13- PANCREATITES Flashcards
PANCREATITE AGUDA
Definição:
Doença inflamatória aguda que acomete o pâncreas, tecidos peri-pancreáticos, causando resposta inflamatória sistêmica, na maioria dos casos autolimitada. Muitas vezes não se limita ao pâncreas somente;
PANCREATITE AGUDA - GRAVIDADE
A resposta inflamatória sistêmica é o que faz ela ser tão grave -> leva insuficiência renal e respiratória;
Muitas vezes não se consegue controlar essa resposta inflamatória, não tendo um tratamento especifico. Na maioria das vezes é leve, não causando tantos problemas, porem ela é uma doenças potencialmente grave.
PANCREATITE AGUDA
o Problema que começa no pâncreas que pode repercutir em órgão adjacentes ou até distantes
o A maioria das pancreatites é leve e melhora rapidamente
o A principal causa de pancreatite aguda são cálculos biliares – podem começar na vesícula ou na via biliar (muito pouco são formados na via)
o Junção bilio-pancreatica – desembocadura comum de vesícula biliar e pâncreas no duodeno
PANCREATITE AGUDA - FISIOPATO ENZIMAS
o Quando o cálculo impacta os canalículos a enzimas pancreáticas retrocedem e auto digerem o pâncreas – aumento da pressão intraductal pela obstrução a passagem e liberação das enzimas
pancreáticas leva a um extravasamento das enzimas digestivas pancreáticas no própria parênquima e isso gera uma autodigestão do pâncreas
Pâncreas divisum:
(raro) pâncreas que teve falha na fusão da porção ventral e dorsal na embriogêneses – porção ventral é drenada pelo acessório e a porção dorsal (menor) pelo ducto principal – o contrário é o normal – essa patologia pode levar a pancreatite aguda – muita enzima pancreática escoando por um ducto secundário fininho
SECRETINA E COLECISTOCININA NA FISIOPATO
a secretina e a colecistocinina são enzimas que estimulam a produção e liberação das enzimas pancreáticas que pela obstrução não conseguem sair e acabam digerindo o pâncreas.
tudo isso são formas de o pâncreas se proteger, para que as enzimas não o digiram
(3 coisas: proenzimas, armazenar em vesicular e ter o inibidor do pepesinogênio.
Fisiopatologia:
ativação precoce e inapropriada -> enzimas começam a digerir o pâncreas -> processo inflamatório (Quanto maior for mais grave vai ser e mais tem chance de se espalhar para outros órgãos.) -> pessoa pode ter um estado de hipovolemia pela saída de liquido.
A primeira complicação é
a insuficiência renal -> tem que fazer uma hidratação vigorosa (3 a 4L por dia)!!
Secreção pancreática
Estrutura acinar:
Ácinos → produção de enzimas digestivas
Ilhotas de Langerhans → produção de insulina
Ductos pancreáticos → secreção bicarbonato (neutralização quimo)
Secreção enzimas:
Proteolíticas: Tripsina, quimiotripsina (proteínas), carboxipolipeptidases (peptídeos), elastases e nucleases
Digestão CH (carbohidratos): Amilase pancreática
Digestão gorduras:
o Lipase pancreática (gordura neutra em ác graxos e monoglicerídeos);
o Colesterol esterase (hidrólise ésteres de colesterol);
o Fosfolipase (hidrólise ác graxos de fosfolipídios)
Regulação da secreção exócrina pancreática (ductos e ácinos) pelos hormônios intestinais:
Células do duodeno estimulam a CCK e a secretina, que estimulam a secreção das enzimas pancreáticas.
- presença do alimento no duodeno estimula a produção de CCK e secretina – isso estimula a produção de enzimas pancreáticas e água (a água é necessária para “carregar” as enzimas no ductos)
- as enzimas proteolíticas precisam ser ativadas – Ph alcalino do duodeno é uma das coisas que ativa
- na pancreatite temos a ativação precoce e inapropriada das enzimas
Epidemiologia
3ª causa mais comum de internações gastro-enterológicas nos EUA.
220.000 internações hospitalares ao ano (EUA).
Incidência: 5,4 a 79,8 casos / 100.00 hab, Inglaterra e EUA, respectivamente.
20% das pancreatites são graves.
o 10 a 30% das pancreatites graves vão a óbito – idoso sempre acaba sendo mais grave; não se sabe exatamente porque algumas pessoas ficam graves e outras não.
Dados DATASUS (Brasil) – taxa de mortalidade em 2009: 6,7%
Óbito – segue padrão bimodal:
50% fase precoce (primeiros 14 dias) > SIRS (2 dos seguintes: 1 TA > 38ºC ou < 36ºC, 2) FR > 20 irpm ou PaCO2 < 32, 3) FC > 90 e 4) leucócitos >12.000, < 4.000 ou > 10% bastões)
COMPLICAÇÕES
IRA
Infecção
SDMO – síndrome de disfunção de múltiplos órgãos
Fase tardia – leva a necrose que pode infectar -> pode levar a um abcesso pancreatico
Complicações infecciosas (necrose e coleções peripancraticas), necrose e a SDMO são as principais causas de óbito.
Pancreatite aguda: insuficiência renal (primeira complicação), Edema pulmonar (insuficiência respiratória).
