Aula 3 P2 Flashcards

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Q

SARDA (EFÉLIDE)

A

SARDA (EFÉLIDE)

As sardas, também chamadas de efélides, são alterações pigmentares benignas, comuns e clinicamente importantes por sua associação com fotossensibilidade e possível predisposição ao dano actínico. Vamos esmiuçar cada ponto:

  1. “Lesões pigmentadas mais comuns da infância em pacientes de pele clara”
    • Definição: Sardas são pequenas máculas (lesões planas e bem delimitadas) hiperpigmentadas, ou seja, com coloração aumentada devido à maior produção de melanina, mas sem aumento no número de melanócitos.
    • População afetada:
    • Tipicamente surgem na infância;
    • Mais comuns em indivíduos de pele clara (fototipos I e II na classificação de Fitzpatrick);
    • Frequentemente associadas a pessoas ruivas ou com cabelos loiros, devido à genética (variantes do gene MC1R).

  1. “Etiopatogenia não bem estabelecida”
    • A origem das efélides ainda não é completamente esclarecida, mas há evidências de envolvimento genético:
    • O gene MC1R (melanocortin-1 receptor) está envolvido na regulação da produção de eumelanina (melanina escura) e feomelanina (melanina clara).
    • Indivíduos com mutações nesse gene tendem a produzir mais feomelanina, que oferece menor proteção contra os efeitos nocivos da radiação UV.

  1. “Aparecimento após a exposição solar”
    • As efélides surgem ou se tornam mais evidentes após exposição à radiação ultravioleta (UV).
    • UVB estimula a produção de melanina pelos melanócitos, que é transferida aos queratinócitos.
    • No verão, elas aumentam em número e intensidade, enquanto no inverno tendem a desaparecer ou clarear.
    • Isso as diferencia de outras lesões pigmentadas (como manchas café com leite), que são estáveis ao longo do tempo e não dependem da exposição solar.

  1. “Alteração de quantidade de pigmento, mas número de melanócitos é mantido”
    • Esse é um ponto histopatológico crucial:
    • Nas sardas, há aumento na atividade dos melanócitos, resultando em maior deposição de melanina na epiderme.
    • O número total de melanócitos permanece normal.
    • Microscopicamente, observamos:
    • Hiperpigmentação da camada basal da epiderme;
    • Distribuição de melanina aumentada nos queratinócitos.

  1. “Manchas tipo café com leite têm morfologia semelhante porém diferem clinicamente”
    • Manchas café com leite (MCCL):
    • São máculas hiperpigmentadas, geralmente maiores e com bordas lisas e regulares.
    • Independentes da exposição solar — não mudam de cor com o tempo ou estações.
    • Presença de macromelanosomos (melanossomos gigantes) na microscopia eletrônica.
    • Associadas a neurofibromatose tipo 1 (NF1) quando em número superior a 6, com mais de 1,5 cm após a puberdade.
    • Diferença fundamental:
    • Sardas variam com o sol e são benignas e comuns;
    • MCCL podem indicar doença genética subjacente.

  1. “Pequenas máculas vermelho-acastanhadas ou marrom-claras”
    • Clinicamente, as sardas se apresentam como:
    • Máculas planas (sem relevo);
    • Pequenas (geralmente <5 mm);
    • Com coloração que varia do vermelho-acastanhado ao marrom-claro;
    • Localizadas preferencialmente em áreas fotoexpostas: face, ombros, braços e dorso das mãos.
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Q

LENTIGO

A

LENTIGO

DEFINIÇÃO GERAL

Lentigo é uma lesão pigmentada benigna da pele (e mucosas) caracterizada por:
• Hiperplasia linear de melanócitos na camada basal da epiderme;
• Hipermelanose (aumento da produção de melanina) associada;
• Não relacionada à exposição solar, o que a diferencia de efélides (sardas);
• Frequente em qualquer idade, sexo ou fototipo cutâneo.

EXPLICAÇÃO DE CADA PONTO DO SLIDE

“Hiperplasia (aumento de número) de melanócitos”
• Ao contrário das efélides (onde só há aumento de melanina), no lentigo ocorre proliferação real de melanócitos.
• Essa proliferação é linear (ao longo da junção dermoepidérmica), não agrupada (ao contrário de nevos), e sem atipia.

“Localizada, benigna, comum”
• Localizada: Lesões únicas ou múltiplas, mas com limites bem definidos.
• Benigna: Não há risco direto de transformação maligna na maioria dos casos.
• Comum: Pode ocorrer esporadicamente ou em síndromes genéticas (ex: síndrome de Peutz-Jeghers, síndrome de LEOPARD).

“Qualquer idade, cor de pele ou sexo”
• Pode surgir desde a infância até a velhice, variando em forma clínica.
• Aparece em todos os tipos de pele, mas alguns subtipos são mais frequentes em fototipos baixos (I e II).

“Etiopatogenia desconhecida”
• Embora a origem exata não seja totalmente compreendida, acredita-se em fatores genéticos, hormonais ou idiopáticos.
• Lentigos solares estão relacionados ao dano actínico crônico, enquanto lentigos simples são independentes disso.

“Pode envolver pele e mucosas”
• Lesões podem ocorrer na pele (especialmente face, dorso das mãos, tronco) ou nas mucosas (oral, genital, conjuntival).
• Quando presentes em mucosas e em maior número, podem fazer parte de síndromes genéticas.

“Máculas ou manchas ovais, acastanhadas, 5,0 a 10,0 mm”
• Lesões são máculas bem delimitadas, geralmente de 5 a 10 mm, mas podem crescer com o tempo.
• Coloração varia de castanho-claro a escuro (quanto mais melanina, mais escura).
• Formato: geralmente oval ou arredondado, com bordas regulares.

“Sem alteração pela exposição solar”
• Diferentemente das sardas (efélides), os lentigos:
• Não escurecem nem clareiam com a exposição ao sol;
• São estáveis ao longo do tempo;
• Permanecem no inverno e verão com mesma intensidade.

HISTOPATOLOGIA (2º slide)

“HIPERPLASIA MELANOCÍTICA LINEAR não agrupada”
• É o principal achado microscópico:
• Aumento do número de melanócitos,
• Distribuídos linearmente na junção dermoepidérmica (camada basal),
• Não formam ninhos ou agrupamentos, como nos nevos.

“Restrita à primeira camada da epiderme após a membrana basal”
• A proliferação melanocítica não invade a derme, permanecendo restrita à camada basal da epiderme.
• Isso confirma a natureza benigna da lesão.

“Hiperpigmentação da basal”
• A melanina se acumula na camada basal (produzida pelos melanócitos hiperplásicos).
• Os queratinócitos basais também mostram pigmentação aumentada.

“Alongamento e adelgaçamento de criptas epiteliais”
• A arquitetura da epiderme é alterada:
• Alongamento das cristas interpapilares (que se projetam para dentro da derme);
• Algumas áreas podem mostrar adelgaçamento (afinamento) da epiderme sobre as papilas dérmicas.

CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS IMPORTANTES
• Lentigo simples: não está relacionado ao sol.
• Lentigo solar: surge com idade avançada por exposição solar crônica (dano actínico).
• Lentigo maligno: é pré-maligno e representa o estágio inicial de um melanoma in situ — atenção para esse diferencial!

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Q

NEVOS MELANOCÍTICOS

A

  1. NEVOS MELANOCÍTICOS (também chamados nevos névicos)

Neoplasias benignas comuns
• Os nevos melanocíticos são proliferações benignas de melanócitos (as células produtoras de melanina) que surgem na pele. São muito frequentes na população geral e fazem parte do espectro das lesões melanocíticas, que também inclui os melanomas (mas os nevos são benignos).

