Apostila - Direito Humanos Flashcards

1
Q

1º) Examinador: Sr(a). Candidato, conceitue direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, direitos humanos são direitos previstos em documentos internacionais, que visam à proteção da
dignidade e que permitem a garantia dos nossos direitos no plano internacional,
caso o Estado não os proteja adequadamente.

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2
Q

2º) Examinador: Sr(a). candidato(a), distinga direitos fundamentais de direitos
humanos.

A

➢ Resposta: Excelência, os direitos humanos representam direitos mínimos
e essenciais para garantir a dignidade da pessoa humana e estão previstos na
órbita internacional
. Já os direitos fundamentais são os direitos humanos que
foram positivados na ordem interna.

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3
Q

3º) Examinador: Sr(a). candidato(a), existe distinção entre direitos humanos e
direitos do homem?

A

Resposta: Sim, excelência. A expressão direitos do homem é de cunho jusnaturalista, referente aos direitos naturais (não escritos, não positivados)
aptos à proteção global do homem e válidos a qualquer tempo
. É difícil
encontrarmos exemplos na atualidade, visto que, os direitos estão escritos em
algum documento. Para o STF, o direito à fuga e o direito à autodefesa são exemplos de direitos naturais. Existe ainda uma crítica em relação a essa expressão, ligada à determinação de gênero que faz em relação ao “homem”, sugerindo uma eventual discriminação quanto aos direitos da “mulher”, reforçando o seu desuso na atualidade. Já a expressão direitos humanos, se refere aos direitos positivados em documentos internacionais de proteção,
sendo a mais adequada nos dias atuais
.

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4
Q

4º) Examinador: Sr(a). candidato(a), na concepção doutrinária, o que é força
expansiva dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a força expansiva dos direitos humanos é o fenômeno através do qual os direitos humanos contaminam as mais diversas facetas do ordenamento jurídico, acarretando a jusfundamentalização do
Direito. Esse fenômeno pode ser comparado à constitucionalização do Direito, ou filtragem constitucional. Podemos observar essa força expansiva no
ordenamento jurídico brasileiro, em especial, através dos parágrafos do artigo
5.º da CF/88.

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5
Q

5º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual a relação entre direitos humanos e
direito humanitário?

A

➢ Resposta: Excelência, apesar de não se confundirem, o Direito Internacional
Humanitário e o Direito Internacional dos Direitos Humanos estão inter-relacionados. Algumas de suas normas são idênticas e, por isso, podemos dizer que têm o mesmo objetivo, que é a proteção de direitos humanos (relação de identidade e convergência), apesar de serem ramos do Direito distintos e suas normas constarem em tratados diferentes (relação de influência recíproca).
O Direito Internacional dos Direitos Humanos é aplicado em tempo de paz enquanto as regras do Direito Internacional Humanitário são aplicáveis apenas após o início de um conflito armado (relação de especialidade) e, independentemente, de quem começou as hostilidades, aplicam-se uniformemente a todas as partes envolvidas. É possível, afirmar, portanto que o Direito Internacional dos Direitos Humanos é gênero do qual o Direito Humanitário Internacional é espécie (relação de complementaridade).

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6
Q

6º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a vigente Constituição Brasileira assumiu
o compromisso de tutelar os direitos humanos?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Nossa Constituição Federal foi generosa na
defesa dos direitos humanos, possuindo diversos dispositivos que afirma este
compromisso. Apenas o art. 5º possui setenta e nove incisos e quatro parágrafos
prevendo direitos fundamentais do indivíduo.

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7
Q

7º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a partir do que disse na sua última resposta, cite alguns exemplos no Texto Constitucional que revela a preocupação da Constituição Federal de 1988 na defesa dos direitos humanos.

A

➢ Resposta: Excelência, a Constituição Federal promoveu a redemocratização do País, institucionalizando um Estado Democrático de Direito. Ela ampliou significativamente o rol dos direitos fundamentais e apresentou cláusula de abertura para o direito internacional dos direitos humanos. É possível citar como exemplos o art. 1º, III, que garantiu a dignidade da pessoa humana; o art. 3º que trouxe objetivos fundamentais humanitários; e o art. 4º que trouxe o princípio da prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais.

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8
Q

8º) Examinador: Sr(a). candidato(a), de quem é a responsabilidade de proteção
dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, o Estado tem a responsabilidade primária pela
proteção dos direitos humanos, e a comunidade internacional tem a
responsabilidade subsidiária
. Os procedimentos internacionais são uma garantia adicional de proteção dos direitos humanos, quando as instituições nacionais
falham.

*Dica de ouro: os sistemas internacionais de proteção de direitos humanos
jamais pretendem violar a soberania dos Estados ou substituir a sua atuação.
Eles existem como uma garantia adicional.

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9
Q

9º) Examinador: Sr(a). candidato(a), os anos de 1215 e 1948 se relacionam a
qual Documento histórico relevante para a evolução dos Direitos Humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, os anos de 1215 e 1948 representam, respectivamente, os anos que deram gênese à Magna Carta e à Declaração Universal dos Direitos Humanos.

*Dica de ouro: embora represente uma pergunta rara, em 2019 e 2023 alguns
candidatos receberam este tipo de pergunta: o ano do Tratado. Por isto, não
custa recordar o ano destes dois relevantes Documentos históricos.

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10
Q

10º) Examinador: Sr(a). candidato(a), como se dá a federalização dos crimes
que atingem os Direitos Humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, conforme previsto no artigo 109, § 5.° da CF/88, acrescentado pela EC nº 45/04, “nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.

*Dica de ouro: requisitos para o incidente, segundo a doutrina, como por exemplo de André de Carvalho Ramos:
1) Legitimidade exclusiva de propositura do Procurador-Geral da República
2) Competência privativa do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
3) Abrangência cível ou criminal dos feitos deslocados, bem como de qualquer
espécie de direitos humanos (todas as gerações) desde que se refiram a casos
de “graves violações” de tais direitos
4) Permite o deslocamento na fase pré-processual (por exemplo, inquérito
policial ou inquérito civil público) ou já na fase processual
5) Relaciona-se ao cumprimento de obrigações decorrentes de tratados de
direitos humanos celebrados pelo Brasil
6) Fixa a competência da Justiça Federal e do Ministério Público Federal para
atuar no feito deslocado.

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11
Q

11º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que a Constituição quer dizer ao garantir um Estado Democrático de Direito?

A

➢ Resposta: Excelência, o art. 1º da Constituição Federal assegura o
Estado Democrático de Direito. Este princípio traz um conceito de baixa
densidade normativa e alta carga axiológica; o que acarretará análises distintas perante cada doutrinador.
Em linhas gerais, a expressão Estado Democrático de Direito representa a garantia de uma ordem estatal justa e mantenedora das liberdades públicas.
A doutrina o aponta como um princípio nuclear, que garante os institutos democráticos, a soberania popular, os direitos fundamentais, a limitação e separação dos poderes e, sobretudo, a Supremacia da Constituição.

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12
Q

12º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite 3 princípios que regem a atuação
do Brasil nas relações internacionais, segundo a Constituição Federal.

A

➢ Resposta: Excelência, é possível citar, entre outros princípios, a independência nacional, a prevalência dos direitos humanos e a autodeterminação dos povos.

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13
Q

13º) Examinador: Sr(a). candidato(a), existe algum dispositivo na Constituição
que dispõe sobre a relação do Brasil com os povos da América Latina? O que
ele diz?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência, o parágrafo único do art. 4º da Constituição Federal assevera que a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

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14
Q

14º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que garante a dignidade da pessoa humana? Conceitue este fundamento.

A

➢ Resposta: Excelência, a dignidade da pessoa representa um dos fundamentos da República e, portanto, é um princípio fundamental. Ela tutela a qualidade intrínseca de todo ser humano; derivando da máxima de Kant: “todo homem é sempre fim, nunca o meio”. Ou seja, a dignidade da pessoa humana evita a coisificação do ser humano, pois deve ser o fim das coisas. Após a Segunda Guerra Mundial, o constitucionalismo contemporâneo elevou a dignidade da pessoa humana como um valor supremo, sendo verdadeira diretriz para elaboração e interpretação de todos os demais direitos fundamentais. Este fundamento é utilizado amiúde pelo Supremo Tribunal Federal, como no caso da obrigatoriedade do banho quente aos presos, do reconhecimento da união homoafetiva e da possibilidade de alteração do prenome.

*Dica de ouro: neste tipo de pergunta - muito aberta - você pode se complicar
na articulação dos argumentos. Minha dica é que você classifique o instituto (no
caso: um fundamento e, também, um princípio fundamental), depois parta da
ideia mais ampla para a ideia mais restrita (no caso: do conceito para os exemplos).

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15
Q

15º) Examinador: Sr(a). candidato(a), ainda sobre dignidade da pessoa humana, quais são os 3 níveis de deveres do Poder Público em relação a ela?

A

➢ Resposta: Excelência, a doutrina diz que a dignidade da pessoa humana impõe 3 níveis de deveres ao Poder Público:

(i) Dever de respeito: impede atividades e condutas que violem a dignidade humana, por exemplo, na hipótese em que o ser humano fosse tratado como mero objeto ou instrumento e não como um fim em si mesmo - este fenômeno é chamado de fórmula do objeto).

(ii) Dever de proteção: impõe ao Poder Público a prática de ações positivas para
a proteção da dignidade humana, por exemplo, recrudescimento de penas para
as condutas que afrontem este bem jurídico.

(iii) Dever de promoção: liga-se a ideia da igualdade material, exigindo do Poder
Público prestações materiais para que a vida seja digna, por exemplo, saúde,
educação, trabalho, moradia.

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16
Q

16º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Sr. já ouviu falar da prática de “arremesso de anões”. O que diz a doutrina sobre o curioso caso?

A

➢ Resposta: Excelência, uma casa noturna de Paris criou um evento chamado “arremesso de anões”. O Tribunal Francês, contudo, impediu a prática mesmo contra a vontade dos anões. Os anões, então, recorreram da proibição judicial, pedindo o seu direito de continuarem sendo arremessados. Eles alegavam que a prática lhes garantiria emprego e renda. Neste célebre caso, a jurisprudência francesa vedou o tratamento de um ser humano como simples objeto. O arremesso de anões, além de estigmatizar as pessoas de baixa estatura, violava a dignidade da pessoa humana como um dever de respeito por todos.

