Vulvovaginites, Cervicite e DIP Flashcards
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)
- É a nova expressão em substituição da DST
- Prevenção combinada: biomédica, comportamental e estrutural (marcos legais)
- Sexo seguro: uso preservativos, imunizações HPV, preventivo, teste rápidos, preservativos, PEP, PrEP
- Principais fatores de risco: sexo sem preservativos e idade mais baixa
Rastreamento de IST
*Fatores de risco: sexo sem preservativos e idade mais baixa
- HVC, HVB, HIV e sífilis: teste rápido
- Clamídisa e gonococo: amostras endocervicais
- Vacinação contra hepatite B
- ≤ 30 anos: HIV e sífilis ANUAL
- Gays, prostitutas, travestis, usuários álcool/ droga: semestral HIV/ sifilis/ HVB/HVC
- IST, hepatites, TB: HIV/ sífilis no momento do dx
- PrEP: HIV em cada visita, Sífilis/ hepatites trimestral e clamídia/ gonococo semestral
Rastreamento de IST na Violência Sexual
- HIV: no atendimento inicial. 4-6 semanas após exposição e 3 meses após
- Sífilis, Clamídia e Gonococo: no atendimento e 4-6 semanas após
- HCV/HVB: no atendimento inciial e aos 3-6 meses após exposição
Parcerias sexuais para fins de comunicação, aquelas com:
- Tricomoníase: parceira atual
- Corrimento uretral/ cervical: últimos 2 meses
- DIP: últimos 2 meses
- Úlceras: últimos 3 meses (exceto donovanose por baixa infectividade não tto parceiro)
- Sífilis: últimos 3 meses
- Sífilis latente: último ano
Manejo de IST sintomático
- Orientar práticas sexuais
- Oferecer teste p/ HIV, sífilis, hepatites B e C
- Vacinação p/ hepatites A, B e HPV quando indicado
- Prevenção combinada
- Tratar e acompanhar pcte e parceiro
- Notificar se necessário
Causas de Corrimento:
- Candidíase
- Tricomoníase
- Vaginose
- Cervicite gonocócica ou não gonocócica (chlamydia)
- Corrimento genital superior: DIP (endometrite, salpingite, ooforite, abscesso)
- Corrimento uretral: uretrite gonocócica ou não gonocócica
Causas de úlceras genitais
- Sífilis
- Cancro mole
- Herpes genital
- Linfogranuloma venéreo (mula)
- Donovanose (granuloma inguinal)
- OBS: Verrugas anogenitais = Condiloma acuminado (HPV 6 e 11)
- Virais: HIV, hepatites, molusco contagioso e CMV
Vulvovaginites
- Processo inflamatório c/ ↑ de PMN que acomete trato genital inferior
- Envolve vulva, parede vaginal, epitélio escamoso estratificado colo uterino
- É o corrimento vaginal
- Vaginose: ausência de resposta inflamatória vaginal
Ecossistema vaginal de defesa (Menacme)
- Conteúdo vaginal: muco cervica, céls vaginais e cervicais esfoliada, secreção das glândulas de Bartholin e Skene, transudato vaginal
- Cor branca ou transparente
- pH entre 3,8-4,2 (<4,5) = ÁCIDA
- Lactobacillus acidophilus (bacilos de Döderlein): produz ácido lático (responsável pelo pH ácido), é um aeróbio Gram-positivos
Composição da flora vaginal normal
- Aeróbios Gram-positivos: Lactobacillus acidophilus (90%) , Staphylococcus epidermidis e S. agalactiae
- Gram-negativos: E. coli
- Anaeróbios facultativos: Gardnerella vaginalis, enterococcus
- Anaeróbios estritos ou obrigatórios: Prevotella sp., Bacteroides spp., Peptostreptococcus spp., Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma hominis
- Fungo gram-positivo, dimorfo, saprófita genital e GI: Candida spp.
