ATENÇÃO PRIMARIA DE SAÚDE Flashcards
O que é a ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE – APS?
A atenção primária em saúde não começou no Brasil, ela tem uma historicidade imensa, que faz com que o estudante se encante a cada passo de avanço. A atenção primária em saúde mobiliza comunidades e pessoas a entenderem que o cuidado pode ocorrer com baixa densidade tecnológica, desde que haja ações de promoção e prevenção, desde que a equipe de referência esteja envolvida, e que haja responsabilidade sanitária e população definida.
A atenção primária, como nível de atenção, é de grande importância para a constituição da rede, pois tem um papel de centro de comunicação, ordenando a rede e coordenando o cuidado. Tudo isso ocorre pela localização estratégica onde suas ações são implementadas – no território, perto da vida, do dia a dia das pessoas (que são impactadas pelo território, e este, por sua vez, impactando quem ali vive). É preciso olhar para a vida das pessoas, no local onde vivem. Diferentemente de outros pontos de atenção (nos quais o indivíduo vêm
sob referenciamento ou sob situação de urgência/emergência), a pessoa vem caminhando até a atenção primária, dizendo o exame que gostaria de ser solicitado ou a prescrição que gostaria de ser feita.
Na atenção primária, não se lida com pessoas no leito, mas pessoas que estão no seu “nicho”, e é necessário fazer parcerias, para melhorar o processo de vida desse indivíduo dentro do território. Não existe atenção primária sem o envolvimento trabalhador-usuário gestor; da mesma forma, não existe atenção primária sem criação de vínculo, ou sem que os profissionais se façam queridos e aceitos para lidar com o processo de cuidado. Isso requer um olhar muito atento para a vida da pessoa no seu território.
No Brasil, a atenção primária é organizada por uma política (PNAB), mas já existia muito antes da primeira PNAB publicada no Brasil.
Por que Atenção e não Assistência?
Para Figueiredo e Demarzo (2015), em uma visão ampliada do processo saúde-adoecimento (PSa), as práticas de saúde devem ir além da assistência à saúde de indivíduos, ocupando-se também da atenção à saúde.
Assistência: seria então entendida como um conjunto de procedimentos clínico-cirúrgicos dirigidos a indivíduos, estejam eles doentes ou não.
Obs.: a assistência está mais ligada ao modelo biomédico (que foca no procedimento e na doença) – assistir alguém significa prestar cuidados mais direcionados à clínica.
Atenção: seria um conjunto de atividades intra e extra-setor saúde (intersetorialidade) que, incluindo também a assistência individual, não se esgota nela, atingindo grupos populacionais com o objetivo de manter a condição de saúde, requerendo ações concomitantes sobre todos os determinantes do PSa.
Obs. 1: é necessário que a atenção primária lide com espaços que extrapolam o setor saúde. A isso chamamos intersetorialidade.
Obs. 2: a atenção significa estar atento, desde às ações de promoção até às ações de cuidados paliativos. Estar atento, desde ao indivíduo que reside no território, ao indivíduo que trabalha no território de atuação.
Qual a História da Atenção Primária à Saúde (APS)?
Conforme Figueiredo e Demarzo (2015), a história da (re)organização de serviços e sistemas de saúde orientados pelos princípios da Atenção Primária à Saúde (APS) é marcada por uma trajetória de sucessivas reconstruções até se consolidar como uma política de reforma, uma alternativa diante da permanente crise (financeira e de resultados) dos sistemas de saúde contemporâneos.
Obs. 1: a reconstrução se dá até hoje, tanto que a Política da Atenção Básica já foi modificada diversas vezes. Isso porque precisava-e, e ainda precisa, de alternativas para enfrentar a crise financeira – ofertar atenção primária é mais barato e tem maior resultado. Sobre a crise de resultados, é necessário pontuar que prevenir aquilo que pode gerar o sintoma é muito mais importante do que lidar com os sintomas, depois de manifestado.