Mutações na via de sinalização RAS
• Uma das vias moleculares mais envolvidas no desenvolvimento dos nevos é a via RAS-RAF-MEK-ERK, que regula crescimento e proliferação celular.
• Mutações somáticas no gene BRAF (principalmente V600E) ou NRAS são frequentes nos nevos, ativando essa via e levando à proliferação dos melanócitos.

Crescimento interrompido pela ativação do P16/INK4a
• Apesar da ativação oncogênica (RAS ou BRAF), essas células não continuam crescendo indefinidamente. Isso ocorre porque a via de senescência celular entra em ação.
• A proteína p16/INK4a (produto do gene CDKN2A) inibe os complexos ciclina D-CDK4/6, bloqueando o ciclo celular na fase G1 e induzindo senescência celular — um mecanismo antitumoral.
• Isso explica por que os nevos param de crescer após um certo ponto, permanecendo estáveis por anos.

Variadas apresentações, comportamentos e evolução
• Os nevos podem ter diversas formas clínicas e histológicas, que evoluem com o tempo:
• Nevo juncional → nevo composto → nevo intradérmico → (eventualmente) neurotização.

Lesões simétricas
• Um importante critério de benignidade. Diferente dos melanomas (assimétricos), os nevos são simétricos, ou seja, a distribuição celular é uniforme em ambos os lados da lesão.

Subtipos
• Congênito: presente ao nascimento, com risco levemente aumentado de melanoma se forem grandes.
• Azul: melanócitos localizados na derme profunda, coloração azulada (efeito Tyndall).
• Spitz: lesões de crescimento rápido, comuns em crianças, mimetizam melanoma mas são benignas.
• Halo: apresentam uma área de despigmentação ao redor, por resposta autoimune.
• Displásico: características histológicas atípicas, risco aumentado de melanoma.

  1. Maturação dos Nevos Melanocíticos (imagem do slide)

A imagem mostra o processo de maturação dos nevos ao longo do tempo:
• A. Pele normal: sem proliferação melanocítica anormal.
• B. Nevo juncional: os melanócitos formam ninhos na junção dermoepidérmica, ou seja, na base da epiderme.
• C. Nevo composto: as células continuam presentes na junção, mas agora também invadem a derme superficial.
• D. Nevo intradérmico: os melanócitos estão apenas na derme, sem mais envolvimento da epiderme.
• E. Nevo neurotizado: com o tempo, as células se alongam e se organizam em fascículos semelhantes aos nervos periféricos — isso é a neurotização, indicando senescência avançada.

  1. Características clínicas dos Nevos Melanocíticos
    • Formas: desde máculas achatadas até pápulas elevadas.
    • Bordas arredondadas, bem definidas.
    • Coloração homogênea (castanho a marrom), diferente do melanoma, que costuma ser irregular.
    • Tamanho: geralmente menores que 6 mm — importante na distinção com melanoma.
    • Lesões simétricas e estáveis ao longo do tempo.

  1. Estágio Inicial – Nevo Juncional
    • Localização: células agrupadas em ninhos ou agregados na junção dermoepidérmica (interface entre epiderme e derme).
    • Núcleos: uniformes, arredondados, sem nucleólos visíveis.
    • Atividade mitótica: praticamente ausente. Isso ajuda a diferenciar de melanoma (onde há mitoses).

  1. Estágio Intermediário – Nevo Composto
    • Definição: células ainda estão na junção, mas invadem a derme superficial. Podem formar cordões.
    • Microscopia: padrão bem organizado, células uniformes.
    • Ainda se observa:
    • Núcleos pequenos, arredondados.
    • Ausência de atividade mitótica visível.
    • Imagem: mostra o aspecto clínico (lesão elevada, marrom-avermelhada) e histológico (com ninhos na epiderme e derme).

  1. Estágio Final – Nevo Intradérmico
    • Definição: as células estão somente na derme, geralmente indicativo de nevo mais antigo.
    • As células aparecem:
    • Isoladas ou em cordões, dispersas na derme.
    • Com núcleos achatados, sem nucléolos.
    • Senescência: células deixam de se dividir.
    • Neurotização:
    • Células se organizam em fascículos fusiformes, lembrando fibras nervosas.
    • Isso ocorre como parte da maturação e é sinal de benignidade avançada.
    • Sem atividade mitótica: novamente um sinal forte de benignidade.
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NEVOS DISPLÁSICOS

A

NEVOS DISPLÁSICOS

  1. Definição e Importância Clínica
    • São neoplasias melanocíticas atípicas que compartilham características dos nevos comuns, mas com alterações morfológicas (displasia) que se aproximam do melanoma.
    • Podem ocorrer de forma esporádica (mais comum) ou como parte de uma síndrome hereditária.

  1. Relação com o Melanoma
    • Podem ser precursores diretos de melanoma, especialmente quando apresentam atipias marcadas.
    • Quando estão presentes em grandes números, aumentam consideravelmente o risco de melanoma — é o caso da Síndrome do Nevo Displásico.
    • Critérios incluem múltiplos nevos displásicos (às vezes centenas), com risco de >50% de melanoma até os 60 anos.
    • Associada à mutação germinativa em CDKN2A, que codifica p16/INK4a, um importante regulador do ciclo celular.

  1. Genética e Patogênese
    • A mutação em CDKN2A compromete a regulação do ciclo celular, favorecendo proliferação melanocítica.
    • Outros genes possivelmente envolvidos: BRAF, NRAS, além de mutações adicionais desconhecidas.
    • A maioria dos casos, no entanto, é adquirida e não progride para melanoma.

  1. Aspectos Clínicos (Macroscópicos)
    • Tamanho geralmente >5 mm (diferente dos nevos comuns, que têm <6 mm).
    • Podem se apresentar como:
    • Máculas planas, placas ligeiramente elevadas.
    • Lesões em alvo, com coloração central escura e halo mais claro ao redor.
    • Bordas irregulares, mal definidas.
    • Pigmentação heterogênea (múltiplas tonalidades de marrom, preto, vermelho).
    • Ocorrem tanto em áreas fotoexpostas quanto não expostas.

  1. Diagnóstico Diferencial: Regra do ABCDE

A imagem mostra a comparação entre nevo benigno e melanoma, com base nos critérios clínicos de suspeição de melanoma:

Letra Significado Benigno Maligno (melanoma)
A Assimetria Simétrico Assimétrico
B Bordas Regulares, bem definidas Irregulares, mal delimitadas
C Cor Única (castanho/marrom) Múltiplas cores
D Diâmetro <6 mm >6 mm
E Evolução Estável Mudança rápida de forma/tamanho

  1. Histologia (Aspectos Microscópicos) – Robbins & Cotran

a) Envolvimento da epiderme e derme
• Os nevos displásicos mostram proliferação melanocítica tanto na junção dermoepidérmica quanto na derme papilar.

b) Atipia citológica e arquitetural
• Núcleos aumentados, contorno irregular, hipercromasia (núcleo escuro) — sinais de displasia.
• Desorganização dos ninhos melanocíticos, que se fundem entre si (perda da coesão e alinhamento normal).

c) Hiperplasia lentiginosa
• Aumento do número de melanócitos isolados ao longo da junção dermoepidérmica, formando um padrão lentiginoso (em linha, tipo fileira).
• Esse padrão é mais difuso que nos nevos comuns.

d) Inflamação e derrame pigmentar
• Infiltrado linfocitário discreto na derme papilar.
• Derrame pigmentar: extravasamento de melanina na derme, fagocitada por melanófagos (macrófagos carregados de pigmento).

e) Fibrose linear
• Característica diagnóstica importante: há fibrose (colágeno mais denso) ao redor das criptas interpapilares da derme, ou seja, nas reentrâncias dérmicas que se projetam entre as papilas dérmicas.

  1. Imagens dos Slides

Imagem clínica (corpo com múltiplos nevos)
• Demonstra caso típico da síndrome do nevo displásico — numerosos nevos espalhados, com algumas lesões maiores e pigmentação irregular.