Lactobacillus acidophilus (bacilos de Döderlein)
- Presente em 90% da flora normal
- Produzem peróxido de hidrogênio: pH ácido e inibe cresciemnto de bactérias nocivas à mucosa vaginal
- Se em baixa concentração há aderência de organismos patogênicos fisiológicos que crescem em quantidade (Gardnerella) e ↓ de oxigênio (↑ anaeróbias)
Mecanismo de defesa da região genital:
- Vulva: tegumento, pelos abundantes, coaptação adequada dos pequenos lábios
- Vagina: Acidez (pH 4,0-5,0), Lactobacilos, integridade assoalho pélvico
- Colo: muco endocervical, ação bactericida e integridade anatômica
- Mucosa vaginal: rica em macrófagos, linfócitos, céls de Langerhans
Ação do Estrógeno na defesa genital
- Faz maturação e diferenciação do epitélio vaginal em céls superficiais maduras ricas em glicogênico
- Glicogênio é metabolizado em ác. láctico pelos lactobacilos = pH ácido (inibe crescimento de outros organismos como anaeróbios)
Menacme (= operarante)
- Normoestrogenismo
- Epitélio vaginal trófico
- Céls ricas em glicogênio
- pH vaginal ácido: 4,0-4,5
- Favorável ao crescimento da flora protetora
Pré-púbere/ Pós- menopausa (= inoperante)
- Hipoestrogenismo
- Epitélio vaginal delgado/ atrófico
- Céls pobres em glicogênio
- pH vaginal alcalino: 5,0-7,0
- Desfavorável ao crescimento da flora protetora
- Favorece proliferação de MO patogênicos
Fatores de Risco para Vulvovaginites
- DM
- Ingestão de esteroides, hormônios, hiper/hipoestrogenismo
- Uso de ATB (supressão de comensais), imunossupressores
- Uso duchas vagianis, lubrificantes, absorventes internos/ externos
- Depilação exagerada e frequente
- Estresse, trauma, mudança d eparceiro
Investigação de Corrimento
*Muco cervical é alcalino (pH =7) e vaginal é ácido (pH <4,5)
- Coloração do corrimento não é considerado específico p/ etiologia → alterado por céls descamadas, muco, esperma, sangue
- Mucorreia (não é vulvovaginite) ≠ corrimento
- Mucorreia: conteúdo vaginal acima do normal c/ ausência de inflamação, mucosa rosa-pálido e muco claro e límpido
Investigação de Corrimento
- 1º: Exame Especular
- 2º: Microscopia direta (exame a fresco)
- 3º: Teste do pH → fitas
- 4º: Teste das aminas (KOH 10% ou do “cherio”) → positivo se odor de pescado
Frequência das causas de vulvovaginites infecciosas
- 1º: Vaginose bacteriana (VB) → 46%
- 2º: Candidíase vulvovaginal → 23%
- 3º: Tricomoníase → 20%
- 4º: Vaginite descamativa
Vaginose Bacteriana
- É a causa infecciosa mais comum
- Desequilíbrio da flora vaginal: ↓ lactobacilos e ↑ polimicrobiano de anaeróbias estritas (Prevotella, Bacteroides, Mobiluncus) e facultativas (Gardnerella)
- Predomínio de GARDNERELLA VAGINALLIS (mas flora mista) → ↓ potencial oxirredução
- Proliferação de anaeróbios estritos → aminopeptidases descarboxilases → produção de aminas → Aminas voláteis (Cadaverina, Putrescina e Trimetilamina) → Odor “peixe podre”
Vaginose Bacteriana
- Sinais inflamatórios LEVES/ inexistentes e vários agentes causais envolvidos
- Causa mais prevalente de corrimento vaginal c/ odor fétido (46% das mulheres)
- Não é uma IST, é apenas desencadeada pela relação sexual em mulheres predisposta → contato c/ sêmen ↑ pH
- Mesmo não sendo uma DST, a VB ↑ risco de outras IST (e HIV) por ↓ lactobacilos que produzem peroxidase e impede ativação linfócito T CD4
Vaginose Bacteriana - Fatores de Risco
- Múltiplos e novos parceiros
- Uso DIU
- Duchas vaginais, tabagismo
- Não uso condom
Vaginose Bacteriana
- Assintomáticas
- Odor fétido: peixe podre
- Agravado na menstruação e durante o coito (por ↑ pH tornando alcalino, facilitando volatização das aminas produzida pelos patógenos)
- Corrimento fluido, homogêneo, branco acinzentado (mais comum) ou amarelado
- Pequena quantidade, não aderente, forma microbolhas
- Raramente tem sinais inflamatórios
- Não tem dispareunia
Aminas voláteis no Teste das Aminas (CAPUT)
