é inferior a 30% em estágios avançados.
✅ O diagnóstico precoce e a realização de gastrectomia total podem melhorar significativamente o prognóstico.

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Adenocarcinoma Gástrico — Patogênese (Explicação Detalhada e Didática)

A

Adenocarcinoma Gástrico — Patogênese (Explicação Detalhada e Didática)

  1. Introdução

A patogênese do adenocarcinoma gástrico é complexa e envolve fatores genéticos, moleculares e ambientais. Embora existam formas hereditárias da doença, a maioria dos casos é esporádica e está relacionada a mutações adquiridas ao longo da vida.

  1. Classificação Etiológica

a) Câncer Esporádico (Sporadic Cancer)

✅ Representa a maioria dos casos de adenocarcinoma gástrico (cerca de 90%).
✅ Associado principalmente a fatores ambientais, como infecção por Helicobacter pylori, dieta inadequada e tabagismo.
✅ Frequentemente apresenta mutações adquiridas no gene TP53, um gene supressor tumoral essencial na regulação do ciclo celular e apoptose.

🔎 Mutações no TP53 → Associadas à perda do controle do ciclo celular, permitindo o acúmulo de outras mutações e a progressão tumoral.

b) Câncer Hereditário (Hereditary Cancer)

✅ Representa 1% a 3% dos casos.
✅ Está associado a mutações germinativas em genes específicos, sendo o mais relevante a mutação no gene CDH1.
✅ Essa mutação é típica do Carcinoma Gástrico Difuso Hereditário, frequentemente associado à presença de células em anel de sinete e infiltrado difuso na parede gástrica.

⚠️ Mutação no CDH1 → Essa alteração resulta na perda da proteína caderina E, essencial para a adesão celular, favorecendo o padrão infiltrativo e agressivo do tumor.

✅ Outras síndromes genéticas associadas ao câncer gástrico incluem:
• Síndrome de Lynch — Associada a tumores com instabilidade de microssatélites.
• Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) — Associada ao surgimento de adenomas gástricos.

c) Câncer Associado a Lesões Precursoras

✅ O adenocarcinoma gástrico do tipo intestinal está frequentemente associado a lesões precursoras, como:
• Gastrite crônica atrófica
• Metaplasia intestinal
• Displasia epitelial
• Adenomas gástricos

🔎 O rastreamento dessas lesões precursoras, especialmente por meio da endoscopia digestiva alta, é essencial para o diagnóstico precoce.

  1. Papel do Gene TP53 na Patogênese

O gene TP53 é um dos principais alvos moleculares envolvidos no desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico.

✅ Função normal do TP53: Atua como um supressor tumoral, regulando o ciclo celular e promovendo a apoptose em células danificadas.
✅ Mutações no TP53: Comuns na maioria dos tumores gástricos esporádicos. Essas mutações levam à perda do controle do ciclo celular, favorecendo a proliferação celular anômala e o acúmulo de mutações adicionais.

🧬 Tumores TP53-mutados são geralmente mais agressivos e apresentam comportamento biológico desfavorável.

  1. Patologia Molecular e Genética

A patogênese molecular do adenocarcinoma gástrico envolve diversas vias de sinalização alteradas, incluindo:

✅ Instabilidade de microssatélites (MSI): Associada a tumores com acúmulo de mutações em regiões repetitivas do DNA, comum em pacientes com síndrome de Lynch.
✅ Mutação no gene CDH1: Relacionada ao padrão infiltrativo difuso e presença de células em anel de sinete.
✅ Amplificação do gene HER2: Associada a tumores agressivos, que respondem ao tratamento com trastuzumabe.
✅ Mutação na via Wnt/β-catenina: Associada ao adenocarcinoma intestinal.

  1. Prevenção e Diagnóstico Precoce

Fatores que favorecem o diagnóstico precoce:

✅ Rastreamento com endoscopia digestiva alta em regiões de alta incidência (como Japão e Coreia do Sul).
✅ Detecção precoce de lesões precursoras, como metaplasia intestinal e displasia.
✅ Identificação de indivíduos com mutações genéticas associadas, como mutações no gene CDH1 (indicação para gastrectomia profilática em casos de alto risco).

  1. Resumo Final

✅ A maioria dos casos de adenocarcinoma gástrico é esporádica, associada a mutações adquiridas, principalmente no gene TP53.
✅ Casos hereditários são menos comuns, mas podem ocorrer, especialmente em famílias com mutações no gene CDH1.
✅ A identificação de lesões precursoras e a realização de exames endoscópicos periódicos são fundamentais para a prevenção e diagnóstico precoce.
✅ O conhecimento das vias moleculares envolvidas tem permitido avanços em terapias-alvo e estratégias personalizadas para o tratamento.

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Q

TP53 - O Guardião do Genoma (Explicação Detalhada e Didática)

A

TP53 - O Guardião do Genoma (Explicação Detalhada e Didática)

  1. Introdução ao Gene TP53

O TP53 é um dos genes supressores tumorais mais importantes do organismo, sendo conhecido como o “Guardião do Genoma”. Ele é essencial para a integridade celular e atua na prevenção da formação de tumores, promovendo a estabilidade do DNA.

✅ Localizado no cromossomo 17p13.1.
✅ Codifica a proteína p53, que exerce funções críticas na resposta celular ao estresse e ao dano ao DNA.
✅ Pertence à família de genes que inclui também o p63 e p73, que têm papéis complementares na regulação celular.

  1. Função do TP53 e Papel na Resposta ao Estresse Celular

A proteína p53 é ativada em resposta a uma variedade de estímulos que ameaçam a integridade do DNA, como:
• Encurtamento dos telômeros — Indicativo de envelhecimento celular e replicações excessivas.
• Hipóxia — Condição de baixa oxigenação, que pode gerar instabilidade genômica.
• Estresse por excesso de sinais pró-crescimento — Estímulos oncogênicos que podem promover proliferação celular descontrolada.

🔎 p53 age como um “sensor de danos celulares”, interrompendo o ciclo celular quando detecta problemas no DNA.

  1. Mecanismo de Ação da p53

Cenário 1: Célula Normal (sem mutação no TP53)

1️⃣ Dano ao DNA → Estímulos como radiação ionizante, agentes mutagênicos ou hipóxia ativam a proteína p53.
2️⃣ Acúmulo de p53 → A p53 se acumula e se liga ao DNA, ativando genes que controlam a resposta celular ao dano.
3️⃣ Resposta ao dano:
• Parada do ciclo celular na fase G1: Isso permite que a célula tenha tempo para reparar o DNA danificado.
• Ativação de genes reparadores, como o GADD45, que restaura o DNA.
• Indução da senescência celular (parada permanente do ciclo celular).
• Indução da apoptose (morte celular programada) caso o dano seja irreparável.

✅ Se o reparo for bem-sucedido → A célula retorna ao ciclo celular normal.
✅ Se o reparo falhar → A célula é direcionada à apoptose, evitando a formação de uma célula mutante.

Cenário 2: Célula com Mutação no TP53

1️⃣ A célula sofre dano ao DNA, mas, devido à mutação no gene TP53, a proteína p53 não é ativada.
2️⃣ Sem a ação da p53, a célula:
• Não interrompe o ciclo celular, permitindo que células com mutações continuem a se proliferar.
• Não ativa genes reparadores, aumentando a instabilidade genômica.
• Não ativa a apoptose, favorecendo a sobrevivência de células mutantes.

➡️ Esse processo permite que células geneticamente instáveis proliferem descontroladamente, promovendo a formação de tumores malignos.

  1. Genes Ativados pela p53

A p53 atua ativando uma série de genes envolvidos na resposta ao estresse celular:

✅ p21 — Inibidor da Ciclina-Dependente Quinase (CDK), responsável pela parada do ciclo celular na fase G1.
✅ GADD45 — Garante a reparação eficiente do DNA.
✅ BAX — Atua na indução da apoptose em células com dano irreversível.

  1. TP53 e Câncer

A mutação no gene TP53 é uma das alterações genéticas mais frequentes nos cânceres humanos, ocorrendo em aproximadamente 50% dos tumores sólidos.

Tumores com alta incidência de mutação TP53
• Adenocarcinoma gástrico (especialmente tipo intestinal).
• Carcinoma pulmonar.
• Carcinoma colorretal.
• Câncer de mama.
• Câncer de esôfago.
• Tumores cerebrais (glioblastoma).

➡️ As mutações no TP53 geralmente resultam na produção de uma proteína p53 não funcional, incapaz de interromper o ciclo celular ou induzir apoptose.

  1. Síndrome de Li-Fraumeni

A síndrome de Li-Fraumeni é uma condição hereditária causada por uma mutação germinativa no gene TP53.

🔎 Caracteriza-se por uma predisposição ao desenvolvimento de múltiplos tumores malignos em idade precoce, incluindo:
• Sarcomas.
• Câncer de mama.
• Tumores cerebrais.
• Carcinomas adrenocorticais.

✅ O rastreamento precoce e o monitoramento rigoroso são essenciais para esses pacientes.

  1. Resumo Final

✅ TP53 é um gene fundamental na proteção contra o câncer, promovendo parada do ciclo celular, reparo do DNA e apoptose.
✅ Mutações no TP53 estão associadas a diversos cânceres agressivos e de difícil tratamento.
✅ A ativação eficiente da proteína p53 é essencial para manter a integridade genômica.
✅ A síndrome de Li-Fraumeni é uma condição hereditária grave relacionada à mutação germinativa no TP53.

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Q

Adenocarcinoma Gástrico - Mecanismos Genéticos e Moleculares (Explicação Detalhada e Didática)

A

Adenocarcinoma Gástrico - Mecanismos Genéticos e Moleculares (Explicação Detalhada e Didática)

  1. Introdução

O adenocarcinoma gástrico tipo difuso é uma forma altamente agressiva e invasiva, associada a alterações genéticas específicas que comprometem a adesão celular. As principais mutações relacionadas envolvem os genes CDH1 e BRCA2.

  1. Mutações no Gene CDH1 e E-Caderina

a) O que é o Gene CDH1?
• O gene CDH1 é responsável por codificar a proteína E-caderina, uma molécula essencial para a adesão celular e manutenção da integridade do tecido epitelial.
• Localizado no cromossomo 16q22.1.
• A E-caderina é uma glicoproteína que forma junções de adesão entre células epiteliais, contribuindo para a coesão celular e a arquitetura tecidual normal.

b) Papel da E-Caderina na Prevenção do Câncer

✅ Atua como um importante supressor tumoral, evitando que células se separem e invadam tecidos adjacentes.
✅ Promove a adesão intercelular, especialmente em tecidos epiteliais como a mucosa gástrica.
✅ Inibe a invasão tumoral e a disseminação metastática.

⚠️ A perda ou redução da expressão da E-caderina está fortemente associada ao comportamento infiltrativo e à agressividade do adenocarcinoma gástrico tipo difuso.

c) Mutações no Gene CDH1
• A mutação no gene CDH1 resulta na perda da função da E-caderina, comprometendo a adesão celular.
• Essa perda permite que células se tornem pouco coesas, característica fundamental do carcinoma gástrico difuso.
• Essa mutação é observada tanto em casos hereditários quanto em casos esporádicos.

d) Adenocarcinoma Difuso Hereditário
• A mutação germinativa no gene CDH1 é responsável pelo desenvolvimento do Carcinoma Gástrico Difuso Hereditário (CGDH).
• Indivíduos portadores dessa mutação apresentam um risco muito elevado de desenvolver adenocarcinoma gástrico difuso ao longo da vida (risco superior a 70%).
• Esse tipo de tumor frequentemente se apresenta de forma silenciosa, tornando o rastreamento precoce essencial.
• Em alguns casos, a gastrectomia profilática é recomendada para pacientes com mutação em CDH1 identificada por testes genéticos.

e) Adenocarcinoma Difuso Esporádico
• A mutação no CDH1 está presente em cerca de 50% dos casos esporádicos de adenocarcinoma gástrico difuso.
• Mesmo nos casos em que essa mutação não está presente, a expressão da E-caderina encontra-se frequentemente diminuída, contribuindo para a característica de células pouco coesas.