Etiologia PRINCIPAIS
Etiologia
Litíase biliar, Microlitíase, Etilismo – 85%
Causas metabólicas (hipertrigliceridemia, hipercalcemia)
o Acredita-se que quando o triglicerídeo e o cálcio estão muito altos no sangue eles formam rolhas nos ductos pancreáticos
Álcool
Foge da fisiopatologia habitual – o álcool tem metabolização hepática e pancreática e essa metabolização no pâncreas pode acabar lesando o pâncreas – medicações segue essa lógica, porém a fisiopatologia não é bem definida
OUTRAS CAUSAS
Drogas
Trauma cirurgia abdominal
Neoplásicas (tumores pancreáticos ou peri-ampolares)
Estruturais: - alterações na morfologia que alteram a drenagem pancreática
o Pâncreas divisum;
o Disfunção do esfíncter de Oddi;
o Divertículos periampolares;
o Cistos de duplicação duodenal;
o oledococele;
o Anomalias da junção cílio-pancreática;
o Doença de Crohn
Pós CPRE: Pós colangiopantografia retógrada endoscópica
Infecções (áscaris, rubéola, CMV, toxoplasmose, TB, MAC)
Hereditária (mutações CFTR, PRSS1, SPINK1) – pacientes jovens antes dos 20 anos, história familiar
Vasculares (isquemias, vasculites)
Idiopática (10 a 20% dos casos nos adultos).
Patogênese
Ativação precoce do tripsinogênio ainda no interior das células acinares.
Ativação subsequente dos demais zimogênios e autodigestão das células acinares.
Falha da eliminação da tripsina ativada ao redor do pâncreas.
Ativação de células inflamatórias e de citocinas.
Pancreatite hereditária → mutação nos genes do tripsinogênio PRSS1 e SPINK1, com desbalanço entre as proteases e seus inibidores.
Pancreatite alcóolica → via não oxidativa do metabolismo do álcool ocorre no pâncreas levando a acúmulo de ésteres de ácido graxo – não tem o fator obstrutivo
Diagnóstico (QUADRO CLINICO)
2 dos 3 critérios:
1) Dor abdominal
2) Amilase / lipase elevadas (> 3x LSN)
3) Imagem (TC, RNM ou colangioRNM)
USG só consegue pancreatite mais intensa.
TIPO Dor abdominal:
Em faixa; Andar superior do abdome; Em fisgada ou “em facada”; Irradiada para o dorso; Paciente sabe quando a dor começa - Súbita.
Aumento do nível sérico das enzimas pancreáticas
(> 3x LSN – limite superior da normalidade):
Amilase: menos específica (outras condições também aumentam ela), aumento precoce após o início dos sintomas, meia-vida curta;
Lipase: mais sensível e específica, aumento mais tardio após o início dos sintomas, meia vida mais longa.
Tenho lipase quase que somente no pâncreas – tem um pouco na língua, mais é coisa mínima
EXAMES DE Imagem
TC ou RM (melhor para diagnóstica);
US é para ver se é biliar (não é muito sensível).
As vezes não precisa fazer TC, depende de cada paciente (ex: o que tem poucos pontos e evolui bem).
Exame físico
Diminuição dos RHA – íleo paralítico
Diminuição MV em bases – derrame pleural
Equimoses (hemorragia está chegando a parede abdominal indicam gravidade):
o Periumbilical → Sinal de Cullen;
o Flancos → Sinal de Grey-Turner (grande chance de óbito)
Sinais de gravidade – necrohemorragia está chegando na parede abdominal
Ascite pancreática – amilase no líquido ascítico 3 a 5x o valor sérico obtido simultaneamente, muitas vezes > 2000.
Pancreatite leve (só provoca edema do pâncreas): edematosa intersticial
Pancreatite grave (ruim): necrosante/necro-hemorrágica
AMILASE E LIPASE SÃO FATORES DE GRAVIDADE?
NÃO
- apresentação mais tardia: amilase caindo e lipase subindo
TRATAMENTO INICIAL
Tratamento inicial deve ser hospitalar: paciente potencialmente grave
Identificar fator etiológico:
o História clínica detalhada;
o USG de abdome – não é para ver as alterações da pancreatite, é para pesquisar Colelitíase
Aumento de transaminases e bilirrubinas sugerem causa biliar (ALT > 3x, primeiras 24h sugere etiologia biliar – VPP 95%);
o Perfil lipídico;
o Cálcio sérico.
Como a complicação inicial é IRA tem que fazer uma hidratação vigorosa
Jejum NO TTO? ALIMENTAÇÃO
(não se faz mais tanto) -> primeiros dias só, volta alimentar o paciente quando ele tem alivio da dor ou quando tiver fome.
o Inicial alimentação: melhora parcial da dor / diminuição do íleo paralitico
o SNG -> vomito. Íleo paralitico, distensão abdominal
o Jejum até o paciente toleram alimentação
Analgesia
(hioscina +- dipirona, tramadol, meperidina, morfina? – risco teórico da morfina aumentar espasmo do esfíncter de oddi)
Nutrição oral / enteral / parenteral
PARENTERAL -(pancreatite grave, obstrução duodenal)
Hidratação vigorosa
para que não evolua para insuficiência renal aguda – sequestro para o terceiro espaço – pâncreas pela inflamação sequestra liquido
o Monitorização débito urinário (> 50ml/h / 0,5 ml/Kg/h)
o Controle função renal
o Parcimônia idosos, ICC, insuficiência renal