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17
Q

17º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite alguns exemplos da jurisprudência
dos Tribunais Superiores que utilizou a dignidade da pessoa humana como
argumento para decidir.

A

➢ Resposta: Excelência, em inúmeros casos a jurisprudência dos Tribunais Superiores utiliza da dignidade da pessoa humana para decidir. É possível citar a mudança de prenome, o fornecimento de banho quente aos presos, o reconhecimento da união homoafetiva, entre outros.

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18
Q

18º) Examinador: Sr(a). candidato(a), aprofundando um pouco mais sobre os
casos que citou, responda: como o STF decidiu a mudança do prenome?

A

➢ Resposta: Excelência, o Supremo Tribunal Federal entendeu que é possível a alteração do prenome e do gênero no registro civil, independentemente de
(i) cirurgia de transgenitalização,
(ii) tratamentos hormonais ou patologizantes, e
(iii) pedido judicial.
Isto é, o pedido retificação é pautado unicamente no consentimento livre e informado do requerente, independentemente do preenchimento destes requisitos.

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19
Q

19º) Examinador: Sr(a). candidato(a), aprofundando um pouco mais sobre os
casos que citou, responda: como o STJ decidiu o banho quente para os presos?

A

➢ Resposta: Excelência, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que a omissão injustificada da administração penitenciária em fornecer banho quente aos presos fere a dignidade da pessoa humana, em razão do agravamento de enfermidades pela falta de assepsia pessoal. Isto geraria situação propícia à disseminação de patologias em estabelecimentos fechados.

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20
Q

20º) Examinador: Sr(a). candidato(a), aprofundando um pouco mais sobre os
casos que citou, o que entendeu o STF sobre a união homoafetiva?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo o Supremo Tribunal Federal a união
homoafetiva é protegida pela Constituição Federal como família. O STF proibiu
a discriminação das pessoas em razão do sexo, seja no plano da dicotomia homem/mulher (gênero), seja no plano da orientação sexual de cada qual deles.
A Corte prestigiou o pluralismo e a dignidade humana.

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21
Q

21º) Examinador: Sr(a). candidato(a), ainda sobre este tema, qual a consequência penal da prática de homofobia ou transfobia segundo o Supremo
Tribunal Federal? Há algum julgado recente sobre isto?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo o Supremo Tribunal Federal, até que
sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os
mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da
Constituição Federal, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou
supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de
gênero de alguém, qualificam-se como racismo, compreendido este em sua
dimensão social
.

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22
Q

22º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual a diferença existente entre o princípio da igualdade (ou isonomia) formal e material?

A

➢ Resposta: Excelência, a igualdade formal (abstrata ou genérica) representa a igualdade que não analisa o caso concreto, cingindo-se aos termos abstratos da lei. Esta dimensão pressupõe que a igualdade não deve conhecer distinções. Para alguns autores, esta é a igualdade recomendada ao Poder Legislativo, pois em sua função típica (fazer normas) ele precisa agir com
abstração e generalidade.
De outro lado, a igualdade material (concreta, substancial, real ou aristotélica) representa a igualdade que leva em consideração o caso concreto, examinando, portanto, cada situação concreta. Decorre da máxima aristotélica “tratar os iguais de modo igual e os desiguais de modo desigual, na medida de sua desigualdade”.

*Dica de ouro 1: o princípio da igualdade é um tema muito explorado em fases
discursivas. Visando a enriquecer sua cultura jurídica, guarde a célebre lição de
Boaventura de Sousa Santos sobre a Igualdade: “Temos o direito a ser iguais
quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”

*Dica de ouro 2: apenas para registro: em 2019, assisti a um dos dias da Fase
Oral do Concurso de Promotor do MP/PR. Neste dia, era arguido um amigo e ex-aluno, que utilizou o excerto citado para conceituar o princípio da igualdade
material. Notei, então, a imediata empatia dos examinadores após a resposta
dada. Esses tipos de citação farão toda diferença em sua prova (acaso o autor
tenha renome inquestionável, como os clássicos, e acaso você se recorde,
obviamente).

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23
Q

23º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que são escolhas trágicas em matéria
de direitos sociais?

A

➢ Resposta: Excelência, “escolhas trágicas” representam o dia a dia do administrador brasileiro, que, diante da escassez de recursos orçamentários e impossibilidade de atender satisfatoriamente a todos os direitos sociais constitucionais - terá que se balizar por uma linha de prioridade, ou seja, um “regime de urgência” no atendimento.

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24
Q

24º) Examinador: Sr(a). candidato(a), conceitue mínimo existencial e seus
objetivos. Cite exemplos.

A

➢ Resposta: Excelência, o mínimo existencial representa os direitos
mínimos e essenciais do ser humano
. Ou seja, o mínimo existencial visa a garantir os direitos básicos e imprescindíveis para a subsistência humana. Mais ainda, uma subsistência digna. É possível citar como exemplos o direito à saúde,
educação e moradia
.

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25
Q

25º) Examinador: Sr(a). candidato(a), conceitue reserva do possível e sua
aplicação prática.

A

➢ Resposta: Excelência, a reserva do possível representa a tese do
administrador público, que alegará a limitação financeira para o fornecimento de todas as prestações materiais requeridas por seus administrados. Ou seja, a
reserva do possível representa uma limitação fática e jurídica para a realização
satisfatória de todas as demandas sociais.

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26
Q

26º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que são ações afirmativas? Conceitue.

A

➢ Resposta: Excelência, ações afirmativas representam políticas públicas voltadas para garantir a igualdade material. Isto é, são discriminações positivas, de caráter temporário, que visam reduzir as desigualdades e garantir o mínimo existencial e a dignidade da pessoa humana.

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27
Q

27º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite um exemplo de ação afirmativa.

A

➢ Resposta: Excelência, é possível citar como exemplo de ação afirmativa
as cotas raciais para ingresso em concursos públicos.

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28
Q

28º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o programa de transferência permanente
de renda, introduzido no final de 2021, ao art. 6º da Constituição Federal também
seria uma espécie de ação afirmativa? Explique.

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. A Emenda Constitucional nº 114 de 2021 incluiu um novo parágrafo ao art. 6º da Constituição Federal. Este dispositivo passou a assegurar o direito a uma renda básica para todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social. Além da grave questão sanitária, a pandemia de Covid19 deixou uma grave crise social; contexto que mobilizou a criação de programas sociais de combate à miséria. Assim, diz o parágrafo único do art. 6º da Constituição Federal que todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder público em
programa permanente de transferência de renda, cujas normas e requisitos de
acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária.

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29
Q

29º) Examinador: Sr.(a). candidato(a), neste sentido, ações afirmativas e cotas
são institutos sinônimos?

A

➢ Resposta: Não, Excelência. As cotas são apenas uma das formas de implementação de ações afirmativas. Temos outras possibilidades, como, por exemplo, a concessão de bolsas, o estímulo a contratação de pessoas pertencentes a grupos socialmente discriminados, pela iniciativa privada etc.

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29
Q

30º) Examinador: Sr(a). candidato(a), ainda sobre cotas. Saberia dizer quais são os critérios admissíveis para qualificar uma cota racial? É possível a heteroidentificação?

A

➢ Resposta: Excelência, o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade das cotas raciais, seja pelo critério da autodeclaração, seja pelo critério da heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa.

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30
Q

31º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual a característica essencial de uma ação afirmativa para a doutrina majoritária?

A

➢ Resposta: Excelência, a doutrina afirma que uma ação afirmativa deve ser temporária e transitória. Assim, na medida em que essas distorções econômicas, sociais e/ou históricas forem corrigidas, não haverá mais razão para que tal polícia pública subsista.

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31
Q

32º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que são minorias?

A

➢ Resposta: Excelência, minorias representam o grupo de pessoas que
não possuem representatividade política, social e econômica. Isto é, que não
tem seus interesses representados adequadamente.

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32
Q

33º) Examinador: Sr(a). candidato(a), mulheres podem ser consideradas
minoria da população, a partir deste conceito?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência, mulheres são consideradas minorias.

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33
Q

34º) Examinador: Sr(a). candidato(a), à luz da sua última resposta, se as mulheres são maioria demográfica no País - cerca de 52% dos habitantes -, como o Sr. me afirma que elas são minorias? Explique isto.

A

➢ Resposta: Excelência, “minoria” é um critério de participação / de representatividade, e não um critério numérico.
Ou seja, embora as mulheres
sejam maioria demográfica, eles são minoria política. Não há uma equivalência
entre o número de mulheres e o número de representantes. Em outras palavras,
os interesses das mulheres estão
sub-representados politicamente.

*Dica de ouro: há uma lição muito interessante no livro do Daniel Sarmento
sobre o conceito de minoria. Em razão deste tópico constar expressamente do
edital de Direitos Humanos, faço questão de transcrever o exemplo que ele traz:

“O critério para definição de ‘minoria’ que deve orientar a aplicação desse parâmetro não é numérico, mas envolve a participação do grupo social no exercício do poder político, social e econômico. Os milionários representam uma minoria em termos quantitativos, mas não em termos de participação no poder. Seria inconcebível formular uma teoria que relativizasse a presunção de constitucionalidade dos atos normativos que pudessem prejudicar os interesses dos milionários. Os seus interesses são protegidos até excessivamente pela via da política majoritária: são eles os super-incluídos. Já as mulheres, apesar de constituírem numericamente a maioria da população brasileira, ainda sofrem grave discriminação de gênero, e são sub-representadas nas esferas do poder político, social e econômico (muito embora o fenômeno venha se atenuando nos últimos tempos). De todo modo, elas ainda podem, para os fins aqui propostos, serem consideradas como minoria”

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34
Q

35º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que são grupos vulneráveis?

A

➢ Resposta: Excelência, a vulnerabilidade representa uma fragilidade material ou moral, diante de riscos causados pelo contexto econômico-social, que acarretam sua desigualdade e segregação social.