  1. Mutações no Gene BRCA2 e Adenocarcinoma Gástrico

a) O que é o Gene BRCA2?
• O gene BRCA2 é responsável por codificar uma proteína envolvida na reparação do DNA por recombinação homóloga, protegendo a célula contra mutações.
• Localizado no cromossomo 13q12.3.

b) BRCA2 e Câncer Gástrico
• Pacientes com mutação no gene BRCA2 têm maior risco de desenvolver diversos tipos de câncer, incluindo:
• Câncer de mama.
• Câncer de ovário.
• Adenocarcinoma gástrico difuso.

🔎 O aumento do risco de adenocarcinoma gástrico difuso nesses pacientes se deve à instabilidade genômica resultante de falhas nos mecanismos de reparo do DNA.

  1. Comparação entre Mutações CDH1 e BRCA2

Característica Mutação CDH1 Mutação BRCA2
Hereditário ou esporádico Ambas as formas (mais comum em hereditário) Principalmente hereditário
Mecanismo Perda da E-caderina → perda da adesão celular Falha no reparo do DNA → instabilidade genômica
Associado a Adenocarcinoma gástrico difuso Adenocarcinoma gástrico difuso (menor frequência)
Risco adicional Alto risco (> 70% na vida) Risco aumentado, porém menor que CDH1
Conduta preventiva Gastrectomia profilática recomendada em mutações germinativas Rastreio oncológico intensivo

  1. Diagnóstico e Conduta

a) Testes Genéticos
• Indivíduos com histórico familiar de câncer gástrico difuso ou portadores da mutação no gene CDH1 devem ser submetidos a testes genéticos para avaliação do risco.
• O teste genético também é indicado para pacientes com múltiplos casos de câncer gástrico na família ou histórico de síndrome de Li-Fraumeni ou síndrome de Lynch.

b) Gastrectomia Profilática
• Em pacientes com mutação germinativa em CDH1, a gastrectomia profilática é frequentemente recomendada para prevenir o desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico difuso, devido à alta taxa de malignização.

c) Vigilância Endoscópica
• Para pacientes com mutação em BRCA2 ou outros fatores de risco, recomenda-se endoscopia periódica para detecção precoce de lesões precursoras.

  1. Resumo Final

✅ O gene CDH1 codifica a proteína E-caderina, essencial para a adesão celular e controle da invasão tumoral.
✅ Mutações no CDH1 estão presentes em cerca de 50% dos adenocarcinomas gástricos difusos esporádicos e em praticamente 100% dos casos hereditários.
✅ Pacientes com mutação germinativa no gene CDH1 têm indicação de gastrectomia profilática devido ao alto risco de câncer gástrico.
✅ Indivíduos com mutação no gene BRCA2 apresentam maior risco de desenvolver adenocarcinoma gástrico difuso, embora esse risco seja menor que na mutação do CDH1.
✅ A perda da E-caderina é uma das principais razões para o comportamento infiltrativo e agressivo do adenocarcinoma gástrico tipo difuso.

18
Q

E-caderina — Explicação Detalhada e Didática

A

E-caderina — Explicação Detalhada e Didática

  1. O que é a E-caderina?

A E-caderina é uma glicoproteína de superfície celular essencial para a adesão intercelular, especialmente em tecidos epiteliais. É codificada pelo gene CDH1, localizado no cromossomo 16q22.1.

✅ Atua como uma molécula de adesão celular dependente de cálcio, formando junções de adesão (desmossomos e aderens junctions) entre células epiteliais.
✅ Mantém a coesão celular e contribui para a arquitetura e organização do tecido epitelial.

  1. Funções da E-caderina

a) Adesão Celular
• A principal função da E-caderina é formar junções de adesão, que mantêm células epiteliais firmemente conectadas.
• Ela interage com proteínas intracelulares como a beta-catenina, promovendo a ligação entre o citoesqueleto celular e as células adjacentes.

➡️ Ligação com Beta-catenina: Essa interação é crucial para estabilizar a célula e controlar a comunicação entre células vizinhas.

b) Regulação do Crescimento e Proliferação Celular
• Quando as células mantêm contato através da E-caderina, ocorre uma inibição por contato, que impede o crescimento desordenado.
• Caso essa adesão seja perdida (ex.: durante uma lesão ou dano tecidual), as células são estimuladas a proliferar para reparar o tecido.

➡️ Perda temporária da E-caderina → Ativação da proliferação celular durante o processo de reparo.

c) Papel na Homeostase Tecidual
• A E-caderina regula a polaridade celular e organiza as células epiteliais em camadas bem estruturadas.
• Sua integridade é essencial para manter a barreira epitelial, protegendo o organismo contra patógenos e agentes cancerígenos.

  1. E-caderina e Neoplasias

A perda ou disfunção da E-caderina está fortemente associada ao desenvolvimento e progressão de tumores agressivos.

a) Mutações no Gene CDH1
• As mutações no gene CDH1 levam à perda da expressão ou ao funcionamento inadequado da E-caderina.
• Essa perda resulta na desorganização do tecido epitelial e facilita o comportamento invasivo das células tumorais.

➡️ A perda de E-caderina é uma das principais características do adenocarcinoma gástrico tipo difuso, no qual as células se tornam pouco coesas, invadindo difusamente a parede gástrica.

b) Mecanismo Molecular da Perda de E-caderina
• Sem a E-caderina, a beta-catenina fica livre no citoplasma e pode se translocar para o núcleo, onde atua como fator de transcrição pró-oncogênico.
• Essa ativação leva à expressão de genes que promovem a proliferação celular e a sobrevivência tumoral.

➡️ Essa via molecular está envolvida na progressão de tumores como o adenocarcinoma gástrico tipo difuso, carcinoma lobular invasor da mama e carcinoma endometrial agressivo.

c) Tumores Relacionados à Perda de E-caderina

✅ Adenocarcinoma gástrico tipo difuso — Associado à mutação do gene CDH1.
✅ Carcinoma lobular invasor da mama — Caracterizado por células isoladas e infiltrativas, frequentemente com perda de E-caderina.
✅ Carcinoma endometrial e carcinoma de pâncreas também podem estar associados à perda da E-caderina.

  1. Imagens Histológicas (Análise das Imagens)

🔬 Imagem Superior Direita (A e B)
• A: Tecido epitelial normal, com organização glandular típica.
• B: Tecido tumoral com perda significativa da coesão celular, indicando possível perda da E-caderina.

🔬 Imagem Inferior Direita (C e D)
• C: Imunohistoquímica positiva para E-caderina → As células exibem coloração marrom intensa nas membranas celulares, indicando presença adequada da proteína.
• D: Imunohistoquímica negativa para E-caderina → A ausência de marcação indica perda da proteína, evidenciando risco aumentado para comportamento tumoral agressivo.

🔬 Imagem Inferior Esquerda (Mama)
• Coloração positiva para E-caderina, indicando presença normal da proteína em tecido mamário saudável.

  1. Relevância Clínica

✅ Adenocarcinoma Gástrico Difuso: Tumores difusos são altamente agressivos devido à perda de E-caderina, que permite a infiltração extensa da parede gástrica.
✅ Câncer de Mama (Carcinoma Lobular): A ausência de E-caderina é um marcador histológico característico do carcinoma lobular invasor.
✅ Diagnóstico Molecular: A imunohistoquímica para E-caderina é uma ferramenta essencial para identificar a perda dessa proteína e avaliar o risco de neoplasias agressivas.

  1. Resumo Final

✅ A E-caderina é uma proteína chave na adesão celular e no controle da proliferação celular.
✅ Mutações no gene CDH1 resultam na perda da E-caderina, promovendo invasão tumoral e comportamento agressivo, especialmente no adenocarcinoma gástrico tipo difuso e no carcinoma lobular da mama.
✅ A imunohistoquímica para E-caderina é uma ferramenta valiosa para diagnóstico e avaliação prognóstica.
✅ Em pacientes com mutação no gene CDH1, pode-se indicar gastrectomia profilática devido ao risco elevado de câncer gástrico difuso.

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Q

Adenocarcinoma Gástrico — Patogênese do Tipo Intestinal (Explicação Detalhada e Didática)

A

Adenocarcinoma Gástrico — Patogênese do Tipo Intestinal (Explicação Detalhada e Didática)

  1. Introdução

O adenocarcinoma gástrico tipo intestinal é uma das formas mais comuns de câncer gástrico e está associado a alterações moleculares específicas, especialmente na via de sinalização Wnt e em processos inflamatórios relacionados à infecção por Helicobacter pylori.

Essa forma de câncer está fortemente associada a condições pré-malignas, como gastrite atrófica, metaplasia intestinal e displasia.

  1. Via de Sinalização Wnt e Carcinogênese

A via Wnt/β-catenina é uma importante via de sinalização envolvida na regulação da proliferação celular, diferenciação e apoptose. Alterações nessa via estão fortemente ligadas ao desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico tipo intestinal.

a) Mecanismo Normal da Via Wnt

Em condições normais:

✅ Sem estímulo Wnt:
• A proteína β-catenina é continuamente degradada por meio de um complexo destruidor formado pelas proteínas:
🔹 APC (gene supressor tumoral)
🔹 AXIN
🔹 GSK3β (glicogênio sintase quinase 3 beta)
• Esse complexo sinaliza a β-catenina para degradação via proteassoma, evitando o acúmulo excessivo dessa proteína.

✅ Com estímulo Wnt:
• A via Wnt é ativada por meio da ligação de ligantes Wnt a seus receptores (como Frizzled e LRP5/6).
• Essa ativação inibe o complexo destruidor, permitindo que a β-catenina se acumule e migre para o núcleo.
• No núcleo, a β-catenina ativa genes que promovem a proliferação celular e a sobrevivência.

b) Alterações na Via Wnt na Carcinogênese

No adenocarcinoma gástrico tipo intestinal, ocorrem mutações que desregulam essa via:

✅ Perda de função do gene APC:
• O gene APC é um importante gene supressor tumoral que regula a degradação da β-catenina.
• Quando há mutação ou perda de função do APC, o complexo destruidor não consegue degradar a β-catenina, levando ao seu acúmulo no citoplasma e posterior migração para o núcleo.
• Isso resulta na ativação descontrolada de genes pró-crescimento e na proliferação celular excessiva.

✅ Ganho de função no gene da β-catenina:
• Mutações no gene que codifica a β-catenina (CTNNB1) tornam essa proteína resistente à degradação.
• Assim como na perda do APC, a β-catenina se acumula no núcleo e ativa genes oncogênicos.

🔎 Resultado final: Proliferação celular excessiva, instabilidade genômica e desenvolvimento tumoral.

  1. Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e Risco de Câncer Gástrico

A Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) é uma síndrome genética hereditária causada por mutações no gene APC.

✅ Pacientes com PAF apresentam múltiplos pólipos no trato gastrointestinal, especialmente no cólon e estômago.
✅ Essa condição está associada a um risco aumentado de desenvolver adenocarcinoma gástrico tipo intestinal.

⚠️ Pacientes com PAF exigem vigilância endoscópica rigorosa para detecção precoce de lesões malignas.

  1. Infecção por Helicobacter pylori e Carcinogênese

A infecção crônica por Helicobacter pylori (HP) é um fator de risco importante para o desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico tipo intestinal.

Mecanismos Imunológicos e Inflamatórios

A infecção por HP desencadeia uma resposta inflamatória crônica que envolve:

✅ Interleucina-1 beta (IL-1β): Potente mediador inflamatório que estimula a inflamação e favorece a carcinogênese.
✅ Fator de Necrose Tumoral (TNF): Promove a apoptose e estimula a produção de espécies reativas de oxigênio, causando danos ao DNA.
✅ Interleucina-10 (IL-10): Componente anti-inflamatório que, paradoxalmente, pode facilitar o crescimento tumoral ao reduzir a resposta imune efetiva.
✅ Interleucina-8 (IL-8): Atrai neutrófilos e amplifica a resposta inflamatória, aumentando o dano tecidual.
✅ Receptor tipo Toll 4 (TLR4): Ativado por componentes bacterianos, favorecendo a resposta inflamatória crônica e a proliferação celular descontrolada.