Obs. 2: a atenção primária é validada como um ponto da Rede que consegue resolver a maior parte dos problemas mais comuns. Justamente por isso, ocupa a base da rede, como centro de comunicação, que coordena o cuidado e ordena a rede.
De acordo com Mendes (2019), a moderna concepção de APS surgiu no Reino Unido, em 1920, no Relatório Dawson que preconizou a organização do sistema de atenção à saúde em diversos níveis:
* Os serviços domiciliares.
* Os centros de saúde primários.
* Os centros de saúde secundários.
* Os serviços suplementares.
* Os hospitais de ensino.
Portanto, a Atenção Primária é histórica e já vem sendo considerada como forma de rearmonizar modelos.
Ainda segundo Mendes (2019), esse clássico documento descreveu:
“as funções de cada nível de atenção e as relações que deveriam existir entre eles e
representa o texto inaugural da regionalização dos sistemas de atenção à saúde organizados com base na saúde da população, tendo influenciado a organização desses sistemas em vários países do mundo. Além disso, esse documento constitui a proposta seminal das RAS coordenadas pela APS.”
Pode-se dizer, portanto, que a Atenção Primária, considerada atualmente, e o papel que desempenha dentro da rede, sofreram influência do Relatório Dawson de 1920.
Sobre o relatório Dawson, Figuereido e Demarzo (2015) escrevem que:
“O Relatório Dawson tornou-se um marco na história da organização dos sistemas de saúde. Ele propõe a implantação de um sistema integrado de medicina preventiva e curativa por meio de ações primárias, secundárias e terciárias.
O Relatório Dawson está na base do sistema de saúde britânico e inspirou a organização de sistemas de saúde em vários outros países.
Figuereido e Demarzo (2015) trazem, ainda, que a discussão conceitual no campo da Atenção Primária, como percebe-se hoje, está intimamente relacionada à história da Conferência Internacional de Alma-Ata.”
Obs.: a Conferência Internacional de Alma-Ata aconteceu em 1978, no Cazaquistão, sendo a primeira conferência a discutir, de forma internacional, os cuidados primários em saúde.
ATENÇÃO
Pode-se dizer que, mesmo que o Relatório Dawson tenha influenciado o que hoje concebe-se por Atenção Primária, a Conferência Internacional de Alma-Ata, de 1978, teve um impacto muito maior, justamente por conta do cenário político-econômico que já vivia-se à época, do movimento sanitário, e em razão de a Atenção Primária ser considerada um cuidado para e pela população (participação da comunidade).
Atenção Primária à Saúde (APS) e a Conferência de Alma-Ata
De acordo com Starfield (2002), em 1977, em sua trigésima reunião anual, a Assembleia Mundial de Saúde decidiu unanimemente que a principal meta social dos governos participantes deveria ser a obtenção por parte de todos os cidadãos do mundo de um nível de saúde no ano 2000 que lhes permitiria levar vida social e economicamente produtiva. Hoje conhecida como “saúde para Todos no Ano 2000”.
Ainda de acordo com a autora, os princípios dessa meta social foram enunciados em uma conferência realizada em Alma-Ata e trataram do tópico da Atenção Primária à Saúde.
Segundo Figueiredo e Demarzo (2015), durante a Conferência que culminou com a
Declaração de Alma-Ata, organizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1978, na antiga União Soviética, a saúde foi reconhecida como direito fundamental das pessoas e comunidades, sendo enfatizado o acesso universal aos serviços de saúde e a intersetorialidade das ações, e ficando evidenciada a APS como estratégia básica para a consecução desses objetivos.
Obs.: nossa Constituição Federal de 1988 deixa claro que a saúde, no Brasil, é um direito fundamental.