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35
Q

36º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a partir da sua resposta: qual a relação
de minorias e grupos vulneráveis?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo Mazzuoli, grupos vulneráveis seriam coletividades mais amplas de pessoas que, embora não pertençam propriamente às minorias, eis que não possuidoras de uma identidade coletiva específica, necessitam, apesar disto, de uma proteção especial em razão de sua fragilidade ou indefensabilidade. Cite-se como exemplos: idosos, mulheres,
crianças, pessoas em situação de rua, LGBTQIA+, etc.

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36
Q

37º) Examinador: Sr(a). candidato(a), defina interseccionalidade nos Direitos Humanos.

A

➢ Resposta: Excelência, a interseccionalidade, conceito jurídico elaborado em 1989 por Kimberle Crenshaw, professora da Universidade da Califórnia, visa abordar como a confluência de dois ou mais vetores de discriminação pode recair
sobre um mesmo indivíduo, dando origem a uma inédita forma de discriminação.
Na explicação de Crenshaw, ao estudar o feminismo, “as formas de discriminação clássicas numa sociedade – v.g., o racismo, o sexismo, a homofobia, a transfobia e outras formas de intolerância – não atuam
independentemente umas das outras, mas se interconectam (se interseccionam)
em formas plúrimas de discriminação.”

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37
Q

38º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que significam os papéis representativo
e contramajoritário do Supremo Tribunal Federal?

A

➢ Resposta: Excelência, o papel contramajoritário do STF atua quando ele invalida ato de outros Poderes - que são Poderes majoritários, pois eleitos - em nome da Constituição.
De outro lado, o papel representativo atua quando o STF atende a demandas sociais que ficam paralisadas no Congresso.

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38
Q

39º) Examinador: Sr(a). candidato(a), ainda nesta linha de pensamento, o que
significa o papel iluminista do Supremo Tribunal Federal? Consegue citar um
exemplo?

A

➢ Resposta: Excelência, esta nomenclatura, trazida pelo Ministro Barroso, assevera que o Supremo Tribunal Federal deve promover, em nome de valores racionais, certos avanços civilizatórios e empurrar a história. São decisões que não são propriamente contramajoritárias, por não envolverem a invalidação de uma lei específica; nem tampouco são representativas, por não expressarem necessariamente o sentimento da maioria da população. Mas, ainda assim, são necessárias para a proteção de direitos fundamentais e para a superação de discriminações e preconceitos. Um exemplo citado pelo próprio Ministro foi o reconhecimento das uniões homoafetivas.

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39
Q

40º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite 3 características dos direitos humanos.

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a doutrina, os direitos humanos são
universais - pois pertencem a todos os seres humanos indistintamente -,
históricos - pois decorrem de longa evolução no tempo - e imprescritíveis -
porque seu exercício não se sujeita ao decurso do prazo.

*Dica de ouro: perceba que este tipo de pergunta revela o candidato mais bem
preparado para fases orais. Um candidato não preparado, certamente apenas
citaria tais direitos. Já o candidato mais bem preparado, além de citá-los, acrescentaria pequena explicação, a fim de ganhar tempo de prova na arguição e reduzir o número de perguntas que poderá receber em seguida.

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40
Q

41º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata a universalidade dos
direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a universalidade dos direitos humanos pontifica que eles ultrapassam as fronteiras territoriais de cada País e beneficiam indistintamente qualquer ser humano. Vale dizer, todos os seres humanos são titulares dos direitos humanos, independentemente do sexo, raça, origem, idade, religião.

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41
Q

42º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata a historicidade dos direitos
humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a historicidade dos direitos humanos pontifica que eles não surgem da noite para o dia. Ao contrário, eles decorrem de uma longa evolução no tempo, pois nascem conforme as necessidades humanas.

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42
Q

43º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata a inalienabilidade ou
irrenunciabilidade dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a inalienabilidade ou irrenunciabilidade dos direitos humanos pontifica que eles não podem ter sua titularidade renunciada/alienada, em caráter perpétuo. Apenas seu exercício pode deixar de ser exercido, em caráter temporário.

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43
Q

44º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata a imprescritibilidade dos
direitos humanos? Cite um exemplo na Constituição Federal.

A

➢ Resposta: Excelência, a imprescritibilidade dos direitos humanos
pontifica que, em razão deles não possuírem conteúdo patrimonial ou
econômico, o eventual não exercício dos direitos fundamentais não retiram eles da esfera jurídica do indivíduo.
Vejamos um exemplo: o art. 12, I, c, parte final, CF diz que o indivíduo nascido no estrangeiro, de pai ou de mãe brasileira, que vier a residir no Brasil poderá optar, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira. Não há prazo para que ele exerça esse direito potestativo. Em outras palavras, este direito não prescreve.

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44
Q

45º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata a complementariedade
dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a complementariedade pontifica que os direitos humanos se complementam, isto é, não há hierarquia entre eles. Ou seja, eles não devem ser interpretados isoladamente, mas sim globalmente, à luz dos demais direitos humanos.

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45
Q

46º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata a inviolabilidade dos
direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a inviolabilidade pontifica que os direitos humanos não devem ser violados ou descumpridos, sob pena de responsabilização.

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46
Q

47º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata o princípio da inerência
dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a inerência dos direitos humanos diz que eles nascem com o indivíduo, isto é, são inatos, intrínsecos ou inerentes.

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47
Q

48º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata o princípio da inesgotabilidade ou inexauribilidade dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a inesgotabilidade ou inexauribilidade prega que os direitos humanos não constituem um rol taxativo, pois podem ser ampliados de acordo com a evolução histórica. Aliás, o princípio da não taxatividade está positivado no art. 5º, § 2º, da Constituição Federal.

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48
Q

49º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata o princípio da indivisibilidade dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a indivisibilidade prega que os direitos humanos não podem ser cindidos, pois compõem um único conjunto de direitos. Trata-se de um “bloco orgânico” de proteção. Daí se afirmar que eles possuem o mesmo valor.

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49
Q

50º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata o princípio da individualidade dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a individualidade prega que os direitos humanos podem ser exercidos por apenas um indivíduo, mas se estiverem em conjunto a proteção permanece e deve ser efetivada. Deve se respeitar, ademais, a dignidade da pessoa humana do indivíduo.

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50
Q

51º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata o princípio da concorrência dos direitos humanos? Cite um exemplo.

A

➢ Resposta: Excelência, a concorrência dos direitos humanos prega que eles podem ser exercidos concomitantemente ou simultaneamente. Como exemplo é possível citar o direito de reunião, que pode ser exercido ao mesmo tempo pelos indivíduos participantes.

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51
Q

52º) Examinador: Sr(a). candidato(a), discorra sobre o princípio da prevalência
da norma mais benéfica.

A

➢ Resposta: Excelência, a prevalência da norma mais benéfica prega que na solução de um caso concreto deve-se aplicar a norma mais benéfica para o indivíduo, em detrimento dos critérios tradicionais da hierarquia, especialidade ou anterioridade. Em suma, este princípio assevera que deverá prevalecer a situação ou norma que
(i) garanta mais amplamente o gozo do direito; e
(ii) admita menos restrições ao exercício do direito humano. Trata-se do célebre princípio do in dubio pro homine, isto é, na dúvida deve se favorecer os direitos humanos.

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52
Q

53º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que diz o chamado efeito cliquet em matéria de direitos humanos?
Este fenômeno também é conhecida por outras nomenclaturas?

A

➢ Resposta: Excelência, o efeito cliquet, também conhecido como princípio da vedação ao retrocesso impede o atraso civilizatório em matéria de direitos humanos. Isto é, uma vez conquistado um direito não se pode mais perdê-lo. A doutrina traz inúmeras outras nomenclaturas para esse direito, como não
retrocesso social, efeito catraca, não evolução reacionária, entre outros termos.

*Dica de ouro: a fim de lhe ajudar com estas nomenclaturas, reuni todos os
“sinônimos” que encontrei nas doutrinas em geral:
▪ Princípio da vedação ao retrocesso social
▪ Não retrocesso social
▪ Efeito cliquet
▪ Efeito catraca
▪ Ratchet effect
▪ Proibição da contrarrevolução social
▪ Proibição da retrogradação social
▪ Não evolução reacionária
▪ Não retorno da concretização
▪ Cláusula de entrincheiramento

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53
Q

54º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a vedação ao retrocesso é absoluta ou
relativa?

A

➢ Resposta: Excelência, nos tratados internacionais de proteção dos direitos
econômicos, sociais e culturais temos uma cláusula do desenvolvimento progressivo, que também incorpora a ideia de vedação ao retrocesso. Essa cláusula do desenvolvimento progressivo engloba dois sentidos: de um lado, sugere que a efetividade plena será alcançada de forma gradual; de outro, impõe ao Estado o dever de progredir, vedando o regresso em termos de proteção dos direitos sociais. Segundo entendimento dos órgãos internacionais, os Estados podem até restringir direitos sociais, desde que provem (inverte-se o ônus da prova) que a medida é necessária e irá acarretar um avanço na efetividade dos direitos protegidos como um todo. Neste sentido, Excelência, a vedação ao retrocesso seria relativa.

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54
Q

55º) Examinador: Sr(a). candidato(a), do que se trata a relatividade dos direitos
humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, a relatividade (ou limitabilidade) prega que não existem direitos humanos ou fundamentais absolutos. Se nem mesmo o direito
à vida é um direito absoluto - haja vista, por exemplo, à legítima defesa -, nenhum
outro o será.

*Dica de ouro: cuidado com respostas como a de cima. Usei ela propositadamente para você notar que raciocínios muito “cogentes” podem gerar sucessivas perguntas pelo examinador.

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55
Q

56º) Examinador: Sr(a). candidato(a), à luz da sua última resposta, existe algum
direito fundamental que a doutrina diz ser absoluto? No caso da vedação à
tortura, o Sr. vislumbra alguma exceção a este direito? Como o Sr. explica isto à
luz do que respondeu?