Imagem histológica
• Mostra:
• Hiperplasia da epiderme.
• Ninheiros de melanócitos displásicos.
• Infiltrado inflamatório e pigmento na derme.
• Fibrose em faixa ao redor das criptas interpapilares.

Resumo de pontos-chave para prova
• Nevo displásico ≠ melanoma, mas pode evoluir para melanoma.
• Fatores de risco importantes: tamanho >5 mm, bordas irregulares, cor variada, múltiplas lesões, história familiar, mutações em CDKN2A.
• Achados histológicos principais:
• Atipia celular (núcleos irregulares, hipercromasia).
• Hiperplasia lentiginosa.
• Derrame pigmentar.
• Fibrose em faixa.
• Conduta clínica:
• Lesões únicas e sem displasia severa: acompanhamento.
• Múltiplos nevos com atipia severa ou alteração recente: excisão e seguimento.

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MELANOMA – CONCEITOS GERAIS

A

  1. MELANOMA – CONCEITOS GERAIS

Definição
• O melanoma é uma neoplasia maligna de melanócitos, que são as células responsáveis pela produção de melanina na pele.
• É o tumor cutâneo com maior mortalidade, mesmo sendo menos frequente que carcinoma basocelular e espinocelular.

Etiologia
• Mutações adquiridas são responsáveis pela maioria dos casos.
• Exposição à radiação ultravioleta (UV), especialmente UVB, é o principal fator ambiental de risco — provoca danos diretos ao DNA, como dímeros de pirimidina.

Locais de origem
• Maioria é cutânea, mas pode ocorrer em mucosas (oral, vaginal, anal), no olho (melanoma uveal) e meninges.

Tratamento
• Cirurgia (excisão com margem de segurança) é o tratamento padrão.
• A cura depende do estágio: se detectado precocemente, a taxa de cura é alta; nas fases avançadas, há risco significativo de metástase.

  1. FATORES DE RISCO E EPIDEMIOLOGIA

Genética
• 10–15% dos casos têm herança autossômica dominante, com penetrância variável.
• Principal mutação: CDKN2A (codifica p16/INK4a e p14ARF — reguladores do ciclo celular).

Fatores Ambientais
• Maioria é esporádica, associada a:
• Exposição solar intermitente intensa, com queimaduras solares graves, principalmente na infância.
• Fototipos baixos (pele clara, olhos claros).
• Imunossupressão.

Distribuição corporal
• Homens: dorso.
• Mulheres: dorso e pernas.

  1. ALTERAÇÕES MOLECULARES (Mutations)

a) Genes do ciclo celular
• CDKN2A: inativação da p16/INK4a leva à perda de controle da transição G1 → S.

b) Vias de crescimento
• Via RAS-RAF-MEK-ERK: mutações em BRAF (V600E) e NRAS aumentam proliferação.
• Via PI3K/AKT: promove sobrevivência celular.

c) Telomerase
• TERT: mutações no promotor do gene aumentam expressão da telomerase, conferindo imortalidade celular.

d) Áreas não fotoexpostas
• Mutações em KIT (receptor tirosina-quinase) e perda de função em PTEN (inibidor da PI3K/AKT).

  1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DO MELANOMA

Aspectos macroscópicos
• Variação marcante de cor: preto, marrom, vermelho, azul escuro, cinza (heterogeneidade pigmentária).
• Regiões hipopigmentadas indicam regressão tumoral.
• Lesões geralmente >10 mm.
• Bordas irregulares, pontiagudas, assimétricas.

Fases de crescimento
1. Radial:
• Crescimento horizontal, intraepidérmico e na derme superficial.
• Não metastatiza nessa fase.
2. Vertical:
• Invasão da derme profunda com formação de massa tumoral.
• Surge um subclone com capacidade metastática.

  1. EVOLUÇÃO HISTOLÓGICA (Slide: Evolução Displásico → Melanoma)

Etapas evolutivas (representadas na imagem):
• A. Hiperplasia melanocítica lentiginosa (melanócitos aumentados e distribuídos ao longo da junção).
• B. Nevo juncional lentiginoso.
• C. Nevo displásico lentiginoso.
• D. Melanoma fase radial (proliferação desorganizada na epiderme e derme superficial).
• E. Melanoma fase vertical (infiltração profunda e formação de massas nodulares).

  1. HISTOLOGIA – FASE DE CRESCIMENTO RADIAL
    • Proliferação de melanócitos atípicos, dispersos ou em ninhos irregulares na epiderme e derme superficial.
    • Infiltrado inflamatório crônico na derme.
    • Não há formação de massa nem evidência clara de invasão profunda.

  1. HISTOLOGIA – FASE DE CRESCIMENTO VERTICAL
    • Presença de agregados nodulares de células atípicas invadindo profundamente a derme.
    • Ausência de neurotização (ao contrário dos nevos benignos).
    • As células apresentam:
    • Núcleos grandes, irregulares, com cromatina densa e núcleos evidentes.
    • Mitose ativa.
    • São subclones com potencial metastático.

  1. PADRÃO CITOLÓGICO DAS CÉLULAS MALIGNAS
    • Células maiores que os melanócitos normais.
    • Núcleos grandes, contornos irregulares.
    • Cromatina periférica densa.
    • Nucleólos proeminentes (eosinofílicos).
    • Imunohistoquímica: HMB-45, S-100, Melan-A (usado em biópsias e linfonodo sentinela).

  1. FATORES PROGNÓSTICOS – MUITO IMPORTANTE PRA PROVA

Índice de Breslow
• Medida da profundidade da invasão tumoral — do topo da camada granulosa até a célula tumoral mais profunda.
• Quanto mais fino, melhor o prognóstico.
• A imagem mostra a forma correta e incorreta de medir.

Outros fatores de mau prognóstico
• Mitose >1/mm².
• Ulceração da lesão.
• Evidência de regressão tumoral.
• Poucos linfócitos intratumorais.
• Positividade em linfonodo sentinela.

  1. TRATAMENTO

Conduta terapêutica
• Cirurgia com ampliação de margens é o tratamento principal.
• Avaliação do linfonodo sentinela em casos avançados (para detecção precoce de metástase).
• Em casos metastáticos, uso de terapias-alvo e imunoterapia:

Drogas utilizadas
• Inibidores de BRAF (vemurafenibe).
• Anticorpos anti-CTLA4 (ipilimumabe).
• Anti-PD1 (nivolumabe, pembrolizumabe).

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TUMORES EPITELIAIS BENIGNOS

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TUMORES EPITELIAIS BENIGNOS

  1. Características Gerais
    • São lesões benignas comuns da pele, originadas do epitélio escamoso estratificado da epiderme, dos folículos pilosos ou dos ductos de glândulas cutâneas.
    • Apresentam crescimento lento, bem delimitado, sem invasão tecidual ou metástase.
    • Comuns na prática clínica.
    • Podem surgir de forma esporádica ou estar associados a síndromes genéticas hereditárias, como:
    • Síndrome de Leser-Trélat (paraneoplasia).
    • Síndrome de Cowden (com múltiplos hamartomas epiteliais).
    • Síndrome de Gardner (associada a pólipos intestinais e cistos epidérmicos).

  1. Principais Tipos (segundo o slide)

a) Ceratose Seborreica
• Tumor epitelial benigno extremamente comum, principalmente em idosos.
• Lesões:
• Placas elevadas, verrucosas, aspecto de “colado na pele”.
• Cor: amarelada, castanha ou preta.
• Superfície áspera e esburacada, com acúmulo de queratina.
• Histologia:
• Proliferação de queratinócitos basaloides.
• Presença de cistos córneos (cistos preenchidos por queratina).
• Sem atipias ou invasão.