Cadaverina, Putrescina e Trimetilamina
Dx pelos Critérios de Amsel da VB
*Presença de 3 dos 4 critérios:
- Corrimento branco acinzentado, homogêneo, fino
- pH vaginal >4,5
- Teste das Aminas (whiff test) positivo
- Visualização de clue cells (ou células-guias ou pista/ indicadora/ alvo/ chave) → aderência à membrana celular, é sugestivo mas não “fecha” dx (ausentes em 40%)
Padrão-ouro do dx de VB
- Coloração por Gram do fluido vaginal (sistema de Nungent ≥ 7)
- Determina a concentração de lactobacilos, bastonetes gram- e gram-variáveis
Tratamento da VB
*Pode ser prescrito ácido ascórbico (vitamina C) tornando canal vaginal mais ácido (UFPR)
- Recomendado para sintomáticas e assintomáticas grávidas (↓ risco de outras IST)
- 1ª Escolha: Metronidazol 500 mg VO 2x/dia por 7 dias
- Pode ser feito em gestantes (não contraindica) e lactantes
- Pode ser feito em Metronidazol gel 0,75% via vaginal 1x/dia por 5 dias
- Evitar consumo de bebida alcóolica por 8 das: Efeito Antabuse (dissulfiram-like)
- Não precisa tratar parceiro
- Evitar sexo e usar preservativos no tto
- 2a escolha: Clindamicina 300 mg VÔ 12/12h por 7 dias (se efeitos colaterais no TGI ou gosto metálico na boca com metronidazol)
VB recorrente
*É comum
- Triplo regime: Metronidazol gel 10 dias + ác. bórico 21 dias (remove biofilme vaginal) + metronidazol gel 2x/sem por 4-6 meses
TTO de VB em situações especiais:
- Alergia, intolerância ou reações ao metronidazol: preferir óvulos de clindamicina intravaginal
- HIV: esquema habitual, atentar p/ interação entre Metronidazol e Ritonavir c/ risco de náusea/ vômito → intervalo de 2 h entre ingestas
- Gestantes: preferir forma sistêmica habitual c/ metronidazol (cetegoria B) s/ efeitos teratogênicos ou mutagênicos em RN segudo metanálises
Compliações da VB
- Gestantes: aborto, PMT, RPMO, corioamnionite, infecção pós-cesária e colonização RN
- Não grávidas: endometrite, salpingite, pelveperitonite, celulite, DIP
Candidíase Vulvovaginal
- Infecção vulva e vagina
- Funfo gram-positivo, dimorfo, saprófita genital/ intestinal: Candida sp. → proliferação em ambientes ácidos
- Candida albicans (80-92%) e restante não albicans (glabrata, tropicalis, krusei) e saccharomyces cerebisae
- Endógeno em 10-20% das mulheres
Candidíase Vulvovaginal
- 2ª causa mais comum de corrimento vaginal (23%)
2. Não é de transmissão sexual
Candidíase Vulvovaginal - Fatores de risco
*Situações que ↑ glicogênio vacinal e ↑ acidificação e proliferação de leveduras
- Gravidez
- Obesidade
- DM descompensada
- Corticoide, ATB, ACO, imunossupressores
- Imunodeficiência
- Hábitos higiene e vestuário que ↑ umidade e calor local
- HIV: marcador de imunodepressão precoce
- Substâncias alergênicas ou irritantes
Candidíase Vulvovaginal - QC:
*Início súbito exacerbado ANTES da menstruação (acidez vaginal máxima), com melhora durante menstruação e pós-menstrual
- Prurido vulvovaginal: principal sintoma, pode ser leve a insuportável, piora à noite e exacerbada pelo calor
- Queimação vulvovaginal
- Disúria externa
- Dispareunia de introito vaginal
- Corrimento branco, grumoso, inodoro e aspecto caseoso (“leite coalhado”)
- Hiperemia, fissuras, placas brancas aderidas à mucosa
- Parceiro: irritação e hiperemia pênis ou balanopostite
Candidíase Vulvovaginal - Dx:
- pH vaginal <4,5
- Corrimento branco aderido em nata
- Bacterioscopia c/ exame a fresco (KOH 10%): promove a lose celular com visualização de levedura e/ou pseudo-hias
- Teste das aminas: NÃO piora cheiro (negativo)
Candidíase Vulvovaginal - Formas Clínicas:
- Gravidade: Suave-moderada OU grave (sintomas intensos, eritema, edema, escoriações)
- Frequência: esporádica ou recorrente (≥ 4 episódios em um ano)
- Organismo: Candida albicans ou não albicans (kuuzei e glabrata)
- Hospedeiro: mulheres sadias ou c/ comorbidade (DM, gravidez, HIV)