➡️ O processo inflamatório persistente gera lesões na mucosa gástrica, culminando em gastrite atrófica, metaplasia intestinal e, eventualmente, adenocarcinoma gástrico.

20
Q

Via de Sinalização Wnt — Explicação Detalhada e Didática

A

Via de Sinalização Wnt — Explicação Detalhada e Didática

  1. Introdução à Via de Sinalização Wnt

A via de sinalização Wnt/β-catenina é uma das principais vias de controle da proliferação celular, diferenciação e homeostase tecidual. Alterações nessa via estão fortemente associadas à carcinogênese, especialmente no adenocarcinoma gástrico tipo intestinal e no câncer colorretal.

  1. Componentes Fundamentais da Via Wnt
    • Wnt: Ligante extracelular que ativa a via.
    • Receptor Frizzled e LRP5/6: Receptores na membrana celular que reconhecem e se ligam ao Wnt.
    • β-catenina: Proteína citoplasmática que atua como fator de transcrição quando acumulada no núcleo.
    • APC (Adenomatous Polyposis Coli): Gene supressor tumoral que faz parte do complexo destruidor da β-catenina.
    • Complexo de destruição: Estrutura formada por proteínas como APC, AXIN, GSK3β e CK1, que degradam a β-catenina quando não há estímulo Wnt.
    • TCF (T-cell factor): Fator de transcrição que, quando associado à β-catenina, ativa genes relacionados à proliferação celular.

  1. Mecanismo da Via de Sinalização Wnt

A figura ilustra os três principais cenários da via Wnt:

A) Célula em Repouso — Sem Estímulo de Wnt (Sem Proliferação)
• Sem a presença do ligante Wnt, o complexo destruidor (composto por APC, AXIN e GSK3β) permanece ativo.
• Esse complexo induz a fosforilação da β-catenina, sinalizando-a para degradação via proteassoma.
• Como resultado, a β-catenina não se acumula no núcleo e a via de proliferação permanece desligada.
➡️ Resultado: Sem proliferação celular.

B) Célula com Estímulo de Wnt — Via Ativada (Proliferação Controlada)
• Quando a molécula Wnt se liga ao seu receptor (Frizzled) e ao co-receptor LRP5/6, o complexo destruidor é inativado.
• Sem a ação do complexo destruidor, a β-catenina se acumula no citoplasma e migra para o núcleo.
• No núcleo, a β-catenina se associa ao fator de transcrição TCF, ativando genes responsáveis pela proliferação celular, sobrevivência celular e diferenciação.
➡️ Resultado: Proliferação celular controlada (processo normal em tecidos que precisam se regenerar).

C) Célula Tumoral com Mutação em APC — Proliferação Descontrolada
• Quando há uma mutação no gene APC, o complexo destruidor é inativado mesmo na ausência do estímulo Wnt.
• Como consequência, a β-catenina se acumula no citoplasma e migra continuamente para o núcleo, ativando genes pró-proliferação de forma descontrolada.
• Essa ativação permanente favorece a proliferação celular excessiva, promovendo o surgimento de tumores.
➡️ Resultado: Proliferação descontrolada e carcinogênese.

  1. Papel da Via Wnt na Carcinogênese

a) Mutação no Gene APC (Adenomatous Polyposis Coli)
• O gene APC é um dos principais genes supressores tumorais e está frequentemente inativado em tumores epiteliais, especialmente no adenocarcinoma gástrico tipo intestinal e no câncer colorretal.
• A perda de função do APC impede a degradação da β-catenina, promovendo a ativação contínua da via Wnt e favorecendo a proliferação descontrolada.

🔎 Exemplo clínico: Pacientes com Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) apresentam mutação germinativa no gene APC, sendo altamente propensos ao desenvolvimento de câncer colorretal e gástrico.

b) Ganho de Função na β-catenina (Gene CTNNB1)
• Mutações no gene CTNNB1, que codifica a β-catenina, tornam essa proteína resistente à degradação pelo complexo destruidor.
• Isso gera um acúmulo permanente de β-catenina no núcleo, favorecendo a ativação constante da proliferação celular.

c) Infecção por Helicobacter pylori e a Via Wnt
• A infecção crônica por Helicobacter pylori promove um estado inflamatório que pode estimular a via Wnt de forma indireta.
• Citocinas inflamatórias, como IL-1β, TNF, e IL-8, ativam vias que convergem na estabilização da β-catenina, contribuindo para a proliferação celular excessiva.

  1. Consequências da Ativação Anormal da Via Wnt

✅ Proliferação celular descontrolada
✅ Resistência à apoptose
✅ Instabilidade genômica
✅ Formação de tumores com potencial invasivo elevado

  1. Relevância Clínica

Tumores Fortemente Associados à Via Wnt

✅ Adenocarcinoma gástrico tipo intestinal
✅ Câncer colorretal
✅ Meduloblastoma
✅ Carcinoma hepatocelular

  1. Resumo Final

✅ A via Wnt/β-catenina é essencial para a regulação normal da proliferação celular, mas sua ativação descontrolada está associada ao desenvolvimento de neoplasias.
✅ A mutação no gene APC é uma das alterações mais comuns na carcinogênese do adenocarcinoma gástrico tipo intestinal e na Polipose Adenomatosa Familiar (PAF).
✅ A presença de β-catenina acumulada no núcleo é um marcador diagnóstico importante em certos tipos de câncer.
✅ O bloqueio da via Wnt é uma abordagem terapêutica promissora em tumores dependentes dessa sinalização.

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Gene APC — Guardião da Neoplasia de Cólon (Explicação Detalhada e Didática)

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Gene APC — Guardião da Neoplasia de Cólon (Explicação Detalhada e Didática)

  1. O que é o gene APC?

O gene APC (Adenomatous Polyposis Coli) é um dos principais genes supressores tumorais e tem papel essencial na regulação do crescimento e diferenciação celular.

✅ Localizado no cromossomo 5q21.
✅ É conhecido como o “Guardião da Neoplasia de Cólon” devido ao seu papel crítico na prevenção do câncer colorretal e outras neoplasias epiteliais.

  1. Funções do gene APC

O gene APC desempenha várias funções essenciais, sendo fundamental na regulação da via de sinalização Wnt/β-catenina.

a) Controle do Destino Celular
• O gene APC regula o equilíbrio entre células que devem se proliferar, diferenciar ou entrar em apoptose.
• Essa função é essencial para a renovação celular nos tecidos epiteliais de rápida regeneração, como o epitélio colônico e gástrico.

b) Controle na Adesão Celular
• O gene APC interage com proteínas responsáveis pela organização do citoesqueleto e adesão celular.
• Essa função contribui para a manutenção da arquitetura normal do tecido e impede a disseminação celular desordenada.

c) Controle da Polaridade Celular
• O gene APC atua na manutenção da polaridade celular, organizando as células epiteliais de forma ordenada para formar barreiras funcionais.
• Esse controle é essencial para a integridade do epitélio intestinal e gástrico.

d) Regulação da Via Wnt/β-Catenina

O gene APC é um regulador negativo da via de sinalização Wnt/β-catenina, que controla a proliferação celular.
• Em condições normais, o APC forma parte do complexo destruidor (composto por APC, AXIN e GSK3β), que degrada a proteína β-catenina.
• Essa degradação impede que a β-catenina migre para o núcleo e ative genes pró-proliferação.
➡️ Resultado: Controle rigoroso da proliferação celular.

⚠️ A perda da função do APC leva ao acúmulo de β-catenina no núcleo, favorecendo a proliferação descontrolada e o desenvolvimento tumoral.

e) Estímulo e Monitoramento da β-Catenina
• A β-catenina é uma proto-oncoproteína que, quando em excesso no núcleo, ativa genes relacionados ao crescimento celular e à sobrevivência.
• O gene APC monitora e controla a quantidade de β-catenina no citoplasma, prevenindo sua acumulação excessiva.

➡️ Resultado: Quando o APC está funcional, impede que a β-catenina ative genes pró-tumorais de forma descontrolada.

  1. Mutação no gene APC e Neoplasias

a) Mutação no gene APC
• As mutações no gene APC são comuns nos seguintes tumores:
✅ Adenocarcinoma colorretal (especialmente em casos esporádicos e hereditários).
✅ Adenocarcinoma gástrico tipo intestinal.
✅ Tumores desmoides.
✅ Carcinomas hepatocelulares.

b) Polipose Adenomatosa Familiar (PAF)

A mutação germinativa no gene APC é a causa da Polipose Adenomatosa Familiar (PAF), uma síndrome hereditária caracterizada por:

✅ Desenvolvimento precoce de centenas a milhares de pólipos adenomatosos no cólon e reto.
✅ Altíssimo risco de progressão para adenocarcinoma colorretal (próximo de 100% se não tratado).
✅ Risco aumentado de tumores extra-intestinais, como:
• Adenocarcinoma gástrico.
• Carcinoma da tireoide.
• Tumores desmoides (tumores fibroblásticos agressivos).

➡️ Conduta padrão: Pacientes com PAF geralmente são submetidos a colectomia profilática para prevenir o desenvolvimento de câncer colorretal.

c) Mecanismo da Carcinogênese por Mutação no APC
• Quando ocorre uma mutação no gene APC, o complexo destruidor da β-catenina é inativado.
• Isso gera um acúmulo de β-catenina no citoplasma, que migra para o núcleo e ativa genes que promovem a proliferação celular descontrolada.
• A perda do APC é um evento inicial na sequência adenoma → carcinoma na carcinogênese colorretal.

➡️ Exemplo clássico: Progressão adenoma → carcinoma na sequência de Vogelstein, comum no câncer colorretal esporádico e hereditário.

  1. Relevância Clínica

a) Diagnóstico
• Testes genéticos para identificar mutações no gene APC são recomendados para indivíduos com:
✅ História familiar de PAF.
✅ Presença de múltiplos pólipos colorretais.
✅ Diagnóstico precoce de câncer colorretal.

b) Tratamento e Prevenção
• Pacientes com mutação em APC e diagnóstico de PAF devem ser acompanhados com:
✅ Colonoscopia frequente para detecção precoce de lesões malignas.
✅ Colectomia profilática é frequentemente indicada para prevenir o desenvolvimento de adenocarcinoma.

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Carcinogênese Gástrica — Explicação Completa e Didática

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Carcinogênese Gástrica — Explicação Completa e Didática

A imagem apresenta um modelo sequencial da carcinogênese gástrica, destacando as alterações morfológicas, genéticas e epigenéticas que caracterizam os dois principais tipos de adenocarcinoma gástrico: Tipo Intestinal e Tipo Difuso. Essa sequência é conhecida como o Modelo de Correa.

  1. Modelo de Correa — Progressão para Adenocarcinoma Gástrico

O modelo descreve uma sequência de eventos que ocorre desde a mucosa gástrica normal até o desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico. Essa sequência é diferente para os tipos intestinal e difuso.

  1. Carcinogênese do Tipo Intestinal

🔹 Progressão Morfológica
• Mucosa gástrica normal → Gastrite atrófica crônica → Metaplasia intestinal → Displasia → Adenocarcinoma tipo intestinal

🔹 Eventos Moleculares

A sequência da carcinogênese envolve uma série de alterações genéticas e epigenéticas:

✅ Gastrite atrófica crônica:
• Induzida principalmente pela infecção por Helicobacter pylori.
• Estresse oxidativo → Formação de radicais livres.
• Aumento de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6 e IL-10.
• Hiperexpressão de DNA metilado e presença de instabilidade de microssatélites (MSI).

✅ Metaplasia intestinal:
• Ativação de TERT (telomerase reverse transcriptase) → Estimula a imortalização celular.
• Expressão de RARβ (Receptor de Ácido Retinoico) → Relacionado à diferenciação celular anormal.
• Superexpressão de p53 e transcrição aberrante de CD44, uma molécula associada à invasão celular.