A

➢ Resposta: Excelência, a doutrina majoritária e a posição atual do
Supremo Tribunal Federal é pela limitabilidade dos direitos humanos. Contudo, existe doutrina contemporânea, como a de Norberto Bobbio e Virgílio Afonso da Silva, que prega a existência de direitos humanos absolutos. Isto é, eles citam alguns direitos que não poderiam ser relativizados em nenhuma circunstância. Como exemplos temos o direito de não ser torturado e o direito de não escravizado.

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56
Q

57º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que ocorre se dois direitos fundamentais ou humanos entrarem em colisão?

A

➢ Resposta: Excelência, em razão do caráter relativo dos direitos fundamentais ou humanos, é possível que eles colidam no caso concreto.
Segundo a doutrina majoritária, a colisão de direitos fundamentais seria resolvida pela ponderação dos bens constitucionais em conflito (também chamada de
sopesamento)
.
Trata-se de técnica que visa resolver o conflito de normas válidas e incidentes sobre um caso, através de uma realização otimizada dos bens jurídicos em conflito.

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57
Q

58º) Examinador: Sr(a). candidato(a), também à guisa da sua última resposta,
o princípio da proporcionalidade ajudaria resolver essa colisão? Consegue
explicar o conceito do princípio (ou postulado) da proporcionalidade?

Última resposta:
Segundo a doutrina majoritária, a colisão de direitos fundamentais seria resolvida pela ponderação dos bens constitucionais em conflito (também chamada de sopesamento).

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. O princípio (ou postulado) da proporcionalidade representa uma técnica para realização da ponderação de direitos fundamentais ou humanos. A doutrina desdobra a proporcionalidade em 3 subprincípios:

a) Adequação: prega que a medida restritiva deve ser idônea para atingir o fim
subjacente, ou seja, o meio escolhido (limitador) deve ter aptidão para alcançar
o objetivo escolhido.
Exemplo: para se reduzir os custos da execução penal (objetivo legítimo) poderiam ser fixadas medidas alternativas (meios legítimos), mas não a pena de morte (meio ilegítimo), à luz do Texto Constitucional.

b) Necessidade: prega que o indivíduo tem direito menor desvantagem
possível
(ou menor lesividade possível) dentre as medidas restritivas
disponíveis. Isto é, a medida restritiva só seria legítima se fosse indispensável
para o caso concreto.
Exemplo: o STF permitiu a votação do eleitor que portasse apenas um documento com foto. Isto porque, a exigência do título de eleitor, a despeito de evitar fraudes, oneraria demais o direito ao sufrágio.

c) Proporcionalidade em sentido estrito: prega uma equação de meio e fim entre as medidas. Isto é, os meios e fins são colocados em equação, a fim de
avaliar se o meio utilizado é ou não desproporcional em relação ao seu fim.
Representa uma ponderação de interesses, pois irá eleger o bem jurídico mais
relevante no contexto. Em termos simples, este subprincípio faz a análise de custo-benefício da medida, pois pondera os danos que se causará com os resultados que se obterá.
Exemplo: impossibilidade de sanções políticas - como a lacração do estabelecimento - para cobrança do tributo (Súmula nº 70 do STF). Esta medida traria mais efeitos nocivos do que benéficos à atividade econômica do País.

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58
Q

59º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que diz a teoria da eficácia vertical dos direitos humanos ou fundamentais?

A

➢ Resposta: Excelência, a teoria da eficácia vertical dos direitos humanos
analisa a incidência destes direitos na relação entre Estado e particular. Isto
porque, tradicionalmente, os direitos humanos surgiram para proteger o
indivíduo contra os arbítrios e opressões estatais
.

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59
Q

60º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a partir do que o Sr.(a) respondeu na
última pergunta, é possível afirmar que os direitos humanos ou fundamentais
também incidem na relação entre particulares? Justifique.

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Trata-se da chamada teoria da eficácia horizontal direta dos direitos humanos ou fundamentais.
Esta teoria assevera que os direitos fundamentais deveriam ser observados não apenas pelo Estado, mas também por todos os particulares. Não é só. Caberia, ainda, ao Estado zelar para que terceiros não violassem os direitos fundamentais.

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60
Q

61º) Examinador: Sr(a). candidato(a), afinal, qual a teoria que o Brasil admite?
A da eficácia vertical ou horizontal direta dos direitos humanos?

A

Resposta: Excelência, o Brasil adota ambas as teorias.

61
Q

62º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que diz a denominada teoria diagonal dos direitos humanos ou fundamentais? Consegue citar algum exemplo dela?

A

➢ Resposta: Excelência, a teoria diagonal dos direitos humanos ou fundamentais disciplina a relação dos direitos fundamentais entre particulares
desiguais
, ou seja, analisa especificamente as relações particulares
assimétricas
. Para alguns autores, esta corrente seria mero desdobramento da
corrente anterior. Já para outros, seria uma terceira eficácia dos direitos fundamentais (ao lado da vertical e horizontal).

62
Q

63º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Sr. consegue indicar dois exemplos sobre a aludida teoria da eficácia diagonal dos direitos humanos ou fundamentais?

A

➢ Resposta: Excelência, é possível listar como exemplos da eficácia diagonal dos direitos humanos ou fundamentais as relações consumeristas (Fornecedor X consumidor) e relações trabalhistas (Empregador X empregado). Há, portanto, particulares hierarquicamente desiguais na relação.

63
Q

64º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que significam os status de Jellinek? Conceitue cada status idealizado por este autor.

A

➢ Resposta: Excelência, a teoria dos Status de Jellinek representa uma classificação feita por Georg Jellinek a respeito dos direitos humanos ou fundamentais. Segundo este autor, os direitos humanos ou fundamentais possuiriam 4 status. Vejamos a distinção entre cada um:

a) Status negativo: este status impõe uma abstenção ao Estado, a fim de que
se respeite as liberdades individuais - ex.: inviolabilidade do domicílio.

b) Status positivo: representa o status do indivíduo que possui algum direito em
face do Estado. Isto é, ele assegura ao indivíduo o fornecimento de prestações
pelo Estado - ex.: direito à saúde.

c) Status ativo: representa o status que assegura aos indivíduos a participação
nas atividades políticas do Estado (votar e ser votado). Esse status corresponde,
portanto, aos direitos como participação - ex.: participação em um plebiscito ou
referendo.

d) Status passivo: ao contrário dos demais - que conferem um direito ao indivíduo -, este representa o indivíduo que se encontra em uma posição de sujeição em face do Estado. Ou seja, o indivíduo possui algum dever perante o Poder Público. Em suma, esse status não confere nenhum direito ao indivíduo, mas sim um dever - exs.: pagar seus tributos ou respeitar as normas de trânsito

64
Q

65º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual é a primeira dimensão dos direitos humanos, segundo a classificação de Karel Vasak?

A

➢ Resposta: Excelência, a primeira dimensão dos direitos humanos
representa os direitos civis e políticos. Nesta dimensão tutela-se a liberdade do
indivíduo, impondo uma abstenção ao Estado. Daí ser chamada de liberdade
negativas, liberdades clássicas ou liberdades formais
. Esta dimensão apresenta um caráter negativo, pois impõe um não fazer / abstenção ao Estado em prol das liberdades individuais. Por isto, tal dimensão também é chamada de direitos
negativos
ou, segundo alguns autores, de direitos humanos azuis.

65
Q

66º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual é a segunda dimensão dos direitos humanos, segundo a classificação de Karel Vasak?

A

➢ Resposta: Excelência, a segunda dimensão dos direitos humanos
representa os direitos sociais, econômicos e culturais.
Nesta dimensão tutela-se a igualdade do indivíduo, impondo prestações pelo Estado. Daí ser chamada de liberdade positivas. Esta dimensão visa garantir a igualdade material dos indivíduos. Em razão de o Estado fornecer prestações / direitos promocionais, a doutrina diz que esta dimensão apresenta um caráter positivo. São, portanto, os chamados direitos positivos. Também é chamada de direitos humanos vermelhos.

66
Q

67º) Examinador: Sr(a). candidato(a), à guisa do que discorreu na última
pergunta (quais seriam os direitos humanos de segunda dimensão), poderia citar 3 direitos sociais previstos no Texto Constitucional? Ademais, eles se incluiriam nesta dimensão?

A

➢ Resposta: Excelência, é possível citar os direitos sociais à educação, moradia e lazer. Sim, eles se incluem na segunda dimensão dos direitos humanos. São prestações que visam garantir a igualdade.

67
Q

68º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual é a terceira dimensão dos direitos humanos, segundo a classificação de Karel Vasak?

A

➢ Resposta: Excelência, a terceira dimensão dos direitos humanos representa os direitos transindividuais. Nesta dimensão tutela-se a fraternidade entre os indivíduos, tal como os direitos difusos e coletivos. Como exemplo desta dimensão, é possível citar os direitos ambientais. Uma geração não poderá esgotar todos os recursos presentes, sob pena de tolher o direito de as próximas gerações também desfrutarem dele (dever de solidariedade intergeracional). Espera-se sempre uma evolução das próximas gerações. Por conseguinte, também é denominada de direitos humanos verdes.

68
Q

69º) Examinador: Sr(a). candidato(a), há autores que propõe outras dimensões
dos direitos humanos, além desta? O tema é pacífico na doutrina?

A

➢ Resposta: Excelência, trata-se de tema bastante divergente na doutrina, pois possui classificações distintas a depender do autor. É possível citar que:

1) Quarta dimensão: para alguns autores representaria os direitos decorrentes da evolução da ciência, como a engenharia genética e a
clonagem
.
Já para outros autores, a quarta dimensão estaria ligada à democracia, informação e ao pluralismo.

2) Quinta dimensão: para alguns autores, a quinta dimensão representaria os
direitos transnacionais, isto é, os direitos que os Estados buscariam,
conjuntamente, no plano internacional.
Já para outros autores, a quinta dimensão tutelaria os direitos ligados à paz.

3) Sexta dimensão: para alguns autores, a sexta dimensão representaria os
direitos pela busca da felicidade.
Já para outros, esta dimensão tutelaria o
acesso à água potável. Isto é, não há unanimidade na doutrina sobre as dimensões subsequentes à terceira.

