Aula 16-Livro I Flashcards
Como é que nós conhecemos a natureza das coisas?
Nós olhamos para o seu Telos (o seu fim).
Fim de um movimento, de um movimento de atualização, portanto uma coisa quando nasce, quando está no seu início, tem a sua natureza em potência e depois ocorre um movimento de atualização de realização da plenitude das suas possibilidades e quando essa consumação ocorre então nós dizemos que este Telos foi realizado, que a sua natureza foi realizada.
Vamos abstrair da questão do período da gestação, vamos supor que, a vida começa quando o recém-nascido sai do ventre da mãe. Nós estamos na presença de uma pessoa irracional, porque a faculdade racional nem sequer foi desenvolvida ainda.
Nesse bebé a natureza de um humano existe nele em potência. Agora vamos assistir ao seu desenvolvimento, que nos termos de Aristóteles o movimento de atualização do seu Telos.
Este bem humano que é viver de acordo com a razão também tem de ser cultivado, isto significa que os humanos podem ficar aquém da atualização do seu Telos mesmo que tenham uma vida biologicamente normal.
Se nós não cultivarmos as nossas faculdades humanas, nós ficamos aquém do Telos.
Nós temos de olhar para a Génese, para o início para compreender este movimento de atualização, mas não podemos permitir que confundamos a natureza de uma coisa, neste caso de uma pessoa ou de uma comunidade humana, olhando apenas para a sua génese. Temos de olhar para a génese e para o fim deste movimento.
Qual é a primeira comunidade?
Entre homem e mulher um casal. E esse casal remete imediatamente para o domínio da família, da complementaridade do homem e da mulher resulta no nascimento de mais vidas humanas. Nessa comunidade existe relações específicas e especiais, a relação entre pais e filhos.
Para serem ordenadas elas têm de ser atravessadas por um princípio de governação elas tem de ser governadas, isso vale para o Oikos ou a Polis.
Quem é que governa entre o casal, e porquê?
O homem tem mais faculdades que a mulher e, portanto, é por natureza mais apto para governar essa comunidade.
1-Força
2-Mas sobretudo a capacidade de prever, uma capacidade intelectiva.
No caso da família, quem é melhor/superior? —»É o homem por ter capacidade para prever.
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E imediatamente ele vai misturar a relação entre marido e mulher e depois pais e filhos.
Governam os superiores entre os pais e os filhos, porque os filhos chegam às mãos dos pais no estado de radical dependência e inuatualização da sua própria natureza, portanto eles não são seres racionais.
A relação de escravatura tem um lugar no domínio do Oikos, não é a mesma relação familiar. Isto na medida que, a noção de escravatura vai ser uma relação produtiva, para produzir coisas é também na medida do Oikos que se produz coisas.
Na relação de escravatura, governa o senhor sobre o escravo—»Tem que ser na medida que o senhor é superior ao escravo. ——» É o mesmo raciocínio que vale para a família, o homem governa a mulher porque é superior à mulher e os pais governam os filhos porque são superiores aos filhos.
Mas o marido não pode tratar uma mulher como uma escrava.
O cidadão é aquele que pertence à Polis, mas a Polis será a comunidade que ira abranger várias famílias. Portanto o cidadão é aquele que pertence à sua família e à Polis simultaneamente.
A aldeia é uma comunidade que abrange várias famílias. Qual é o Telos específico? —-»Aristóteles diz que é, satisfazer as necessidades humanas também, mas são as não quotidianas, as que são menos prementes como as primárias.
Portanto, esta outra forma de comunidade humana que é a aldeia, é aquela que, abrange várias famílias e nós vamos ver que a Polis é uma comunidade humana que abrange várias aldeias, portanto pela razão, também abrange várias famílias
Polis é finalmente a comunidade humana perfeita.
Em que sentido?
Não vai ser perfeita como o melhor regime, é perfeita no sentido que ela é completa.
Portanto quando nós falamos do Oikos ou da aldeia, nós estamos a falar de comunidades que são insuficientes, são comunidades deficientes, mas porquê?—» Aristóteles diz que a Polis é perfeita ou que a Pólis é a comunidade humana completa, ele está a dizer que é a comunidade humana autossuficiente.
O quê que significa quando nós dizemos que a Polis é autossuficiente?
Não é autossuficiência económica,
A natureza da Polis remete para um Telos que é só da Polis,–» É para proporcionar um bem humano particular a vida excelente, que cada um dos seus membros cada um deles, viva a vida excelente.
O que é vida excelente?
É a vida da prática das excelências da alma, é a vida da prática das virtudes.
A cidade tem que proporcionar os bens humanos, que são requisitos dessa vida boa, dessa vida excelente.
A vida excelente para Aristóteles vai passar por exercermos competências políticas.
Qual é a gênese da Polis?
Polis é fundada aquilo que leva as pessoas a associar-se, a reunir-se, a formar essa comunidade é uma razão que nós podemos classificar como proteção da vida.
Esta razão do início da Polis, não esgota a razão prevista pela qual a Polis subsiste no tempo. Sem sacrificar esta ideia de que ela na verdade vem à existência para um outro propósito de inferior à dignidade.
Há desde logo aqui uma hierarquização Aristóteles está aqui a dizer que, se a natureza da Polis o seu Telos, é a vida excelente, este propósito é muito mais nobre do que a vida nua.
Via nua –»Uma vida só na satisfação dos nossos desejos, da sobrevivência.
A cidade existe por natureza. —-» A Polis inscreve-se nessa ordem natural. Portanto, não resulta da escolha humana, ela transcende da escolha humana.
Aristóteles está a opor-se aqueles que diziam que a comunidade é puramente por Nomos, por convecção, por escolha dos indivíduos que podem mudar de ideias.