De acordo com Mendes (2019), a Conferência de Alma-Ata definiu a APS como “cuidados essenciais baseados em métodos de trabalho e tecnologias de natureza prática, cientificamente críveis e socialmente aceitáveis, universalmente acessíveis na comunidade aos indivíduos e às famílias, com a sua total participação e a um custo suportável para as comunidades e para os países, à medida que se desenvolvem num espírito de autonomia e autodeterminação.”
ATENÇÃO
Pesquisar sobre o livro de Barbara Starfield, que é muito relevante para entender a discussão e o contexto da atenção primária no cenário mundial. É importante também pesquisar sobre o Relatório da Conferência de Alma-Ata e o Relatório de Dawson.
Ainda segundo Mendes (2019), dessa definição emergiram, naquele momento, elementos essenciais da APS:
A educação em saúde;
A provisão de medicamentos essenciais;
O saneamento básico;
O tratamento apropriado das doenças e danos mais comuns;
A prevenção de endemias;
O programa materno-infantil, incluindo imunização e planejamento familiar;
A promoção de alimentação saudável e de micronutrientes;
A valorização das práticas complementares. Principalmente, aponta para a saúde como expressão de direito humano
C ou E: a Conferência de Alma-Ata foi a primeira conferência internacional sobre o
tema cuidados primários em saúde. Há marcos que antecedem a Alma-Ata, mas esta foi a primeira conferência internacional a tratar desse assunto. O resultado dessa conferência teve grande impacto na organização da atenção primária no Brasil (principalmente no momento em que acontecia um movimento sanitário muito forte, por parte de estudiosos, universitários e congressistas, que tentavam mudar a forma como a saúde era ofertada).
A atenção primária sempre foi o primeiro ponto a ser escolhido, porque está mais próxima da comunidade – entendimento estabelecido na Conferência de Alma-Ata, que aconteceu em 1978, no Cazaquistão.
CERTO!
Quais os elementos essenciais da APS?
Ainda segundo Mendes (2019), dessa definição emergiram, naquele momento, elementos essenciais da APS:
A educação em saúde;
O saneamento básico;
A prevenção de endemias;
O programa materno-infantil, incluindo imunização e planejamento familiar;
A provisão de medicamentos essenciais;
O tratamento apropriado das doenças e danos mais comuns;
A promoção de alimentação saudável e de micronutrientes;
A valorização das práticas complementares. Principalmente, aponta para a saúde como expressão de direito humano.
Obs.: nota-se como, mesmo sendo de 1978, os conceitos trazidos pela Conferência de Alma-Ata são o que se vê atualmente em prática. Exemplos: não se faz atenção primária sem educação em saúde; não é possível aceitar atenção primária sem atuação na imunização e planejamento familiar. Até mesmo as práticas integrativas e complementares são apontadas na Conferência. Logo, é um dos marcos mais importantes para o que há de filosofia da atenção primária no Brasil.
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil?
De acordo com Mendes (2011), a APS tem uma história singular no Brasil que pode ser registrada por ciclos de desenvolvimento:
O PRIMEIRO CICLO surgiu em 1924, com os Centros de Saúde criados na USP. Provavelmente, esses centros sofreram alguma influência do pensamento dawsoniano do Reino Unido.
O SEGUNDO CICLO deu-se no início dos anos 40, com a criação do serviço especial de saúde pública (SESP), hoje fundação nacional de saúde.
Obs.: a Fundação SESP foi trazida para o Brasil como uma troca entre os governos brasileiro e norte-americano, em troca do látex da borracha – os norte-americanos precisavam da borracha como matéria-prima e, em contraponto, deram o know-how de como era organizado o sistema, nos moldes da Fundação Rockfeller norte-americana.
ATENÇÃO
A Fundação Rockfeller teve grande êxito em ofertar serviços de saúde àquela época, nos EUA. No Brasil, esse modelo tinha um formato militar (com método e organização): visitadores sanitários, busca ativa, com padronização. Considera-se um dos pontos de avanços no acesso a um sistema que, no Brasil, não existia para quem não trabalhava.