✅ Displasia:
• Mutações em APC, p53 e MLH1 (gene reparador de DNA) promovem crescimento celular descontrolado.
• Instabilidade de microssatélites (MSI), que contribui para maior taxa de mutações.

✅ Adenocarcinoma tipo intestinal:
• Perda de heterozigosidade (LOH) em genes supressores tumorais como TP53, APC e BCL2.
• Redução na expressão de p27 e TGFB1, que normalmente inibem o ciclo celular.
• Amplificação de oncogenes como EGFR, ERBB2, VEGFA, PIK3CA, KRAS e NRAS → Esses genes promovem proliferação celular e angiogênese.

  1. Carcinogênese do Tipo Difuso

🔹 Progressão Morfológica
• Mucosa gástrica normal → Perda de E-caderina → Adenocarcinoma tipo difuso

🔹 Eventos Moleculares

O processo carcinogênico do tipo difuso envolve alterações genéticas que promovem a perda da coesão celular:

✅ Gastrite crônica:
• Desacetilação de histonas → Alteração epigenética que facilita a inativação de genes supressores tumorais.
• Ativação de TERT (telomerase), que contribui para a sobrevivência das células tumorais.

✅ Perda da E-caderina:
• Mutação ou perda de expressão da E-caderina (gene CDH1) é o principal evento molecular no tipo difuso.
• Essa perda resulta na perda de coesão celular, permitindo que células tumorais se espalhem de forma difusa na parede gástrica.

✅ Adenocarcinoma tipo difuso:
• Perda de heterozigosidade (LOH) em genes como TP53.
• Amplificação de oncogenes como FGFR2, MET e MDM2, além de mutações no gene RHOA, que estão associados à invasão tumoral e disseminação difusa.

  1. Relevância Clínica

✅ Detecção precoce é essencial para melhorar o prognóstico, especialmente nos casos associados à infecção por H. pylori.
✅ O reconhecimento das diferenças moleculares é fundamental para guiar o uso de terapias-alvo, como:
• Anti-HER2 (ex.: trastuzumabe) para tumores com amplificação de ERBB2.
• Inibidores de FGFR2 para adenocarcinomas com essa mutação.

➡️ Pacientes com mutação no gene CDH1 devem ser avaliados para gastrectomia profilática devido ao risco elevado de carcinoma gástrico difuso.

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Classificação Molecular do Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

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Classificação Molecular do Adenocarcinoma Gástrico — Explicação Detalhada e Didática

A classificação molecular do adenocarcinoma gástrico é um avanço importante na compreensão e no tratamento dessa neoplasia. Baseia-se nas alterações genéticas, epigenéticas e nas vias de sinalização envolvidas no desenvolvimento desse câncer.

  1. Classificação Molecular do Adenocarcinoma Gástrico (The Cancer Genome Atlas - TCGA)

O consórcio The Cancer Genome Atlas (TCGA) propôs uma classificação molecular moderna para o adenocarcinoma gástrico, subdividida em quatro subtipos principais:

🔹 1. EBV-Associated (Vírus Epstein-Barr)
• Mutações no gene PIK3CA (envolvido na via PI3K/AKT).
• Superexpressão de PD-L1/PD-L2, promovendo escape imunológico.
• Hiperexpressão do fenótipo EBV-CIMP (hipermetilação associada ao vírus Epstein-Barr).
• Silenciamento do gene CDKN2A (gene supressor tumoral importante).
• Fortemente associado a resposta imunológica intensa, com potencial resposta à imunoterapia.

➡️ Prognóstico: Potencialmente melhor resposta à imunoterapia.

🔹 2. MSI (Instabilidade de Microssatélites)
• Associado a hipermetilação e silenciamento do gene MLH1 (responsável pelo reparo do DNA).
• Alta taxa de mutações somáticas devido a falhas no sistema de reparo de DNA.
• Associado a tumores com alta carga mutacional (TMB), favorecendo a resposta à imunoterapia.

➡️ Prognóstico: Melhor prognóstico devido à alta imunogenicidade.

🔹 3. CIN (Instabilidade Cromossômica)
• Caracterizado por anormalidades cromossômicas e amplificações em oncogenes como:
✅ PIK3CA
✅ ERBB2 (HER2)
✅ EGFR
✅ VEGFA
• Fortemente associado ao adenocarcinoma gástrico tipo intestinal.
• Frequentemente localizado na junção gastroesofágica e antro.

➡️ Prognóstico: Associado a disseminação hematogênica e metástases.

🔹 4. GS (Genomic Stable)
• Apresenta estabilidade genômica, sem instabilidade cromossômica evidente.
• Fortemente associado ao adenocarcinoma gástrico tipo difuso.
• Caracterizado por mutações nos genes:
✅ CDH1 (perda de E-caderina).
✅ RHOA (relacionado à organização do citoesqueleto e adesão celular).

➡️ Prognóstico: Pior prognóstico devido à infiltração difusa e comportamento agressivo.

  1. Classificação Histológica e Molecular — WHO e Lauren

A classificação histológica tradicional ainda é amplamente utilizada e se complementa com a classificação molecular.

🔹 Adenocarcinoma Gástrico Tipo Intestinal (Lauren)
• Associado à instabilidade cromossômica (CIN).
• Comumente apresenta amplificações em HER2 e PIK3CA.
• Pode exibir Instabilidade de Microssatélites (MSI).
• Tumores bem diferenciados, com padrão glandular e crescimento expansivo.
• Predomina em homens idosos.

➡️ Prognóstico: Melhor que o tipo difuso; resposta favorável à terapia anti-HER2 e imunoterapia (quando MSI).

🔹 Adenocarcinoma Gástrico Tipo Difuso (Lauren)
• Associado a estabilidade genômica (GS).
• Principal característica molecular: Mutação no gene CDH1 → Perda da E-caderina, resultando na perda de coesão celular e crescimento infiltrativo.
• Também pode apresentar mutações em RHOA e MDM2.
• Predomina em mulheres jovens e tem forte relação com casos familiares.
• Comumente associado à disseminação peritoneal e comportamento agressivo.

➡️ Prognóstico: Reservado, devido ao crescimento infiltrativo e disseminação rápida.

  1. Aplicações Clínicas

A classificação molecular tem impacto direto nas estratégias terapêuticas:

✅ Tumores CIN: Tratamento com trastuzumabe (anti-HER2) e terapia-alvo para EGFR e VEGFA.
✅ Tumores MSI e EBV-Associated: Boa resposta à imunoterapia (inibidores de PD-L1).
✅ Tumores GS (tipo difuso): Desafio terapêutico devido ao comportamento infiltrativo e resistência ao tratamento padrão.

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Adenocarcinoma Gástrico — Aspectos Clínicos (Explicação Completa e Didática)

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Adenocarcinoma Gástrico — Aspectos Clínicos (Explicação Completa e Didática)

  1. Adenocarcinoma Gástrico Tipo Intestinal

O adenocarcinoma gástrico tipo intestinal segue uma sequência bem definida de alterações morfológicas e moleculares conhecida como Modelo de Correa.

🔹 Características Clínicas do Tipo Intestinal
• Áreas de alto risco: Mais prevalente em regiões com maior incidência de câncer gástrico, como Japão, China, Chile, Costa Rica e países da Europa Oriental.
• Origem em lesões precursoras: Esse tipo surge a partir de uma progressão conhecida como carcinogênese sequencial, que envolve:
➡️ Gastrite atrófica crônica → Metaplasia intestinal → Displasia → Adenocarcinoma.
• Idade média: Surge predominantemente em indivíduos com idade média de 55 anos.
• Distribuição por gênero: Relação de incidência 2:1 (homens mais afetados que mulheres).

🔹 Fatores de Risco para o Tipo Intestinal

✅ Infecção por Helicobacter pylori
✅ Dieta rica em alimentos defumados e salgados
✅ Consumo excessivo de nitratos (conversão em nitrosaminas)
✅ Tabagismo e etilismo
✅ Condições como gastrite atrófica e metaplasia intestinal

🔹 Características Macroscópicas
• Tumores geralmente bem delimitados, com crescimento expansivo e padrão exofítico ou ulcerado.
• Frequentemente apresentam aspecto semelhante a massas sólidas com áreas necróticas centrais.

🔹 Características Histológicas
• Formado por células organizadas em glândulas ou túbulos.
• Comumente associado à instabilidade cromossômica (CIN) e mutações em genes como APC, TP53 e HER2.

🔹 Prognóstico
• Melhor que o tipo difuso devido à sua tendência de crescimento mais localizado e diagnóstico mais precoce.

  1. Adenocarcinoma Gástrico Tipo Difuso

O adenocarcinoma tipo difuso tem características clínicas, morfológicas e moleculares distintas.

🔹 Características Clínicas do Tipo Difuso
• Incidência uniforme entre países: Não apresenta variações geográficas expressivas, ao contrário do tipo intestinal.
• Ausência de lesões precursoras: Surge diretamente como tumor maligno, sem evolução prévia por metaplasia intestinal ou displasia.
• Distribuição por gênero: Incidência semelhante em homens e mulheres.

🔹 Fatores de Risco para o Tipo Difuso

✅ Mutação no gene CDH1 → Reduz a expressão da proteína E-caderina, responsável pela adesão celular.
✅ História familiar de câncer gástrico difuso hereditário (indicação para gastrectomia profilática).
✅ Tabagismo e predisposição genética.

🔹 Características Macroscópicas
• Tumores com padrão de crescimento infiltrativo, frequentemente formando uma estrutura rígida conhecida como “linite plástica” ou “estômago em couro de lixa”.
• Essa infiltração é extensa, comprometendo grandes áreas da parede gástrica e tornando o estômago rígido e pouco distensível.

🔹 Características Histológicas
• Células em padrão “anel de sinete” (signet ring cells), caracterizadas por:
➡️ Citoplasma volumoso e rico em mucina.
➡️ Núcleo deslocado para a periferia.
• O padrão histológico é difuso, com células dispersas e ausência de organização glandular.

🔹 Prognóstico
• Prognóstico mais reservado devido à:
➡️ Infiltração difusa e dificuldade no diagnóstico precoce.
➡️ Alta taxa de disseminação peritoneal e linfática.
• Frequentemente diagnosticado em estágios avançados, aumentando a mortalidade.

  1. Comparação entre os Tipos Intestinal e Difuso

Característica Tipo Intestinal Tipo Difuso
Epidemiologia Áreas de alto risco (Japão, Chile, etc.) Incidência uniforme entre países
Fatores de Risco H. pylori, dieta rica em nitratos, tabagismo Mutação no CDH1, fatores genéticos
Lesões Precursoras Sim (gastrite atrófica → metaplasia → displasia) Não
Idade de início Média de 55 anos Pode ocorrer mais precocemente
Distribuição por gênero Predomínio masculino (2:1) Incidência igual entre homens e mulheres
Crescimento Tumoral Expansivo, bem delimitado Infiltrativo, crescimento difuso
Macroscopia Tumor volumoso e ulcerado Padrão infiltrativo difuso (linite plástica)
Histologia Padrão glandular Células em anel de sinete, crescimento disperso
Prognóstico Melhor prognóstico devido ao crescimento mais localizado Pior prognóstico devido à infiltração difusa e diagnóstico tardio

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Adenocarcinoma Gástrico — Prognóstico e Tratamento (Explicação Completa e Didática)

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Adenocarcinoma Gástrico — Prognóstico e Tratamento (Explicação Completa e Didática)

  1. Prognóstico do Adenocarcinoma Gástrico

O prognóstico do adenocarcinoma gástrico depende de três principais fatores:

🔹 1. Profundidade da Invasão

A invasão da parede gástrica é um dos critérios mais relevantes na avaliação do prognóstico e é classificada segundo o sistema TNM (Tumor, Nódulo, Metástase):
• Tis (Tumor in situ) → Restringe-se ao epitélio ou lâmina própria.
• T1 → Invasão até a submucosa.
• T2 → Invasão até a muscular própria.
• T3 → Invasão através da serosa.
• T4 → Invasão de estruturas adjacentes (ex.: pâncreas, fígado).