Importância clínica:
• Quando aparecem subitamente em grande número, pode ser síndrome de Leser-Trélat — paraneoplasia associada a adenocarcinomas viscerais (especialmente gástrico).

b) Acantose Nigricante
• Condição que não é um tumor em si, mas uma alteração hiperplásica do epitélio.
• Caracteriza-se por espessamento aveludado e escurecido da pele, principalmente em áreas de dobra: axilas, pescoço, virilhas.
• Associada a resistência à insulina (obesidade, diabetes tipo 2) e, menos frequentemente, a neoplasias viscerais (forma paraneoplásica).
• Histologia:
• Hiperplasia da camada espinhosa (acantose).
• Hiperqueratose.
• Sem atipia significativa.

c) Pólipo Fibroepitelial (Acrocordon ou Skin Tag)
• Lesões cutâneas pedunculadas, moles, geralmente pequenas (alguns milímetros).
• Ocorrem em locais de atrito, como pescoço, axilas e virilhas.
• Muito frequentes em obesos, diabéticos e gestantes.
• Histologia:
• Projeção de tecido conjuntivo frouxo coberta por epiderme.
• Sem displasia.

d) Cisto de Inclusão Folicular ou Epitelial
• Também chamado de cisto epidérmico (ou infundibular).
• Ocorre quando há obstrução do ducto folicular, levando à retenção de queratina.
• Lesão:
• Subcutânea, firme, bem delimitada, geralmente com poro central visível.
• Pode inflamar e romper, liberando conteúdo pastoso com odor forte.
• Histologia:
• Parede revestida por epitélio escamoso semelhante à epiderme.
• Luz cística cheia de queratina lamelar.
• Pode ocorrer espontaneamente ou estar associada à síndrome de Gardner (polipose intestinal hereditária com manifestações cutâneas).

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CERATOSE SEBORREICA

A

CERATOSE SEBORREICA

  1. Características Clínicas Gerais
    • Lesões cutâneas benignas extremamente comuns, principalmente em adultos de meia-idade e idosos.
    • Afetam tanto homens quanto mulheres.
    • Embora não sejam malignas, sua importância clínica está na aparência variável e no potencial de simular melanoma.
  2. Localização
    • Mais comum no tronco, mas também pode aparecer em:
    • Extremidades (braços, pernas);
    • Cabeça e pescoço;
    • Raramente nas mucosas.

  1. Significado Clínico Especial: Síndrome de Leser-Trélat
    • Quando ocorrem múltiplas lesões novas e de surgimento súbito, pode indicar síndrome paraneoplásica, chamada de Sinal de Leser-Trélat.
    • Associada a adenocarcinomas viscerais, principalmente:
    • Estômago (o mais comum);
    • Pâncreas;
    • Intestino;
    • Pulmão.
    • Mecanismo sugerido: liberação de fatores de crescimento epidérmico (EGF) pelas células tumorais, estimulando proliferação epidérmica.

  1. Aspecto Clínico Macroscópico
    • Lesões geralmente:
    • Placas ceratóticas;
    • Sólidas, esféricas, achatadas ou ligeiramente elevadas;
    • De superfície áspera, verrucosa;
    • De coloração castanho-clara, marrom-escura ou preta;
    • Apresentam aspecto de “coladas na pele” (característica clássica!);
    • Muitas vezes com escamas ou crostas de queratina.
    • Tamanho:
    • Diâmetro variado, desde milímetros até alguns centímetros.
    • Subtipos morfológicos:
    • Acantótica (mais comum);
    • Hiperqueratótica;
    • Adenoide;
    • Clonal;
    • Irritada (com infiltrado inflamatório).

  1. Histologia (Microscopia)

a) Delimitação clara
• Lesões são bem delimitadas, não infiltrativas.

b) Células tumorais
• Compostas por células pequenas, basaloides, que lembram as células basais normais da epiderme.
• Essas células crescem formando padrões acantóticos (espessamento do estrato espinhoso).

c) Pigmentação
• Pode haver variação de pigmentação, devido à deposição de melanina nas células tumorais — pode simular melanoma clinicamente.

d) Hiperqueratose e cistos córneos
• Produção excessiva de queratina (hiperqueratose).
• Formação de:
• Cistos córneos: acúmulos de queratina compactada na epiderme.
• Cistos de invaginação: reentrâncias do epitélio preenchidas por queratina.
• Esses cistos são típicos e ajudam a confirmar o diagnóstico histológico.

  1. Diagnóstico Diferencial
    • Melanoma (quando muito pigmentada);
    • Verruga viral (verruca vulgaris);
    • Carcinoma espinocelular verrucoso;
    • Papiloma viral.

  1. Conduta Clínica
    • Benigna, sem potencial maligno.
    • Geralmente não necessita de tratamento, exceto por motivos estéticos ou se houver:
    • Prurido;
    • Trauma local frequente;
    • Diagnóstico incerto.
    • Tratamentos possíveis:
    • Curetagem;
    • Crioterapia;
    • Eletrocoagulação.
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ACANTOSE NIGRICANTE

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ACANTOSE NIGRICANTE

  1. Definição
    • É uma alteração cutânea caracterizada por espessamento e hiperpigmentação da pele, com aspecto aveludado, frequentemente associada a resistência à insulina, mas também pode indicar neoplasias viscerais quando ocorre de forma súbita e progressiva.

  1. Localizações comuns
    • Aparece preferencialmente em áreas intertriginosas/flexoras, como:
    • Axilas
    • Virilhas
    • Pescoço
    • Região anogenital
    • Fossa antecubital ou região inframamária

  1. Classificação clínica

A. Acantose Nigricante Benigna (80% dos casos)
• Evolução gradual, geralmente na infância ou adolescência.
• Associação com condições endócrinas:
• Obesidade (muito frequente).
• Resistência à insulina/diabetes tipo 2.
• Síndromes congênitas como síndrome de Cushing, hipotireoidismo ou síndrome de policistose ovariana.
• Em alguns casos, há padrão familiar autossômico dominante.

B. Acantose Nigricante Paraneoplásica (20%)
• Forma maligna, associada a adenocarcinomas, especialmente do:
• Trato gastrointestinal (com destaque para o estômago);
• Também pode ocorrer com câncer de pulmão, fígado e mama.
• Progressão súbita, extensa e sintomática, geralmente em adultos ou idosos.
• Pode surgir antes, durante ou após o diagnóstico do tumor.

  1. Mecanismos Moleculares
    • Envolvem ativação de vias de crescimento epidérmico.

FGFR3 (fibroblast growth factor receptor 3)
• Algumas formas familiares ou benignas apresentam mutação ativadora do gene FGFR3, que promove proliferação epidérmica.

Produção de fatores de crescimento tumoral (formas malignas)
• Em casos paraneoplásicos, acredita-se que o tumor libere TGF-α ou EGF, que estimulam a proliferação epidérmica via receptor EGFR.

  1. Aspecto Histopatológico (Microscopia)

a) Hiperqueratose
• Espessamento da camada córnea (hiperqueratose), com acúmulo de queratina.

b) Acantose
• Espessamento do estrato espinhoso da epiderme (acantose), levando à elevação da epiderme.
• As papilas dérmicas também se elevam, formando um padrão de “ondas” ou “serrilhamento” na junção dermoepidérmica.

c) Hiperpigmentação basal
• Aumento da pigmentação da camada basal da epiderme, sem aumento do número de melanócitos (ou seja, não há hiperplasia melanocítica).
• A coloração escurecida é por melanina aumentada nas células basais e não por proliferação tumoral.

  1. Diagnóstico Diferencial
    • Vitiligo inverso (fase inicial);
    • Dermatite de contato crônica;
    • Tinha versicolor hiperpigmentada;
    • Melanose por fricção.