69
Q

70º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que são direitos humanos heterotópicos?

A

➢ Resposta: Excelência, direitos fundamentais heterotópicos são direitos
fundamentais previstos fora do catálogo do Título II da Constituição, mas dentro
do Texto Constitucional
, como por exemplo o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, CF).

70
Q

71º) Examinador: Sr(a). candidato(a), quais são as hierarquias possíveis de um
tratado internacional na Ordem Jurídica brasileira?

A

➢ Resposta: Excelência, conforme a matéria a o quórum de aprovação, um tratado internacional pode assumir 3 hierarquias na Ordem Jurídica brasileira:
de emenda constitucional, de norma supralegal ou de lei ordinária.

71
Q

72º) Examinador: Sr(a). candidato(a), seguindo na linha da sua pergunta, como
que um tratado internacional pode possuir hierarquia (ou status) constitucional?

A

➢ Resposta: Excelência, um tratado internacional possuirá hierarquia (ou
status) constitucional se versar sobre direitos humanos e for aprovado com o quórum do art. 5º, § 3º, CF - isto é, aprovação por 3/5 dos membros das 2 Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal),
em 2 turnos de votação
.

*Dica de ouro: para auxiliar na memorização deste quórum qualificado, guarde o seguinte processo mnemônico:
3 5 2 2 → isto é:
TRÊS quintos dos membros
DUAS Casas do Congresso
DOIS turnos de votação.

72
Q

73º) Examinador: Sr(a). candidato(a), existe algum exemplo, até hoje, de tratado internacional que cumpriu esses requisitos e se tornou com status constitucional?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Atualmente temos 3 exemplos de tratados
internacionais que possuem status de emenda constitucional:

a) Convenção de Nova York e seu protocolo facultativo: trata-se de uma
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Foi assinado em Nova York em 30/03/2007 e internalizado pelo Brasil através do
Decreto nº 6.949/2009.

b) Tratado de Marraqueche: trata-se de um Tratado Internacionais que possui o objetivo de facilitar o acesso de obras literárias e artísticas para as pessoas
cegas ou com outras dificuldades de acesso
. Foi assinado em Marraqueche em
27/06/2013 e internalizado pelo Brasil através Decreto nº 9.522/2018.

c) Convenção Interamericana de Combate ao Racismo: trata-se de uma Convenção Internacional que combate o racismo, a discriminação racial e formas correlatas de intolerância. Ela foi ratificada pelo Presidente em 12/05/2021 e internalizado pelo Brasil através do Decreto nº10.932/2022.

*Dica de ouro 1: obviamente não precisa guardar todos esses números e detalhes, apenas guarde o nome dos Tratados acima. Contudo, citei todas as informações para você ter uma apostila completa.

*Dica de ouro 2: você pode encontrar doutrinas dizendo que o Brasil possui “4
Tratados” Internacionais com força de Emenda Constitucional. Isto se deve ao
fato de alguns deles considerarem a “Convenção Internacional de Nova York das
Pessoas com Deficiência” e “seu Protocolo Facultativo” como 2 Tratados distintos e independentes. Na minha ótica, contudo, eles representam apenas “um tratado” - devidamente internalizado através do Decreto nº 6.949/2009.

73
Q

74º) Examinador: Sr(a). candidato(a), continuando no tema: em quais situações
um tratado internacional terá hierarquia supralegal?

A

➢ Resposta: Excelência, um tratado internacional possuirá hierarquia (ou
status) se versar sobre direitos humanos, mas não obtiver o quórum de aprovação do art. 5º, § 3, CF - isto é, não atingir o quórum qualificado de 3/5 dos membros das 2 Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em 2 turnos de votação. Cabe registrar que as normas supralegais possuem hierarquia inferior à das normas constitucionais, mas superior à da legislação ordinária.

74
Q

75º) Examinador: Sr(a). candidato(a), consegue citar algum exemplo de tratado
internacional com hierarquia (ou status) supralegal?

A

Resposta: Sim, Excelência, a Convenção Americana de Direitos Humanos (ou
Pacto de San José da Costa Rica).

75
Q

76º) Examinador: Sr(a). candidato(a), e em quais situações um tratado internacional terá hierarquia (ou status) de legislação ordinária?

A

➢ Resposta: Excelência, a hierarquia de legislação (ou lei) ordinária representa todos os demais tratados que não sejam de direitos humanos.

76
Q

77º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite, também, um exemplo geral de tratado internacional que tenha hierarquia (ou status) de legislação ordinária?

A

➢ Resposta: Excelência, são exemplos desta categoria todos os tratados que não tenham o ser humano com centro, como por exemplo os tratados internacionais meramente comerciais ou alfandegário.

*Dica de ouro 1: pelo perfil dos membros da ACADEPOL/SP, gostaria que você
guardasse, ainda, as seguintes conclusões neste tema:

(i) Os tratados internacionais de direitos humanos somente poderão ter natureza de emenda constitucional ou norma supralegal; jamais de meras leis ordinárias.

(ii) Por consequência, um tratado internacional de direitos humanos sempre prevalecerá quando em colisão com leis ordinárias, a exemplo do Código Penal, Código de Processo Penal, Lei de Improbidade Administrativa etc.

(iii) Os tratados internacionais de direitos humanos que forem incorporados pelo
quórum do art. 5º, § 3º, da CF integrarão o bloco de constitucionalidade, ou seja,
estarão ao lado das demais normas constitucionais, servindo como parâmetro do controle de constitucionalidade (tema que não está no seu edital, mas deixo o registro).

77
Q

78º) Examinador: Sr(a). candidato(a), é possível um tratado de direitos
humanos ter vigência internacional e ao mesmo tempo não ter vigência interna?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Isto porque, segundo a doutrina, ratificação é o
ato que simboliza a confirmação formal do tratado pelo Estado brasileiro. Com a
ratificação, o Brasil está obrigado, no plano internacional, a cumprir o tratado.
Contudo, segundo entendimento do E. Supremo Tribunal Federal, para que
estejamos obrigados a cumprir o tratado também no plano interno, é necessário
um outro ato: a promulgação de um decreto presidencial. Assim, desde a
ratificação até a promulgação do decreto presidencial,** o tratado tem vigência
internacional mas ainda não tem vigência interna**. Essa exigência é criticada pela
doutrina por gerar essa situação esdrúxula. Podemos mencionar como exemplo os Protocolos Facultativos ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos,
ratificados em 2009, e ainda hoje, pendente a promulgação dos decretos presidenciais.

*Dica de ouro: a doutrina majoritária entende que a ratificação é suficiente para que o tratado tenha vigência internacional e interna. É o que faz mais sentido. Entretanto, o STF exige a promulgação do decreto presidencial para que o tratado tenha vigência também internamente. Na prática, seguimos o
posicionamento do Supremo e esperamos que a jurisprudência evolua.

78
Q

79º) Examinador: Sr(a). candidato(a), é constitucional a prisão do depositário
infiel?

A

➢ Resposta: Excelência, a prisão do depositário infiel ainda possui previsão
no art. 5º da Constituição Federal, mas teve a eficácia paralisada por um tratado
internacional de direitos humanos
- logo, norma supralegal - que é o Pacto de
San José da Costa Rica)
.
Aliás, a Súmula vinculante nº 25 diz que é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.

*Dica de ouro: tenha cuidado com a terminologia usada na prova. O correto é
dizer que a prisão civil do depositário infiel foi paralisada ou se tornou ilícita - e
não “inconstitucional”.
Observe que o artigo 5º, LXVII, da Constituição ainda contempla a prisão civil do depositário infiel (conjuntamente com a do devedor de alimentos). Não houve emenda constitucional alterando o texto físico da Constitucional.
Em verdade, o STF realizou mutação constitucional no referido dispositivo, isto é, alterou tão somente a interpretação dele (sem alterar o texto da norma).

Súmula vinculante nº 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.

79
Q

80º) Examinador: Sr(a). candidato(a), mas existe, no Brasil, alguma prisão civil
possível por dívidas?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Ainda é viável a prisão civil do devedor de alimentos, não apenas porque está permitida pelo Pacto de San José da Costa Rica, mas, também, porque tutela a vida do alimentando.

80
Q

81º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Constituição Federal menciona em seu
Texto sobre o Tribunal Penal Internacional?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. O art. 5º, § 4º, da Constituição afirma que o Brasil se submeterá à jurisdição do Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

81
Q

82º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que significa dizer que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é um “soft law”?

A

➢ Resposta: Excelência, tecnicamente, a Declaração Universal de Direitos
Humanos é uma recomendação, adotada na forma de Resolução, pela Assembleia Geral da ONU.
Para os defensores dessa corrente, o
documento, formalmente, não tem força vinculante
, sendo apenas o precursor
de um tratado internacional. Assim, a DUDH seria um documento do soft law.
Importante ressaltar que isso não significa que, materialmente, o texto não seja vinculante ou que não deva ser observado pelos países.

82
Q

83º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite 2 direitos previstos na Declaração
Universal dos Direitos Humanos.

A

➢ Resposta: Excelência, é possível citar como exemplos o direito à vida e
liberdade
.

83
Q

84º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos trouxe explicitamente algum dever?

A

➢ Resposta: Sim, excelência. O artigo 29 do seu texto prevê que toda pessoa tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

84
Q

85º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que a Declaração Universal dos Direitos
Humanos diz sobre a nacionalidade? Ela compactua com o chamado apátrida
(heimatlos ou apólidos)?

A

➢ Resposta: Excelência, a Declaração Universal dos Direitos Humanos diz
que todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, bem como que ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Logo, este Documento Internacional não compactua com os apátridas, heimatlos ou apólidos, isto é, os indivíduos que não possuem uma
nacionalidade.

85
Q

86º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos garante apenas direitos de primeira dimensão ou também de segunda
dimensão? Cite exemplos de cada.

A

➢ Resposta: Excelência, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
garante ambos, isto é, tanto direitos de primeira quanto de segunda dimensão.
Na primeira dimensão é possível citar o direito à vida e liberdade. Já na segunda dimensão é possível citar o direito ao trabalho e a preocupação com os direitos dos trabalhadores (direitos sociais, no caso).