Com a vinda da Fundação SESP para o Brasil, colocaram-se em prática, principalmente, ações de higienização, pré-natal, e ações contra tuberculose e hanseníase, ou seja, atendimentos relacionados aos principais problemas da época. Com isso, reduziu-se a taxa de mortalidade infantil e doenças imunopreviníveis. Naquele momento (década de 40, quando a assistência à saúde era disponibilizada, apenas para quem trabalhava, através dos Institutos de Aposentadorias e Pensões), passou-se a ter mais um ponto de acesso para a população que precisava de atenção – pode-se dizer que muito do que a saúde da família é hoje, é em
razão da Fundação SESP.
Enquanto os sanitaristas (profissionais de nível superior) desempenhavam ações relacionadas ao atendimento à população, os agentes de endemias interiorizavam a saúde no Brasil, controlando endemias como a Doença de Chagas, leishmaniose, esquistossomose, malária etc.
O TERCEIRO CICLO, instituído a partir da metade dos anos 60, desenvolveu-se nas
secretarias estaduais de saúde, focalizava suas ações na prevenção das doenças, mas incorporando a atenção médica num modelo dirigido especialmente para o grupo materno-infantil e para as doenças infecciosas como tuberculose e hanseníase.
Obs.: o cenário político daquela época não permitia algo que abrangesse a população como um todo. Até o ano de 1966, havia os Institutos de Aposentadorias e Pensões e, a partir de 1966, surgiu o INPS. Os grande focos que tinham visibilidade epidemiológica e os piores indicadores no Brasil conseguiam ser desenvolvidos pelos Estados, focando na promoção e prevenção de doenças.
O QUARTO CICLO é contemporâneo da emergência, na cena internacional, da proposta de APS que seria referendada pela Conferência de Alma Ata em 1978.
O QUINTO CICLO deu-se no início dos anos 80, concomitantemente a uma grave crise da previdência social que levou à instituição das ações integradas de saúde (AIS) que levaram, para dentro das unidades de APS do sistema de saúde pública, parte da cultura de atenção médica do INAMPS.
Obs.: o marco inicial da atenção primária no Brasil aconteceu entre 1983 e 1984, por conta da criação do Plano CONASP, que surgiu para tentar melhorar a crise na previdência.
A instituição do SUS levou a um SEXTO CICLO, que se concretizou por meio da municipalização das unidades de APS dos estados que passaram à gestão dos municípios, o que gerou uma enorme expansão dos cuidados primários.
Obs. 1: o movimento SUS e da atenção primária ocorre perfeitamente, em conjunto. Não pode-se deixar de relacionar o nascimento do SUS e a melhoria da oferta em quantidade e qualidade para a atenção primária.
Obs. 2: nosso olhar será mais focado para a década de 1990, quando o Programa de Agentes Comunitários de Saúde foi implantado e, também, em 1994, quando o Programa de Saúde da Família foi implantado.
A implantação do PSF significou o SÉTIMO CICLO, que se denomina ciclo da atenção
básica à saúde e que vige atualmente. Aconteceu entre 1990 e 1994.
O OITAVO CICLO da atenção primária à saúde se caracteriza pelo desafio da consolidação definitiva da estratégia de saúde da família (ESF).
Obs.: a partir do oitavo ciclo, entendeu-se que não adiantava, apenas, dar nomenclatura ou saber qual é o ponto de atenção com maior capacidade de dar bons resultados. Era necessário entender o processo como estratégia (que veio para modificar o modelo de atenção à saúde), e não mais como programa.
ATENÇÃO
No Brasil, atenção básica e atenção primária são termos equivalentes.
De acordo com Mendes (2019), consolidar a ESF significará construí-la, verdadeiramente, a partir das evidências produzidas internacionalmente e no Brasil, como a política da APS no SUS, fundada no seu papel de estratégia de organização do sistema público de saúde brasileiro e como centro de comunicação das RASs.