Candidíase Vulvovaginal - TTO:
- 1ª escolha: Miconazol creme vaginal 2% 1 aplicador por 7 noites
- Risco de ardência e irritação local, como é a base de óleo por enfraquecer camisinha e diafragma
- 2ª opção: Fluconazol 150 mg VO dose única
- Gestante e lactante: somente por via vaginal, sendo contraindicado VO
- Não tratar parceiros
TTO Candidíase Vulvovaginal Recorrente:
*Recorrente: ≥ 4 episódios/ano
- Indução: Fluconazol 150 mg VO 1x/d nos dias: 1, 4 e 7
- (ou Itraconazol 100 mg 2cp VO 2x/d por 1 dia ou miconazol creme tópico por 10-14 dias)
- Manutenção: Fluconazol 150 mg VO 1x/sem por 6 meses
- (ou miconazol tópico 2x/sem ou óvulo vaignal 1x/sem por 6 meses)
- Se parceiro assintomático, não tratar
Candidíase Vulvovaginal - Outras considerações:
- Tratar parceiros só se sintomático por apresentar balanite e/ou balanopostite
- Eritema na glande, prurido ou irritação c/ agentes tópicos
- Se complicada (HIV): preferir medicação VO c/ Fluconazol 150 mg
- Gestação: só tópicos
- Banho de assento e bicarbonato de sódio reduzem a acidez
- Na MO apresenta leucócitos, citólise de céls epiteliais com núcleo/ citoplasma empalidecidos e reduzidos, bordos celulares mal definidos e pseudo-hifas
Tricomoníase
- IST causada por protozoário flagelado: Trichomonas vaginalis
- Anaeróbico facultativo
- 3ª causa de corrimento vaginal (20%)
- Pode estar associada a outras IST
- Facilita transmissão do HIV
- Via de transmissão é SEXUAL
Tricomoníase - Fatores de Risco
- Prática sexual desprotegida é única relação
- Melhor forma de prevenção é uso de preservativos
- Parceiras de homens circuncidados tem menor risco de adquirir tricomoníase
- Uso de duchas vaginais não é recomendado por ↑ infecções vaginais
Tricomoníase - QC:
- Homens: portadores assintomáticos (vetores) ou uretrite não gonocócica, epididimite ou prostatite
- Mulheres: assintomáticas em até 50% (pós-menopausa)
- Corrimento (35%), abundante, amarelo-esverdeado, mal cheiroso e bolhoso
- pH >5,0 (alcalino)
- Inflamação vaginal: ardência, hiperemia e edema, dispareunia ou prurido (ocasional)
- COLPITE FOCAL ou difusa: “colo em framboesa ou morango” → dilatação capilar e hemorragias puntiformes
- 2% visto ao olho nu ou 90% na colposcopia pós teste de Schiller (pele de onça ou tigroide nos difusos)
TricoMONíase - Dx:
*Pode alterar resultado da citologia oncótica, deve ser tratada e coleta após 3 meses
- Teste das aminas positivo: mas não é específico
- MO (exame a fresco):Protozoário flagelado na lâmina e ↑ leucócitos (sensibilidade baixa de 57%)
- Colpite em framboesa
- Bacterioscopia: Gram-negativo
- Teste de DiaMONd: E 100% e S 75-96%
- Teste de amplificação do ác. nucleico (NAAT): altamente sensível
Tricomoníase - TTO:
*Deve ser sistêmico
- 1ª escolha: Metronidazol (ou tinidazol) 2g VO dose única
- Alternativo: Metronidazol 500 mg VO, 12/12h por 7 dias (= VB) → recomendado p/ HIV
- Em gestantes é feito da mesma maneira* (independente da IG)
- Parceiros sexuais devem ser tratados (mesmo se assintomáticos)
- Evitar consumo álcool pelo Efeito Antabuse
- Suspensão sexual durante tto
Efeito Antabuse (dissulfitam-like)
- Interação de imidazólicos c/ álcool
- Inibição da enzima aldeído desidrogenase pelos nitroimidazólicos
- Mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”
- Abstinência álcool por até 24h após término de metronidazol e por até 72h se tinidazol
Vaginite Descamativa
- Vaginite purulenta, crônica c/ ausência de inflamação cervical ou genital superior
- Etiologia desconhecida
- Em 70% tem presença estreptococos beta-hemolíticos (GBS e agalactiae)
- Prevalência aumentada na perimenopausa (deficit estrogênico)
- TTO: Clindamicina creme a 2% 5g via vaginal por 7 dias
Vaginite Descamativa - Critérios Dx:
- Conteúdo vaginal purulento em grande quantidade;
- pH alcalino