  1. Conduta Clínica

Formas benignas
• Tratar condições associadas (ex: perda de peso, controle glicêmico).
• Cremes tópicos esfoliantes (retinoides, ácido salicílico) ou clareadores.

Formas paraneoplásicas
• Excluir neoplasias viscerais ocultas (endoscopia digestiva alta é indicada!).
• O tratamento do câncer pode levar à regressão das lesões.

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PÓLIPO FIBROEPITELIAL (ACROCÓRDON)

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PÓLIPO FIBROEPITELIAL (ACROCÓRDON)

  1. Definição e Sinônimos
    • Lesão cutânea benigna, muito comum, também chamada de:
    • Acrocórdon
    • Pólipo cutâneo
    • Papiloma escamoso
    • Não é uma neoplasia verdadeira, mas sim uma proliferação benigna do tecido conjuntivo dérmico, revestido por epitélio escamoso.

  1. Epidemiologia
    • Frequente em adultos de meia-idade e idosos.
    • Incidência aumenta com a idade.
    • A maioria dos casos é esporádica, mas também pode surgir em associações sindrômicas raras, como:
    • Síndrome de Birt-Hogg-Dubé (condição hereditária com risco de tumores cutâneos e renais).

  1. Localizações Preferenciais
    • Locais de atrito ou dobra cutânea:
    • Pescoço
    • Axilas
    • Inguina
    • Face
    • Tronco
    • Pode ocorrer até em mucosas (como mostra o slide na cavidade oral).

  1. Aspecto Clínico
    • Lesões geralmente:
    • Macias, amolecidas, indolores.
    • Cor da pele ou levemente mais escuras.
    • Aspecto de “bolsa pendente” de pele.
    • Ligadas à pele por um pedículo (base estreita ou mais larga).

  1. Fatores Associados
    • Mais frequentes em pacientes com:
    • Obesidade
    • Diabetes mellitus
    • Síndrome metabólica
    • Polipose intestinal (em algumas síndromes genéticas raras)
    • Hormônios podem influenciar seu crescimento:
    • Tendem a aumentar durante a gestação, sugerindo influência hormonal (possivelmente estrogênio/progesterona).

  1. Complicações
    • Embora benignos, podem:
    • Torcer sobre si mesmos, causando necrose isquêmica, dor e inflamação.
    • Sangrar se traumatizados.
    • Incomodar esteticamente ou por atrito constante.

  1. Histologia (como mostra a imagem do slide)

a) Arquitetura geral
• Lesão composta por um eixo central fibrovascular, formado por:
• Tecido conjuntivo frouxo com vasos sanguíneos.
• Às vezes, discretos infiltrados inflamatórios.

b) Revestimento epitelial
• Cobertos por epitélio escamoso benigno, semelhante à epiderme normal.
• Em geral:
• Sem atipias.
• Pode haver hiperqueratose discreta.

c) Subtipos histológicos
• Comum (estrutura papilar simples).
• Pode sofrer degenerações inflamatórias ou edematosas em caso de trauma.

  1. Diagnóstico Diferencial
    • Verrugas virais (condiloma acuminado nas mucosas).
    • Papilomas verdadeiros.
    • Neurofibromas (em NF1).
    • Histiocitomas cutâneos.

  1. Conduta Clínica

Lesões assintomáticas
• Não precisam de tratamento.

Indicações para remoção
• Razões estéticas.
• Trauma repetitivo ou torção.
• Dúvida diagnóstica com lesão maligna (em alguns casos pigmentados ou ulcerados).

Métodos de remoção
• Excisão com tesoura ou bisturi.
• Crioterapia.
• Cauterização elétrica.

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CISTO DE INCLUSÃO FOLICULAR / EPIDÉRMICO

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CISTO DE INCLUSÃO FOLICULAR / EPIDÉRMICO

  1. Definição
    • É uma lesão benigna cística, derivada da invaginação do epitélio da epiderme ou do folículo piloso.
    • Também conhecido como:
    • Cisto epidérmico;
    • Cisto infundibular (porque se origina da porção infundibular do folículo piloso);
    • Cisto de inclusão epidérmica.

  1. Patogênese
    • Ocorre quando células da epiderme ou do folículo piloso se deslocam para a derme e continuam a produzir queratina.
    • Isso gera uma expansão cística, pois a queratina vai se acumulando dentro da cavidade.
  2. Origem
    • A maioria dos cistos epidérmicos é espontânea e esporádica.
    • Pode surgir após:
    • Traumas, que deslocam epitélio para a derme;
    • Obstrução do folículo piloso;
    • Associação com síndromes genéticas como:
    • Síndrome de Gardner (polipose intestinal + cistos epidérmicos + tumores ósseos).

  1. Localização
    • Comuns em:
    • Face
    • Pescoço
    • Tronco
    • Escalpelo
    • Região superior das costas

  1. Aspecto Clínico
    • Nódulo subcutâneo firme, arredondado, bem delimitado.
    • Indolor, a menos que se inflame ou infeccione.
    • Pode apresentar um poro central (orifício de saída do conteúdo cístico).
    • Crescimento lento, geralmente isolado, mas pode ser múltiplo em síndromes genéticas.

  1. Complicações
    • Quando cresce muito, pode romper, causando:
    • Extravasamento de queratina para a derme;
    • Gatilho de uma reação inflamatória granulomatosa intensa (pseudoabcesso).
    • Pode ocorrer infecção secundária com formação de abscesso verdadeiro.

  1. Microscopia (como mostra a imagem do slide)

a) Revestimento epitelial
• A parede do cisto é formada por epitélio escamoso estratificado com:
• Camada granulosa bem desenvolvida (igual à epiderme).
• Células bem organizadas, sem atipia.

b) Conteúdo do cisto
• Luz cística preenchida por queratina lamelar (em camadas concêntricas).
• Às vezes há detritos celulares e lipídios.

c) Em caso de ruptura
• Presença de:
• Inflamação granulomatosa;
• Células gigantes multinucleadas;
• Macrófagos fagocitando queratina.

  1. Diagnóstico Diferencial
    • Cisto triquilemal (derivado da bainha radicular externa do folículo);
    • Lipoma (mais macio, móvel e não adere à pele);
    • Abcesso (se estiver inflamado);
    • Neoplasias anexiais (raro, mas pode confundir em alguns casos).

  1. Conduta Clínica

Assintomáticos
• Não precisam de tratamento se pequenos e não problemáticos.

Indicações de excisão
• Motivos estéticos;
• Inflamação recorrente;
• Aumento progressivo;
• Ruptura ou infecção.

Tratamento
• Exérese cirúrgica total, preferencialmente com a cápsula intacta (para evitar recidiva).
• Em caso de infecção: antibióticos + drenagem.

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TUMORES DE ANEXOS CUTÂNEOS – VISÃO GERAL

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TUMORES DE ANEXOS CUTÂNEOS – VISÃO GERAL

  1. O que são?
    • Tumores originados de estruturas anexas da pele, como:
    • Folículos pilosos,
    • Glândulas sebáceas,
    • Glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas.
    • São em geral benignos, mas podem estar associados a síndromes genéticas hereditárias.
    • Costumam se apresentar como pápulas ou nódulos, únicos ou múltiplos, geralmente cor da pele.
  2. Associação Sindrômica
    • Exemplo clássico: triquilemomas múltiplos na Síndrome de Cowden (mutação no gene PTEN) – síndrome associada a tumores cutâneos e risco aumentado de neoplasias mamárias, endometriais e tireoidianas.

TUMORES ESPECÍFICOS

  1. CILINDROMA
    • Diferenciação ductal (derivado de glândulas sudoríparas).
    • Mais comum em couro cabeludo e face (principalmente testa).
    • Pode ser único ou múltiplo.