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Segundo Ciclo?
O SEGUNDO CICLO deu-se no início dos anos 40, com a criação do serviço especial de saúde pública (SESP), hoje fundação nacional de saúde.
Obs.: a Fundação SESP foi trazida para o Brasil como uma troca entre os governos brasileiro e norte-americano, em troca do látex da borracha – os norte-americanos precisavam da borracha como matéria-prima e, em contraponto, deram o know-how de como era organizado o sistema, nos moldes da Fundação Rockfeller norte-americana.
ATENÇÃO
A Fundação Rockfeller teve grande êxito em ofertar serviços de saúde àquela época, nos EUA. No Brasil, esse modelo tinha um formato militar (com método e organização): visitadores sanitários, busca ativa, com padronização. Considera-se um dos pontos de avanços no acesso a um sistema que, no Brasil, não existia para quem não trabalhava.
Com a vinda da Fundação SESP para o Brasil, colocaram-se em prática, principalmente, ações de higienização, pré-natal, e ações contra tuberculose e hanseníase, ou seja, atendimentos relacionados aos principais problemas da época. Com isso, reduziu-se a taxa de mortalidade infantil e doenças imunopreviníveis. Naquele momento (década de 40, quando a assistência à saúde era disponibilizada, apenas para quem trabalhava, através dos Institutos de Aposentadorias e Pensões), passou-se a ter mais um ponto de acesso para a população que precisava de atenção – pode-se dizer que muito do que a saúde da família é hoje, é em
razão da Fundação SESP.
Enquanto os sanitaristas (profissionais de nível superior) desempenhavam ações relacionadas ao atendimento à população, os agentes de endemias interiorizavam a saúde no Brasil, controlando endemias como a Doença de Chagas, leishmaniose, esquistossomose, malária etc.
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Primeiro Ciclo?
O PRIMEIRO CICLO surgiu em 1924, com os Centros de Saúde criados na USP. Provavelmente, esses centros sofreram alguma influência do pensamento dawsoniano do Reino Unido.
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Terceiro Ciclo?
O TERCEIRO CICLO, instituído a partir da metade dos anos 60, desenvolveu-se nas
secretarias estaduais de saúde, focalizava suas ações na prevenção das doenças, mas incorporando a atenção médica num modelo dirigido especialmente para o grupo materno-infantil e para as doenças infecciosas como tuberculose e hanseníase.
Obs.: o cenário político daquela época não permitia algo que abrangesse a população como um todo. Até o ano de 1966, havia os Institutos de Aposentadorias e Pensões e, a partir de 1966, surgiu o INPS. Os grande focos que tinham visibilidade epidemiológica e os piores indicadores no Brasil conseguiam ser desenvolvidos pelos Estados, focando na promoção e prevenção de doenças
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Quarto Ciclo?
O QUARTO CICLO é contemporâneo da emergência, na cena internacional, da proposta de APS que seria referendada pela Conferência de Alma Ata em 1978
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Oitavo Ciclo?
O OITAVO CICLO da atenção primária à saúde se caracteriza pelo desafio da consolidação definitiva da estratégia de saúde da família (ESF).
Obs.: a partir do oitavo ciclo, entendeu-se que não adiantava, apenas, dar nomenclatura ou saber qual é o ponto de atenção com maior capacidade de dar bons resultados. Era necessário entender o processo como estratégia (que veio para modificar o modelo de atenção à saúde), e não mais como programa.
ATENÇÃO
No Brasil, atenção básica e atenção primária são termos equivalentes.
De acordo com Mendes (2019), consolidar a ESF significará construí-la, verdadeiramente, a partir das evidências produzidas internacionalmente e no Brasil, como a política da APS no SUS, fundada no seu papel de estratégia de organização do sistema público de saúde brasileiro e como centro de comunicação das RASs.
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Quinto Ciclo?