- Microscopia: processo descamativo vaginal intenso c/ predomínio das céls profundas (basais e parabasais), flora vaginal tipo 3 (Ausência de lactobacilos) e nº elevado de PMN
Vulvovaginites Inespecíficas
- Causa mais comum na infância (pré-púberes): 25-75%
- Sem agente específico: germes sapróficas (E. coli, S. epidermidis, bacterioides, enterococos)
- Inflamação vulva e vagina
Vulvovaginites Inespecíficas - Fatores de Risco
- Proximidade urera-vagina-ânus, menor coaptação labiais
- Epitélio vaginal delgado
- pH alcalino
- Higiene pobre, roupas apertadas, irritantes, traumas, corpo estranho
- Obesidade, DM, IVAS, parasitoses, ATB e dças dermatológicas
Vulvovaginites Inespecíficas - QC:
- Leucorreia variável
- Prurido vulvar
- Ardência
- Escoriação, hiperemia e edema vulva
- Disúria e polaciúria
- Sinais de má higiene
Vulvovaginites Inespecíficas
- Dx: de EXCLUSÃO → ex. físico, ex. a fresco e EPF
- TTO: boas medidas higiene c/ água e sabão neutro, evitar irritantes, roupas sintéticas, banho de assento
- Tratar parasitoses (oxiúriase) e ITU se presentes
Vaginose Citolítica
*Dxx c/ candidíase
- ↑ excessivo de lactobacilos, citólise e escassez de leucócitos
- Sintomas e FR semelhantes à candidíase: prurido, leucorreia, disúria, dispareunia
- Fase lútea, gravidez e DM
- TTO: alcalinização meio vaginal (↑ pH) c/ duchas vaginais c/ bicarbonato de sódio (2-3x/sem até remissão)
Vaginose Citolítica - Critérios dx:
*Excesso de lactobacilos
- pH 3,5-4,5 (ácido)
- Microscopia com solução salina: ausência de MO não pertencentes à microbiota vaginal normal, raros leucócitos, citólise (núcleos desnudos) e ↑ de lactobacilos
Vaginite Atrófica
- Deficiência de estrogênio (no geral após menopausa)
- Epitélio vaginal e uretral são estrogênio-dependentes
- Prurido vulvar, ardência, dispareunia, conteúdo vaginal amarelo-esverdeado
- Disúria, hematúria, ITU, incontinênicia urinária
- Epitélio vaginal liso, pálido e brilhante, ressecamento, estenose, perda elasticidade
Vaginite Atrófica - FR:
- Menopausa
- Rt/ Qt
- Ooforectomia
- Pós-parto
- Medicamentos: tamoxifeno, danazol, medroxiprogesterona, leuprolide, nafarelina
Vaginite Atrófica - Dx:
*Hipoestrogenismo
- pH vaginal >5
- Microscopia: Ausência de parasitas, ↑ PMN e céls basais
- TTO: reposição estrogênica local
Cervicite
- Inflamação do epitélio colunar endocervical (epitélio glandular do colo uterino)
- Principais agentes: Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae
- Mais prevalente é a clamídia (2-30% em mulheres) e Dx por NAAT
- Neisseria gonorrhoeae: diplococo Gram-negativo
- Chlamydia trachomatis: bacilo Gram-negativo, sorotipos D e K são mais infecções geniturinárias e o L1,L2 e L3 pelo linfogranuloma venéreo
- Corrimento claro e sem odor
Cervicite
*Complicação: DIP
- FR: mulher sexualmente ativa c/ <25 anos, múltiplos parceiros, IST, hx prévia IST e uso irregular preservativo
- Assintomática em 70-80% (risco de complicações), então presença de colo normal afasta presença de cervicite
- QC: corrimento vaginal, sangramento intermenstrual ou pós-coito, dispareunia, disúria, polaciúria de dor pélvica crônica
- Colo friável, hiperemiado, edema
Cervicite - Dx etiológico
- Secreção endocervical: bacterioscopia disposível/ grma na consulta
- Se diplococo Gram-negativo intracelular: Tratar Gonococo e Clamídia (DST) → examinar e tto parceiros
- Ausência diplococo e presença outros patógenos → Cultura p/ Gonococo
- Se Cultura positiva: tratar gonococo e clamídia (+ parceiro)
- Cultura negativa: tratar clamídia (+ parceiros)
Cervicite por Gonococo
- Na mulher (≠ homem) método Gram tem sensibilidade de 30% (não indicado)
- Pode ser dx pela cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-Martin modificado)
- Dx laboratorial: NAAT → se ausência tratar Gonococo e Clamídia
- OBS: oftalmia neonatal (1º mês) gonocócica em esfregaço corado de exsudato conjuntival por Gram é altamente sensível e específico* → risco de cegueira