86
Q

87º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos garante a igualdade dos trabalhadores expressamente?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

87
Q

88º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos garante o princípio da não culpabilidade?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

88
Q

89º) Examinador: Sr(a). candidato(a), em quais situações a Declaração Universal dos Direitos Humanos restringe a concessão de asilo político em outros países?

A

➢ Resposta: Excelência. A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz
que esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e
princípios das Nações Unidas
.

89
Q

90º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Pacto de São José da Costa Rica se
refere a qual convenção?

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto de San Jose da Costa Rica refere-se a chamada Convenção Americana de Direitos Humanos.

*Dica de ouro: esta foi uma pergunta cobrada por mais de um examinador na
última fase oral.

90
Q

91º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite 2 garantias judiciais previstas na
Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica)?

A

➢ Resposta: Excelência. É possível citar como garantias judiciais trazidas
pela Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto
de San José da Costa Rica)
(i) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal, bem como a
(ii) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa.

91
Q

92º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Convenção Americana de Direitos
Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) traz alguma
previsão sobre o princípio do Duplo Grau de Jurisdição? E a Constituição
Federal?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. A Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) diz que todos têm o direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. Tal previsão, contudo, é implícita no Texto Constitucional.

92
Q

93º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Americana de
Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) em
que momento se inicia a vida?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Americana de Direitos
Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) a vida se
inicia a partir da concepção, ou seja, este Documento Internacional adotou a
teoria concepcionista no tocante ao direito à vida.

93
Q

94º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Americana de
Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) é
possível se restaurar a pena de morte que tenha sido abolida em um País?

A

94º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Americana de
Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) é
possível se restaurar a pena de morte que tenha sido abolida em um País?

94
Q

95º) Examinador: Sr(a). candidato(a), ainda sobre o direito à vida à luz da
Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica), em que casos é proibida a aplicação da pena de morte?

A

➢ Resposta: Excelência, a Convenção Americana de Direitos Humanos
(também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) veda a aplicação da
pena de morte
(i) a delitos políticos,
(ii) a delitos comuns conexos com delitos
políticos;
(iii) a quem for, no momento da perpetração do delito, menor de 18 anos, maior de 70 anos ou mulher em estado de gravidez
.

95
Q

96º) Examinador: Sr(a). candidato(a), quais são os direitos da pessoa condenada à pena de morte, segundo a Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica)?

A

➢ Resposta: Excelência, toda pessoa condenada à morte tem direito a
solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos
em todos os casos
. E, não é possível executar a pena de morte enquanto o
pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente
.

96
Q

97º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Convenção Americana de Direitos
Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) permite a
censura a algum tipo de propaganda ou garante a liberdade de expressão de
modo absoluto?

A

➢ Resposta: Excelência, a Convenção Americana de Direitos Humanos
(também chamada de Pacto de San José da Costa Rica) diz que a lei deve proibir
toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.

97
Q

98º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual a finalidade das penas privativas da liberdade para a Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada
de Pacto de San José da Costa Rica)?

A

➢ Resposta: Excelência, para a Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica), as penas privativas de liberdade devem ter por** finalidade essencial** a reforma e a readaptação social dos condenados.

98
Q

99º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual a finalidade das penas privativas da
liberdade para a Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada
de Pacto de San José da Costa Rica)?

A

➢ Resposta: Excelência, para a Convenção Americana de Direitos Humanos (também chamada de Pacto de San José da Costa Rica), as penas privativas de liberdade devem ter por** finalidade essencial** a reforma e a readaptação social dos condenados.

99
Q

100º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo o Pacto de San Jose da Costa
Rica, o acusado pode renunciar ao direito de defesa? Como deve proceder?

A

➢ Resposta: Não, excelência. Nos termos do artigo 8.º, n. 2, o acusado tem o direito de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor. Ademais, assegura-se o direito irrenunciável do acusado de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se ele não se defender, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei.

100
Q

101º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que a Convenção Americana prevê
sobre a expulsão de estrangeiros?

A

➢ Resposta: Excelência, em seu artigo 22, a Convenção exige a observância do devido processo legal para a expulsão de estrangeiro, além de vedar a expulsão coletiva de estrangeiros.

101
Q

102º) Examinador: Sr(a). candidato(a), pode haver suspensão de direitos, de garantias ou de aplicação de direito do Pacto de São José da Costa Rica? Quais direitos ou garantias podem ser suspensos (cite ao menos 2)?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Conforme previsto no artigo 27 do Pacto, em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a independência ou segurança do Estado-Parte, este poderá adotar disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. Poderiam ser
suspensos, por exemplo, a liberdade de locomoção e o direito de reunião.

Dica de ouro: vimos uma previsão muito parecida no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.
É importante memorizar alguns direitos que não podem ser suspensos, nem nessas situações excepcionais. Veja a lista completa e memorize, pelo menos, uns três, ok?
Artigo 27, n. 2: “ A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos seguintes artigos:
3 (Direito ao Reconhecimento da Personalidade Jurídica),
4 (Direito à vida),
5 (Direito à Integridade Pessoal),
6 (Proibição da Escravidão e Servidão),
9 (Princípio da Legalidade e da Retroatividade),
12 (Liberdade de Consciência e de Religião), 17 (Proteção da Família),
18 (Direito ao Nome),
19 (Direitos da Criança),
20 (Direito à Nacionalidade) e
23 (Direitos Políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.”

102
Q

103º) Examinador: Sr(a). candidato(a), quais condutas, de acordo com o Pacto de San José da Costa Rica, não caracterizam trabalho forçado? Dê exemplos.

A

➢ Resposta: Excelência, conforme previsto no artigo 6.º do Pacto, não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios:

a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade
judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a
vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os
executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias
ou pessoas jurídicas de caráter privado;

b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de
consciência, o serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;

c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e

d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

*Dica de ouro: Como exemplos de obrigações cívicas normais, podemos
mencionar: ser jurado no Tribunal do Júri, ser mesário nas eleições etc.

103
Q

104º) Examinador: Sr(a). candidato(a), na visão doutrinária, por que temos 2
pactos, de Direitos Civis e Políticos e de Direitos Econômicos Sociais e
Culturais?

A

➢ Resposta: Excelência, a elaboração de 2 tratados foi resultado de um compromisso diplomático. As potências ocidentais se interessavam apenas na proteção das liberdades individuais clássicas (direitos civis e políticos). Os países do bloco comunista e os jovens países africanos se preocupavam com os direitos sociais e econômicos, que requerem políticas públicas estatais e geram a inclusão de classes desfavorecidas (daí a previsão de que tais direitos seriam realizados progressivamente, “até o máximo dos recursos disponíveis”).
Além disto, alegou-se que os direitos neles afirmados exigiam processos de
implementação distintos, pois os direitos civis e políticos eram autoaplicáveis e
passíveis de cobrança imediata e os direitos sociais, econômicos e culturais
seriam programáticos e de realização progressiva.
A exigência de diferentes procedimentos de implementação viria a justificar a formulação de 2 pactos diversos, já que para os primeiros o melhor mecanismo seria a criação de um comitê que apreciasse petições contendo denúncias de violação de direitos humanos, o que seria inadequado para a tutela de direitos da segunda categoria. Assim, surgiram os pactos.

*Dica de ouro: Apesar de termos 2 Pactos, a indivisibilidade e a unidade dos direitos humanos foram reafirmadas, sob a fundamentação de que, sem direitos sociais, econômicos e culturais, os direitos civis e políticos só poderiam existir no plano nominal e, por sua vez, sem os direitos civis e políticos, os direitos sociais, econômicos e culturais também existiriam somente no plano formal.

104
Q

105º) Examinador: Sr(a). candidato(a), quais são os direitos da pessoa condenada à pena de morte, segundo o Pacto Internacional sobre Direitos Civis
e Políticos?

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos diz que qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou
comutação da pena
. A anistia, o indulto ou a comutação da pena poderão ser
concedidos em todos os casos.

105
Q

106º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Pacto Internacional dos Direitos Civis
e Políticos permite a suspensão de algumas de suas obrigações em situações
específicas. Quais são essas situações?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. O artigo 4.º do Pacto prevê que, quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados partes podem adotar, na estrita medida exigida pela situação, medidas que suspendam as obrigações decorrentes do Pacto, DESDE QUE tais medidas não sejam incompatíveis com as demais obrigações impostas pelo Direito Internacional e não acarretem discriminação apenas por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social.

*Dica de ouro: Imagine uma situação de guerra, por exemplo, e memorize
alguns direitos que, mesmo nessa situação, não poderiam ser suspensos.
De acordo com o Pacto, são eles:
Direito à vida (art. 6.º);
Proibição de tortura ou qualquer outra forma de tratamento cruel, desumano ou degradante (art.7.º);
Proibição da escravidão e da servidão (art. 8.º);
Direito de não ser preso por inadimplemento contratual (art. 11);
Direito à anterioridade da lei penal e irretroatividade da lei penal mais gravosa (art. 15);
Direito de ser reconhecido como pessoa (art. 16) e o
Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião (art. 18).

106
Q

107º) Examinador: Sr(a). candidato(a), ainda sobre o direito à vida à luz do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, em que casos é proibida a
aplicação da pena de morte?

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis veda a
aplicação da pena de morte em casos de crimes cometidos por pessoas menores
de 18 anos
, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez.

107
Q

108º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos permite a censura a algum tipo de propaganda ou ideia?

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis diz que
será proibida por lei qualquer propaganda em favor da guerra, bem como que será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência.

108
Q

109º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos traz alguma previsão para a família e sua proteção?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo Pacto Internacional sobre Direitos Civis a família é o elemento natural e fundamental da sociedade e terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado.

109
Q

110º) Examinador: Sr(a). candidato, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos possui algum direito alusivo ao trabalhador?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Apesar de o Pacto cuidar dos direitos de primeira
geração ou dimensão, menciona, no artigo 22, ao tratar da liberdade de associação, a liberdade de associação sindical, que é um direito do trabalhador. Esse direito é previsto nos 2 Pactos, estando mais detalhado no Pacto dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais.