O QUINTO CICLO deu-se no início dos anos 80, concomitantemente a uma grave crise da previdência social que levou à instituição das ações integradas de saúde (AIS) que levaram, para dentro das unidades de APS do sistema de saúde pública, parte da cultura de atenção médica do INAMPS.
Obs.: o marco inicial da atenção primária no Brasil aconteceu entre 1983 e 1984, por conta da criação do Plano CONASP, que surgiu para tentar melhorar a crise na previdência.
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Sexto Ciclo?
A instituição do SUS levou a um SEXTO CICLO, que se concretizou por meio da municipalização das unidades de APS dos estados que passaram à gestão dos municípios, o que gerou uma enorme expansão dos cuidados primários.
Obs. 1: o movimento SUS e da atenção primária ocorre perfeitamente, em conjunto. Não pode-se deixar de relacionar o nascimento do SUS e a melhoria da oferta em quantidade e qualidade para a atenção primária.
Obs. 2: nosso olhar será mais focado para a década de 1990, quando o Programa de Agentes Comunitários de Saúde foi implantado e, também, em 1994, quando o Programa de Saúde da Família foi implantado
O que é a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil: Sétimo Ciclo?
A implantação do PSF significou o SÉTIMO CICLO, que se denomina ciclo da atenção
básica à saúde e que vige atualmente. Aconteceu entre 1990 e 1994.
Qual a Trajetória da eSF?
Cabe aqui um parênteses, para uma breve linha histórica sobre a nossa Estratégia de Saúde da Família.
ATENÇÃO
Apesar da equivalência dos termos atenção primária e atenção básica, é preferível falar em atenção primária, pois é o primeiro nível de atenção. Atenção básica denota ideia de “pouco”, “básico”. No entanto, para o concurso, lembrar-se de que são termos equivalentes.
Obs.: a UBS (unidade básica de saúde) é aquela que não tem saúde da família, enquanto as USF (unidade de saúde da família) é aquela que possui, pelo menos, uma equipe de saúde da família.
- 1994: Portaria 692 - Cria o Programa de Saúde da Família.
- 1996: NOB-SUS - Fortalece o PSF, operacionalizou a descentralização de recursos e a municipalização da saúde, criou o PAB fixo e Variável;
- 1997: Portaria n. 1.886 - Passa a ser oficialmente uma ESTRATÉGIA
de mudança de modelo de atenção. - 1998: Portaria 3.925 - Estabelece o primeiro conceito de Atenção
Básica e a Estratégia Saúde da Família seria considerada como “estratégia prioritária da saúde”. - 2006: Portaria 648 - Incorpora os princípios e Diretrizes do SUS e do Pacto pela Saúde à Atenção Básica e ratifica a Saúde da Família como prioritária.
- 2011: Portaria 2.488 - Ratifica a Estratégia de Saúde da Família
como prioritária para consolidação e expansão da Atenção Básica. Traz a composição mínima de equipe que atualmente se configura como Saúde da Família - 2017: Portaria 2.436 - e suas atualizações Ratifica a Estratégia de Saúde da Família
como prioritária para consolidação e expansão da Atenção Básica e traz alguns retrocessos.
Obs. 1: a Portaria n. 648 foi muito importante, justamente porque traz os princípios do SUS para o primeiro nível de atenção. Trazer a filosofia do SUS para uma Portaria é muito relevante, pois é necessário alinhar o que se coloca em prática com o que está nos termos dos textos legais.
Obs. 2: na Portaria n. 2.488, havia a previsão de número mínimo e máximo de agentes comunitários de saúde.
Obs. 3: a Portaria n. 2.436 e suas atualizações já estão presentes na Portaria de Consolidação n. 2/2017 (todas as políticas de saúde foram revogadas com a Consolidação e o seu texto foi recepcionado pela Portaria de Consolidação 2/2017).