➡️ Quanto maior o grau T, pior o prognóstico.

🔹 2. Extensão das Metástases Nodais

A disseminação linfática é comum no adenocarcinoma gástrico e está associada à extensão da doença.
• N0 → Sem metástases linfonodais.
• N1 → 1 a 2 linfonodos comprometidos.
• N2 → 3 a 6 linfonodos comprometidos.
• N3 → ≥ 7 linfonodos comprometidos.

➡️ Quanto maior o número de linfonodos comprometidos, pior o prognóstico.

🔹 3. Presença de Metástases à Distância

A presença de metástases indica estágio avançado da doença.
• M0 → Sem metástases à distância.
• M1 → Metástases presentes (fígado, pulmão, peritônio, etc.).

➡️ O prognóstico é significativamente pior na presença de metástases.

🔹 Classificação Prognóstica Global
• Estágio I (T1 N0 M0): Melhor prognóstico; alta taxa de cura.
• Estágio IV (M1 presente): Prognóstico reservado; sobrevida geralmente menor que 1 ano.

  1. Tratamento do Adenocarcinoma Gástrico

O tratamento do adenocarcinoma gástrico depende do estágio da doença, localização do tumor e condições clínicas do paciente.

🔹 1. Ressecções Locais

Indicadas para lesões iniciais e bem localizadas:

✅ Ressecção Endoscópica da Mucosa (EMR): Procedimento minimamente invasivo indicado para tumores precoces restritos à mucosa ou submucosa, sem invasão linfática.
✅ Dissecção Endoscópica Submucosa (ESD): Indicado para lesões maiores ou com risco intermediário.

➡️ Indicação ideal: Tumores precoces (T1a ou T1b) bem diferenciados e sem metástase linfonodal.

🔹 2. Cirurgias Radicais

Indicadas para tumores mais avançados ou agressivos.

✅ Gastrectomia Total: Ressecção completa do estômago. É indicada para tumores grandes ou localizados na junção gastroesofágica.
✅ Gastrectomia Subtotal: Indicada para tumores localizados no antro ou corpo gástrico distal.
✅ Linfonodectomia D2: Ressecção ampla de linfonodos perigástricos e linfáticos regionais para reduzir o risco de recidiva.

➡️ Indicação: Estágios intermediários a avançados (T2 ou superior).

🔹 3. Quimioterapia

A quimioterapia é essencial nos casos de:

✅ Tumores avançados e/ou metastáticos.
✅ Terapia neoadjuvante (pré-cirúrgica) para redução do tumor.
✅ Terapia adjuvante (pós-cirúrgica) para reduzir o risco de recidiva.

➡️ Esquemas comuns:
• FOLFOX (5-fluorouracil, leucovorina e oxaliplatina)
• XELOX (capecitabina e oxaliplatina)
• ECF (epirrubicina, cisplatina e 5-fluorouracil)

🔹 4. Terapias Alvo

✅ Trastuzumabe: Indicado para tumores HER2-positivos.
✅ Ramucirumabe: Inibe VEGFR-2 e reduz a angiogênese tumoral.
✅ Inibidores de PD-L1/PD-1 (ex.: Pembrolizumabe) → Indicado para tumores MSI-H e EBV associados.

🔹 5. Radioterapia

A radioterapia é frequentemente utilizada como:

✅ Tratamento adjuvante após cirurgia para tumores com margens comprometidas.
✅ Terapia paliativa para controle de sintomas em pacientes com doença avançada.

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Adenocarcinoma Gástrico — Sobrevida e Metástases (Explicação Completa e Didática)

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Adenocarcinoma Gástrico — Sobrevida e Metástases (Explicação Completa e Didática)

  1. Sobrevida no Adenocarcinoma Gástrico

A taxa de sobrevida no adenocarcinoma gástrico varia conforme o estágio do tumor no momento do diagnóstico, sendo diretamente influenciada pela profundidade da invasão, comprometimento linfonodal e presença de metástases.

🔹 Sobrevida em Tumores Precoces
• Taxa de sobrevida de 90% após 5 anos quando diagnosticado precocemente.
• Tumores precoces (T1a ou T1b) frequentemente podem ser tratados com ressecção endoscópica ou cirurgia com margens livres, resultando em excelente prognóstico.
• O diagnóstico precoce é mais comum em países com programas de rastreio eficazes, como o Japão.

➡️ Fatores Favoráveis: Diagnóstico precoce, ausência de metástases, margens cirúrgicas livres.

🔹 Sobrevida em Tumores Avançados
• Taxa de sobrevida de 20% após 5 anos em casos de tumores avançados.
• O prognóstico é significativamente pior devido à disseminação linfática ou metastática.
• Casos avançados frequentemente necessitam de terapia multimodal, combinando cirurgia radical, quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia.

➡️ Fatores Desfavoráveis: Tumores avançados com invasão profunda, envolvimento linfonodal extenso e presença de metástases à distância.

  1. Metástases do Adenocarcinoma Gástrico

O adenocarcinoma gástrico pode disseminar-se por três principais vias:
1. Via Linfática
2. Via Hematogênica
3. Via Transcelômica (Peritoneal)

🔹 Principais Locais de Metástases
1. Linfonodo Sentinela Supraclavicular (Linfonodo de Virchow):
➡️ Localizado na região supraclavicular esquerda, é um importante marcador de metástase avançada.
2. Linfonodos Periumbilicais (Nódulo de Sister Mary Joseph):
➡️ Nódulo palpável na região umbilical, geralmente associado a disseminação peritoneal ou linfática.
3. Linfonodo Axilar Anterior Esquerdo (Linfonodo de Irish):
➡️ Menos comum, mas associado a metástase avançada.
4. Ovário (Tumor de Krukenberg):
➡️ Metástase característica no ovário, geralmente bilateral e composta por células em anel de sinete.
5. Fundo de Saco de Douglas (Prateleira de Blumer):
➡️ Depósito metastático na região pélvica posterior, palpável durante o toque retal ou vaginal.

🔹 Padrão de Disseminação Típico
• Tumores do antro gástrico tendem a metastatizar para o fígado e linfonodos peripancreáticos.
• Tumores da cárdia ou junção gastroesofágica têm maior risco de metástases pulmonares e ósseas.
• Tumores difusos apresentam alto risco de disseminação peritoneal (carcinomatose peritoneal).

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Explicação Detalhada dos Slides de Patologia

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Explicação Detalhada dos Slides de Patologia

  1. Nódulo de Virchow

Definição:

O Nódulo de Virchow é um linfonodo supraclavicular esquerdo aumentado, frequentemente associado a metástase de câncer abdominal, especialmente câncer gástrico.

Fisiopatologia:
• O sistema linfático do abdômen drena para o ducto torácico, que desemboca na veia subclávia esquerda. Quando há metástases abdominais, as células tumorais podem migrar via linfática e se alojar no linfonodo supraclavicular esquerdo, formando o nódulo de Virchow.
• Essa disseminação é especialmente comum em tumores do trato gastrointestinal, como câncer gástrico, pancreático ou esofágico.

Sinais e Sintomas:
• Presença de uma massa endurecida, indolor e fixa na região supraclavicular esquerda.
• Indica doença metastática avançada, sendo um sinal de mau prognóstico.

Diagnóstico:
• Exame físico: Palpação revela um linfonodo endurecido e indolor na fossa supraclavicular esquerda.
• Biópsia do linfonodo é essencial para confirmar o diagnóstico.

Importância Clínica:
• É um sinal clássico de malignidade abdominal disseminada.
• Sua presença deve sempre alertar para uma investigação oncológica completa.

  1. Nódulo da Irmã Mary Joseph

Definição:

O Nódulo da Irmã Mary Joseph refere-se à presença de uma massa ou nódulo umbilical associado a metástases de tumores abdominais ou pélvicos.

Histórico:
• O nome é uma homenagem à Irmã Mary Joseph, que foi assistente cirúrgica do Dr. William Mayo e reconheceu a associação entre lesões umbilicais e câncer intra-abdominal.
• Essa observação foi documentada oficialmente por Henry Hamilton Bailey em 1949.

Fisiopatologia:
• O tumor primário se dissemina por contiguidade, via linfática ou peritoneal, depositando células malignas na região umbilical.
• Essa manifestação é frequentemente vista em adenocarcinomas gastrointestinais (como estômago, cólon ou pâncreas) e ginecológicos.

Sinais e Sintomas:
• Nódulo endurecido, muitas vezes ulcerado, na região umbilical.
• Pode apresentar dor ou secreção.

Diagnóstico:
• Exame físico: Avaliação detalhada da lesão umbilical.
• Biópsia para confirmação histopatológica.
• Exames de imagem como tomografia computadorizada são fundamentais para rastrear o tumor primário.

Importância Clínica:
• É um achado clínico raro, mas altamente sugestivo de malignidade avançada.
• Sua presença está frequentemente associada a um prognóstico reservado.

  1. Nódulo de Irish

Definição:

O Nódulo de Irish é um linfonodo axilar anterior aumentado associado a metástases de câncer gástrico.

Fisiopatologia:
• A disseminação ocorre principalmente por via linfática, com células malignas alcançando a cadeia linfática axilar, especialmente no lado esquerdo.
• Assim como o nódulo de Virchow, ele é um sinal de disseminação tumoral avançada.

Sinais e Sintomas:
• Presença de linfonodo endurecido e indolor na região axilar anterior.

Diagnóstico:
• Exame físico: Palpação da axila pode revelar linfonodomegalia endurecida.
• Biópsia e exames de imagem para identificar o tumor primário.

Importância Clínica:
• É menos comum que o nódulo de Virchow, mas igualmente importante como marcador de neoplasia avançada.

  1. Tumor de Krukenberg

Definição:

O Tumor de Krukenberg refere-se à metástase ovariana de um adenocarcinoma primário, geralmente proveniente do trato gastrointestinal (especialmente do estômago).

Fisiopatologia:
• O tumor primário metastatiza para os ovários por via hematogênica, linfática ou transcelômica (semeadura direta na cavidade peritoneal).
• Caracteristicamente, esse tumor apresenta células em anel de sinete, que contêm grandes vacúolos intracitoplasmáticos deslocando o núcleo para a periferia.

Sinais e Sintomas:
• Massa abdominal palpável.
• Dor abdominal difusa e sintomas gastrointestinais inespecíficos.
• Em estágios avançados, pode haver ascite e emagrecimento.

Diagnóstico:
• Ultrassonografia e tomografia são fundamentais para identificar a lesão.
• Biópsia confirma a presença de células malignas típicas.

Importância Clínica:
• O Tumor de Krukenberg é um marcador de câncer avançado com prognóstico ruim.

  1. Massa de Blumer (Blumer’s Shelf)

Definição:

A Massa de Blumer é uma lesão palpável no fundo de saco de Douglas (feminino) ou na bolsa retovesical (masculino), causada por metástases peritoneais de câncer abdominal.

Fisiopatologia:
• Metástases abdominais (especialmente do câncer gástrico, pancreático ou colorretal) disseminam-se para o peritônio e formam uma massa que pode ser palpada pelo toque retal ou vaginal.

Sinais e Sintomas:
• Sensação de uma superfície endurecida e irregular durante o exame retal ou vaginal.
• Pode estar associada a sintomas como dor abdominal e distensão abdominal.

Diagnóstico:
• O toque retal ou vaginal é essencial para detectar essa massa.
• Exames de imagem são fundamentais para avaliar a extensão da doença.

Importância Clínica:
• É um importante sinal clínico de disseminação tumoral avançada, frequentemente associada a mau prognóstico.

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Q

Explicação Detalhada do Slide: Linfoma

A

Explicação Detalhada do Slide: Linfoma

  1. Definição e Classificação
    • O termo linfoma refere-se a neoplasias originadas nos tecidos linfáticos, que podem ocorrer tanto nos linfonodos quanto em órgãos extraganglionares (extranodais).
    • Os linfomas podem ser classificados em linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin. O slide refere-se aos linfomas não Hodgkin, especificamente os linfomas extranodais, com destaque para os linfomas gástricos.