Histologia:
• Ilhas de células basaloides bem delimitadas.
• Essas ilhas são cercadas por material eosinofílico hialino, lembrando uma matriz basal.
• Disposição em padrão de “quebra-cabeça” ou “mosaico” – clássico!
• Sem atipias ou mitoses relevantes.

Forma familiar múltipla:
• Associada à Síndrome de Brooke-Spiegler, com múltiplos cilindromas, tricoepiteliomas e espiradenomas.

  1. SIRINGOMA
    • Tumor benigno de glândulas sudoríparas écrinas.
    • Aparece como pápulas pequenas, múltiplas, especialmente:
    • Ao redor dos olhos e pálpebras inferiores.
    • Mais comum em mulheres jovens.

Histologia:
• Pequenos ductos écrinos dilatados, às vezes com luz em forma de “tadpole” (girino).
• Revestidos por duas camadas de células epiteliais.
• Inseridos em estroma fibroso denso.

  1. TRICOEPITELIOMA
    • Deriva de células basaloides com diferenciação folicular primitiva.
    • Pode ser solitário ou múltiplo.
    • Mais comum na face, especialmente em crianças e adultos jovens.

Histologia:
• Ninhos de células basaloides (semelhantes ao carcinoma basocelular).
• Formação de estruturas semelhantes a folículos pilosos imaturos.
• Pode conter áreas císticas com queratina.
• Em geral bem circunscrito.

Diferença para carcinoma basocelular:
• Tricoepitelioma não apresenta invasividade nem mitoses ativas.

  1. ADENOMA SEBÁCEO
    • Tumor benigno de glândulas sebáceas.
    • Pode ser único ou associado à Síndrome de Muir-Torre (subtipo de HNPCC – câncer colorretal hereditário sem polipose).

Histologia:
• Proliferação lobular de células sebáceas.
• Citoplasma espumoso, com vesículas de lipídios.
• Células maduras misturadas a células basais mais escuras (não é homogêneo como lipoma).

Importância clínica:
• Múltiplos adenomas sebáceos devem levantar suspeita de síndrome de Lynch associada (Muir-Torre).

  1. PILOMATRICOMA (OU PILOMATRIOMA)
    • Tumor benigno de diferenciação folicular, especialmente do bulbo piloso (células triquilemais).
    • Mais comum em crianças e adultos jovens.
    • Localização típica: cabeça, pescoço e membros superiores.

Mutação envolvida:
• Via WNT/β-catenina (ativação leva à proliferação anormal).

Histologia:
• Células basaloides periféricas, com diferenciação triquilemal.
• Presença típica de células fantasmas:
• Células anucleadas, eosinofílicas, com contornos bem definidos.
• Representam queratinócitos em degeneração.

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CERATOSE ACTÍNICA (QUERATOSE ACTÍNICA)

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CERATOSE ACTÍNICA (QUERATOSE ACTÍNICA)

  1. Definição
    • Lesão cutânea pré-maligna, ou seja, é uma displasia intraepidérmica que pode evoluir para carcinoma espinocelular (CEC).
    • Surge por exposição crônica à radiação ultravioleta (UVB).
    • Também pode ser induzida por:
    • Radiação ionizante
    • Arsênio
    • Hidrocarbonetos industriais (como alcatrão e fuligem)

  1. Fatores de Risco
    • Exposição solar crônica (principal).
    • Idade avançada (acúmulo de dano solar).
    • Fototipos baixos (pele clara, I e II de Fitzpatrick).
    • Imunossupressão (ex: transplantados).
    • Alterações genéticas adquiridas – principalmente mutação de TP53, gene responsável por controlar o ciclo celular e apoptose.

  1. Aspecto Clínico
    • Lesões pequenas (< 1,0 cm), mal definidas.
    • Cor: vermelho, marrom, castanho ou cor da pele.
    • Superfície áspera, tipo “lixa” ou “papel de areia”.
    • Pode formar um “corno cutâneo” pela hiperprodução de queratina (caso mais avançado).
    • Frequente em áreas fotoexpostas:
    • Rosto
    • Orelhas
    • Dorso das mãos
    • Braços
    • Couro cabeludo (em calvos)
    • Lábios (especialmente o inferior) → forma queilite actínica.

  1. Evolução
    • Lesões displásicas progressivas:
    • Algumas regredem espontaneamente;
    • Outras se estabilizam;
    • E uma parcela evolui para carcinoma espinocelular invasivo (CEC).

Fatores que favorecem a transformação maligna:
• Número de lesões.
• Tempo de evolução.
• Imunossupressão.
• Persistência da exposição solar.

  1. Histologia (Microscopia)

a) Disceratose
• Maturação aberrante dos queratinócitos (queratinização precoce).
• Células com citoplasma róseo, eosinofílico, com núcleos picnóticos ou ausentes.

b) Atipia
• Predominantemente nas camadas basais e suprabasais da epiderme.
• Células atípicas com núcleos irregulares, hipercromáticos, e aumento da proporção núcleo:citoplasma.

c) Paraceratose
• Camada córnea com retenção de núcleos, diferente da ceratinização normal.
• Indica que o processo de diferenciação celular está desorganizado.

d) Pontes intercelulares
• Preservadas entre as células, como nas displasias escamosas típicas.

e) Elastose solar (elastose dérmica)
• Dano crônico ao colágeno dérmico pela radiação UV.
• Substituição por fibras elásticas anormais, espessas, azuladas-acizentadas (bem visíveis nas colorações de rotina como HE).
• Representa fotoenvelhecimento crônico.

  1. Diagnóstico Diferencial
    • Psoríase localizada (quando hiperqueratótica).
    • Dermatite seborreica.
    • Verruga vulgar.
    • Ceratose seborreica.
    • Carcinoma espinocelular in situ (doença de Bowen).

  1. Tratamento

a) Excisão cirúrgica
• Indicada se houver suspeita de transformação para carcinoma.

b) Tratamentos tópicos
• 5-fluorouracil (5-FU)
• Imiquimode
• Diclofenaco tópico
• Ingenol mebutato (menos utilizado hoje em dia)

c) Procedimentos
• Crioterapia com nitrogênio líquido (muito usada).
• Curetagem + eletrocoagulação.
• Laser CO2 em casos múltiplos.

  1. Importância Clínica
    • Lesão precursora do carcinoma espinocelular da pele.
    • O rastreio e o tratamento precoce são essenciais para evitar evolução invasiva.
    • É um indicador clínico de dano solar acumulado – o paciente precisa de fotoproteção contínua e seguimento dermatológico regular.
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CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS (CEC)

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CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS (CEC)

  1. Definição
    • Neoplasia maligna de células escamosas da epiderme, com capacidade de invasão e metástase.
    • Representa o segundo câncer de pele mais comum em áreas fotoexpostas, ficando atrás apenas do carcinoma basocelular.
    • Também chamado de:
    • Carcinoma espinocelular
    • Epitelioma espinocelular

  1. Epidemiologia
    • Ocorre principalmente em idosos.
    • Incidência maior em homens (exceto em pernas, onde é mais comum em mulheres).
    • Alta prevalência em indivíduos com pele clara (fototipos baixos), devido à menor proteção contra a radiação UV.
    • Em geral, lesões pequenas e localizadas, com índice de cura alto com ressecção.

  1. Fatores de Risco e Patogênese

a) Radiação UVB
• Principal fator etiológico, induz mutações no DNA, especialmente:
• Gene TP53 (supressor tumoral)
• Genes da via RAS
• O dano solar crônico leva a:
• Displasia escamosa
• Ceratose actínica
• CEC in situ
• CEC invasivo

b) Outros fatores importantes
• Imunossupressão:
• Quimioterapia
• Transplantes de órgãos sólidos (risco até 100x maior!)
• Aumento da susceptibilidade a HPV oncogênicos (especialmente tipos 16 e 18)
• Exposição a carcinógenos industriais:
• Alcatrão, óleo mineral, fuligem
• Radiação ionizante
• Arsênio
• Úlceras crônicas, queimaduras antigas, feridas de longa data (CEC de Marjolin)
• Tabaco e mastigação de betel – aumento do risco de CEC oral

  1. Aspecto Clínico

CEC in situ (doença de Bowen)
• Lesão intraepidérmica (ainda não invadiu a derme).
• Apresenta-se como placa eritematosa, escamosa ou crostosa.
• Potencial de transformação para CEC invasivo.