Cervicite por Clamídia
- Dx definitivo: cultura em células de McCoy e imunofluorescência direta (IFD)
- PCR ou ELISA
- Conjuntivite por clamídia: menos grave, incubação 5-14 dias c/ risco vertical entre 30-50%
- Se ausência de corrimento não é necessário pedir bacterioscopia com gram
MACETE: CLAMIDIA
- C: cervicite
- L: linfogranuloma/cepal
- A: adenite
- M: múltiplos orifícios que drena
- I: imunofluorescência
- Di: doxociclina
- A: azitromicina
Cervicite - TTO:
- Ceftriaxona 500 mg IM + Azitromicina 1g VO (preferível em gestantes)
- Trata ambos: Gonococo (Ceftriaxona) e Clamídia (Azitromicina)
- Se infecção só por clamídia: Azitromicina 500 mg 2cp VO dose única (preferível em gestantes) OU Doxiciclina 100 mg VO 2x/d 7 dias (exceto gestante)
- Se infecção só por gonococo: Ceftriaxona 500 mg IM + Azitromicina 1g VO (padrão)
Prevenção e TTO Oftalmia Neonatal
- Prevenção: Nitrato de prata 1% (método de Credé) aplicação única na 1ª hora ao nascer OU Tetraciclina 1% (colírio)
- TTO: Ceftriaxona 25-50 mg/kg/d IM dose [unica
Uretrites
- Inflamação e corrimento uretral
- Relação sexual vaginal. anal e oral
- Corrimento variável associado a dor uretral, disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral
- Mais comum em homens (é o equivalente das cervicite na mulher)
- Mulheres c/ uretrite são maioria assintomáticas
Uretrites
- Risco de transmissão é maior do homem p/ mulher
- Agentes: Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae
- FR: jovem, baixo nível socioeconômico, múltiplos parcerios, hx IST, s/ uso preservativos
- Reavaliação em 7-10 dias após tto (recontaminação ou outros agentes)
Uretrite Gonocócica (blenorragia, blenorreia ou gonorreia)
*Sintomas intensos e complicações sistêmicas
- Neisseria gonorrhoeae: diplococo gram-negativo intracelular
- Risco transmissão sexual de 50%
- Assintomática em homem em só 10%
- Corrimento mucopurulento, sensibilidade aumentada, balanite (dor, edema, hiperemia e descamação prepucial)
- Complicação no homem: orquiepididimite, prostatite e estenose uretra → mais sistêmicas
- Mulheres: risco de DIP
Uretrite não gonocócica
*Mais branda, incubação longa e risco Sd. Reiter
- Chlamydia trachomatis* (50%), Mycoplasma genitalium, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis, Tricomonas vaginalis
- Risco transmissão sexual de 20% (incubação 14-21 dias
- Corrimentos mucoides, discretos, disúria leve e intermitente (subaguda) → incubação mais longa e QC mais brando
- Está associada a Síndrome de Reiter (uretrite, artrite e conjuntivite)
Fluxograma de maenjo corrimento uretral
- Avaliar FR e hx clínica
- Se laboratório indisponível: tratar clamídia e gonorreia
- Se laboratório disponível: Coleta microscopia (Gram) e cultura e/ou biologia molecular
- Se diplocococo gram-negativo (Gram): tratar gonorreia → se persistir após 7 dias de tto → verificar resultado cultura / biologia molecular
Tratamento da Uretrite
- = cervicite
- Se gonococo: tratar junto clamídia
- Se só clamídia: tratar só clamídia
- Sem agente isolado ou uretrite gonocócica: Ceftriaxona 500 mg IM + Azitromicina 1g VO dose única
- Uretrite não gonocócia (clamídia): Azitromicina 1g VO dose única ou doxiciclina 100 mg VO 2x/d por 7 dias
Doença Inflamatória Pélvica
- Orifício interno: separa o trato genital superior e inferior
- Bactérias devem ascender pelo OI
- Sinais e sintomas 2os à ascensão e disseminação de MO que acomete útero, tubas falópio, ovários, fígado
- Complicação mais comum e grave das IST
- Nem sempre é complicada
Doença Inflamatória Pélvica - Sequelas
- Infertilidade por fator tubário (12,5-50%)
- Aumento incidência gravidez ectópica (12-15%)
- Dispareunia e dor pélvica crônica (18%)
Doença Inflamatória Pélvica
- 70% das acometidas tem <25 anos
- Patógenos primários: Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae (únicos*)