Retrocessos presentes na Portaria 2.436 de 2017 e suas posteriores alterações
será visto no próximo bloco os retrocessos.
ATENÇÃO
Principalmente, em questões de residência, o examinador pode exigir conhecimentos sobre esses retrocessos.
Quais são as RETROCESSOS PRESENTES NA PORTARIA 2.436 DE 2017 E SUAS
POSTERIORES ALTERAÇÕES?
Para Medina et. al. (2020), as tentativas de desmantelamento da ESF, desde 2017, com redução de agentes comunitários de saúde, flexibilização de carga horária de profissionais, abolição da prioridade para a ESF, fragilizando o enfoque comunitário, entre outros, representam constrangimentos importantes para uma atuação adequada da APS no SUS.
Some-se a tudo isso a extinção dos Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção
Básica (NASF-AB) (nota técnica n. 03 de 2020), perda de profissionais com a finalização do Programa Mais Médicos, desincentivos a abordagem territorial com o novo modelo de financiamento da atenção básica (programa Previne Brasil) com base em número de cadastrados.
Obs.: O Programa Previne Brasil muda o financiamento da atenção básica e apresenta como forma de recurso não mais a lógica de se ter uma qualidade de trabalho, mas sim uma lógica de quantitativo de cadastros, procedimentos e indicadores (Portaria n. 2.979/2019).
Ainda é possível concurso para NASF no município? Sim, se o gestor municipal mantiver o NASF-AB e tiver o recurso para manter o programa, ele pode fazer isso. A nota técnica apenas deixa claro que não haverá mais incentivo do governo federal para as equipes existentes e não haverá possibilidade de instituição de novas equipes (desde janeiro de 2020).
Qual a Importância da ESF?
A Saúde da Família é uma das principais estratégias, propostas pelo Ministério da Saúde do Brasil, para reorientar o modelo assistencial do Sistema Único de Saúde, a partir da atenção básica (BRASIL, 1997).
Obs.: ESF: Estratégia Saúde da Família; eSF: equipe de Saúde da Família.
Quais são as Considerações Importantes sobre a Saúde da Família?
A proximidade da equipe de saúde com o usuário permite que se conheça a pessoa, a família e a vizinhança. Isso garante uma maior adesão do usuário aos tratamentos e às intervenções propostas pela equipe de saúde.
Obs.: É importante fazer o planejamento de acordo com o contexto. É preciso conhecer a rede social na qual o indivíduo está inserido. Para esse conhecimento, há alguns instrumentos: genograma, que mostra a relação das pessoas da família; ecomapa, que é uma forma de identificar a posição do usuário com a coletividade. Ao conhecer o indivíduo, é possível tratá-lo de acordo com a necessidade.
O resultado é mais problemas de saúde resolvidos na Atenção Básica, sem a necessidade de intervenção de média e alta complexidade em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) ou hospital.
Obs.: Conhecer os problemas mais comuns e saber como lidar com eles, por meio de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, contribui para que a maior parte dos problemas seja resolvida Quando o problema deixa de ser comum, a atenção básica continua acompanhando o usuário, pois ela coordenada o cuidado dentro da rede. Por mais que o usuário precise ir para a oncologia, por exemplo, ele ainda voltará para sua casa, que fica no território onde a atenção básica atua.
Caso seja identificado um problema que não seja comum, ele será referenciado para outro ponto da rede, que tem o grau de densidade tecnológica suficiente para resolver o problema, mas a atenção básica não largará o paciente.
A atenção básica resolve os problemas mais comuns.
* Estratégia prioritária da AB;
* Segue os princípios e diretrizes da AB;
Obs.: São os mesmos princípios doutrinários do SUS.
* Trabalha com população adscrita por equipe de 2.000 a 3.500 pessoas;
* A estratégia saúde da família incorpora os princípios do sistema único de saúde (SUS) (brasil, 2000) e se estrutura a partir da unidade saúde da família (USF)