CEC invasivo
• Lesão nodular, ulcerada ou queratótica.
• Pode ter aspecto de:
• Nódulo infiltrado
• Úlcera com bordas elevadas
• Lesão endurecida com crostas (como na imagem clínica do slide)

  1. Histopatologia (como mostrado nas imagens)

CEC in situ
• Atypias em toda a espessura da epiderme, mas sem invasão da derme.
• Desorganização da maturação escamosa.
• Células com:
• Núcleos hipercromáticos
• Mitoses atípicas
• Disqueratose (queratinização aberrante)
• Ainda com membrana basal preservada.

CEC invasivo
• Infiltração da derme por lóbulos de células escamosas atípicas.
• Variabilidade de diferenciação:
• Bem diferenciado: abundante queratinização, presença de pérolas córneas.
• Pouco diferenciado: células anaplásicas, mínima produção de queratina, alto índice mitótico.
• Em tumores muito indiferenciados: uso de imuno-histoquímica para diferenciar de outras neoplasias.

  1. Comportamento Biológico
    • Em geral, o CEC cutâneo tem baixo potencial metastático (menos de 5%).
    • Porém, risco maior em:
    • Lesões espessas ou profundas
    • Imunossuprimidos
    • Lesões em mucosas ou orifícios naturais (CEC de lábio inferior, orelha, genitais)
    • Tumores que invadem nervos ou vasos

  1. Diagnóstico Diferencial
    • Ceratose actínica (pré-maligna)
    • Carcinoma basocelular
    • Doença de Bowen
    • Queratoacantoma (crescimento rápido, mas geralmente benigno)

  1. Tratamento
    • Ressecção cirúrgica é o padrão-ouro.
    • Em tumores pequenos: eletrocoagulação, crioterapia, curetagem.
    • Casos avançados ou inoperáveis:
    • Radioterapia
    • Terapias tópicas (5-FU, imiquimode) – para CEC in situ.
    • Em metástases ou doença avançada: terapias sistêmicas, incluindo inibidores de PD-1 (imunoterapia).
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CARCINOMA BASOCELULAR (CBC)

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CARCINOMA BASOCELULAR (CBC)

  1. Definição
    • Neoplasia maligna epitelial de baixo grau, derivada das células basais da epiderme ou do epitélio do folículo piloso.
    • É o tumor maligno de pele mais comum.
    • Apesar de maligno, quase nunca metastatiza (<0,5%), mas pode ser altamente destrutivo localmente se não tratado.

  1. Epidemiologia
    • Acomete principalmente adultos e idosos.
    • Predomina em pessoas com fototipos baixos (I e II).
    • Associado à exposição crônica ao sol, principalmente em áreas fotoexpostas como:
    • Face (nariz, pálpebras, bochechas)
    • Orelhas
    • Pescoço
    • Dorso das mãos

  1. Patogênese

a) Radiação Ultravioleta (UV)
• Principal fator causal.
• Causa dano no DNA, principalmente em genes supressores tumorais como o TP53 e genes da via Hedgehog.

b) Via Hedgehog
• Ativação anormal da via de sinalização Hedgehog está presente em >90% dos casos.
• Envolve mutações no gene PTCH1 (supressor tumoral), que normalmente inibe o gene SMO (promotor de crescimento celular).
• Quando o PTCH é inativado, SMO ativa a proliferação das células basais.

c) Síndrome de Gorlin (ou síndrome do carcinoma basocelular nevoide)
• Doença autossômica dominante.
• Múltiplos CBCs antes dos 20 anos.
• Associada a:
• Meduloblastomas
• Fibromas ovarianos
• Cistos odontogênicos
• Causada por mutações germinativas no gene PTCH1.

  1. Morfologia Clínica

a) Lesões típicas
• Pápulas ou nódulos perolados, com bordas elevadas.
• Presença de telangiectasias (vasos visíveis).
• Pode haver pigmentação (CBC pigmentado), confundindo-se com melanoma.
• Lesões maiores podem ulcerar → conhecido como “úlcera roedora” (rodent ulcer).
• Variante superficial:
• Placas eritematosas, bem delimitadas, em tronco.
• Pode ser confundida com psoríase ou eczema.

b) Potencial destrutivo
• Pode invadir estruturas profundas:
• Cartilagens (nariz, orelha)
• Músculos
• Osso (em casos negligenciados)
• Porém, quase nunca metastatiza!

  1. Histologia (pontos essenciais para prova)

a) Células basaloides
• Pequenas, com núcleos hipercromáticos, escasso citoplasma.

b) Padrões de crescimento
1. Nodular:
• Agregados arredondados de células basaloides.
• Bem demarcados.
2. Infiltrativo:
• Células em fileiras ou cordões que penetram profundamente na derme.
• Associado a maior risco de recorrência.

c) Palissada periférica
• As células nas margens dos lóbulos tumorais se alinham perpendicularmente, formando uma palissada → aspecto clássico de CBC.

d) Retração estromal
• Espaço claro entre os lóbulos tumorais e o estroma → fenda artefatual que ajuda no diagnóstico.

e) Pigmento (melanina)
• Pode estar presente nos CBCs pigmentados, em melanócitos ou fagocitado por macrófagos.

  1. Diagnóstico Diferencial
    • Melanoma (forma pigmentada)
    • Ceratose seborreica
    • Psoríase ou eczema (CBC superficial)
    • Carcinoma espinocelular (CEC)
    • Nevo azul ou melanocítico

  1. Comportamento Biológico
    • Localmente invasivo.
    • Crescimento lento, mas contínuo.
    • Em geral não metastatiza, mas pode causar desfiguração importante se negligenciado, especialmente na face.

  1. Tratamento
    • Excisão cirúrgica (padrão-ouro).
    • Outras opções:
    • Cirurgia de Mohs (maior preservação de tecido, ideal para face).
    • Curetagem e eletrodissecação (para lesões menores).
    • Crioterapia.
    • Terapias tópicas (imiquimode, 5-FU).
    • Inibidores da via Hedgehog (ex: vismodegibe, para CBCs avançados/metastáticos ou não ressecáveis).
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  1. Tumores da Derme - Visão Geral
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  1. Tumores da Derme - Visão Geral

Os tumores da derme se originam das células presentes nesta camada da pele, como fibroblastos, histiócitos, células dendríticas e outras. Os dois principais listados nos slides são:
• Dermatofibroma (Histiocitoma Fibroso Benigno) – Tumor benigno comum da derme.
• Dermatofibrossarcoma Protuberans (DFSP) – Tumor maligno de baixo grau, porém localmente agressivo.

  1. Dermatofibroma

Sinonímia
• Também conhecido como histiocitoma fibroso benigno.
• Representa um grupo heterogêneo de neoplasias benignas da pele.

Epidemiologia
• Mais frequente em adultos jovens, principalmente mulheres.
• Comum em pernas, mas pode ocorrer em qualquer parte do corpo.
• Incidência aumentada em mulheres jovens e de meia-idade.

Etiopatogenia
• Causa exata é incerta.
• Trauma local (como picadas de inseto ou pequenas lesões cutâneas) é frequentemente relatado como fator desencadeante.
• Considera-se uma proliferação reacional de fibroblastos e histiócitos.