- A flora posterior é polimicrobiana
- Toda DIP deve investigar clamídia, gonococo, HIV, sífilis e hepatites virais
- É um quadro AGUDO
DIP por Tuberculose
- Salpingite tuberculosa é rara, não é uma IST e ocorre por disseminação hematogênica do BK
- 80% as bactérias provém de focos pulmonares
- É insidiosa e deve ser dxx se ausência de melhora clínica após tto convencional
DIP - FR:
- Atividade sexual na adolescência
- Início precoce do sexo
- Solteiras
- Condições socioeconômicas desfavoráveis
- Tabagismo, alcoolismo, drogas ilícitas
- Múltiplos parceiros sexuais
- Hx prévia de IST
- Vaginose bacteriana
- Uso de ACO (controverso pode ser protetor), DIU (primeiras 3 semanas da inserção/ contaminação)
- Cervicite, uretrite
Agente relacionado ao usuário de DIU
Actinomyces israelli
Fisiopatogenia da DIP
- Ascensão de MO pelo trato genital pela passagem pelo OI
- Facilitado pelo período perimenstrual e pós-menstrual imediato (abertura do colo, fluidez muco pela ação estrogênica)
- QC inicia c/ o trajeo que o patógeno percorre: Endometrite → Salpingite→ abscesso tubo-ovariano → peritonite
Fisiopatogenia DIP
- Endometrite: manifestação inicial da DIP. dor a mobilização colo uterino e dor infraumbilical
- Salpingite: dor à palpação anexos, ao USG está espessada e distendida no formato ovóide com líquido anecoico ou ecogenico, septação incompleta, roda denteada em imagem transversal
- Aderência da inflamação da superfície tubária: dor pélvica crônica, oclusão do lúmen tubário e traves → INFERTILIDADE e Gestação Ectópica
- Abscesso tubo-ovariano e em fundo saco de Douglas (irritação peritoneal)
- Síndrome de Fitz-Hugh-Curtir (SFHC)
Síndrome de Fitz-Hugh-Curtir (SFHC)
- Achado laparoscópico da peri-hepatite c/ cápsula hepática edemaciada, inflamação e exsudato
- Fase aguda: exsudato purulento na cápsula de Glisson
- Crônica: aderência tipo “corda de violino”
- Ocorre tanto no gonococo como na clamídia
QC da DIP
*Corrimento vaginal + febre/dor abdominal pélvica
- Descarga vaginal purulenta (50%) associado a dor abdominal infraumbilical, dor a palpação anexial e amobilização colo
- Febre (30-40%)
- Disúria (20%)
- Peritonite
- Leucocitose e ↑ VHS
Critérios diagnósticos de DIP
- Não tem dx definitivo p/ DIP, se baseia nos achados clínico
- Presença de 3 critérios maiores + 1 critério menor; OU
- Presença de apenas um critério elaborado
- Tratamento deve ser imediato para evitar sequelas
Critérios diagnósticos de DIP
*3 maiores + 1 menor
- Maiores (dor): Dor abdominal infraumbilical ou pélvica; Dor à palpação dos anexos; Dor à mobilização do colo uterino
- Menores/ adicionais: Tax >38,3 (febre), secreção vaginal anormal, massa pélvica, leucocitose, ↑ VHS/ PCR, >5 leucócitos por campo de imersão na secreção endocérvice e comprovação laboratorial de gonococo/ clamídia ou micoplasma
Critérios ELABORADOS ou DEFINITIVOS no diagnósticos de DIP
*Presença de 1
- Evidência histopatológica de endometrite
- Presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em USG ou RM
- Laparoscopia com evidência de DIP: considerada por alguns como padrão-ouro (se salpingite)
Diagnósticos Diferenciais de DIP
*Fazer teste gravidez
- Ginecológicas: dismenorreia, endometriose, cisto ovariano, torção ovariana, tumor ovariano, TB, miomas
- Obstétrico: gravidez ectópica, abortamento séptico
- TGI: apendicite, diverticulite, colecistite, DII, cistite, peilonefrite
Classificação de Monif
*Manejo ambulatorial (1) x hospitalar (2,3,4)
- Estágio 1: endometrite e salpingite sem peritonite → Ambulatorial
- Estágio 2: com PERITONITE → hospitalar (internação)
- Estágio 3: Salpingite aguda c/ oclusão tubária ou abscesso tubo-ovariano → hospitalar e iniciar AT, sem melhora em 24-48h indicado cirurgia com drenagem de coleção