  1. Linfoma Extranodal
    • O linfoma extranodal ocorre fora dos linfonodos, sendo o trato gastrointestinal (TGI), principalmente o estômago, o sítio mais comum dessas neoplasias.
    • No estômago, esses linfomas representam cerca de 5% de todas as neoplasias gástricas.

Por que o TGI é um local comum?
• O TGI contém uma grande quantidade de tecido linfóide associado à mucosa (MALT - Mucosa Associated Lymphoid Tissue), o que favorece o surgimento desses tumores.
• O tecido MALT é uma importante defesa imunológica no TGI, tornando-se suscetível a transformações neoplásicas quando exposto a estímulos crônicos, como infecções ou inflamações.

  1. Linfoma MALT (Linfoma do tecido linfóide associado à mucosa)
    • Os linfomas MALT são uma subcategoria importante dos linfomas gástricos.
    • São considerados indolentes, ou seja, têm um crescimento lento e apresentam comportamento clínico menos agressivo em comparação com outros tipos de linfoma.
    • Frequentemente, esses linfomas são diagnosticados em estágios iniciais e têm melhor resposta ao tratamento.

Aspectos Histológicos:
• O linfoma MALT caracteriza-se por células linfoides neoplásicas infiltrando as glândulas gástricas e formando lesões nodulares na mucosa.

  1. Linfomas B e Associação com Helicobacter pylori
    • A maioria dos linfomas gástricos de células B está diretamente associada à infecção crônica pelo Helicobacter pylori.

Fisiopatologia da Associação:
• O H. pylori é uma bactéria que coloniza a mucosa gástrica, induzindo uma resposta inflamatória crônica.
• Essa inflamação persistente estimula a proliferação contínua de linfócitos B, criando um microambiente favorável ao desenvolvimento de linfoma MALT.
• Em muitos casos, a erradicação do H. pylori com terapia antibiótica pode induzir a remissão completa do linfoma MALT em estágio inicial.

Importância Clínica:
• Essa relação demonstra o papel crucial do manejo infeccioso (erradicação do H. pylori) na prevenção e no tratamento de linfomas gástricos associados.

  1. Diagnóstico

O diagnóstico de linfoma gástrico é baseado em:

✅ Endoscopia digestiva alta – Permite visualização direta e biópsia das lesões.
✅ Histopatologia – Exame essencial para identificar o tipo de linfoma e avaliar a presença de células neoplásicas infiltrativas.
✅ Imunohistoquímica – Identifica marcadores celulares específicos que ajudam na classificação do linfoma.
✅ Pesquisa de Helicobacter pylori – Essencial na avaliação dos linfomas MALT.

  1. Tratamento
    • Linfoma MALT inicial: Terapia de erradicação do H. pylori pode ser suficiente para induzir remissão.
    • Casos avançados: Requerem quimioterapia, imunoterapia (ex.: rituximabe) e, em alguns casos, radioterapia.

  1. Prognóstico
    • Linfomas MALT tendem a apresentar prognóstico favorável, especialmente quando diagnosticados precocemente.
    • Linfomas mais agressivos ou avançados apresentam maior risco de disseminação e exigem abordagens terapêuticas mais intensivas.
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Q

Explicação Detalhada do Slide: Linfoma MALT

A

Explicação Detalhada do Slide: Linfoma MALT

  1. Conceito e Associação com Helicobacter pylori

O Linfoma MALT (Linfoma do Tecido Linfóide Associado à Mucosa) é um tipo de linfoma não-Hodgkin que se desenvolve principalmente no trato gastrointestinal, especialmente no estômago.
• Principal fator etiológico: Infecção crônica pelo Helicobacter pylori (H. pylori).
• A erradicação do H. pylori pode levar à remissão completa do linfoma em casos não mutados, destacando o papel dessa bactéria na patogênese inicial do tumor.

Por que a erradicação do H. pylori funciona?
• O H. pylori induz uma resposta inflamatória crônica na mucosa gástrica, estimulando a proliferação dos linfócitos B presentes no tecido MALT.
• Essa proliferação crônica pode evoluir para neoplasia maligna.
• Em tumores em estágios iniciais, a remoção do estímulo inflamatório (erradicação da bactéria) frequentemente leva à regressão do linfoma.

  1. Translocações Genéticas Associadas

O linfoma MALT pode apresentar alterações genéticas específicas que influenciam sua evolução clínica e resposta ao tratamento.

Principais Translocações:
• t(11;18)(q21;q21) → Mais comum
• Afeta o gene MLT (MALT Lymphoma Translocation), que é um inibidor da apoptose.
• Essa translocação está associada à resistência à erradicação do H. pylori e a um comportamento mais agressivo.
• t(1;14)(p22;q32) → Menos comum
• Afeta genes relacionados ao controle do ciclo celular, promovendo proliferação neoplásica.
• t(14;18)(q32;q21) → Raro
• Também está associado a uma forma mais resistente ao tratamento convencional.

Importância Clínica:
• As translocações estão presentes em até 50% dos casos e são importantes marcadores prognósticos.
• Casos com translocações genéticas tendem a não responder à erradicação do H. pylori, exigindo terapias adicionais, como quimioterapia e imunoterapia.

  1. Morfologia do Linfoma MALT

A análise morfológica é essencial para o diagnóstico do linfoma MALT. As características principais incluem:

Microscopia
• Infiltração linfocítica difusa na mucosa gástrica.
• Formação de estruturas chamadas de centros germinativos linfoides atípicos.
• Infiltração glandular, conhecida como lesão linfoepitelial, é um achado característico.
• Pode haver células neoplásicas com aspecto monótono, semelhantes a linfócitos normais.

Aspecto Macroscópico
• Pode variar desde áreas discretas de espessamento da mucosa até lesões ulceradas.
• Em alguns casos, há placas esbranquiçadas ou áreas elevadas na mucosa gástrica.

  1. Progressão e Transformação Maligna

O linfoma MALT pode progredir para uma forma mais agressiva, especialmente quando há invasão tecidual mais profunda ou disseminação linfonodal.

Principais características associadas à progressão:

✅ Invasão da muscular própria ou de linfonodos → A resposta ao tratamento com erradicação do H. pylori torna-se mais difícil.
✅ Transformação para linfoma difuso de grandes células B → Esta é uma forma mais agressiva e exige tratamento com quimioterapia.
✅ Alterações genéticas adicionais, como mutações em genes supressores tumorais, como:
• p53 → Controla a apoptose e a reparação do DNA; sua inativação favorece o crescimento celular descontrolado.
• p16 → Atua como regulador do ciclo celular; sua inativação acelera a proliferação celular.

Importante:

Casos que apresentam essas alterações genéticas não respondem à erradicação do H. pylori e requerem tratamento específico, como imunoterapia ou quimioterapia.

  1. Diagnóstico

O diagnóstico do linfoma MALT envolve:

✅ Endoscopia digestiva alta com biópsia → Identificação de lesões ulceradas ou áreas de espessamento da mucosa.
✅ Histopatologia → Análise microscópica para observar a infiltração linfocítica típica e as lesões linfoepiteliais.
✅ Pesquisa do H. pylori → Fundamental para guiar o tratamento inicial.
✅ Imunohistoquímica → Utilizada para identificar marcadores específicos das células B.
✅ Testes moleculares para translocações → Especialmente importante quando há suspeita de resistência ao tratamento.

  1. Tratamento
    • Casos iniciais (sem mutações genéticas): Erradicação do H. pylori com terapia antibiótica é eficaz na maioria dos casos.
    • Casos avançados ou com mutações (como t(11;18)): Requerem quimioterapia e imunoterapia.
    • Linfoma difuso de grandes células B (progressão agressiva): Indicação de quimioterapia mais intensiva.

  1. Prognóstico
    • O prognóstico é favorável na maioria dos casos de linfoma MALT diagnosticados precocemente e que respondem à erradicação do H. pylori.
    • Pacientes com translocações genéticas ou transformação para linfoma difuso de grandes células B têm prognóstico mais reservado.
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Q

Explicação Detalhada do Slide: Linfoma MALT - Morfologia e Aspectos Clínicos

A

Explicação Detalhada do Slide: Linfoma MALT - Morfologia e Aspectos Clínicos

  1. Morfologia do Linfoma MALT

O diagnóstico histopatológico é essencial para confirmar o linfoma MALT e apresenta achados morfológicos específicos.

Achados Histopatológicos Característicos

✅ Infiltrado linfocítico denso na lâmina própria:
• O tecido infiltrado contém uma grande quantidade de linfócitos B neoplásicos que se acumulam na camada da lâmina própria da mucosa gástrica.

✅ Lesão linfoepitelial:
• É o achado histológico mais característico do linfoma MALT.
• Ocorre quando os linfócitos neoplásicos invadem as glândulas gástricas, resultando na destruição parcial dessas estruturas.
• Essa lesão é um critério diagnóstico importante e altamente sugestivo de linfoma MALT.

✅ Expressão de marcadores imunohistoquímicos:
• Assim como os demais linfomas de células B, o linfoma MALT expressa:
• CD19 (marcador de células B imaturas e maduras).
• CD20 (marcador específico de células B maduras).

✅ Negatividade para CD5 e CD10:
• Essa característica ajuda a distinguir o linfoma MALT de outros linfomas de células B, como:
• Linfoma de células do manto (CD5 positivo).
• Linfoma folicular (CD10 positivo).

✅ Expressão de CD43 (25% dos casos):
• CD43 é um marcador utilizado para ajudar no diagnóstico em casos duvidosos. Embora não seja exclusivo do linfoma MALT, sua positividade pode fortalecer a hipótese diagnóstica.

✅ Clonalidade:
• As células do linfoma MALT são clonais, apresentando restrição na expressão das cadeias leves de imunoglobulinas (kappa ou lambda), uma característica comum em neoplasias linfoproliferativas.

  1. Imunohistoquímica

As imagens histológicas destacam o padrão típico do linfoma MALT:

🔎 Coloração para CD45 positiva:
• CD45 é um marcador pan-leucocitário que confirma a origem hematopoiética das células neoplásicas.
• A presença desse marcador é importante para diferenciar o linfoma de outras neoplasias epiteliais.

🔎 CKM (citoqueratina) negativo:
• Esse marcador é utilizado para distinguir neoplasias epiteliais (carcinomas) de linfomas.
• No linfoma MALT, a negatividade para CKM ajuda a afastar outras neoplasias malignas do estômago.

  1. Aspectos Clínicos do Linfoma MALT

O linfoma MALT pode se manifestar de forma insidiosa, com sintomas que frequentemente se confundem com gastrite ou úlcera péptica.

Principais Manifestações Clínicas

✅ Dispepsia e dor epigástrica:
• São os sintomas mais comuns e frequentemente levam à suspeita de gastrite ou úlcera.
• Essa semelhança clínica pode retardar o diagnóstico.

✅ Hematêmese, melena e perda de peso:
• Sintomas mais graves, geralmente associados a lesões ulceradas ou infiltrativas.
• Indicam progressão da doença ou possível transformação para uma forma mais agressiva (ex.: linfoma difuso de grandes células B).

✅ Sobreposição com sintomas da gastrite:
• O linfoma MALT frequentemente ocorre em pacientes com gastrite crônica por H. pylori, dificultando a distinção clínica entre ambas as condições.

  1. Diagnóstico Diferencial

Devido à sua apresentação clínica inespecífica, o linfoma MALT deve ser diferenciado de outras condições como:
• Gastrite crônica (especialmente associada ao H. pylori).
• Úlcera gástrica.
• Adenocarcinoma gástrico.
• Linfomas agressivos, como o linfoma difuso de grandes células B.

  1. Diagnóstico Final

Para o diagnóstico definitivo do linfoma MALT, são essenciais:

✅ Endoscopia digestiva alta com biópsia múltipla — permite a coleta de tecido para análise histológica.
✅ Imunohistoquímica — para detecção de marcadores como CD19, CD20 e CD43.
✅ Testes de PCR — para avaliar a clonalidade das células B.
✅ Pesquisa de H. pylori — fundamental para identificar casos potencialmente responsivos à terapia de erradicação.