Quadro Clínico
• Lesão assintomática ou levemente sensível ao toque.
• Caracteriza-se por pápulas ou nódulos firmes, geralmente:
• Menores que 1 cm;
• Cor parda a marrom;
• Superfície lisa ou levemente rugosa;
• Algumas lesões podem se tornar planas com o tempo.
• Sinal do “dimple” ou sinal do botão: ao pressionar lateralmente a lesão, ela se retrai para dentro (depressão central), por estar firmemente aderida à derme.

Histologia (Microscopia)
• Células fusiformes benignas (sem atipia ou pleomorfismo).
• Dispostas em fascículos curtos e entrelaçados.
• Localização na derme reticular média, bem delimitado, mas não encapsulado.
• Hiperplasia da epiderme sobrejacente é uma característica constante (acantose).
• Fibroblastos proliferativos envolvem feixes de colágeno – o colágeno parece ser “engolido” por essas células (colágeno enovelado).
• Pode haver pigmentação por hemossiderina ou melanina, dependendo da cronicidade e localização.

Diagnóstico Diferencial
• Nevo melanocítico;
• Queratoacantoma;
• Carcinoma basocelular (formas pigmentadas).

Tratamento
• Geralmente não requer tratamento.
• Remoção cirúrgica se houver dúvida diagnóstica, prurido persistente ou fins estéticos.

  1. Dermatofibrossarcoma Protuberans (DFSP)

Definição
• Tumor maligno primário da derme, bem diferenciado, de origem fibroblástica.
• Classificado como fibrossarcoma de baixo grau.
• Apesar de baixo potencial metastático, possui comportamento localmente agressivo e alta taxa de recorrência local.

Epidemiologia
• Adultos jovens e de meia-idade.
• Mais comum em tronco e extremidades proximais, mas pode ocorrer em qualquer área.

Quadro Clínico
• Apresenta-se como nódulo ou placa cutânea:
• De crescimento lento e progressivo;
• Inicialmente plano, tornando-se protuberante com o tempo;
• Pode atingir vários centímetros.
• Frequente recorrência local após excisão incompleta.
• Metástases são raras, mas possíveis (pulmões, linfonodos).

Histologia
• Fibroblastos dispostos em padrão estoriforme (“em roda de carro” ou redemoinho).
• Infiltração da derme e do tecido subcutâneo, com extensão ao tecido adiposo em padrão faviforme (semelhante a favo de mel).
• Epiderme delgada (sem hiperplasia, ao contrário do dermatofibroma).
• Mitoses são raras, mas podem estar presentes.
• Possui margens mal definidas ao exame microscópico — dificultando a excisão completa.

Marcadores Imunohistoquímicos
• CD34 positivo (importante para diagnóstico diferencial com dermatofibroma, que é CD34 negativo).
• Fator XIIIa negativo.

Tratamento
• Excisão cirúrgica ampla com margens generosas ou cirurgia de Mohs.
• Pode ser utilizada imatinibe (inibidor de tirosina quinase) em casos avançados ou não ressecáveis, devido a rearranjo genético envolvendo o gene PDGFB.

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tumores de células que migram para a pele

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  1. MICOSE FUNGOIDE (Linfoma Cutâneo de Células T)

Definição
• É o tipo mais comum de linfoma cutâneo de células T.
• Neoplasia maligna de linfócitos T CD4+ helper, com tropismo por pele.
• O nome “micose fungoide” é histórico, baseado na aparência clínica das lesões tumorais avançadas, que lembram fungos, mas não há etiologia fúngica.

Epidemiologia
• Predomina em adultos > 40 anos.
• Evolução lenta, podendo permanecer restrita à pele por anos antes de disseminar sistemicamente.

Apresentação Clínica
• Curso crônico e progressivo: começa com manchas, evolui para placas e finalmente nódulos.
• Lesões:
• Manchas ou placas escamosas, de coloração marrom-avermelhada.
• Frequentes no tronco, nádegas e quadris.
• Posteriormente, surgem nódulos infiltrativos.
• Fase final pode ocorrer disseminação linfática e hematogênica.

Fases clínicas
1. Fase de manchas: máculas eritematosas descamativas (semelhantes a dermatite).
2. Fase de placas: lesões mais espessas e infiltradas.
3. Fase tumoral: presença de nódulos e ulcerações, com possível disseminação.

Prognóstico
• Depende de:
• % da superfície corporal afetada;
• Presença de nódulos e progressão para doença sistêmica.
• Síndrome de Sézary: variante leucêmica da doença.
• Invasão hematogênica por linfócitos T malignos (células de Sézary);
• Eritrodermia generalizada, descamação difusa, linfadenopatia e presença de células malignas no sangue periférico.

Tratamento
• Formas iniciais: corticoides tópicos, fototerapia (PUVA ou UVB).
• Casos avançados: radioterapia, quimioterapia sistêmica (metotrexato, bexaroteno, interferon-alfa).

Histologia (fases iniciais)
• Infiltrado linfocitário na derme superficial, com epidermotropismo:
• Linfócitos T infiltram a epiderme sem espongiose (diferente das dermatites).
• Esses linfócitos são chamados células de Sézary-Lutzner, com:
• Núcleo irregular e cerebriforme;
• Cromatina densa;
• Citoplasma escasso.
• Formação de microabscessos de Pautrier:
• Grupos de linfócitos neoplásicos na epiderme;
• Patognomônico, mas não sempre presente.

Histologia (fases avançadas)
• Infiltrado denso de linfócitos na derme profunda e tecido subcutâneo.
• Nódulos: maior número de células atípicas, mitoses e ulceração.

  1. MASTOCITOSE

Definição
• Grupo de doenças caracterizadas pelo acúmulo clonal de mastócitos na pele e/ou órgãos sistêmicos.
• Pode ocorrer de forma:
• Cutânea isolada (mais comum em crianças);
• Sistêmica (com envolvimento de medula óssea, fígado, baço, trato GI).

Forma Cutânea: Urticária Pigmentosa
• > 50% dos casos ocorrem em crianças.
• Lesões cutâneas múltiplas: máculas, pápulas ou placas marrom-avermelhadas.
• Sinais importantes:
• Sinal de Darier: atrito da lesão leva a eritema e edema devido à liberação de histamina.
• Dermografismo: formação de pápulas edematosas após trauma.
• Mastocitomas solitários: nódulos isolados ou múltiplos (cor rósea a marrom), pruriginosos ou com bolhas.

Forma Sistêmica
• Mais comum em adultos.
• Sinais e sintomas relacionados à degranulação dos mastócitos:
• Histamina: prurido, rubor, dor abdominal, úlcera péptica;
• Outras substâncias: heparina (sangramentos), leucotrienos, citocinas.
• Manifestações:
• Prurido, rubor facial, hipotensão, síncope;
• Sintomas GI: dor, diarreia, náuseas;
• Osteoporose e fraturas.

Patogênese
• Associada a mutações no gene c-KIT (CD117), que codifica o receptor do fator de células-tronco (SCF):
• A mutação mais comum é D816V, conferindo ativação constitutiva do receptor.
• Isso leva à proliferação e sobrevivência anormal dos mastócitos.

Diagnóstico

Histologia:
• Aumento sutil a marcante de mastócitos na derme, geralmente ao redor de vasos.
• Mastócitos: núcleo oval, citoplasma abundante, basofílico com grânulos (em HE, difícil de ver).
• Técnicas auxiliares:
• Coloração de Giemsa (visualiza os grânulos).
• Imuno-histoquímica para CD117 (c-KIT): marcador positivo nos mastócitos.
• Triptase também pode ser usada como marcador.

Tratamento
• Cutânea em crianças: geralmente regride espontaneamente.
• Sintomáticos: anti-histamínicos, cromoglicato de sódio, corticoides tópicos.
• Sistêmica: difícil manejo, pode necessitar de inibidores de tirosina quinase (ex: midostaurina, imatinibe).