- Estágio 4: abscesso tubo-ovariano > 10 cm ou roto (↓ estado geral/ choque) → hospitalar + CIRURGIA
Manejo da DIP
*Tentar mais conservador possível
- Ambulatorial: QC leve, ausência pelviperitonite, consegue ingerir VO
- Hospitalar: emergência cx, abscesso tubo-ovariano, peritonite, febre alta, vômitos, GRAVIDEZ, ausência de resposta ao tto ambulatorial em 72h, má adesão
- Laparoscopia: falha clínica, massa pélvica persistente/ aumentada, suspeita rotura de abscesso, hemoperitônio, abscesso fundo de saco de Douglas
- Dx e estadiamento, lavagem exaustiva, aspiração de secreções
- Laparotomia só se emergência c/ instab. hemodinâmica por rotura de abscesso
Manejo da DIP Ambulatorial
*DIP é Coisa Do Mal
- 1ª opção: Ceftriaxona 500 mg IM dose única + Doxiciclina 100 mg 1 cp ,VO, 2x/d por 14 dias + Metronidazol 250 mg 2cp, VO, 2x/d por 14 dias
- 2ª opção: trocar Ceftriaxona por Cefotaxima 500 mg IM dose única
Manejo da DIP Hospitalar
- DIP é Coisa Do Mal
- Trocar IV por VO após 24h sem sintomas
- Doxiciclina é contraindicada na gravidez
- 1ª opção: Ceftriaxona 1 g IV 1x/dia por 14 dias + Doxiciclina 100 mg 1 cp ,VO, 2x/d por 14 dias + Metronidazol 400 mg IV de 12/12h
- 2ª opção: Clindamicina 900 mg IV 3x/d por 14 dias + Gentamicina (IV ou IM) dose de ataque 2 mg/kg e manutenção 3-5 mg/kg/d por 14 dias
- Uso parenteral deverá ser suspenso 24h após a cessação dos sintomas e a continuação terapêutica VO deve ser mantida por 14 dias
Manejo DIP
- Tratar parceiros sexuais dos 2 meses anteriores ao dx: Ceftriaxona 500 mg IM + Azitromicina 1 g VO ambos em dose única
- Melhora clínica da pcte deve ocorrer nos 3 primeiros dias
- Toda gestante deve ser hospitalizada p/ fazer IV
- Não necessita retirar o DIU, caso tenha indicação retirar antes do ATB
- Prevenção: Educação sexual + rastreio de assintomático + Dx/TTO eficaz
Sequelas da DIP
*Intensidade dos sintomas não tem relação c/ infertilidade
- Precoce: Abscesso tubo-ovariano (com dor), fase aguda da Sd. Fitz-Hugh-Curtis e Morte
- Tardias: Infertilidade (maior risco se várias DIP), Gravidez Ectópica (6-7x), Dor pélvica crônica, Dispareunia, Recorrência DIP, Hidrosalpingite (massa palpável anexial com imagem anecoica tubular alongada), fase crônica Sd. Fitz-Hugh-Curtis (corda violino)
Penicilina Benzatina na Sífilis
- Não há resistência à penicilina pro treponema pallidum
2. Cicatriz sorológica pode ocorrer por anos e apresenta persistência de título baixos
DST na gravidez-puerpério
- DST ulcerativa e não ulcerativas aumentam em 18x o risco de transmissão de HIV
- Infecção por clamídia não faz parte do rastreio no pré-natal, apenas se alto risco para PMT ou DST. Sintomas são mais inespecíficos e assintomáticos.
- TTO de herpes genital na gestação deve ser feito por 5 dias com aciclovir sistêmico sem risco para concepto, deve ser amplificado de 5 para 10 dias em HIV
- Linfogranuloma venéreo apresenta inicialmente como úlcera genital indolor que costuma não ser sentida pela pcte, mas pode levar a sequelas
- Donovanose é rara e de baixa infectividade que não causa complicações obstétricas ou perinatais
Conteúdo vaginal fisiológico
- Conteúdo vaginal esbranquiçado, grumoso, sem odor e com teste Whiff negativo em ASSINTOMÁTICAS
- Ação da progesterona na fase lútea aumenta a descamação de células intermediárias pregueadas e aglutinadas (cels naviculares)
Teste das aminas (Whiff teste)
- Auxilia no Dx de vaginites/ vaginoses
- Se baseia na presença de aminas originadas da flora anaerobica vaginal
- No pH ácido essas aminas estão em estado sólido e pH alcalino elas se volatizam-se (como ocorre na aplicação de KOH 10% podendo exalar odores)
- Fenitilamina: irritação e sensibilidade da pele, sensação de queimação (=cadaverina e metilamina)
- Isobutilamina: formação de bolhas na mucosa e eritema
- Histamina: aumento da permeabilidade da microcirculação
- Trimetilamina: faz o odor de peixe