  1. Tratamento

O tratamento é direcionado conforme o estágio da doença:
• Casos iniciais: A erradicação do H. pylori pode induzir regressão completa em muitos pacientes.
• Casos avançados ou refratários: Exigem terapia adicional com quimioterapia, imunoterapia (como rituximabe) ou radioterapia.
• Transformação para linfoma difuso de grandes células B: Requer quimioterapia mais agressiva.

  1. Prognóstico
    • Quando diagnosticado precocemente, o linfoma MALT tem excelente prognóstico, com alta taxa de resposta à erradicação do H. pylori.
    • Casos com translocações genéticas ou invasão extensa apresentam maior risco de recorrência e exigem vigilância mais rigorosa.
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Q

Explicação Detalhada do Slide: Tumores Neuroendócrinos

A

Explicação Detalhada do Slide: Tumores Neuroendócrinos

  1. O que são Tumores Neuroendócrinos (TNEs)?

Os tumores neuroendócrinos (TNEs) são neoplasias originadas de células do sistema neuroendócrino, que possuem características tanto neuronais quanto endócrinas. Essas células são capazes de sintetizar e liberar hormônios e neurotransmissores.

Classificação:
• São classificados em bem diferenciados e pouco diferenciados.
• Os TNEs bem diferenciados eram anteriormente chamados de tumores carcinoides.

  1. Características Gerais

✅ Tumores Bem Diferenciados:
• Geralmente têm comportamento mais indolente (crescimento lento).
• Apresentam menor agressividade quando comparados aos carcinomas.

✅ Tumores Pouco Diferenciados:
• Comportamento mais agressivo e curso clínico mais rápido.

  1. Localização

Os TNEs podem ocorrer em diversos locais, porém são mais comuns nas seguintes regiões:

✅ Trato gastrointestinal (TGI): É a localização mais frequente.
• 40% dos casos ocorrem no intestino delgado (especialmente no íleo terminal).
• Outras regiões comuns no TGI incluem estômago, apêndice e cólon.

✅ Árvore traqueobrônquica e pulmões: Representam uma parcela significativa dos casos fora do TGI.

  1. Aspectos Clínicos

Os sintomas dos TNEs variam conforme a localização e a capacidade do tumor de secretar substâncias biologicamente ativas.

Sintomas Comuns:

✅ Dispepsia e dor abdominal → Mais frequente em tumores do TGI.
✅ Diarreia crônica e rubor facial → Característico de tumores funcionantes com secreção hormonal.
✅ Sintomas respiratórios (em casos pulmonares) → Tosse persistente e dispneia.

  1. Produção Hormonal e Síndrome Carcinoide

Alguns TNEs são funcionantes, ou seja, produzem hormônios bioativos que geram sintomas sistêmicos.

✅ Síndrome Carcinoide → Ocorre quando o tumor secreta substâncias como serotonina, histamina e bradicinina.

Principais Manifestações da Síndrome Carcinoide:
• Rubor facial episódico.
• Diarreia intensa.
• Broncoespasmo (pode simular asma).
• Fibrose cardíaca (especialmente do lado direito do coração).

✅ A síndrome carcinoide é relativamente rara, ocorrendo em menos de 10% dos pacientes com TNEs.

  1. Epidemiologia
    • Os TNEs apresentam pico de incidência na 6ª década de vida.
    • Embora possam surgir em qualquer faixa etária, sua prevalência aumenta com o envelhecimento.

  1. Diagnóstico

O diagnóstico dos TNEs pode envolver:

✅ Dosagem de 5-HIAA urinário (produto metabólico da serotonina, utilizado na detecção da síndrome carcinoide).
✅ Exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM), para localização e estadiamento.
✅ Cintilografia com octreotida, que identifica receptores de somatostatina presentes nas células neuroendócrinas.
✅ Imunohistoquímica — os TNEs expressam marcadores específicos como cromogranina A e sinaptofisina.

  1. Tratamento

O tratamento depende da localização, do grau de diferenciação e da presença ou não de metástases:

✅ Ressecção cirúrgica → Primeira escolha para lesões localizadas.
✅ Análogos da somatostatina (ex.: octreotida) → Utilizados para controlar sintomas da síndrome carcinoide e reduzir a secreção hormonal.
✅ Quimioterapia e terapia-alvo → Indicadas para TNEs agressivos ou metastáticos.
✅ Embolização hepática → Utilizada quando há metástases hepáticas isoladas.

  1. Prognóstico
    • Tumores bem diferenciados → Têm melhor prognóstico e curso mais lento.
    • Tumores pouco diferenciados → São mais agressivos e geralmente apresentam pior prognóstico.
    • Pacientes com síndrome carcinoide podem ter uma sobrevida prolongada se tratados adequadamente.
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Q

Explicação Detalhada do Slide: Tumores Neuroendócrinos - Aspectos Morfológicos e Clínicos

A

Explicação Detalhada do Slide: Tumores Neuroendócrinos - Aspectos Morfológicos e Clínicos

  1. Associação com Fatores de Risco

Os tumores neuroendócrinos (TNEs) estão frequentemente associados a condições que promovem hiperplasia das células neuroendócrinas.

Principais Fatores Associados

✅ Hiperplasia de células endócrinas:
• A hiperplasia de células neuroendócrinas é considerada uma lesão precursora do TNE, especialmente em pacientes com estímulos persistentes na mucosa gástrica.

✅ Gastrite atrófica crônica autoimune:
• Esta condição, também chamada de gastrite tipo A, promove atrofia da mucosa gástrica, especialmente na região do fundo gástrico e do corpo do estômago.
• Essa atrofia reduz a secreção de ácido gástrico e estimula a secreção de gastrina, que, por sua vez, promove a proliferação das células neuroendócrinas.

✅ Hiperplasia de células endócrinas induzida por IBP (inibidores da bomba de prótons):
• O uso prolongado de IBPs reduz a secreção ácida gástrica, levando a uma elevação crônica da gastrina, que estimula a proliferação das células neuroendócrinas.
• Essa hiperplasia pode evoluir para TNEs em casos mais avançados.

  1. Aspectos Macroscópicos

Os TNEs apresentam características morfológicas distintas que auxiliam na suspeita clínica e no diagnóstico durante a endoscopia digestiva alta.

✅ Massas intramurais ou submucosas:
• Os TNEs geralmente crescem na parede gástrica, criando lesões polipoides que podem ser vistas na endoscopia.
• Essas lesões costumam ser firmes e bem delimitadas.

✅ Localização frequente na mucosa oxíntica (fúndica):
• Essa região do estômago contém células especializadas na produção de ácido e é particularmente vulnerável nos casos de gastrite atrófica e hiperplasia neuroendócrina.

✅ Cor amarelada ou castanha e consistência firme:
• Essa aparência macroscópica pode ser identificada durante a ressecção cirúrgica ou na endoscopia com biópsia.

  1. Aspectos Microscópicos

Os TNEs apresentam um padrão histológico característico que facilita seu diagnóstico por meio da biópsia.

✅ Padrão arquitetural variado:
• As células tumorais podem se organizar em:
• Ilhas, trabéculas, cordões, glândulas ou ninhos.

✅ Células uniformes:
• As células apresentam morfologia monótona, com citoplasma granular eosinofílico escasso.

✅ Núcleo com cromatina pontilhada (“sal e pimenta”):
• Essa característica nuclear é altamente sugestiva de tumores neuroendócrinos e facilita a diferenciação de outras neoplasias.

✅ Mínimo pleomorfismo:
• As células neoplásicas apresentam pouca variação de tamanho e forma, refletindo o comportamento geralmente indolente dos TNEs bem diferenciados.

  1. Diagnóstico Diferencial

Devido à semelhança morfológica com outras lesões gastrointestinais, é essencial diferenciar os TNEs de:
• Pólipos hiperplásicos.
• Adenomas gástricos.
• Carcinomas gástricos pouco diferenciados.

✅ Imunohistoquímica: Essencial para confirmar o diagnóstico.
• Os TNEs expressam marcadores como:
• Cromogranina A (marcador clássico de TNEs).
• Sinaptofisina (fortemente positivo nas células neuroendócrinas).
• Ki-67 (indicador de proliferação celular, fundamental para classificar o grau de agressividade).

  1. Classificação por Grau de Agressividade

Os TNEs são classificados conforme seu comportamento biológico e índice proliferativo (Ki-67):

✅ Grau 1 (baixo grau): Índice Ki-67 menor que 3% → Crescimento lento e melhor prognóstico.
✅ Grau 2 (intermediário): Índice Ki-67 entre 3% e 20%.
✅ Grau 3 (alto grau): Índice Ki-67 maior que 20% → Agressividade significativa e pior prognóstico.

  1. Aspectos Clínicos

Os sintomas variam conforme a localização, grau de diferenciação e capacidade de produção hormonal.

Principais Manifestações:

✅ Sintomas gastrointestinais: Dor abdominal, dispepsia e sangramento digestivo são comuns.
✅ Síndrome carcinoide: Secreção hormonal excessiva, causando rubor facial, diarreia e broncoespasmo.
✅ Complicações hemorrágicas: Tumores polipoides podem ulcerar e causar sangramentos.
✅ Metástases: Em tumores de alto grau, podem ocorrer metástases hepáticas e pulmonares.

  1. Tratamento

O tratamento varia de acordo com o tamanho, grau de diferenciação e presença de metástases.

✅ Ressecção endoscópica: Indicado para TNEs pequenos e localizados.
✅ Ressecção cirúrgica: Para lesões maiores ou com potencial de invasão local.
✅ Análogos da somatostatina (ex.: octreotida): Controlam os sintomas da síndrome carcinoide e reduzem o crescimento tumoral.
✅ Quimioterapia: Indicada para tumores de alto grau ou metastáticos.

  1. Prognóstico
    • TNEs bem diferenciados apresentam prognóstico favorável, especialmente se diagnosticados precocemente.
    • TNEs pouco diferenciados têm comportamento mais agressivo e maior risco de metástases.
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Q

Explicação Detalhada do Slide: Tumores Neuroendócrinos - Prognóstico e Classificação

A

Explicação Detalhada do Slide: Tumores Neuroendócrinos - Prognóstico e Classificação

  1. Fatores Prognósticos dos Tumores Neuroendócrinos (TNEs)

O fator prognóstico mais importante nos TNEs é a localização anatômica. A localização influencia diretamente no comportamento biológico e na resposta ao tratamento.

Tumores do Intestino Anterior (estômago, duodeno e esôfago)

✅ Prognóstico Favorável
• Esses tumores tendem a ser menos agressivos.
• Metástases são raras e a ressecção cirúrgica costuma ser curativa nos casos localizados.
• Tumores gástricos neuroendócrinos estão frequentemente associados à gastrite atrófica autoimune ou ao uso prolongado de IBPs.

Tumores do Intestino Médio (jejuno e íleo)

✅ Prognóstico Reservado
• Tumores dessa região são frequentemente múltiplos e apresentam comportamento mais agressivo.
• Têm maior probabilidade de produzir hormônios bioativos, aumentando o risco de síndrome carcinoide.
• Metástases hepáticas são comuns no momento do diagnóstico.

Tumores do Intestino Inferior (apêndice, cólon e reto)

✅ Prognóstico Excelente
• São frequentemente encontrados acidentalmente durante cirurgias ou exames de rotina.
• Em geral, apresentam curso benigno e baixo potencial metastático.
• Tumores do apêndice têm excelente prognóstico quando confinados à mucosa.

  1. Classificação e Critérios de Graduação

A classificação dos TNEs baseia-se em:
• Grau de diferenciação
• Índice mitótico (contagem de mitoses por área específica de tecido)
• Índice Ki-67 (marcador de proliferação celular que indica agressividade tumoral)

  1. Explicação dos Termos

✅ NET G1 e G2 (Tumores Neuroendócrinos Bem Diferenciados):
• Crescem lentamente e têm melhor prognóstico.
• O NET G1 apresenta menor proliferação celular (< 3% de Ki-67), enquanto o NET G2 tem índice Ki-67 intermediário.

