Toxocaríase e DUSN Flashcards
Qual agente etiológico da Toxocaríase?
Toxocara canis
Nematódeo parasita de cães
Quais as síndromes clínicas da Toxocaríase?
Larva migrans visceral - acomete órgãos internos mas geralmente não acomete os olhos
Toxocaríase ocular
Qual a epidemiologia da Toxocaríase?
A doença é mais comum em crianças, pois estão expostas à geofagia (comer terra) e ao contato íntimo com os cães.
Baixo nível socioeconômico é outro fator de risco relevante.
Qual o hospedeiro definitivo da Toxocaríase?
Cães
Qual o papel do homem no ciclo biológico da Toxocaríase?
O homem é um hospedeiro acidental, não fazendo parte do ciclo biológico normal do parasita.
Como é o ciclo biológico da Toxocaríase?
Ovos presentes no solo são ingeridos por cães, liberando as larvas no intestino dos mesmos. Estas larvas atingem a circulação portal, e a seguir o fígado e os pulmões. Ao atingir diferentes tecidos no corpo dos cães, formam cistos.
Em cães jovens, as larvas continuam sua maturação, atingindo estágio de verme adulto. Por isso os cães menores que 6 meses são os principais transmissores. No intestino dos cães, os vermes adultos fêmeas põe ovos, que são eliminados nas fezes.
Qual a principal forma de contaminação do homem pela Toxocaríase?
Ingestão acidental de ovos de Toxocara canis por crianças
Qual o achado típico do hemograma na Toxocaríase?
A presença das larvas circulando estimula a produção de eosinófilos, sendo comum encontrarmos eosinofilia no hemograma destes pacientes.
Como o Toxocara atinge o olho?
- Através do líquor, atingindo o espaço subaracnoideo perióptico e por fim a coróide ou
- Através da circulação sanguínea da artéria oftálmica
Qual a forma clínica mais comum da Toxocaríase ocular?
Endoftalmite
O quadro clínico é de inflamação grave, com vitreíte e descolamento de retina exsudativo.

Quais são as características da forma granuloma de polo posterior da Toxocaríase ocular?
Lesão granulomatosa única, localizada no polo posterior, entre o disco óptico e a mácula.
Pode haver trave fibrosa conectando a lesão com o nervo óptico e a mácula.
A vitreíte é leve

Quais as características da forma granuloma periférico da Toxocaríase Ocular?
Lesão periférica em relação ao equador, próxima ao polo posterior do cristalino.
Observa-se dobras de retina e deslocamento da mácula, provocado por tração exercida pelo granuloma. O deslocamento da mácula é causa de importante baixa visual.
Vitreíte/reação de câmara anterior podem estar presentes.

Além da endoftalmite e granulomas de polo posterior e periférico, qual é a outra forma de acometimento da Toxocaríase ocular?
DUSN
Como é feito o diagnóstico da Toxocaríase?
Clínico-epidemiológico +
ELISA - Teste sorológico com alta sensibilidade e especificidade. Sorologia sanguínea negativa não exclui o diagnóstico. Caso a suspeita seja forte e a sorologia seja negativa, pode-se pesquisar os anticorpos no vítreo ou humor aquoso.
Eosinofilia e leucocitose no hemograma - mais comum na forma visceral.
Ultrassonografia modo B - importante no diagnóstico diferencial com retinoblastoma, especialmente se houver opacidades de meios.
Como é o tratamento da Larva migrans Visceral?
Larva Migrans Visceral (LMV): anti-helmíntico sistêmico - Mebendazol/Albendazol/Tiabendazol. A LMV é geralmente benigna e auto-limitada.
Como é o tratamento da Toxocaríase ocular?
Toxocaríase ocular: corticóide por via oral é o principal pilar terapêutico, reduzindo a inflamação e a gravidade das lesões oculares. Associa-se Albendazol, mas a penetração ocular é baixa.
Fotocoagulação a laser pode ser utilizada para destruir a larva se a mesma for observada no espaço subrretiniano.
Como é o prognóstico da Toxocaríase ocular?
O prognóstico dos casos de toxocaríase ocular é variável.
Os casos de endoftalmite, DUSN e granuloma de polo posterior tem prognóstico visual muito ruim.
O que é DUSN?
A neurorretinite subaguda unilateral difusa (DUSN) é uma doença de etiologia parasitária, causada por nematódeos.
Qual a epidemiologia da DUSN?
Doença mais comum no sexo masculino, em crianças e adultos jovens, sem predileção por raça.
Quais nematódeos podem causar DUSN?
Nematódeos de tamanho pequeno (até 1.000 µm): Ancylostoma caninum e Toxocara canis (ambos são parasitas de cães).
Nematódeos de tamanho grande (maiores que 1.000 µm): Baylisascaris procyonis (parasitas de guaxinims e gambás).
Como os humanos podem ser infectados pelas larvas da DUSN?
O nematódeo pode infectar humanos através da ingestão de ovos embrionados ou através da penetração da larva através da pele.
Como as larvas da DUSN atingem o espaço subrretiniano?
Através da circulação sanguínea
Como as larvas causam dano à retina na DUSN?
- Liberação de toxinas que lesam a retina externa e interna, promovem perda progressiva de células ganglionares e por fim atrofia óptica.
- Trauma mecânico pela migração da larva no espaço subrretiniano.
Quais são as manifestações da DUSN na fase aguda?
Geralmente unilateral e assintomática/pouco sintomática. Pode haver escotomas centrais/paracentrais, reação de câmara anterior/vitreíte leve e DPAR
Fundoscopia
Múltiplas lesões retinianas numulares, profundas, menores que 1 diâmetro de disco, amareladas, transitórias e migratórias. Representam resposta inflamatória retiniana a toxinas do nematódeo.
O nervo óptico pode estar hiperemiado/edemaciado ou estar normal. A larva pode ser observada no espaço subrretiniano em uma porcentagem dos casos.
As lesões regridem após dias/semanas.

Quais as alterações da fase crônica da DUSN?
Caso o paciente não seja tratado precocemente, evolui para a forma crônica. O diagnóstico normalmente é realizado nesta fase.
Observa-se degeneração difusa do EPR e alterações pigmentares retinianas, assim como estreitamento arteriolar. O nervo óptico encontra-se atrófico e DPAR é observado.
O aspecto da retina é semelhante à retinose pigmentar

Como é o diagnóstico da DUSN?
O diagnóstico de certeza depende da identificação da larva no espaço subrretiniano, podendo ser encontrada em qualquer estágio da doença. Entretanto, sua localização é muitas vezes difícil.
Qual o achado do ERG na DUSN?
O achado típico é o ERG eletronegativo, isto é, com diminuição da amplitude da onda B maior que da onda A
Como é o tratamento da DUSN?
Fotocoagulação a laser (laser de Argônio) do nematódeo, caso o mesmo seja encontrado.
Albendazol 400 mg/dia por 30 dias caso o nematódeo não seja encontrado ou caso a vitreíte impeça a fotocoagulação. Alternativas: Tiabendazol/Ivermectina.
Corticóides (Prednisona 0,5-1,0 mg/kg/dia) podem ser utilizados caso haja vitreíte, mas não alteram o curso natural da doença.