O quê que compõem a Polis?
Nós sabemos que são as aldeias e são as famílias. —»Ok mas as famílias são formadas por pessoas. A Polis não pode ser uma coisa que exista por natureza sem nós pronunciamos sobre a natureza as pessoas que constituem a Polis.
Um homem é um Zoon Politiko=Uns seres vivos políticos por natureza
O quê que é a natureza humana para Aristóteles? —–» Não olhado para a sua génese, quando somos bebés em que somos pessoas em potência e depois inicia-se o movimento de atualização das possibilidades das que estão inscritas quando somos bebés.
Qual é a possibilidade distintiva do ser humano em relação aos animais? —–» A nossa capacidade racional. Nós somos racionais e os outros animais não são.
Só que Aristóteles não começa por aí, começa por dizer que somos seres vivos políticos perante Zoon Politiko.
Isto significa o quê?
Então Aristóteles diz isto na mesma frase o que significa que agora, sabemos que a cidade existe por natureza porque os humanos são seres vivos por natureza.
Aristóteles está a dizer que só na Polis é que os humanos podem realizar plenamente o seu Telos, só na Polis é que é possível haver uma vida excelente.
Na medida que todas as pessoas são potencialmente pessoas por natureza, mas apenas em potência. —». Significa neste movimento de atualização muitas pessoas não chegam ao fim deste movimento. Quem não chega a atualizar a realizar o seu Telos, não realiza plenamente a sua natureza.
E é nesse sentido que Aristóteles diz: Não realiza plenamente a sua natureza então fica aquém da sua natureza. —-» É infra-humano.—-»É uma pessoa inferior.
É superior por natureza quem realiza o Telos. Todos os outros (que será a maioria das pessoas), nunca realizaram plenamente o seu Telos, portanto são pessoas inferiores.
Nesta medida quem é que deve governar?
Devem governar os que estão mais aptos a governar, são aqueles que realizam plenamente a sua natureza, e estão mais aptos a obedecer aqueles que não completaram a sua natureza.
As abelhas e as formigas são animais políticos (são aqueles que pertencem a uma Polis, pertencem a uma comunidade). São também seres gregários (quer dizer tem intenções naturais inconscientes para assim que existem, existirem com os outros elementos da sua espécie), há uma ordem de governação.
Os humanos também são animais políticos, em sentido pleno.
As abelhas e as formigas são animais políticos mas não no sentido pleno.
O quê que Aristóteles está a dizer?
1- Que dizer, que no contexto político, nós somos humanos, somos seres vivos por natureza, não é simplesmente sobre seres gregários, não é que somos dotados da possibilidade natural não é nada disso, é mais do que isso. Porque se não—» Estaríamos ao nível das abelhas e das formigas.
2- A diferença perante às abelhas e às formigas, diz respeito à inclinação espontânea para viver com os outros da nossa espécie, no caso dos humanos é mediada pela razão. No caso das abelhas e das formigas é apenas espontânea.
Logos=significa simultaneamente “palavra” também é traduzida em “discurso”
Nós somos capazes de raciocinar, e com isso nós falamos.
Nós distinguimos a nossa natureza da natureza dos animais numa faculdade que eles não têm. A natureza humana não é aquilo que temos em comum com os animais, é aquilo que nos separa, distingue e que torna mais nobres.
Som=Phone
Nós humanos somos capazes de emitir sons, mas um cão e um gato também emitem sons, e esses sons são formas de comunicação. É uma faculdade que nós partilhamos com os animais, porque nós também sabemos os gemer.
É uma possibilidade comunicacional, mas grande limitação, só conseguimos exprimir uma condição muito de base e muito elementar, de prazer ou de sofrimento.
Para que ser o Logos?
Vai além, da expressão de uma condição muito elementar de prazer e de dor.
Serve para fazer distinções muito mais subtis, desde logo tudo aquilo útil e tudo aquilo que é inútil ou prejudicial, que é uma distinção económica portanto elementar também, mas não tão elementar como o prazer e a dor; mas também está ao serviço das necessidades.
A Polis e o Oikos para serem ordenadas passam pelo princípio da governação, e por mais 2 ingredientes do que é uma comunidade humana. Quais?
- Princípio da autoridade
- As relações entre os membros dessa comunidade humana têm de ser formadas por filia de um lado e por uma conceição de justiça por outro.
Então o Zoon Politikon é ele que, não pode deixar de pensar sobre o que é justo e o injusto, ele não pode deixar separar aquilo que é censurável daquilo que é louvável, ele não pode deixar separar aquilo que é condenável e daquilo que é recomendável, ele não pode deixar de penar o que é justo daquilo que é injusto.
A comunidade política só é ordenada se houver um mínimo de coesão, esse mínimo de coesão tem de ser objetivamente partilhado.
A atividade produtiva é levada a cabo por instrumentos, com ferramentas. As ferramentas são objeto de propriedade.
Quem é que possui ferramentas que são indispensáveis para produzir comida?—» O senhor da casa, aquele que domina, governa o Oikos, nós já sabemos que vai ter que ser um homem, pai, marido.
No Oikos também há criados. Os criados que nós temos de ver numa conceição mais ampla, que são os trabalhadores, mas é também tem lugar a relação de senhor e escravo, e essa relação de escravatura é especificamente produtiva.
Temos 2 tipos de relação:
São diferentes entre o patrão e o trabalhador, quando comparamos o senhor dos escravos com o escravo. ——» Mas inscrevem-se todos na mesma orbita.
O trabalhador utiliza instrumentos inanimados, são propriedade do senhor para trabalhar a terra. O escravo é também um instrumento, não inanimado, mas animado.
O escravo é um instrumento animado por excelência, é aquele cuja a existência está toda destinada para produzir.