110
Q

111º) Examinador: Sr(a). candidato, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos recomenda o tratamento do preso?

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
recomenda que toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com
humanidade
e respeito à dignidade inerente à pessoa humana.

111
Q

112º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite 3 direitos previstos no Pacto
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais prevê, dentre outros direitos,
(i) a possibilidade de ganhar a vida
mediante um trabalho livremente escolhido ou aceito;
(ii) o direito de toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis; (iii) o direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e para sua família.

112
Q

113º) Examinador: Sr(a). candidato(a), Sr(a). candidato(a), o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais tutela, por essência, qual dimensão dos direitos humanos?

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais tutela, por essência, a segunda dimensão dos direitos
humanos, isto é, aquela preocupada com a igualdade entre os indivíduos. Traz,
portanto, os chamados direitos positivos.

113
Q

114º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite 3 direitos garantidos pelo Pacto
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais garante direito de o indivíduo participar da vida cultural,
desfrutar o progresso científico e suas aplicações; e beneficiar-se da proteção
dos interesses morais e materiais decorrentes de toda a produção cientifica,
literária ou artística de que seja autor
.

114
Q

115º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que diz o Pacto Internacional sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais sobre o direito à saúde?

A

➢ Resposta: Excelência, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais reconhece o direito de toda pessoa de desfrutar o mais
elevado nível possível de saúde física e mental
.

115
Q

116º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Brasil se submete ao Tribunal Penal
Internacional?

A

➢ Resposta: Excelência, o Tribunal Penal Internacional foi instituído pelo Estatuto de Roma (Decreto nº 4.388/2002), que restringe sua competência aos crimes mais graves, que afetem a comunidade internacional em seu conjunto (art. 5º, 1). Ou seja, o Brasil se submete ao Tribunal Penal Internacional.

116
Q

117º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a criação do Tribunal de Nuremberg feriu
algum princípio? Quais?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. O Tribunal de Nuremberg foi criado no Pós-Guerra, com o intuito de julgar alemães por crimes praticados durante o nazismo, e duramente criticado por ser um tribunal de exceção (ad hoc), já que, foi criado após a prática dos crimes nazistas. Assim, teria violado o princípio da legalidade penal, segundo a qual, não há crime sem lei anterior que o defina, e nem pena sem prévia cominação legal.

*Dica de ouro: O Tribunal de Nuremberg, criado pelos Aliados (EUA, Reino Unido, França e URSS), através do Acordo de Londres, em 1945, tinha competência para julgar crimes contra a paz; crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Para os defensores do Tribunal de Nuremberg, sua atuação foi baseada em princípios e costumes do direito internacional, que, segundo o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, também são fontes do Direito Internacional e merecem ser respeitados. Dessa forma, o Tribunal seria legítimo se considerarmos que as atrocidades nazistas violaram vários costumes e princípios do direito internacional.

117
Q

118º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Tribunal de Nuremberg deixou alguma
marca positiva?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. O Tribunal de Nuremberg (1945-1946), que responsabilizou os alemães pelas barbáries cometidas durante o nazismo, estimulou, em grande medida, a internacionalização dos direitos humanos. Assim sendo, os direitos humanos se tornaram tema de interesse internacional, transcenderam o âmbito doméstico e provocaram o reexame da ideia de soberania do Estado. Ademais, o Tribunal de Nuremberg foi um importante antecedente do Tribunal Penal Internacional.

*Dica de ouro: Segundo a doutrina, a exemplo de Flávia Piovesan, a criação do
Tribunal de Nuremberg não apenas consolidaria a ideia da necessária limitação
da soberania nacional, como reconhece que os indivíduos têm direitos protegidos pelo Direito Internacional.

118
Q

119º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Tribunal Penal Internacional é órgão
da Organização das Nações Unidas?

A

➢ Resposta: Não, Excelência. O Tribunal Penal Internacional, criado pelo
Estatuto de Roma, em 1998, é um tribunal independente, permanente, com
personalidade jurídica internacional
. Apesar de fazer parte do sistema global de
proteção de direitos humanos e atuar ao lado da ONU, não é um órgão da ONU.

*Dica de ouro: Apesar de ser um tema mais avançado para o seu edital, não confunda o Tribunal Penal Internacional com a Corte Internacional de Justiça (CIJ), o órgão jurisdicional da ONU. O TPI julga pessoas pela prática de crimes. A CIJ, órgão da ONU, julga conflito entre Estados.

119
Q

120º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite os princípios gerais inseridos no
Tribunal Penal Internacional.

A

➢ Resposta: Excelência, o Estatuto de Roma destaca, dentre outros, os seguintes princípios gerais de Direito Penal:

Legalidade penal: não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação legal (artigos 22 e 23).

Irretroatividade da lei penal mais gravosa e retroatividade da lei pena mais benéfica: ninguém poderá ser julgado por conduta anterior à entrada em vigor do Estatuto e se um direito aplicável for modificado antes de proferida a sentença definitiva, aplicar-se-á a norma mais favorável à pessoa (artigo 24).

120
Q

121º) Examinador: Sr(a). candidato(a), quais crimes são julgados pelo Tribunal
Penal Internacional instituído pelo Estatuto de Roma?

A

➢ Resposta: Excelência, o Estatuto de Roma diz que a competência do Tribunal Penal Internacional restringe-se aos crimes mais graves, que afetem a comunidade internacional no seu conjunto. Ela lista os seguintes crimes que serão julgados pelo Tribunal: genocídio, contra humanidade, guerra e agressão.

*Dica de ouro: para memorizar os crimes que o Tribunal Penal Internacional
julga, guarde o seguinte processo mnemônico: “o TPI julga o G HU GA”:
G uerra
HU manidade
G enocídio
A gressão

121
Q

122º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o que se entende por genocídio, segundo o Estatuto de Roma?

A

➢ Resposta: Excelência, para os efeitos do Estatuto de Roma, entende-se por “genocídio”, qualquer os seguintes atos:
(iv) Homicídio de membros do grupo;
(ii) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
(iii) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial;
(iv) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e
(v) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo - quando praticados com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal.

122
Q

123º) Examinador: Sr(a). candidato(a), e o que se entende por crimes contra a
humanidade, segundo o Estatuto de Roma?

A

➢ Resposta: Excelência, para os efeitos do Estatuto de Roma, entende-se por “crime contra humanidade”, entre outros atos, o homicídio, extermínio, escravidão quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque.

*Dica de ouro: reitero, em róis muito extensos, a expressão entre outros pode
salvá-lo!

123
Q

124º) Examinador: Sr(a). candidato(a), os Estados que fazem parte do Tribunal
Penal Internacional puderam fazer alguma reserva relacionada as suas
cláusulas? Por quê?

A

➢ Resposta: Não, Excelência. Isso porque o Estatuto de Roma, em seu artigo 120, prevê que não são admitidas reservas ao tratado. Assim, ou o Estado ratifica o texto na íntegra, ou não ratifica.

124
Q

125º) Examinador: Sr(a). candidato(a), no Estatuto de Roma, há diferença entre
entrega e extradição?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Segundo o Estatuto de Roma, por “entrega”,
entende-se o encaminhamento de uma pessoa por um Estado ao Tribunal nos
termos do Estatuto
.
E por “extradição”, entende-se o encaminhamento de uma pessoa por um Estado a outro Estado conforme previsto em um tratado, em uma convenção ou no direito interno.

*Dica de ouro: justamente por essa distinção, não faz sentido dizer que, como
a CF/88 veda a extradição de brasileiro nato, não seria possível entregar um
brasileiro nato ao TPI. São institutos que não se confundem.

125
Q

126º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual a definição de “tortura” para a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, “tortura” designa
qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são
infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira
pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira
pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido
; de intimidar ou coagir
esta pessoa ou outras pessoas
; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções
públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.

126
Q

127º) Examinador: Sr(a). candidato(a), a Convenção Internacional que trata
expressamente sobre a tortura foi ratificada pelo Brasil?

A

➢ Resposta: Excelência, no âmbito do sistema global ou onusiano, o Brasil
adotou a Convenção da ONU contra a Tortura e outros Tratamentos ou
Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes
, de 1984. Ratificou o texto em 1989
e a promulgação se deu pelo Decreto n. 40, de 1991.
No âmbito do sistema regional americano, o Brasil ratificou, em 1989, a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 1985. A Convenção foi promulgada pelo Decreto n. 98.386, de 1989.

127
Q

128º) Examinador: Sr(a). candidato(a), o Brasil ratificou o Protocolo Facultativo
à Convenção contra Tortura? Ele foi incorporado com qual status?

A

➢ Resposta: Sim, excelência. O Protocolo Facultativo à Convenção trouxe um sistema preventivo de visitas regulares de órgãos nacionais e internacionais independentes a locais de detenção, com o objetivo de
prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. O Brasil assinou o Protocolo em 13 de outubro de 2003 e ratificou em 12 de janeiro de 2007, com status de norma supralegal. O Decreto Presidencial n.6085 foi promulgado em 19 de abril de 2007.

128
Q

129º) Examinador: Sr(a). candidato(a), como a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes trata a legislação interna de cada País sobre o mesmo tema?

A

➢ Resposta: Excelência, a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes diz que o conceito trazido em seu texto não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumento internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter dispositivos de alcance mais amplo.

129
Q

130º) Examinador: Sr(a). candidato(a), há algum dispositivo da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes que determina aos Estados partes coibir severamente a prática da tortura?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. Segundo a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, Cada Estado Parte tomará medidas eficazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer território sob sua jurisdição. Ademais, dispõe, ainda, que cada Estado Parte punirá estes crimes com penas adequadas que levem em conta a sua gravidade.

130
Q

131º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Contra a Tortura
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, quando
não será concedida a extradição de uma pessoa condenada à tortura?

A

➢ Resposta: Excelência, Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes, nenhum Estado Parte procederá à expulsão, devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer que a mesma corre perigo de ali ser submetida a tortura.

131
Q

132º) Examinador: Sr(a). candidato(a), de acordo com a Convenção Contra a
Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
existe alguma possibilidade de uma declaração obtida mediante tortura ser
admitida como prova?