✅ NET G3 (Tumores Neuroendócrinos Bem Diferenciados com Alto Grau):
• São bem diferenciados, porém apresentam alta taxa proliferativa (Ki-67 > 20%).
• Embora mantenham alguma organização tecidual típica, são mais agressivos que os NET G1 e G2.

✅ NEC (Carcinomas Neuroendócrinos):
• São pouco diferenciados, altamente agressivos e com rápido crescimento.
• Incluem dois subtipos:
• SCNEC (Small Cell Neuroendocrine Carcinoma): Associado a comportamento agressivo semelhante ao carcinoma de pequenas células pulmonar.
• LCNEC (Large Cell Neuroendocrine Carcinoma): Menos frequente, mas igualmente agressivo.

✅ MiNEN (Mixed Neuroendocrine-Nonneuroendocrine Neoplasm):
• Tumor misto contendo componentes neuroendócrinos e não neuroendócrinos.
• O comportamento é variável e cada componente deve ser avaliado separadamente.

  1. Importância Clínica da Classificação
    • NET G1 e G2 → Geralmente tratados com cirurgia e têm prognóstico favorável.
    • NET G3 e NEC → Necessitam de quimioterapia e apresentam maior risco de disseminação metastática.
    • O índice Ki-67 é um marcador essencial para distinguir tumores de crescimento lento (NET G1 e G2) daqueles com comportamento agressivo (NET G3 e NEC).

  1. Tratamento

O manejo dos TNEs depende do grau de agressividade e localização anatômica:

✅ Ressecção cirúrgica → Principal abordagem para tumores localizados.
✅ Análogos da somatostatina → Utilizados para controlar sintomas da síndrome carcinoide e reduzir a progressão tumoral.
✅ Quimioterapia → Indicada para tumores agressivos (NET G3 ou NEC).
✅ Terapia com radionuclídeos (PRRT) → Indicado para TNEs metastáticos com captação positiva na cintilografia com octreotida.

  1. Prognóstico
    • Tumores do intestino anterior → Melhor prognóstico, especialmente se ressecados precocemente.
    • Tumores do intestino médio → Maior risco de metástases e pior prognóstico.
    • Tumores do intestino inferior → Geralmente apresentam comportamento benigno.
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Q

Explicação Detalhada do Slide: Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST)

A

Explicação Detalhada do Slide: Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST)

  1. Definição

O Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST - Gastrointestinal Stromal Tumor) é uma neoplasia mesenquimal primária do trato gastrointestinal, sendo o tipo mais comum de tumor de origem mesenquimal no abdome.
• É um tumor que se origina das Células Intersticiais de Cajal, que atuam como “marcapasso” na regulação da motilidade gastrointestinal.
• Os GISTs representam cerca de 1% das neoplasias gastrointestinais e são encontrados mais frequentemente no estômago (cerca de 50-70% dos casos).

  1. Origem e Biologia

✅ Células Intersticiais de Cajal:
• São células especializadas localizadas na parede do trato gastrointestinal, especificamente na camada muscular própria.
• Atuam como geradoras e condutoras de impulsos elétricos para o peristaltismo gastrointestinal.
• Expressam o receptor de tirosina quinase c-KIT (CD117), que é um importante marcador diagnóstico para GIST.

✅ Hiperplasia das Células Intersticiais de Cajal:
• Considerada uma lesão precursora do GIST.
• Embora essa hiperplasia seja comum, a progressão para GIST maligno ocorre apenas em cerca de 1 em 2000 casos.
• Essa hiperplasia pode ser identificada histologicamente, como mostrado nas imagens.

  1. Localização dos GISTs

A distribuição dos GISTs no trato gastrointestinal é a seguinte:
• Estômago → 50-70% dos casos (melhor prognóstico).
• Intestino delgado → 20-30% dos casos (geralmente mais agressivos).
• Cólon e reto → Menos comum (~5%).
• Esôfago → Muito raro (~1%).

  1. Aspectos Histológicos

✅ Hiperplasia das células intersticiais de Cajal:
• Observada como uma proliferação focal ou difusa dessas células na camada muscular própria.
• Essa hiperplasia pode permanecer estável por anos, mas, em alguns casos, evolui para GIST maligno.

✅ GIST em estágio inicial:
• Caracterizado por um infiltrado celular denso com células fusiformes ou epitelioides.
• Frequentemente observado como uma lesão submucosa ou intramural, com crescimento expansivo.

✅ Lesão precursora do GIST:
• Mostra-se como uma pequena proliferação celular na camada muscular própria, com leve atipia celular.
• A progressão para uma lesão mais agressiva envolve mutações genéticas adicionais.

  1. Fatores de Risco e Genética

✅ Mutações genéticas:
• KIT (CD117): A mutação no gene KIT é a mais comum e está presente em aproximadamente 80-85% dos casos de GIST.
• PDGFRA (Platelet-Derived Growth Factor Receptor Alpha): Mutações neste gene ocorrem em cerca de 10% dos casos e são mais frequentes nos tumores gástricos.
• Ambas as mutações levam à ativação constitutiva da via de sinalização, resultando em proliferação celular descontrolada.

✅ Fatores predisponentes:
• Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 1 (MEN-1).
• Síndrome de Carney-Stratakis (GISTs + paragangliomas).
• Síndrome de Carney triádica (GIST + paraganglioma + condroma pulmonar).

  1. Diagnóstico

✅ Endoscopia digestiva alta e ecoendoscopia:
• Identificam lesões submucosas ou intramurais.

✅ Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM):
• Avaliam a extensão do tumor e a presença de metástases.

✅ Imunohistoquímica:
• CD117 (c-KIT) é o principal marcador diagnóstico (presente na maioria dos casos).
• DOG1 (Discovered on GIST-1) é outro marcador altamente sensível para GIST.

  1. Classificação de Risco

Os GISTs são classificados conforme:
• Tamanho tumoral.
• Índice mitótico.
• Localização anatômica.

Exemplo de Classificação de Risco:
• Tumores gástricos < 2 cm com baixo índice mitótico → Baixo risco.
• Tumores intestinais com ≥ 5 cm e alto índice mitótico → Alto risco de malignidade.

  1. Tratamento

✅ Ressecção cirúrgica:
• É a terapia padrão para GISTs localizados.
• A cirurgia deve garantir margens livres de tumor para evitar recidiva.

✅ Terapia-alvo com inibidores de tirosina quinase (ITK):
• Imatinibe → Indicado para GISTs avançados, metastáticos ou irressecáveis.
• Sunitinibe e Regorafenibe → Utilizados como terapia de segunda e terceira linha nos casos resistentes ao Imatinibe.

  1. Prognóstico
    • Tumores pequenos (< 2 cm) e de baixo índice mitótico têm prognóstico excelente.
    • Tumores maiores, especialmente aqueles no intestino delgado e com alto índice mitótico, têm maior risco de metástases e pior prognóstico.
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Q

Explicação Detalhada do Slide: Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST)

A

Explicação Detalhada do Slide: Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST)

  1. Definição e Incidência

O Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST) é o tumor mesenquimal mais comum do trato gastrointestinal, originado das Células Intersticiais de Cajal. Essas células atuam como “marcapasso” na regulação do peristaltismo.

✅ Pico de incidência:
• Mais frequente em pacientes acima de 60 anos.
• Menos de 10% dos casos ocorrem antes dos 40 anos.

  1. Genética do GIST

A patogênese do GIST é fortemente influenciada por mutações genéticas que resultam na ativação constitutiva de vias de crescimento celular.

✅ Mutações genéticas mais comuns:
• 75-80% → Mutações de ganho de função no gene KIT (CD117).
• 8% → Mutações no gene PDGFRA (Platelet-Derived Growth Factor Receptor Alpha).
• Essas mutações são mutuamente exclusivas, ou seja, um mesmo tumor não apresenta ambas.

Eventos Precoces na Carcinogênese
• As mutações nos genes KIT e PDGFRA são consideradas eventos iniciais na transformação maligna das células intersticiais de Cajal.

  1. Aspectos Macroscópicos

Os GISTs apresentam características morfológicas distintas:

✅ Podem ser grandes (até 30 cm).
✅ Lesão circunscrita e solitária.
✅ Mucosa recoberta intacta ou ulcerada.
✅ Quando metastáticos, podem apresentar múltiplas metástases (frequentemente hepáticas ou peritoneais).

  1. Aspectos Histopatológicos

O GIST pode apresentar diferentes padrões celulares:

✅ Padrão fusiforme:
• Células alongadas, organizadas em feixes.
• É a morfologia mais comum (70% dos casos).

✅ Padrão epitelioide:
• Células arredondadas com citoplasma abundante.
• Mais comum em tumores associados a mutações no gene PDGFRA.

✅ Padrão misto:
• Combina elementos fusiformes e epitelioides.

✅ Outros achados histológicos:
• Paliçada nuclear: Disposição linear dos núcleos.
• Células em anel de sinete: Raras, mas podem estar presentes.

  1. Imunohistoquímica

A confirmação do diagnóstico de GIST é feita por meio de marcadores específicos:

✅ CD117 (KIT): Principal marcador diagnóstico, positivo na maioria dos casos.
✅ DOG-1: Outro marcador altamente sensível, especialmente útil nos casos KIT-negativo.

  1. Manifestações Clínicas

Os sintomas dos GISTs variam conforme o tamanho e a localização:

✅ Efeito de massa: Compressão de estruturas adjacentes, resultando em dor abdominal ou distensão.
✅ Sangramento digestivo: Se houver ulceração da mucosa, pode ocorrer hematêmese ou melena.
✅ Anemia crônica: Resultante de micro-sangramentos contínuos.
✅ Tumores pequenos: Muitas vezes assintomáticos e descobertos incidentalmente (denominados incidentalomas).

  1. Tratamento

✅ Ressecção cirúrgica completa:
• É a principal abordagem terapêutica para tumores localizados e ressecáveis.
• O objetivo é obter margens livres, minimizando o risco de recorrência.

✅ Terapia-alvo com Inibidores de Tirosina Quinase (ITK):
• Imatinibe (Glivec®): Primeira escolha para pacientes com tumores irressecáveis, metastáticos ou com recidiva.
• Sunitinibe e Regorafenibe: Opções para casos resistentes ao Imatinibe.

  1. Mecanismo de Ação dos Inibidores de Tirosina Quinase
    • As mutações em KIT ou PDGFRA resultam na ativação constitutiva dessas proteínas, que atuam como receptores de tirosina quinase.
    • Essa ativação descontrolada estimula o crescimento celular e promove a carcinogênese.
    • Imatinibe bloqueia essa via, inibindo a proliferação tumoral e induzindo apoptose das células malignas.

  1. Classificação de Risco

A classificação de risco é fundamental para prever o comportamento do tumor e orientar o manejo terapêutico.

Classificação de Risco para Progressão do GIST (Tabela do CAP - College of American Pathologists)

Critério Gástrico Duodeno Jejuno/Íleo Reto
≤ 2 cm e ≤ 5 mitoses Baixo risco (0%) 0% 0% 0%
> 2 cm e ≤ 5 mitoses Muito baixo (1.9%) Baixo (8.3%) Baixo (4.3%) Baixo (8.5%)
> 5 cm e ≤ 10 mitoses Moderado (12%) Moderado (50%) Alto (52%) Alto (57%)
> 10 cm e > 5 mitoses Alto (86%) Alto (86%) Alto (85%) Alto (71%)

➡️ Essa tabela destaca que o risco de progressão é maior nos GISTs localizados no jejuno e íleo, mesmo em tumores menores.

  1. Prognóstico
    • O prognóstico depende do tamanho, índice mitótico e localização anatômica.
    • Tumores gástricos geralmente têm um comportamento mais indolente.
    • Tumores do intestino delgado e do reto apresentam maior agressividade e maior risco de metástases.