A

➢ Resposta: Excelência, existe uma situação excepcional, prevista no artigo 15 da Convenção, senão vejamos:
nenhuma declaração que se demonstre ter sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como prova em qualquer processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura, como prova de que a declaração foi prestada.

132
Q

133º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Contra a Tortura
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, há alguma
excludente para quem age em razão de ordens superiores?

A

➢ Resposta: não, Excelência. Segundo a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, a ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não poderá ser invocada como justificação para a tortura.

133
Q

134º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Contra a Tortura
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, como
deve ser conduzido o processo que apura esta prática?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, cada Estado Parte
assegurará suas autoridades competentes procederão imediatamente a uma
investigação imparcial sempre que houver motivos razoáveis para crer que um
ato de tortura tenha sido cometido em qualquer território sob sua jurisdição.

134
Q

135º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual o conceito de “discriminação contra
a mulher”, segundo a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, a expressão “discriminação
contra a mulher” representa toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no
sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento,
gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base
na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
qualquer outro campo.

135
Q

136º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo esta mesma Convenção, qual
a obrigação dos Estados-parte para combater esta discriminação?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, os Estados-Partes, entre
outras obrigações, tornarão todas as medidas apropriadas para: (a) Modificar os
padrões socioculturais de conduta de homens e mulheres, com vistas a alcançar
a eliminação dos preconceitos e práticas consuetudinárias e de qualquer outra
índole que estejam baseados na ideia da inferioridade ou superioridade de
qualquer dos sexos ou em funções estereotipadas de homens e mulheres; e (b)
Garantir que a educação familiar inclua uma compreensão adequada da
maternidade como função social e o reconhecimento da responsabilidade
comum de homens e mulheres no que diz respeito à educação e ao desenvolvimento de seus filhos, entendendo-se que o interesse dos filhos constituirá a consideração primordial em todos os casos.

136
Q

137º) Examinador: Sr(a). candidato(a), qual o tema da Convenção de Belém do
Pará? Ela foi incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro? Com qual status?

A

➢ Resposta: Excelência, esse é o apelido da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, de 1994. Foi adotada
pela OEA em 06/06/1994 e ratificada pelo Brasil em 27/11/1995, sendo
promulgada pelo Decreto n. 1.973/1996. Possui status de norma supralegal. O
texto afirma que a violência contra a mulher é uma ofensa à dignidade humana
e reforça a desigualdade entre homens e mulheres, sendo fundamental,
portanto, eliminar a violência contra a mulher.

*Dica de ouro: Os autores observam que o núcleo protetivo da Convenção de
Belém do Pará supera a CEDAW (documento da ONU)

137
Q

138º) Examinador: Sr(a). candidato(a), de acordo com a Convenção de Belém
do Pará, conceitue violência contra a mulher. Fale sobre o direito de igualdade
dentro desse conceito.

A

➢ Resposta: Excelência, de acordo com o previsto no artigo 1º desta
Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou
conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico,
sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera
privada. Segundo a Convenção, a violência contra a mulher constitui ofensa à
dignidade humana e é manifestação das relações de poder historicamente
desiguais entre mulheres e homens.

138
Q

139º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite três obrigações dos Estados partes,
de acordo com a Convenção de Belém do Pará.

A

➢ Resposta: Excelência, no artigo 7.º da Convenção estão previstas várias
medidas a serem adotados pelos Estados partes para prevenir, punir e erradicar
a violência contra a mulher. Podemos mencionar:

1) Abster-se de qualquer ato ou prática de violência contra a mulher e velar por
que as autoridades, seus funcionários e pessoal, bem como agentes e instituições públicos ajam de conformidade com essa obrigação;

2) Agir com o devido zelo para prevenir, investigar e punira violência contra a
mulher;

3) Estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher sujeitada
a violência, inclusive, entre outros, medidas de proteção, juízo oportuno e efetivo
acesso a tais processos.

139
Q

140º) Examinador: Sr(a). candidato(a), há algum tratamento especial, na
Convenção de Belém do Pará, para mulheres em situação de vulnerabilidade?

A

➢ Resposta: Sim, Excelência. De acordo com a Convenção de Belém do Pará, os Estados Partes levarão especialmente em conta a situação da mulher vulnerável a violência por sua raça, origem étnica ou condição de migrante, de refugiada ou de deslocada, entre outros motivos. Também será considerada violência a mulher gestante, deficiente, menor, idosa ou em situação socioeconômica desfavorável, afetada por situações de conflito armado ou de privação da liberdade.

140
Q

141º) Examinador: Sr(a). candidato(a), conceitue “discriminação racial”,
segundo a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação Racial.

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Internacional sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, “discriminação racial”
significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência fundadas na raça,
cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por fim ou efeito anular ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em igualdade de condições, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos domínios político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública.

141
Q

142º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Internacional
sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, quais as
obrigações dos Estados Partes para combater a discriminação racial?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, os Estados Partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a adotar, por todos os meios apropriados e sem demora, uma política de eliminação de todas as formas de discriminação racial, e de promoção da harmonia entre todas as raças.

142
Q

143º) Examinador: Sr(a). candidato(a), como a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial trata da propaganda
que veicule discriminação racial?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Internacional sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, os Estados Partes
condenarão toda propaganda e todas as organizações que se inspiram em ideias
ou teorias cujo fundamento seja a superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem étnica, ou que pretendam
justificar ou encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação raciais,
comprometendo-se a adotar imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a tal discriminação.

143
Q

144º) Examinador: Sr(a). candidato(a), cite algum direito previsto às vítimas de
discriminação racial, segundo a Convenção Internacional sobre a Eliminação de
todas as Formas de Discriminação Racial, o que representa o Comitê para a
Eliminação da Discriminação Racial?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Internacional sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, os Estados Partes
assegurarão às pessoas que estiverem sob sua jurisdição proteção e recursos
eficazes perante os tribunais nacionais e outros órgãos do Estado competentes,
contra todos os atos de discriminação racial que, contrariando a presente Convenção, violem os seus direitos individuais e as suas liberdades fundamentais, assim como o direito de pedir a esses tribunais satisfação ou reparação, justa e adequada, por qualquer prejuízo de que tenham sido vítimas em virtude de tal discriminação.

144
Q

145º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Internacional
sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, o que representa o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Internacional sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, será constituído um
Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial, composto por 18 peritos reconhecidos pela sua imparcialidade e alta estatura moral, que serão eleitos
pelos Estados Partes dentre seus nacionais e exercerão suas funções a título individual, levando-se em conta uma repartição geográfica equitativa e a representação das distintas formas de civilização, assim como dos principais sistemas jurídicos.

145
Q

146º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Interamericana
contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância,
qual o conceito de “discriminação racial”?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Interamericana contra o
Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, “discriminação racial” é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área da vida pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos
instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes. A discriminação racial pode basear-se em raça, cor, ascendência ou origem nacional ou étnica.

*Dica de ouro: Esse conceito é mais atual que o da Convenção sobre Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, da ONU, que é da década de 60. Assim, recomendo que utilizem os conceitos previstos no artigo 1.º da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, recentemente incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro com status de emenda constitucional.

146
Q

147º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Interamericana
contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância,
qual o conceito de “racismo”?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Interamericana contra o
Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, “racismo”
consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que
enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade,
inclusive o falso conceito de superioridade racial. O racismo ocasiona desigualdades raciais e a noção de que as relações discriminatórias entre grupos são moral e cientificamente justificadas. Toda teoria, doutrina, ideologia e conjunto de ideias racistas descritas neste Artigo são cientificamente falsas, moralmente censuráveis, socialmente injustas e contrárias aos princípios fundamentais do Direito Internacional e, portanto, perturbam gravemente a paz e a segurança internacional, sendo, dessa maneira, condenadas pelos Estados Partes.

147
Q

148º) Examinador: Sr(a). candidato(a), diferencie discriminação direta da
discriminação indireta. Ademais, as ações afirmativas decorrem da discriminação racial direta ou indireta?

A

➢ Resposta: Excelência, analisando sob o posto de vista da discriminação
racial, a discriminação direta é aquela que tem o claro propósito de anular ou
restringir direitos, com base em critérios discriminatórios. Já a discriminação
indireta, de acordo com a Convenção Interamericana contra o Racismo, a
Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, é aquela que ocorre,
em qualquer esfera da vida pública ou privada, quando um dispositivo, prática
ou critério aparentemente neutro tem a capacidade de acarretar uma desvantagem particular para pessoas pertencentes a um grupo específico, ou as coloca em desvantagem, a menos que esse dispositivo, prática ou critério tenha
um objetivo ou justificativa razoável e legítima à luz do Direito Internacional dos
Direitos Humanos. Neste sentido, as ações afirmativas - que são medidas especiais e temporárias que visam à concretização da igualdade material -, decorrem da discriminação direta. São uma das formas de buscar corrigir essa discriminação direta. Inicialmente, não faria sentido adotar ações afirmativas diante de critérios aparentemente neutros.

148
Q

149º) Examinador: Sr(a). segundo a Convenção Interamericana contra o
Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, o que
significa discriminação múltipla ou agravada?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Interamericana contra o
Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, “discriminação múltipla ou agravada” representa qualquer preferência, distinção, exclusão ou restrição baseada, de modo concomitante, em dois ou mais critérios dispostos no conceito de “discriminação racial” por ela trazido, ou outros reconhecidos em instrumentos internacionais, cujo objetivo ou resultado seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de
igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes, em qualquer área da vida pública ou privada.

149
Q

150º) Examinador: Sr(a). candidato(a), segundo a Convenção Interamericana
contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância,
qual o conceito de “intolerância”?

A

➢ Resposta: Excelência, segundo a Convenção Interamericana contra o
Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, “intolerância” é um ato ou conjunto de atos ou manifestações que denotam desrespeito, rejeição ou desprezo à dignidade, características, convicções ou opiniões de pessoas por serem diferentes ou contrárias. Pode manifestar-se como a marginalização e a exclusão de grupos em condições de vulnerabilidade da participação em qualquer esfera da vida pública ou privada ou como violência contra esses grupos.